Capítulo 3
O DIA EM QUE A VI
Christian
A multidão de Seattle grita enquanto atravesso o corredor do
Underground.
Do outro lado, diretamente na minha linha de visão, o ringue me espera. Sete
metros
por sete metros. Quatro cordas paralelas em cada lateral, quatro malditos
postes, e é isso.
O ringue é como a minha casa. Quando não estou dentro dele, sinto falta. Quando
treino, penso nele.
Cada passo que dou na sua direção me excita e me faz continuar. As minhas veias
se dilatam, meus batimentos cardíacos trabalham alimentando meus músculos.
Minha mente fica mais aguçada e clara. Cada centímetro de mim se prepara para
atacar, defender e sobreviver – e para dar a essas pessoas a emoção que tanto
desejam.
– Chris! Eu te amo, Chris! – escuto os gritos.
– Vou chupar seu pau, Chris!
– Chris, me possua, Chris!
– Christian, quero que você me arrebente!
Estendendo as mãos, agarro a corda e pulo por cima para dentro do ringue, dando
uma olhada nas pessoas à minha volta. As luzes estão brilhando. Meu nome está
na boca de todo mundo. E toda a animação e antecipação deles gira ao meu redor
em um divertido redemoinho. Eles estão gritando elogios para mim. Eles me
querem aqui. Bem aqui.
Apenas eu e algum adversário idiota, e nossos punhos.
Tiro meu roupão e entrego para Sawyer, meu amigo e segundo treinador, enquanto
as pessoas ficam de pé e gritam ainda mais alto quando me viro para reconhecer
o público.
Estão todos de pé. Todos me olhando como se eu fosse um deus da guerra e esta
noite é a noite em que vou vingá-los.
Eu curto isso pra caralho.
Curto todos esses gritos, as mulheres gritando todas as putarias que querem que
eu faça com elas.
– Chris! Chris! – berra uma mulher parecendo louca a plenos pulmões. – Você é
muito
tesudo, Chris!
Viro-me, achando engraçado, e meu olhar procura pela fila de assentos e para
nela.
Aquela com longos cabelos cor de mogno, olhos azuis e lábios inchados e rosados
que imediatamente se separam, chocados. Fico alucinado.
Meus instintos saltam, e eu absorvo a estranha com um único e rápido olhar. Ela
é jovem, atlética e está vestida discretamente, mas não tem nada de discreto na
forma como seus olhos arregalados e incrédulos me fitam.
Nossa, parece que ela acabou de passar a língua no meu pau.
Quando ela fixa seus olhos nos meus, levanto uma
sobrancelha questionadora, silenciosamente perguntando: Você gritou para mim ou
não?
O rosto dela fica de um lindo tom de rosa, e eu percebo que foi a amiga dela
que gritou, amiga que desaparece quando comparada a ela, que não me parece o
tipo de mulher que receba cantadas de um cara como eu. Mas ela acionou todos os
meus mecanismos de caçador, e agora eu quero essa mulher e vou tê-la.
Pisco para ela, mas na mesma hora vejo que ela não está para brincadeiras.
Parece horrorizada.
– Kirk Dirkwood, o Marreta, aqui para todos vocês, nesta noite! – grita o cara
com o
microfone.
Meus lábios se curvam quando me viro para assistir Dirkwood pular para dentro
do ringue e tirar seu roupão, e flexiono meus braços e cerro meus dedos até que
as juntas estalem. Meu corpo está bem – cada músculo está aquecido e pronto
para contrair. Sei que sou bom pra caralho, mas quero que essa garota saiba
disso. Estou me sentindo muito possessivo em relação a ela, e não quero que ela
olhe pra ninguém além de mim.
Quero que ela veja que sou o mais forte, o mais rápido. Porra, o que eu quero
mesmo é que ela ache que sou o único homem de todo esse maldito mundo.
Kirk é grande e lento como uma lesma. Ele dá o primeiro soco, mas consigo vê-lo
chegando antes mesmo de ele começar a pensar em se mover. Eu me esquivo e dou
um soco que atinge sua lateral e faz com que perca o equilíbrio. Ela está me
assistindo, sei que está. O calor do olhar dela faz com que eu lute com mais
violência e rapidez. Porra, sou o dono desse ringue. Adoro tudo relacionado a
ele. Conheço suas dimensões, o toque da lona embaixo dos meus pés, o calor das
luzes em cima de mim. Nunca perdi uma
única luta no Underground. As pessoas sabem que não importa quanto eu apanhe,
no final eu me recupero e termino a luta nos meus termos.
Mas esta noite? Eu me sinto imortal.
O público começa a gritar o meu nome.
– CHRIS… CHRIS… CHRIS.
É o meu ringue. O meu público. A minha luta. A minha noite.
Então escuto aquela voz de novo. Não dela, mas da mulher ao seu lado.
– Oh, meu Deus, acerta ele, Chris! Acaba com ele, sua fera sexy!
Eu obedeço e derrubo Kirk na lona com um soco forte. Ouço gritos de todos os
lados.
O árbitro agarra meu braço e o levanta, e eu viro a cabeça para olhar para ela,
curioso para ver a expressão em seu rosto. Estou ofegante e talvez sangrando,
mas nada disso importa. Só o que importa para mim é olhar para ela. Ela viu que
eu o derrubei? Está impressionada, ou não?
Ela corresponde ao meu olhar, e sinto minha virilha repuxar. Deus, ela está me deixando
excitado. Veste roupas bonitas, juro que é a coisa mais decente que eu já vi em
um lugar desses. Ainda assim, o que quer que ela esteja usando é demais e
precisa ser tirado.
