LPA Capítulo 55

em domingo, 13 de março de 2022

 Capítulo 55



NEGRO

Ana
Eles o ativaram. Seus pais. Eles o ignoraram toda a sua vida, e nas vezes que vêm vê-lo, tudo que eles fazem é machucá-lo. Não demorou, mas um par de horas depois da visita que fizeram em Austin, Chris ficou totalmente negro.
Taylor sabe disso. Sawyer sabe disso. O treinador e Gail, eles sabem disso também.
Na manhã após a visita, ele mal conseguia sair da cama, e tem sido assim há dias. Chris está na lona. Dói vê-lo e sinto como se eu estivesse levando um chute no estômago diariamente.
– Não se levantou ainda? – Taylor me pergunta da sala de estar hoje.
A equipe está espalhada por sofás ao me ver fechar a porta do quarto principal por trás de mim.
Balanço a cabeça em desespero. Chris se afundou tão totalmente que está fechado como nunca o vi antes.
Ele mal olha diretamente para mim. Mal come. Mal fala. Ele está em um mau, mau humor, mas
parece estar lutando para não descontar em alguém, e, portanto, não diz nada, absolutamente nada.
Tudo o que posso ver de sua luta interna são aqueles punhos dele, abrindo e fechando, abrindo e fechando, enquanto fixa seu olhar em um ponto e o mantém lá, durante minutos e minutos e minutos, como se tudo o que visse estivesse dentro dele.
– Merda. Mais um dos ruins – diz Taylor, arrastando a mão pelo rosto. Ele continua chamando de “ruim”.
Os rostos de Gail, Lupe, Taylor e Sawyer estão da maneira como eu me sinto: terríveis.
– Será que ele, pelo menos, tomou as cápsulas de glutamina? – perguntou o treinador, a testa
enrugada até no alto de sua cabeça calva. – Caso contrário, ele vai perder a massa muscular que trabalhamos tão duro para construir...
– Tomou, sim.
Ele simplesmente tirou de minha mão, empurrou-as com um gole de água, e se jogou de volta na cama.
Ele nem sequer me puxou para si como nas vezes em que está maníaco.
É como se ele não gostasse de si mesmo... E não gostasse de mim.

Silenciosamente, e sentindo-me cinza como se eu tivesse uma nuvem de tempestade em cima de mim, vou me sentar em uma cadeira e fico olhando para as minhas mãos, e sinto os olhos de todos me observando por um longo, terrível minuto. Estão focados em cima da minha cabeça, como se eu soubesse como lidar com esta merda. Eu não sei. Passei duas noites segurando um grande leão pesado em meus braços, chorando em silêncio para que ele não me ouvisse. O resto dos dias, passei esfregando os músculos, tentando trazer Christian Grey de volta para mim.
Christian simplesmente não percebe que ele é o único que nos mantém juntos. Agora estamos
todos lutando para erguê-lo. Somos tão codependentes, todos estamos de alguma forma deprimidos junto com ele. Eu sei de fato que, depois de ver os rostos de todos eles por quase três dias, nenhum de nós vai sorrir até que vejamos duas covinhas novamente.
– Ele disse alguma coisa? – Taylor quebra o silêncio. – Ele está, pelo menos, irritado com esses
idiotas? Com alguma coisa?
Balanço a cabeça.
– Esse é o problema com Chris. Ele apenas leva a pancada. Continua de pé, mas leva. Às vezes eu espero que ele diga alguma coisa, o que está sentindo, porra! – Taylor se levanta e começa a andar.
Sawyer balança a cabeça.
– Eu respeito isso, Taylor. Quando você abre a boca pra dizer alguma coisa, essa coisa torna-se real. Seja o que for que está remoendo em sua cabeça, o fato de que ele não expressa significa que está lutando contra isso. Ele não está deixando o assunto ser importante o suficiente para cuspir pra fora.
Deixo cair meu cabelo como uma cortina e pisco de volta a umidade em meus olhos, recusando-me a deixá-los ver como tudo isso me afeta. Mas afeta. Eu fiquei deprimida uma vez na minha vida. É um buraco fundo e negro. Não era uma depressão leve, como quando você fica triste e tem TPM. É o sentimento avassalador que lhe faz desejar morrer. E querer morrer é completamente contra todos os nossos instintos de sobrevivência. Nosso instinto normal é matar para proteger nossos entes queridos, matar para sobreviver. Só imaginar que Chris está sentindo a mesma bagunça que senti quando minha vida explodiu em torno de mim é algo que me puxa tão profundamente na escuridão que fico mais preocupada em não ser capaz de tirá-lo do buraco, do que de cair lá dentro com ele.
Seja o que for que ele esteja sentindo, preciso me lembrar de que ele não pode controlar os
pensamentos que sua mente está jogando. Sua mente não é ele, apesar de ela agora controlar suas reações. Quero apoiar, ser estável, compreensiva. Não emocional, carente, como se fosse
desmoronar a qualquer momento. E, Deus, com seis meses de gravidez, eu estou definitivamente emocional, carente, e desmoronando sem ele.
– Pelo menos ele está vindo esmurrar os sacos de areia. Você não sabe o quanto eu o admiro por isso – acrescenta Sawyer melancolicamente.

