Capítulo 22
ENCONTRO SECRETO
Ana
Nós devemos encontrar com Alayna em um
pequeno restaurante japonês situado a apenas algumas quadras do nosso hotel,
mas me sinto completamente mal por mentir para Christian sobre esta noite.
– Vou fazer uma reunião de finanças com ele – Taylor me garantiu quando nos
encontramos na academia esta manhã.
– Vou dizer que você e Kate estão fora passeando e que Sawyer vai buscá-las
depois do jantar para que Chris possa passar por suas finanças mensais comigo.
Concordo com a cabeça em satisfação, mas confesso que ainda não estou feliz com
isso. Estou enjoada e nervosa na parte da tarde, mas mesmo assim, permito que
uma parte secreta de mim aprecie a maneira como Chris me observa do ringue de
boxe quando aceno para ele da porta da academia e sinalizo para Kate, que está
ao meu lado em toda a sua glória, em uma minissaia e um top de alcinhas,
enquanto faço a mímica para Chris, “saindo com Kate”.
Ele puxa fora seu capacete de treino para me atirar um sorriso e um aceno
rápido, os olhos brilhando quando me vê, e só a mão de Kate no meu cotovelo
parece me impedir de saltar até o ringue e beijar cada uma de suas
devastadoramente lindas covinhas.
Lá em cima, me visto de forma sensata em uma blusa de botão e uma calça preta
formal.
– Ainda não entendo por que você não quer que Chris saiba sobre isso – diz Kate,
enquanto Sawyer nos leva para o restaurante.
– Porque Christian tem algumas tendências alfa.
– O que é sexy, da última vez que verifiquei.
– Kate, isto não é um filme. Não quero que ele seja incapaz de se concentrar,
nem que fique em apuros por minha causa.
Kate bufa.
– Você tira todo o romance de seu relacionamento, Ana.
Eu gemo e, em seguida, bato a testa na janela, totalmente exasperada.
– Kate, eu me sinto mal. Por favor. As pessoas que fazem o que ele faz para
ganhar a vida são consideradas armas letais. Legalmente, eles não podem lutar
fora do ringue, você entende?
– Sim. Apesar de que um homem não poder lutar com os punhos na rua, enquanto
outros andam legalmente com armas é algo que está além de minha compreensão. De
fato eu deveria reclamar com o senador.
– Tudo bem, senhoras, se deixarmos a carta ao Congresso para mais tarde, aqui
estamos nós.
Kate encara Sawyer quando ele abre a porta de trás, e ele olha enquanto ela
passa. Eu não tenho nenhuma ideia do que está acontecendo com eles. Kate é
geralmente doce com todos, e Sawyer costuma ser fácil de levar. Mas tudo bem, então.
– Obrigada, Sawyer, já volto – digo a ele.
– Nem pensar, eu vou com você.
– Nós não precisamos de você – diz Kate, atirando-lhe um olhar superior com a
ponta de seu nariz no ar. – Annie e eu temos nos dado excelentemente bem por 24
anos sem a sua ajuda.
– Estou fazendo isso por Christian, não por você – diz Sawyer rigidamente.
Felizmente, eles param de brigar quando entramos no restaurante.
Eu absorvo a atmosfera tranquila, passando meu olhar pelas paredes descascadas
verdes que possuem uma variedade de fotos de pratos de peixe, todas
emolduradas, e depois meus olhos deslizam ao longo de dezenas de mesas de
madeira preta para perceber que todas estão vazias, exceto uma.
Para meu espanto, as únicas pessoas aqui, além de nós três na porta, e de um
homem japonês preocupado nos observando por trás do sushi bar, são Alayna, que
está sentada rigidamente em uma pequena mesa redonda no canto mais distante,
três homens altos e corpulentos que reconheço como os mesmos capangas nos
crânios dos quais tive o prazer de bater, no clube, e, claro, o enorme
Scorpion, que agora vem em nossa direção, como se fosse o maldito anfitrião da noite.
Não sei se ele puxou algumas cordas entre os gerentes do restaurante, ou se ele
desocupou as instalações por intimidação, ou se subornou as pessoas, mas quem
em sã consciência iria querer jantar com caras como estes?
Bem. Aparentemente, minha irmã.
Alayna foi sempre a romântica de nós, sempre querendo “resgatar” algum cão,
gato, rato, ou cara. Eu nunca comprei essa ideia de romance que ela parecia
tão focada em provar, até que conheci Christian, é claro.