– CHRIS! CHRIS! CHRIS! CHRIS! – entoa a multidão.
A intensidade dos gritos aumenta enquanto os assustados olhos dela me devoram
da mesma forma que eu a devoro.
– Vocês querem mais Chris? – pergunta o apresentador alegremente para o
público. – Tudo bem, então, pessoal! Nesta noite, temos um adversário à altura
de Christian “Arrebentador” Grey!
Foda-se. Eles podem trazer o que quiserem, homem ou monstro.
Estou tão preparado, que poderia derrubar dois ao mesmo tempo.
Pela minha visão periférica, posso vê-la, linda e tensa. Naquela camisa cheia
de pregas. Aquelas calças justas. Eu já a avaliei como tendo uns 55 quilos e
1,70m, pelo menos uma cabeça mais baixa do que eu. Na minha mente, já estou
segurando seus seios em minhas mãos e sentindo a sua pele com a minha língua.
De repente, percebo que ela sussurra alguma coisa para a amiga, fica de pé e
segue por sua fileira.
– E agora, para desafiar o nosso atual campeão, senhoras e senhores, aqui está
Parker “o Terror” Drake!
Olho incrédulo enquanto ela se afasta, e sinto um nó se formar dentro de mim enquanto
o resto do meu corpo se prepara para a caçada.
O público ganha vida quando Parker entra no ringue, e eu só consigo observá-la
sair da arena enquanto cada molécula do meu corpo grita para que eu vá atrás
dela.
O gongo toca e eu não faço o joguinho de simulação e espera que eu e meus adversários
sempre fazemos. Encaro Parker com um olhar que diz: Foi mal, cara, e parto diretamente
para uma pancada forte e o derrubo.
Ele cai duro no chão e não se mexe.
O público fica impressionado e cai em silêncio. O apresentador leva um momento
para falar enquanto eu espero, frustrado pra porra, meu coração palpitando em
antecipação enquanto espero que Parker fique deitado e a contagem comece.
Ela começa.
Vamos lá, seus filhos da puta…
Estou vencendo o campeonato deste ano e não serei desclassificado…
Apenas anuncie que foi um nocaute pra que ela escute…
DEZ!
– Caramba, isso foi rápido! Temos um nocaute! Isso mesmo, senhoras e senhores!
Um nocaute! E, em tempo recorde, nosso vencedor mais uma vez é o Arrebentador!
Ei, ele agora está pulando para fora do ringue e… Meu deus, para onde você está
indo?
O público enlouquece quando meus pés alcançam o chão do corredor e seus gritos
me acompanham por todo o caminho até o saguão. Eles estão gritando por mim
enquanto meu corpo grita para eu pegá-la.
– Arrebentador! Arrebentador!
Meu coração está a mil. Ela anda rápido, mas eu estou correndo. Todos os meus sentidos
exigem que eu cace, capture e possua essa garota. Agarro o seu pulso e faço
com que ela gire.
– Mas o que… – protesta ela ofegante, os olhos arregalados em choque.
Ela é tão linda que meus pulmões congelam. Testa lisa, pestanas longas e
pontiagudas – aqueles olhos azuis, aquele nariz delicado e boca gostosa.
Preciso prová-los imediatamente. A minha boca enche d’água à medida que uma
fome primitiva e selvagem cresce dentro de mim.
– Seu nome – rosno. O pulso dela parece minúsculo na minha mão, frágil, mas não
vou soltar. Não vou mesmo.
– Hã… Anastasia.
– Anastasia de quê? – replico, apertando mais forte.
O cheiro dela me deixa louco. Preciso descobrir sua fonte. Atrás das orelhas? O
cabelo? O pescoço?
Ela tenta soltar a mão, mas eu seguro com mais força porque ela não vai a lugar
algum a não ser para o meu quarto.
– Anastasia Steele – revela uma voz atrás dela, e então a amiga maluca fala um
número de telefone que meu cérebro idiota não guarda porque ainda estou
pensando no nome dela.
Anastasia Steele.
Minha boca sorri quando encontro o olhar azulado dela.
– Anastasia Steele – repito alto, com a voz rouca, lenta e intensa, minha
língua saboreando o nome dela. Um nome tão forte e bonito.
Ela arregala os olhos, chocada – e me lança um olhar de fêmea faminta que me
mostra que ela está um pouco excitada, mas também um pouco assustada.
Isso me deixa pirado. Preciso tocar, cheirar, provar, tomar. Dentro de mim arde
a necessidade de avisar a ela que deve mesmo ter medo de mim e, ao mesmo tempo,
só quero passar a mão por seu cabelo longo e prometer protegê-la.
Cedendo a um impulso, pego sua nuca na minha mão, me esforçando para ser gentil
para que ela não fuja, enquanto apenas um pensamento reina em minha cabeça:
Pega. Ela.
Sem nunca afastar meu olhar do dela, dou um beijo seco nos seus lábios,
lentamente, tentando não assustá-la, mas para que ela saiba quem eu sou, e quem
eu serei para ela.
– Anastasia – repito baixinho com os lábios ainda nos dela, então me afasto com
um sorriso. – Sou Christian.
Os olhos dela encontram os meus, e são de um azul metálico e estão molhados com
algo que reconheço como desejo. Meu sorriso se apaga quando fito sua boca de novo.
É tão rosada e macia que me inclino para tomá-la com mais intensidade. Meu sangue
corre pelas veias enquanto me afogo em seu cheiro. Eu quero esta mulher. Não posso
esperar nem mais um segundo sem sentir seu gosto, sem tomá-la.
Em um momento, ela está quente e tremendo em meus braços, discretamente virando
a cabeça para trás pedindo mais, e no seguinte, a multidão nos cerca e alguma
lunática desgraçada grita no meu ouvido:
– Chris! Porra, eu te amo! Chris!