– Você acha que ele vai sair dessa antes da luta, Ana? – o treinador me pergunta. – Por Deus,
ter visto o meu menino ser humilhado em sua última temporada lá fora... Este era o seu ano. Esta era a sua temporada.
– Eu não acho que ele vá lutar hoje à noite – admito.
– Então podemos dizer adeus a um ranking em primeiro lugar – diz Taylor.
– Você não pode deixá-lo lutar assim, Taylor! Ele pode se machucar. Ele poderia ferir a si mesmo – explodo, e respiro fundo para tentar me acalmar.
– Teria sido melhor se ele não se lembrasse – diz Taylor, com uma quantidade infinita de amargura em sua voz.
– O que você quer dizer?
– Seria melhor se ele não se lembrasse do que seus pais fizeram com ele.
Meus instintos protetores surgem com uma vingança.
– O que eles fizeram com ele?
Há algo alarmante na maneira como Taylor hesita, na maneira como os olhos passam por todo o grupo e, em seguida, acomodam-se em mim. Meu pulso palpita mais rápido do que o normal quando ele finalmente fala.
– A primeira vez em que eles o internaram por conta de um surto foi quando ele tinha dez anos, Ana. Mas antes, pensaram que ele estava possuído. Ficaram fanáticos com isso e mandaram fazer um exorcismo em Chris.
Quando essas últimas palavras se filtram no meu cérebro perturbado, fico de coração tão partido e rasgado que sinto que ele murcha em meu peito. Emito um som e cubro minha boca.
Gail cobre o rosto.
Palavrões caem dos lábios de Sawyer quando ele vira a cabeça para o tapete.
O treinador olha para suas mãos.
O silêncio que se estende... É tenso com a tristeza, com a descrença, e com essa agonizante
frustração... De um menino doente que era tão incompreendido...
Penso em “Iris”, a canção que ele tocou para mim. A canção pela qual ele queria ser visto e
compreendido por mim. Quando nem mesmo seus próprios pais o entendiam.
Oh, Deus.
– Chris foi colocado em um círculo de exorcismo em sua própria casa – diz Taylor, empurrando o punhal mais fundo dentro de mim. – O quarto dele foi despojado de tudo para que ele não fizesse mal a ninguém, e ele foi amarrado à sua cama. Isso durou por dias, não sabemos exatamente quantos, mas mais de uma semana, até que um menino vizinho que costumava brincar com Chris veio procurar por ele, e os pais intervieram. O “homem santo” foi demitido, e Chris foi então internado.

Não há nenhum som na sala.
Eu parei de respirar. Sinto como se eu tivesse deixado de viver.
– Infelizmente – Taylor continua: – Ele se lembra daquele episódio maníaco, porque na instituição, eles fizeram alguma hipnose experimental pra apagar suas memórias. Pra ver se alguma terapia iria funcionar. Não deu. Pior é que o seu próprio corpo o teria protegido dessa lembrança dolorosa se não tivéssemos fodido com aquela merda de hipnose.
Ainda não há um som.
Mas posso ouvir meu coração batendo dentro de mim, tão forte. Forte e pronto, como naqueles
momentos em que eu poderia correr como o vento. Posso até ouvir o sangue jorrando pelas minhas veias, rápido e furioso. Estou pronta... E com raiva... E desesperada para lutar contra algo. Para lutar por ele. Eu me lembro dele me dizendo que tinha uma lembrança de seus pais. Como sua mãe fazia o sinal da cruz sobre ele de noite. Uma dor indescritível racha meu corpo por dentro em minúsculos lugares. Oh, Chris.
– Então ele se lembra de tudo isso? – pergunto, enquanto o meio do meu corpo queima de raiva impotente.
– Sei que ele sabe que eles estão errados... Quando ele está bem. Mas quando esse lado negro
vem, sei que ele pensa sobre isso. – A frustração e o desespero de Taylor estão esculpidos em cada linha de seu rosto. – É natural se perguntar por que você não foi querido.
– Mas ele é querido! Eu choro.
– Nós sabemos, Ana, acalme-se. – Sawyer levanta e se aproxima.
Ele me abraça com ele, e eu percebo que as minhas mãos estão na minha barriga, e a imagem de meu Christian como um menino sofrendo tal coisa por causa de algo que não era sua culpa rebate dentro de minha cabeça. Oh, como eu gostaria de ter aqueles pais dele na minha frente agora e, ao mesmo tempo, estou feliz de que eles não estejam aqui, porque não sei o que eu faria ou diria a eles.
Mas eu quero machucá-los por terem machucado o filho! Quero bater e gritar com eles e correr atrás deles com um tridente. Aperto minhas mãos e me afasto de Sawyer. Ele e Taylor são como meus irmãos agora, mas Chris não gosta que eles me toquem, e não gosto de fazer nada que o magoe, mesmo que ele não esteja vendo. Quero ser confortada, mas o único conforto que quero é do homem na cama no quarto principal.
Silenciosamente, volto para lá.
– Vejo vocês mais tarde, obrigada por terem vindo saber dele.
– Um de nós vai estar por perto – informa Taylor.
Não quero fazer barulho, então aceno da porta e a fecho atrás de mim, e meu coração faz todas as coisas loucas que ele faz quando vejo Chris. Sua forma muscular está na cama, deitado de rosto para
baixo, como um leão em repouso. Meu menino brincalhão, meu protetor, meu namorado ciumento, meu lutador arrogante. Meu menino mal compreendido.
Meus olhos correm por toda a sua extensão, seu cabelo escuro espetado contra o travesseiro, sua mandíbula bonita e quadrada. Ele está quieto e descansando. Descansando como se estivesse ferido em algum lugar onde minhas mãos não podem chegar e meus olhos não podem ver.
Alcançando atrás de mim, tranco a porta, então começo tirando minhas roupas. Não são razões
sexuais que me fazem querer ficar nua, mas porque preciso sentir sua pele na minha. Ele nunca, nunca dormiu uma noite sequer comigo tendo qualquer coisa entre nós.
Ele gosta de me sentir, e morro de vontade de senti-lo.
Subindo na cama, abraço-o por trás.
– Olhe pra você – digo, imitando o que ele me diz às vezes, passando meus lábios por sua orelha e deslizando minha mão pelo seu ombro e seu peito, espalhando a minha mão onde seu coração bate.
Ele geme quando beijo a parte de trás de sua orelha.
– Olhe pra você – digo carinhosamente em seu ouvido.
Lambo a parte de trás de sua orelha suavemente, como ele faz para mim, passando minhas mãos por toda a extensão dele, acariciando-o como faz comigo.
– Eu adoro, amo, preciso e quero você como nunca pensei ser possível amar e adorar e precisar de outro ser humano ou qualquer outra coisa neste mundo – sussurro.
Ele rosna baixinho, como se fosse de gratidão, e meus olhos ficam úmidos porque é tão injusto que ele tenha que lidar com isso. Por que alguém tem que lidar com algo assim? Por que uma pessoa bonita que não quer prejudicar ninguém sente impulsos químicos para ferir a si mesmo? Sentir que a vida não vale nada? Que ele é inútil? E pensar que pode preferir morrer?
Ele não precisa me dizer. Eu estive lá. Mas estive lá apenas uma vez. Ele está lá com tanta
frequência, e não importa quantas vezes volte para cima, ele sempre vai ter certeza de que no futuro será arrastado para baixo de novo. Ele é um lutador. Carinhosamente, traço minha língua sobre os sulcos do seu abdômen, seus braços musculosos, seu pescoço, na costura dos lábios.
Ele se vira.
– O que estou fazendo, Ana? – pergunta.
Eu endureço ao ouvir seu tom de voz vazio.
– Eu acho que posso ser um pai? Que eu poderia até ser um marido pra você?
Ele se vira com um estranho ruído de dor e enterra o som no travesseiro, seus músculos inchando quando desliza os braços sob o travesseiro para prendê-lo em seu rosto.
– Chris – digo, forçando a minha voz a parar de tremer e a dor dentro de mim a se calar. Foda. – Eu não me importo com o que a sua mente está lhe dizendo, em como ela está fazendo o seu corpo se sentir... Você sabe, Chris. Você é bom, nobre e merece isso. Você quer isso.