Anastasia Steele parece despertar e rapidamente se solta.
– Não. – Estendo a mão para pegar o tecido branco de sua camisa. Mas ela e a
amiga já se desvencilharam da multidão como coelhinhos, e eu estou preso ali
com duas fãs que…
– Arrebentador, deixa eu pegar o seu pau.
– Arrebentador, você pode ficar com nós duas!
Enquanto elas passam as mãos pelo meu abdômen, eu penso: MERDA! e afasto os braços
delas, depois vou atrás de Anastasia. Quando chego ao elevador, a porta está fechada
e escuto enquanto ela sobe ruidosamente para o nível da rua.
– Chris!
– Christian!
Fervendo de raiva, bato com a palma da mão na porta fechada, então me esquivo
de um grupo de fãs que se aproxima e abro caminho ameaçando geral até o
vestiário.
Não sei se estou furioso, frustrado ou… não sei. Para onde ela está indo? Ela
estava me olhando como se quisesse que eu a comesse; eu não entendo essas
fêmeas malditas e nunca vou entender. Enquanto pego as minhas coisas com raiva,
dou um soco no armário.
– Cuidado com os seus dedos, Grey! – avisa o treinador enquanto guarda todas as
minhas coisas em uma sacola vermelha.
Eu detesto que me falem o que fazer. Então dou um soco com a outra mão no outro
armário, que amassa como o primeiro, depois encaro o velho e pego meus fones de
ouvido, meu iPod e um Gatorade. Enquanto sigo a minha equipe para o Escalade,
estou com muita raiva de mim mesmo por deixá-la ir embora. Tento salvar o
telefone dela, pelo menos os poucos dígitos de que me lembro.
– Aquele nocaute foi inacreditável, você o derrubou em três segundos! –
comentou Sawyer, rindo.
Olho pela janela para as luzes de Seattle e bato com os dedos no joelho.
– Certo, o que foi aquilo? Vamos ou não discutir o assunto que interessa? –
questiona Taylor do banco da frente. – Aquele com cabelo comprido? Você pareceu
impulsivo na sua caçada, Chris.
– Quero que ela assista à próxima luta. – O silêncio toma conta do carro quando
eles percebem que eu realmente estou a fim dela.
Taylor suspira.
– Ok, vou ver o que posso fazer. Pegamos umas garotas pra você.
– Um bom grupo – acrescentou Sawyer. – Uma loura, uma morena e uma ruiva.
E assim que chegamos à suíte, elas estão lá. Esperando por mim. Três garotas
com cabelos de cores diferentes, esperando quase nuas, prontas para transar com
o Arrebentador.
Seus olhares se iluminam ao me ver.
– Livre-se delas – ordeno simplesmente, depois me
tranco na suíte máster.
Tomando uma chuveirada em tempo recorde, pego meu laptop e faço uma pesquisa em
Seattle Anastasia Steele para tentar descobrir o resto do número dela.
Pego meus fones de ouvido e coloco a música bem alta enquanto busco, busco,
busco e então…
Bingo.
Ao descer a tela, vejo vários artigos sobre Anastasia Steele. Dizem que é uma especialista
em reabilitação esportiva residente em uma academia de Seattle. Artigos mais
antigos mencionam que ela é uma atleta de corrida. Velocista. Sensações
estranhas se misturam no meu peito. Releio essa parte e, isso mesmo. Uma
velocista.
Agora eu entendo por que ela é tão magra, atlética e rápida. Mas ela também tem
curvas, um tipo de curvas que nunca vi em uma velocista. Fecho os dedos sobre a
palma da minha mão ao me lembrar de como os seios dela subiam e desciam
enquanto ela me fitava no ringue. Minha boca enche de água ao me lembrar do
cheiro dela. Que merda.
Encontro um vídeo no YouTube dela durante alguns treinos. Meu coração começa a
bater forte de novo quando tiro os fones de ouvido e clico em Play. Ela está
usando shorts curtos. O cabelo está preso em um rabo de cavalo. E eu vejo suas
pernas musculosas e longas. Meu pau incha, e eu me mexo desconfortavelmente e
me inclino para inspecionar mais de perto enquanto ela se posiciona. O grupo
dispara. Ela começa rápido…
Então, uma das pernas dela dobra. E ela cai. Fica deitada ali, no chão, e
começa a soluçar enquanto tenta se levantar.
Sinto algo estranho no peito.
Merda, ela está chorando tanto que o corpo inteiro treme.
Fechando a mão em punho, assisto enquanto ela tenta sair da pista sozinha,
conforme o espectador idiota que gravou o vídeo ficava repetindo: “Cara, a vida
dela acabou”, de novo e de novo.
A câmera faz um zoom no rosto dela manchado por lágrimas, e na mesma hora eu pauso
o vídeo e fico fitando-a na tela. Anastasia Steele. Ela está exatamente como
estava hoje, só um pouco mais jovem, e muito mais vulnerável. Uma covinha se
forma em seu queixo, e aqueles olhos azulados estão tão afogados em lágrimas,
que eu mal consigo ver a linda cor deles. Começo a ler os vários comentários
abaixo do vídeo.
Iwlormw: Boatos dizem que ela estava fazendo exercícios contra a vontade
do treinador e já tinha ferrado aquele joelho!
Trrwoods: Isso é o que acontece quando você não se prepara
adequadamente!
Runningexpert: Ela era boa, mas não ótima. Lamaske teria acabado com ela
nas Olimpíadas.
Sinto um nó no estômago.
Assisto ao vídeo de novo, e o nó no meu estômago se aperta ainda mais.