Deslizo meu braço em volta de sua cintura e pressiono para mais perto.
– Eu mereço ser jogado fora.
As lágrimas que haviam se formado poucos momentos atrás deslizam para fora das minhas
pálpebras.
– Não, não, não, você não merece isso.
Ele se desloca para longe de mim, mas não deixo. Prendo meus braços ao redor dos ombros para impedi-lo de rolar para mais longe, e corro meus dedos pelos cabelos.
– Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo como a porra de uma doida lunática. Se você é uma bagunça, eu quero ser uma bagunça com você. Deixe-me tocar você, não se afaste – sussurro.
Ele geme e vira o rosto para mim, e quando o toco, ele estremece. Mas toco seu braço, o A em seu bíceps, as tatuagens celtas. Os ruídos que ele faz, como um verdadeiro leão, como um leão ferido, me fazem sentir tão desesperada e feroz como uma leoa tentando atrair de volta o interesse de seu companheiro.
Quando ele está maníaco, algumas vezes eu pensei que era difícil, porque ele fica uma bola de
energia, e por isso difícil de controlar. Mas nada é tão difícil como agora, quando o meu lutador está lá embaixo, no escuro, quando ele não quer fazer nada. Quando sente que não vale a pena.
Levando os dedos do queixo e para cima, arranho minhas unhas em seu couro cabeludo de uma maneira que eu sei que ele gosta, e ele me deixa, mas não abre os olhos, só faz esses ruídos baixos, rosnados sombrios.
– Não me deixe, pimentinha – ele fuça em mim, quase como se estivesse com dor. – Por favor,
nunca me deixe.
– Nunca, Christian – prometo, apertando meus braços. – Nunca.
– Eu te amo – rosna com raiva. – Eu não mereço, mas estou muito apaixonado por você.
– Merece sim, sou aquela que quer provar pra você que eu o mereço. Você quer ouvir música? – pergunto.
Quando ele assente brevemente, pego seu iPod e coloco um fone de ouvido nele e um em mim, e toco “I Choose You”, de Sara Bareilles.
Ele ouve a música enquanto o abraço e o acaricio, exatamente como ele faz comigo e quero que ele sinta exatamente como o seu carinho me faz sentir. Quero que ele se sinta amado, protegido, compreendido e nutrido. Por isso tento o meu melhor... Sei que as minhas mãos não são tão grandes quanto as dele, e que a minha língua é menor... Mas sei que ele gosta do meu toque, e gosta da minha língua nele...
Assim, “I Choose You” fala sobre Ana o escolhendo... E de como ele está se tornando meu e eu
estou me tornando sua...

Sussurro em seu ouvido:
– Chris, sempre escolherei você. Desde o primeiro dia que te vi, eu amei o que vi e todos os dias eu amo mais. E eu amo o que eu toco, o homem que seguro bem aqui, agora. – Pressiono a minha barriga contra a base de suas costas.
Estou grávida, sem dúvida, e agora essa é uma manobra difícil de ajustar, mas quero mesmo
segurá-lo o mais próximo que puder.
Subitamente, ele se vira. Seus braços passam em torno de mim e ele descansa a testa entre os meus seios, me segurando. Eu sinto a sua necessidade. Escura, perigosa, devoradora. Beijo o topo de sua cabeça com meus lábios e relaxo em seu aperto, para que ele saiba que gosto de estar aqui.
Ele geme na minha pele, de repente, e seus músculos ondulam quando desliza os braços em volta de mim.
– Sou tão egoísta quando se trata de você. Deveria deixá-la sair daqui. Mas não sou bom assim.
Mesmo quando diz isso, ele aperta seu braço sobre mim, como se não pudesse suportar mais um segundo sem a minha presença.
Algo se aperta em minha alma. Não quero que Chris se sinta mimado ou ache que tenho pena dele, por isso ajusto meu travesseiro como se tudo estivesse bem e o seguro, sussurrando:
– Não quero ir a lugar nenhum, prefiro ficar aqui com você.
Ele olha para mim e meu coração se move apenas para sentir os olhos dele. E o coração bate mais depressa quando ele se aproxima de meu corpo. Deslizando os dedos em meu cabelo, o olhar não me deixando em nenhum momento. Os olhos de Chris nunca foram tão sombrios assim, parecendo assombrado, mas na escuridão da íris, ainda o vejo. Aquele fogo que ele é. Essa motivação, essa intensidade à espreita, no fundo, como um tigre. Suas mãos descem pela minha coluna, então se arrastam na minha frente e passam por meus mamilos duros e sensíveis, para descansar sua cabeça na minha e espalhar a mão aberta na minha barriga.
– Prometa-me que vai estar sempre comigo – exige bruscamente.
O caçador nele ainda está lá. O leão. O instinto cru que ele é. Ele me prende na cama com um
olhar interrogativo que quase se parece com um comando. Sim, seus olhos são escuros e sombrios, mas as íris ainda estão vivas e com fome. Fome de meu afeto, percebo. Para mim.
– Sim, Chris – digo, sem um pingo de dúvida, nem na minha voz, nem em mim. – Prometo. Não quero nada mais do que estar com você. E não me chame de masoquista, porque você é meu tudo. Minha aventura e minha verdade, em um só pacote sexy e ciumento e bonito que me deixa ridiculamente feliz. Alayna pode ter se transformado em uma viciada, e agora percebo que não sou diferente. Estou viciada em você. Você é o meu crack, e também é meu único fornecedor.
Ele fecha os olhos e expira, como se minhas palavras fossem uma espécie de elixir.

– Você pode não querer estar com você mesmo agora, mas eu quero ficar aqui – digo a ele. –
Deixei a minha vida inteira só para vir ficar com você. Só você. E eu não tinha uma vida ruim, como sabe – acaricio o cabelo dele. – Tinha meu apartamento alugado, pais bons e carinhosos, amigos legais, e eu poderia conseguir um emprego na minha nova carreira. Deixei tudo isso. Deixei os meus sonhos pra trás para que pudesse perseguir os seus, e a você. Como uma dessas fãs idiotas – dei uma risada.
Chris levanta seu corpo sólido e se senta na cama, puxa minha cabeça para trás e sufoca meu riso com sua boca.
– Você não é uma fã idiota – sussurra ele dentro de mim, sugando minha resposta antes de
acrescentar: – Você é minha mulher, e você é boa pra caralho pra mim.
Tremo quando ele me puxa para baixo e sob ele, e gemo e toco cada pedaço de sua pele que
alcanço.
– E você é meu homem e é muito bom e precioso para qualquer um, mas você ainda é meu.
Homem. Meu.
Ele rosna e rola em cima de mim para que a ereção fique entre as minhas pernas, seu olhar
atormentado agarrado à minha esperança quando empurra uma das minhas pernas ao redor de seus quadris. Então, me agarra pelo joelho e faz o mesmo com a outra perna.
– Eu te amo – digo sem fôlego.
Achei que já tinha dito isso muitas vezes, mas Chris precisa que eu o diga bem agora, pelo modo como suas feições ficam mais cruas quando escuta; e isso faz minhas entranhas borbulharem com a necessidade de dizê-lo novamente.
– Mais uma vez – ele rosna.
Levantando minha cabeça, repito a frase a cada beijo que deposito no rosto. Decido que vou dizê-lo que até que ele se canse, e demora muito tempo até Chris tomar minha boca para me acalmar.
Pelo menos sessenta e quatro beijos.
Ele me penetra no beijo treze. Move-se em mim, empurrando profundamente a cada vez que digo “Eu te amo”, assumindo minha declaração com um golpe, exigindo-a de mim, “De novo”, como se a única maneira de ele achar que o amo fosse forçando isso de mim.
– Eu te amo – gemo depois da estocada seguinte, e ele fecha os olhos e sinto que ele suga
desesperadamente a minha ternura.
Tento segurar meu orgasmo enquanto prendo os ombros dele, dizendo “Eu te amo, eu te amo”, mas ele é gostoso, é lindo, precisa de mim e eu preciso dele. Chris me leva ao êxtase mesmo quando luto contra isso, e gozo totalmente no “Eu te amo” sessenta e dois, e ele para de dizer “De novo” só para que me possa assistir chegar ao clímax.