Furioso, jogo minha bebida do outro lado do quarto e escuto quando bate na
parede.
Quero destruir todo mundo que está zoando com ela.
Ela ficara lá na minha arena hoje, tentando erguer
muros contra mim, e parecia tão orgulhosa quanto uma guerreira, como se já não
tivesse enfrentado o mundo todo assistindo à sua derrota. Sinto um aperto no
peito, não consigo respirar direito, e resmungo e fecho o laptop.
Taylor bate na porta e a abre um pouco.
– Chris, tem certeza de que não quer participar?
Ele abre mais a porta e aponta para o trio de mulheres atrás dele, seus olhos
ansiosos espiando para dentro do meu quarto. Elas suspiram juntas e uma
murmura:
– Por favor, Arrebentador…
– Só uma vez – suplica a outra.
– Eu mandei se livrar delas, Taylor. – Estalo meus dedos, depois meu pescoço. A
porta se fecha e um silêncio repentino se instala na suíte, até que Taylor
volta e abre a porta de novo.
– Ok, cara. Mas eu realmente acho que você deveria ficar com uma delas… Bom, Gail
quer saber se você quer jantar aqui.
Balançando a cabeça, levo o iPod para a sala de jantar e me sento para devorar
a comida do meu prato no piloto automático enquanto Taylor dá alguns
telefonemas confirmando as nossas reservas de hotel em Atlanta na semana
seguinte.
Enquanto como, só consigo ver os olhos azuis, os lábios afastados, e a forma
como Anastasia Steele me olhou, como uma fêmea que percebe que existe um
predador atrás dela que não desistirá até pegá-la.
Quero que ela seja minha.
Minha.
Quero sentir o maldito cheiro dela, porque nada nunca me excitou tanto quanto
isso.
Quero ter a alegria de fitá-la, tocá-la. Quero. Que ela. Seja. Minha.
Pegando o iPad, pesquiso o nome dela na internet de novo enquanto mastigo,
parando em uma foto dela na época em que corria. Parece uma gazela, e eu serei
o leão que irá pegá-la.
– Taylor, você acha que preciso de um especialista em reabilitação esportiva? –
pergunto.
– Não, Chris.
– Por que não?
– Você é um ogro, cara. Nem deixa as massagistas trabalharem em você por mais
de vinte minutos.
– Agora preciso de uma. – Empurrando o iPad para ele, bato na tela e aponto
para o nome embaixo da imagem dela. – Preciso desta.
Taylor levanta uma sobrancelha interessada.
– Precisa. Mesmo?
– Preciso de uma especialista em reabilitação esportiva na minha equipe. Quero
que ela cuide de mim todos os dias. Seja lá como for o trabalho dela.
Ele força um sorriso.
– Posso garantir que sexo oral não faz parte do trabalho dela.
– Se eu quisesse sexo oral, poderia ter tido três agora mesmo. O que eu quero…
– Mais uma vez, bato com o dedo em cima do nome dela. – É esta especialista em
reabilitação esportiva.
Taylor levanta as sobrancelhas até quase encostarem no cabelo, recosta e cruza
os braços.
– Para que exatamente você quer esta mulher?
Engulo o resto da minha comida, depois tomo um grande gole de água para
conseguir falar.
– Quero ela pra mim.
– Chris… – começa ele em tom de aviso.
– Ofereça um salário irrecusável.
A resposta de Taylor é um silêncio confuso. Ele parece surpreso e está tentando
me compreender. Está olhando dentro dos meus olhos, e sei que ele está
observando se eles estão pretos ou azuis.
Não estão pretos. Então espero em silêncio. Ele suspira, lentamente anota o
nome dela e fala com cuidado:
– Tudo bem, Christian, mas deixe-me dizer uma coisa, está na cara que isso é
uma péssima ideia.
Empurrando meu prato para o lado, recosto na cadeira e cruzo os braços.
Metade do tempo, sou traído pela minha mente. Um dia, ela me diz que sou deus.
No outro, ela me diz que eu não apenas mando no inferno como eu o inventei.
Será que Taylor acha que eu dou a mínima para o que a cabeça dele pensa sobre a
minha ideia? Não escuto nem mais a minha própria cabeça. Só escuto os meus
instintos.
– Quero que ela assista à minha luta no sábado – repito e me levanto,
empurrando a cadeira para debaixo da mesa. – Coloque-a nos melhores lugares da
arena.
– Christian…
– Apenas faça, Taylor – ordeno enquanto cruzo a sala de estar e me encaminho
para o quarto.
– Já tenho os ingressos, cara, mas já é bem difícil esconder de Gail as suas… questões.
Vai ser ainda mais difícil esconder de alguém como essa especialista em reabilitação
esportiva.
Encosto no limiar da porta e penso sobre o assunto. Falo baixo.
– Faça com que ela assine um contrato, assim garanto meu tempo com ela. E me estabilize
no momento em que eu começar a perder a cabeça.
– Christian, deixe que eu traga outras garotas…
– Não, Taylor. Nada de outras garotas.
Eu me tranco no meu quarto e pego os fones de ouvido, e fico ali deitado com
meu iPod na mão, olhando para ele.
Como vai ser se eu conseguir que ela seja minha?
Não me iludo achando que ela vai me aceitar, mas e se ela aceitar? E se ela
conseguir me entender? Da forma que eu sou? As duas partes de mim? Não. Não as
duas partes.
Cada. Maldita. Parte. De mim.
Sinto um aperto ao me lembrar da forma como os olhos dela brilhavam enquanto
ela me fitava. A forma como eles amoleceram depois que eu a beijei e ela me
olhou nos olhos, me querendo mais.