Os olhos de meu homem parecem ainda mais vorazes quando gozo, como se todos os meus “Eu te amo” só acendessem mais a sua fome, sua sede insaciável. E quando ele começa a gozar dentro de mim, fica me observando como se ainda não me acreditasse, porque não acredita que possa ser uma pessoa amável. Assim, quando esmaga a minha boca com a dele e enfia a língua dentro, forte e áspera, eu o agarro e o beijo ainda mais forte.
Ele sussurra meu nome como uma prece e treme dentro de mim, os músculos se contraindo. Agarra meus quadris para que eu fique parada, mas eu balanço, persuadindo-o a vir mais fundo em mim, prolongando seu orgasmo. Ele geme baixinho e suga minha língua, e eu enrolo minhas pernas mais apertadas, prendendo-as na base de suas costas, meus braços apertados ao redor dele enquanto ele solta, e quando seus músculos param de flexionar e de ondular, continuo presa a ele, para que ele não possa se livrar de mim. Chris me poupa de seu peso quando cede, e eu gozo junto com ele, enredada, enterrando meu rosto em seu pescoço à medida que ele rola para o lado. Ele ainda está em mim, e não quero que ele saia.
– Não tire – gemo.
Ele sai quando me vira, então manobra para trás e começa a me lamber, uma mão espalmada em meu peito, a outra sobre a minha barriga. Gemo de novo e acho que quero chorar de felicidade, porque o meu leão está de volta. Pelo menos ele se preocupa o suficiente sobre alguma coisa. Sobre nós.
Como o bebê e eu me preocupamos com ele também.
Mais tarde, ele toca uma canção para mim chamada “Hold Me Now”, de Red, e percebo que está me pedindo para segurá-lo. Então faço isso, virando-me para ele depois que para de me acariciar, instando-o a colocar o rosto para baixo no meu peito até que seu grande corpo parece enrolado como se ele estivesse tentando se encaixar em mim e, mesmo então, sua mão está espalhada possessivamente sobre o nosso bebê.
* * *
Uma semana se passa.
Afora as poucas horas que Christian se obriga a ir treinar, ele fica em nosso quarto, e parece não me querer fora de sua vista. Ele não fala muito comigo, mas mantém um braço em volta de mim como um torno, e quer que eu o alimente e transe com ele o tempo todo. Tento mantê-lo interessado na vida, então lhe conto sobre as pequenas coisas que sou capaz de vislumbrar quando saio do quarto para nos trazer comida. Digo a ele que peguei Gail e o treinador se beijando outro dia. Conto que Kate está trabalhando duro para encontrar padrões para o quarto do nosso bebê, e que Taylor parece triste com Alayna. Ele gosta de ouvir, sei que gosta.

As finais se aproximam e Christian ainda não conseguiu subir ao ringue em nenhuma das últimas noites. Ele caiu para segundo lugar, atrás de Scorpion. Poderia ter caído ainda mais se Scorpion não tivesse perdido umas duas lutas, ele está lutando entupido de drogas, de acordo com Taylor, e não tem sido tão cortante como de costume. E pensar que Alayna anda com aquele idiota me deixa doente de preocupação. Ela pode estar igualmente drogada e impotente, mas o pensamento me corrói de tal maneira que não posso mesmo pensar nisso agora. Tudo que quero é que Christian possa concluir com êxito esta temporada, que é o sonho dele. Então... Então teremos que pensar em um meio seguro de levar Alayna de volta para casa, mesmo que eu saiba, aqui dentro, que os caras andam planejando alguma coisa... Mas isso não alivia a minha inquietação.
Agora, porém, estamos a três dias da grande luta, e Christian ainda está completamente em surto.
Hoje ele foi treinar e nem sequer olhou para alguém nos olhos. Eu sei que ele sente as coisas, coisas ruins. Sei que ele não as expressa, pois estaria perdendo, e ele nunca vai perder. Exceto quando se perdeu por você, uma vozinha triste me diz.
Todo mundo tem ficado muito preocupado, e eu me sinto especialmente preocupada quando Chris me pede para chamar Taylor e Sawyer. Eles batem à porta, cubro o corpo nu de Chris com o lençol branco, de modo que apenas os braços e costas musculosas ficam expostos, e os levo para dentro.
– Eles estão aqui – informo.
Sawyer se aproxima primeiro e se ajoelha ao lado da cama.
– Ei, Chris, como está?
– Mal – adverte.
– E aí, o que foi? – pergunta Taylor.
Silêncio.
– Eu quero que vocês me levem... Para o maldito hospital... E me internem.
Os olhos de Sawyer se arregalam, assim como os de Taylor. Os rapazes olham para mim por um momento, e Christian repete exatamente o que acabou de dizer.
– Eu quero que vocês me levem... Para o maldito hospital... E me internem. Pra eu passar pelo
procedimento
– acrescenta.
Algo em suas palavras – na forma como os homens hesitam antes de responder – envia uma nova onda de alarme que desliza por mim.
– Você quer fazer isso de novo – diz Sawyer.
Ele acena com a cabeça contra o travesseiro.
– Agora – salienta firmemente.
Sawyer se vira impotente para Taylor, que depois de um momento pega seu telefone.
– Primeiro temos que ver quando isso pode ser feito. Deixe-me ligar para o hospital – diz ele, e

começa a teclar os números e a caminhar para fora do quarto.
– Isso vai te animar, cara – diz Sawyer enquanto se levanta e dá um tapinha nas costas de Christian.
Christian o agarra pelo pulso e o puxa para perto quando ele se senta na cama:
– Não me trate com essa porra de condescendência. Apenas me leve até lá e não se atreva a deixá-la ver – diz, rangendo os dentes.
Minhas sobrancelhas se agitam para cima quando percebo que Christian acha que não estou no
quarto, e os olhos de Sawyer se movem momentaneamente para meu lado, um sinal para não deixar transparecer que eu ouvi. Mas não, nunca mais mentirei para Christian, por isso dou um passo à frente.
– Quero ficar com você. Se você for se medicar ou fazer qualquer outra coisa. Eu quero estar lá e vou estar lá.
Ele se endireita com o som da minha voz, mas primeiro olha para Sawyer.
– Sawyer... – adverte.
Sawyer afrouxa a gravata quando Chris balança a cabeça para olhar para mim.
– Você fica aqui e logo eu estarei de volta.
Ele fala com a voz rouca, mas com cuidado óbvio, usando um tom completamente diferente comigo do que aquele que tinha utilizado com os homens.
– Não mesmo. – Dou o contra teimosamente, porque, sério, não vou aceitar isso.
Os três estão agindo como se eu fosse um botão de rosa fraco e incompetente!
Chris estreita os olhos e trava sua mandíbula diante de minha teimosia, e eu levanto minhas
sobrancelhas e cruzo meus braços.
– Vou onde quer que você vá, entendeu? Seja o que for, não é grande coisa – insisto.
Ele continua sustentando meu olhar, um músculo trabalhando na parte de trás de sua mandíbula.
– Não é grande coisa – asseguro, blefando com tudo que eu tenho.
Mas não vou deixá-lo fora da minha vista.


8 comentários:

  1. Isso aí Ana lute junto com ele, cuide do seu homem 😤

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  2. Não a mal que resista ao amor, fazer cá mais fácil 😍

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  3. Coitado do Chris caiu numa depressão profunda depois que os pais deles foram procurar ele e dizer aquelas baboseiras pra ele

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  4. Ana está certa em querer ficar ao lado dele 🥺🥺🥺

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  5. Ana esta certa m acompanhar o Chris.....mas deve ser um procedimento cruel pra que ele vote ao normal.....que dureza

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  6. qd vc volta com mais capítulos?????

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  7. Quando vai ter mais capítulos, estou muito ansiosa por mais?!

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:) :( ;) :D :-/ :P :-O X( :7 B-) :-S :(( :)) :| :-B ~X( L-) (:| =D7 @-) :-w 7:P \m/ :-q :-bd



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