Nunca vi um olhar como aquele antes. Sou desejado por milhares de mulheres.
Nunca nenhuma delas me olhou com tanto desejo e tanto medo quanto ela.
Ela não estava com medo de mim. Estava com medo “daquilo”. A mesma coisa que está
apertando dentro de mim e me confundindo. Cada célula do meu corpo está ciente.
Cada poro da minha pele está acordado. Meus músculos estão aquecidos como
quando estou pronto para lutar. Exceto que não estou pronto para lutar agora.
Estou pronto para conquistar a minha cara-metade.
Que Deus a ajude.
* * *
O público de Seattle está louco esta noite. Nos bastidores, o barulho faz as
paredes tremerem, batendo nos armários de metal no vestiário onde estou me
preparando com alguns dos outros lutadores. Observo enquanto o treinador
enfaixa os dedos de uma das minhas mãos, e eu só consigo pensar que Anastasia
Steele está lá fora, entre os outros espectadores, sentada em um dos lugares
que comprei para ela.
Estou tão ligado que parece que estou plugado a uma tomada. O sangue corre impetuosamente
pelas minhas veias. Meus músculos estão relaxados e aquecidos, e prontos para
contrair e atacar qualquer coisa que entre no meu caminho. Estou pronto para
dar o meu show, e tem uma garota, uma garota linda, que me amarrou, e eu quero que
ela me veja lutar.
Estendo a outra mão para o treinador e fito minhas juntas enquanto ele repete
as mesmas instruções de sempre.
Minha guarda… paciência… equilíbrio…
Fecho a minha mente, deixando que as palavras entrem em mim e em meu subconsciente,
onde devem ficar. Pouco antes de uma luta, encontro uma calma. Consigo ouvir
todo o barulho, mas não escuto nada. A luta me traz um esclarecimento. Cada detalhe
deixando a minha mente sagaz.
Essa consciência e essa sagacidade fazem com que eu levante a minha cabeça na direção
da porta. Ela está parada ali, como se tirada de um sonho infantil, olhando
para ninguém mais além de mim.
Ela está usando calças jeans branca e blusa cor-de-rosa que faz sua pele
parecer mais bronzeada do que já está, fazendo minha língua arder dentro da
boca querendo correr por sua pele. Nenhum de nós nem pisca enquanto nos
encaramos.
Marreta entra no meu campo visual, e quando o vejo ir
na direção dela, minha fúria se acende.
Com uma calma letal, pego a faixa da mão do treinador e jogo de lado, enquanto
me encaminho para ela. Então, eu me posiciono exatamente atrás dela e à
direita, tomando um lugar que faça com que o merda do Marreta saiba que eu
nasci para ocupar aquele lugar. Atrás, ao lado e por ela.
– Só caia fora – aviso, o tom de voz baixo mas letal.
Ele não parece muito a fim de escutar, em vez disso estreita os olhos, com
desdém.
– Ela é sua? – ele pergunta, com os olhos apertados.
Assentindo, estreito meus olhos e o fuzilo com o olhar.
– Uma coisa eu garanto, sua ela não é.
O idiota vai embora, e percebo que Anastasia não se move por um longo momento,
como se ela não quisesse se afastar de mim da mesma forma que não quero que ela
vá a lugar algum. Deus do céu, o cheiro dela é bom demais.
Encho meus pulmões com o cheiro dela, como um viciado, e de repente cada pedaço
do meu corpo quer agarrar os quadris dela e puxá-la para mais perto para que eu
possa cheirá-la mais. Ela vira a cabeça para mim e murmura:
– Obrigada. – Mas vai embora logo. Abaixo a cabeça e me seguro o máximo que
posso até que ela se afaste.
Fico ali parado, me sentindo tonto, meu calção ridiculamente levantado.
– Arrebentador! Marreta! Vocês são os próximos!
Expirando ao escutar meu nome, olho de relance para Marreta do outro lado do vestiário,
ele parece estar achando engraçado eu estar claramente fodido por essa garota.
Ele está ainda mais fodido comigo.
– Christian… está me escutando?
Giro e encontro o treinador, que está endireitando a última faixa que mal
acabara de colocar. Continuo fitando Marreta cheio de ódio enquanto Sawyer me
entrega meu roupão de cetim e, ao enfiar os braços nas mangas, torço para que Marreta
esteja preparado para tirar umas férias em coma.
– Já falei pra não deixar aquele cretino mexer com a sua cabeça. – O treinador
bate com os dedos na minha têmpora. – Nem aquela garota.
– Aquela garota não sai da cabeça dele desde a primeira luta aqui – conta Sawyer
com um sorrisinho. – Diabos, ele quer carregar essa garota com ele durante todo
o tour. Taylor está fazendo o contrato agora mesmo.
O treinador coloca um dedo no meu peito e vejo que ele está quase entortando.
– Não estou nem aí para o que você está a fim de fazer com essa garota hoje à
noite. Concentre-se na luta que vai acontecer agora. Entendeu?
Não respondo, mas obviamente entendo. Ninguém precisa me dizer essas coisas.
Metade da luta está na cabeça. Mas o treinador gosta de se sentir útil, então
eu apenas aceito e saio. Lutei a vida inteira
para permanecer são. Para me manter focado, motivado e centrado. Mas esta
noite, vou lutar para mostrar o meu valor para uma mulher.
Subo no ringue e vou para o meu canto, e escuto o público enlouquecer. Isso me
faz sorrir.
No meu canto, tiro meu roupão e entrego para Sawyer, e o público vai ainda mais
à
loucura quando meus músculos estão à mostra.
Gritam o meu nome e mostro para elas que eu adoro isso, rindo com elas enquanto
estico meus braços para que vejam que estou curtindo. A cada segundo da minha exibição,
meu coração palpita em êxtase, porque sinto olhos azuis nas minhas costas,
quase me queimando, me fazendo desejar mais. Mais do que consigo aqui, com essa
multidão enlouquecida. Mais do que já recebi na minha vida.
Respirando fundo, vou me virando na direção dela, minha virilha já tensa na antecipação
de olhar nos seus olhos. Quero que ela esteja olhando para mim quando eu me
virar. Sei que isso vai me deixar excitado. A atenção dela me excita. O cheiro
dela no vestiário – tão fresca e limpa – ainda faz meu sangue ferver nas veias.
Não sei o que essa mulher tem, mas a única coisa em que consigo pensar desde o
momento em que coloquei meus olhos nela é em caçar. Perseguir. Exigir. Tomar.
– E agora, vem aí… Marreta!
Sorrio quando Marreta é anunciado e, finalmente, desvio meu olhar para onde ele
quer ir, e lá está ela. Meu Deus. Lá está ela. E está exatamente como eu queria
que estivesse. Olhando para mim.
Ela está sentada ali, tensa e linda, com o cabelo escorrido até os ombros e os
olhos arregalados e ansiosos. Sei que ela estava esperando eu me virar. Quase
posso ver seu pulso acelerar – como o meu. Não sei o que é isso. Se é falso. Se
é real. Se ela é real.
Mas sei que vou deixar esta cidade em breve, e não farei isso sem ela.
Marreta entra no ringue – meu ringue, onde nunca deixei nenhum filho da puta
acabar de pé – e eu aponto o dedo na direção dele… e depois para ela.
Esta é para você, Anastasia Steele.
Os olhos dela brilham, incrédulos, eu tenho vontade de rir quando a amiga loura
ao lado dela começa a gritar. O gongo toca e a minha memória muscular assume o
comando enquanto assumo a minha posição de guarda, salto sobre meus dedos dos
pés, e faço o meu trabalho.
Nós nos aproximamos. Faço uma finta e Marreta se esquiva, abrindo a lateral.
Então, dou um soco nas costelas dele, sentindo a satisfação do soco se espalhar
pelo meu braço, e nos afastamos. Marreta é burro. Ele se esquiva de todas as
minhas fintas e sempre baixa a guarda. Dou golpes nele até que bata nas cordas
e caia de joelhos. Ele balança a cabeça e fica de pé após um momento. Eu amo
isso. Meu coração pulsa devagar. Cada músculo do meu corpo sabe como se mover,
o que fazer, para onde
direcionar a minha força – para o centro do meu corpo, para o meu peito, ombro,
pelos
meus braços, para as juntas dos meus dedos que batem com a força de um búfalo.
Eu o derrubo, e depois faço o mesmo com o oponente
seguinte. E o seguinte.
Uma poderosa energia toma conta de mim conforme eu luto, e eu luto sabendo que
Anastasia Steele está assistindo. Na minha cabeça, além de vencer, só passa um
outro pensamento, que eu quero que ela pense dentro daquela cabecinha linda que
ela nunca, jamais, viu um homem como eu.
Quando o décimo oponente cai, suor cobre meu peito, e quando o apresentador levanta
o meu braço, estou ansioso para ver o brilho no olhar dela. Quero ver que ela gostou,
que ela – como todas as outras pessoas nesta arena – acha que eu sou o cara.
Nossos olhares se encontram, sinto meu pau ficando duro e queimando de desejo,
e sorrio para ela enquanto tento recuperar o fôlego.
Quando o apresentador solta meu braço, cruzo o ringue, pulo por cima da corda, observando-a
abrir a boca em choque conforme me aproximo.
As pessoas enlouquecem quando saio do ringue, e estão perdendo a cabeça neste momento.
A arena inteira grita com aplausos e vivas. E sei que todos eles sabem onde meu
olhar está e para onde estou indo.
– Afogue ele de beijos, mulher!
– Você não merece ele, sua vaca!
– Vai lá, garota!
Sorrio para essa garota que roubou os meus pensamentos e me pergunto se ela também
me deseja; ela me fita com uma súplica, quase implorando para que eu não a beije
aqui. Meu sangue ferve quando lembro dos lábios dela nos meus, mas não vai acontecer
de novo.
Não até que você esteja pronta, Anastasia Steele.
Eu me inclino e sinto o cheiro de seu cabelo, sussurrando no seu ouvido.
– Sente e fique quieta. Vou mandar alguém buscar você.
Recuo antes que eu perca a cabeça e, subindo no ringue, olho uma última vez
para ela.
Sinto todos os tipos de coisas no peito quando nossos olhares se encontram.
– O Arrebentador, galera! – grita o apresentador.
Os berros me alimentam. Eu os engulo com um sorriso, cheio de orgulho e
satisfação.
Posso ver nos olhos de cada uma dessas pessoas que eu sou o cara. Mas quero ver
isso nos olhos dela. Que. Eu sou. O Cara.
O homem que quer ser dela.
* * *
Não tenho tempo para esperar o treinador repassar tudo que fiz. Derrubei dez
sujeitos
e estou exausto. Mas – ao mesmo tempo – estou ligado.
– Muito bem, garoto. Vou mandar duas massagistas para você – diz ele quando chegamos
ao vestiário, e dá um tapa nas minhas costas.
Em silêncio, pego dois Gatorades e sigo para o carro com as minhas coisas,
sabendo que Taylor e Sawyer logo a levarão até
mim. Eu quero ela.
Na suíte do hotel, meu pau está duro e totalmente de pé quando tomo banho e
preciso ligar a torneira fria – gelada – enquanto a água escorre pelo meu
corpo. Respirando fundo, fecho os olhos e espalmo minhas mãos na parede
conforme a água me acalma.
Humm... a forma como ela me olha, o cheiro dela… Chegue logo amanhã, quando ela
estiver trabalhando para mim e eu puder sentir o seu cheiro a qualquer momento
que eu quiser. E eu quero.
Quando saio do chuveiro enrolado em uma toalha, duas massagistas estão me esperando,
Gail deixou que entrassem.
– A comida já está quente, Christian – avisa ela da cozinha.
– Agora não. – Pego um saco de gelo no freezer e várias garrafas de Gatorade e
me sento na beirada da cama, meus músculos esgotados. Meu rosto está dolorido e
encosto o saco de gelo no hematoma enquanto as mulheres começam a me massagear.
Elas me massagearam da última vez e começam a trabalhar imediatamente nos meus
braços e ombros enquanto eu espero algum sinal da sala de estar.
E, então, eu escuto.
Antecipação envolve minha virilha e eu fixo meu olhar na porta do quarto. Taylor
entra no seu melhor modo de assessor particular, e alguma coisa se aperta no
meu peito quando vejo que ela vem atrás.
Anastasia Steele.
Deus, ela dá um nó na minha cabeça.
As pernas dela parecem esbeltas e infinitas nessas calças justas, que ela deve
ter passado manteiga para conseguir entrar, e a blusa rosa que ela está usando
é da cor da sua boca.
Gosto da cor do seu cabelo, escuro e sedutor e refletindo um pouco de cobre, e
gosto dos brincos pequenos em suas orelhas. Ela não está usando praticamente
nada. Nada de relógio. Nada de pulseiras. Apenas os pequenos brincos, e seus
lábios estão brilhando com alguma coisa. O restante dela é fresco e natural
como uma flor, mas nem flores têm o cheiro tão gostoso quanto o dela.
Ela está olhando para o meu peito nu, e eu me concentro em não piscar para não deixar
de ver como o rosto dela fica corado e seus olhos se enchem de luxúria. Meu
corpo se contrai, cheio de desejo. Não transo com ninguém há dias, e não estou
acostumado a esse tipo de abstinência. Para mim, é simples: se eu quero, eu me
entrego. Estou com fome? Coma, idiota.
Mas tudo que eu quero comer agora é ela. Gostaria que fossem as mãos dela nos
meus ombros… Não. Quero as minhas mãos nos seus ombros pequenos. Quero que elas
arranquem as roupas dela para que eu possa vê-la.
Quando Anastasia me encara, e depois as massagistas, um pouco confusas,
descarto o saco de gelo, termino meu Gatorade e jogo a garrafa no chão.
– Gostou da luta? – indago.
Ela se assusta um pouco com a minha voz, que está
rouca por causa da desidratação e da exaustão, e minha boca forma um sorriso.
Quero passar meus dedos na pele dela. Ela era corredora, e aquela pele ficou
exposta ao sol. Parece mais quente que seus olhos e os reflexos do seu lindo
cabelo escuro.
Ela fica em silêncio enquanto pensa na pergunta. Como se houvesse uma resposta além
da que sempre recebo, que obviamente é sim.
Não é?
– Você deixou tudo mais interessante – responde ela finalmente.
Fico levemente impressionado. Então, ela não é minha fã?
– Só isso? – quero saber.
– Sim.
As mãos nas minhas costas e ombros começam a me irritar, e eu giro os ombros
para afastá-las.
– Saiam – ordeno às mulheres.
As mulheres saem – e ela fica sozinha comigo. Na minha suíte. No meu quarto. A centímetros
da minha cama. A centímetros de mim.
Mais uma vez, estou rijo como pedra. Lembro-me que ela estava sentada com duas mulheres
e um homem que parecia protetor em relação a ela. Ok, obrigado por protegê-la,
cara, mas eu assumo daqui.
– O cara que está com você… é seu namorado?
Os olhos dela cintilam, divertidos, e acho que vejo seus lábios se curvarem de
leve.
– Não, ele é apenas um amigo.
– Sem marido? – continuo investigando. De forma possessiva, analiso seu anelar
e vejo como suas mãos são finas e delicadas.
– Não, nenhum marido.
O ar está estático. Meu corpo inteiro está pronto para transar com ela. Só
ficar perto dela já é uma experiência sexual.
– Você foi estagiária em uma clínica particular de reabilitação de jovens
atletas?
Ela parece
surpresa, os olhos brilhando com curiosidade e descrença.
– Você me investigou?
– Na verdade, nós fizemos isso. – Taylor e Sawyer entram no quarto, e ela
desvia a atenção de mim. Mas a minha não muda. Já sei o que eles vão dizer. Eu
disse exatamente o que eles iriam propor hoje.
-Srta. Steele… Tenho certeza de que você está se perguntando por que está aqui,
por isso vamos direto ao assunto. Estamos deixando a cidade em dois dias, e
temo que não haja tempo pra fazer as coisas de forma diferente. O Sr. Grey quer
contratá-la.
Ela fica tão
surpresa que sorrio por dentro, mesmo estando tenso. Não quero que ela diga
não. Ela me surpreendeu hoje, negando que tenha gostado da luta. Se ela também negar
isso, não vou levar tão na boa.
A tensão aumenta quando ela franze a testa ao escutar
a explicação de Taylor dizendo que eu quero que ela viaje comigo de um lugar
para o outro. Não gosto da forma como os olhos dela escurecem.
– O que exatamente vocês acham que eu faço? Não sou uma acompanhante – afirma
ela.
Ok, então ela não parece tão animada com o emprego como eu achei que ficaria.
Desconfiado, recosto e fico observando-a, dividido entre diversão e frustração
pela forma como as coisas estão se desenvolvendo. Taylor e Sawyer caem na
gargalhada com o comentário dela; eu não.
– Você de fato sabe das coisas, senhorita Steele. Sim, eu admito, quando
estamos viajando, achamos conveniente manter uma ou várias amigas especiais do
Sr. Grey para, digamos assim, acomodar as suas necessidades, antes ou depois de
uma luta – explica Taylor, rindo.
Ela levanta a sobrancelha esquerda e agora sou eu que quero rir da forma como
esses idiotas me pintam. Mas se ela acha que ser gentil com as mulheres é algo
ruim, espere até ela ficar sabendo da minha parte pior.
De repente, a cena toda não parece mais divertida. Se eu ficar maníaco antes de
conseguir me aproximar dela, estarei fodido. Mas também não posso simplesmente
levá-la para cama e deixar que vá embora; não quero que ela vá embora.
– Um homem como Christian tem necessidades muito particulares, como você pode
imaginar, senhorita Steele – explica Sawyer. – Mas ele
tem sido muito específico sobre o fato de que não está mais interessado nas
amigas que providenciamos a ele durante a viagem. Ele quer se concentrar no que
é importante e, em vez dessas amigas, quer que você trabalhe para ele.
Ela encara Sawyer,
depois Taylor, depois ela olha para mim, parecendo confusa, o que é lindo.
Taylor olha em suas pastas.
– Você estagiou em reabilitação esportiva para os alunos da Academia Militar de
Seattle, e vemos que você se formou há apenas duas semanas. Estamos preparados
pra contratar os seus serviços que irão cobrir o período das oito cidades que
ainda temos em turnê e a manutenção do condicionamento do Sr. Grey para
competições futuras. Seremos muito generosos com seu salário. É algo de muito
prestígio cuidar de um atleta tão popular e isso deverá causar uma boa
impressão em qualquer currículo, podendo até permitir que a senhorita trabalhe
por conta própria se, no futuro, decidir ir embora.
Ela pisca e parece
totalmente perturbada.
– Tenho que pensar sobre isso. Realmente não estou procurando algo que me leve
pra longe de Seattle por muito tempo. -Ela me encara, de
forma hesitante e confusa. – Agora, se isso é tudo o que vocês queriam me
dizer, é melhor eu ir embora. Vou deixar o meu cartão em seu bar. – Ela gira e se dirige para a porta.
Por um momento, fico olhando para as suas costas que se afastam, decepcionado
pra
caramba.
Passei dias planejando isso. Imaginei como seria tê-la comigo todos os dias.
Tenho ficado duro pra caralho, ao ponto de doer, imaginando como seria o toque
das mãos dela em mim…
– Responda agora – digo, minha voz mais rouca do que achei que estaria.
– Como? – Ela se vira, surpresa, e eu a encaro e silenciosamente a intimo a compreender
que estou tentando fazer uma coisa boa aqui, conhecer uma pessoa, conhecê-la, e
não quero que ela estrague tudo como se não tivesse importância. Como se eu
estivesse acostumado a fazer esse tipo de coisa para alguém.
– Eu lhe ofereci um emprego, e quero uma resposta.
O silêncio opressivo toma conta do ambiente.
Ela me encara, e eu mantenho o seu olhar na mesma intensidade, o ar pesado à
nossa volta.
Desde a primeira noite em que a vi, não quero fazer nada além de beijá-la. Só
dei um selinho nela, para que ela soubesse que eu a possuiria. Agora, penso que
devia ter enfiado a minha língua dentro de sua boca para poder apaziguar esse
desejo selvagem de conhecer o seu gosto. Quero conhecê-la por inteiro, cada
pedacinho da cicatriz em seu joelho, até o perfeito contorno de seu rosto, a
forma como ela pensa. E independente de ela me desejar ou não, quero que ela me
conheça.
Ela parece respirar fundo para ter coragem antes de começar a assentir.
– Eu vou trabalhar com você pelos três meses que ainda faltam da sua turnê se
incluir hospedagem, alimentação, transporte e me garantir referências pra
quando eu me candidatar ao meu próximo emprego, e me permitir promover o fato
de que trabalhei com você para meus futuros clientes.
A resposta dela
me surpreende, e quando ela vira para ir embora, eu rapidamente a
impeço dizendo:
– Tudo bem. – Quando ela se volta, olho para os rapazes. – Mas quero isso no
papel, que ela não vai sair até que a turnê acabe.
Eu me levanto e vou até ela.
Ela observa a minha aproximação com aqueles olhos alarmados de novo; eles são suaves
como os de um cervo, mas muito mais bonitos. Os seios dela sobem e descem, e fico
feliz em perceber que ela sabe. Ela sabe que alguma coisa está acontecendo
aqui.
Está confusa por eu não tê-la perseguido da forma que achou que eu faria, mas
tudo bem. Porque a minha perseguição será mais lenta, e intensa, para que no
final eu possa tomá-la, rápido e forte, como estou acostumado a tomar tudo na
minha vida. Mas ela é tão especial que quero atingir cada célula de seu corpo
antes de possuí-la. E quando eu estiver lá, e ela se render a mim, não vou
deixá-la ir embora.
Sustentando o olhar dela, aperto sua mão gentilmente, sussurrando:
– Negócio fechado, Anastasia.
Quem diria o arrebentador foi locauteado por uma mulher
ResponderExcluirEle está caindinho por Ana
Ansiosa por mais capítulos 😍😍😍
ResponderExcluirMais
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Mais
Mais um capitulo pfv