Vou beber qualquer coisa que o cara me der, não vou negar isso.
Agora vejo Scorpion chegar em seu corpo grande e musculoso e me arrependo de
que Chris não saiba que estou aqui.
A semente de um medo profundo brota dentro de mim.
Medo não só destes homens, mas do que Chris faria se descobrisse que eu estou
aqui com eles. Isso é tão novo para mim, estar em um relacionamento. Eu só não
sei o que ele faria por mim. Mas sei que faria qualquer coisa por ele.
Inclusive certificar-me de que ele permaneça sem saber do meu encontro com Alayna.
Só espero não me arrepender de arrastar Taylor e Sawyer para isto.
Minha respiração para de nervoso quando Scorpion para perto de nós, e seus
olhos são verdes e maus. Isso, juntamente com o cheiro de peixe vindo do bar,
me faz ficar um pouco enjoada. A tatuagem preta é tudo que se vê em seu rosto
repugnante. Não entendo por que alguém iria querer esse animal na pele. É uma
tatuagem 3D e o escorpião parece estar subindo em seu olho.
– Bem, se não é a puta! – ele joga as palavras como pedras em mim, e então olha
com desdém por cima de meu ombro. – Onde está seu amante? Escondido sob a saia
de novo?
Uma onda de raiva impotente me percorre, fazendo minha garganta enrolar
firmemente em torno de minhas palavras.
– Ele tinha coisas melhores pra fazer.
Ele estreita os olhos para mim, então para Kate e Sawyer.
– Só você – diz ele, apontando um dedo no ar em minha direção – pode passar.
Começo a passar, mas ele me bloqueia com um braço, e um resplendor vermelho se
arrasta lentamente por ele como se estivesse em grande expectativa.
– Você tem que primeiro beijar o Scorpion. – Olhos brilhando mesquinhamente,
ele bate com o dedo no nojento escorpião negro em seu rosto, e seus dentes
piscam, toda a sua boca coberta com uma grade de diamantes.
Meus órgãos param em puro choque e horror com esse pedido, e cerro os lábios em
resposta, olhando além de seus ombros, através do pequeno restaurante, até a
mesa do canto, onde Alayna se senta. Encontro os olhos azuis dela e o desespero
corre por meu corpo ao ver o vazio neles.
Como posso deixá-la fazer isso com ela mesma? Não posso.
Eu.
Não posso.
Scorpion quer a sua diversão e quer me humilhar. Ele quer mostrar para mim que
hoje é ele que tem o poder. Mas ele não pode me humilhar se eu não deixá-lo ver
o quanto o seu pedido me revolta.
Freneticamente tentando me convencer de que isso não significa nada, dou um
passo aparentemente estável para frente. Mas todo o meu corpo começa a ficar
tenso com o que estou prestes a fazer, e um rubor terrível de vergonha queima
rápido em toda a minha pele.
– Ana – diz Sawyer em um aviso que também soa como um apelo.
Mas ou é beijar a tatuagem estúpida, ou sacrificar Alayna a este homem, ou o
risco de envolver Christian numa confusão com esses perdedores, e eu também não
posso fazer nada disso, simplesmente não posso.
O olhar do homem parece uma cobra rastejando em cima de mim quando ele me olha
mais perto, mas só posso me concentrar na minha irmã, na mesa atrás dele. Faço
uma respiração profunda, proibindo-me de tremer.
Quando vou dar o último passo, de repente o seu pedido parece tão impossível
quanto me pedir para escalar o Monte Everest e cavar um buraco até o fundo. Meu
estômago se revolta em protesto, e estou perigosamente perto do vômito ao ver o
inseto preto de perto.
Ele tem cheiro de peixe e de um idiota cruel.
E eu desejo ter a coragem de tentar chutar a merda para fora dele.
De repente, uma vívida lembrança de um programa a que meu pai costumava
assistir, chamado “Fear Factor”, me atinge, no qual as pessoas fazem todos os
tipos de coisas, como entrar em caixas com cobras vivas e escorpiões. Se as pessoas
podem fazer isso por dinheiro, certamente posso fazer isso por minha irmã.
Empurrando o meu orgulho de lado e aproveitando a minha determinação, forço
meus lábios, que ficam tão sólidos como rochas, e a náusea sobe ao meu peito
antes mesmo de eu encostar.
– Olhem para isso, a puta do Christian está beijando o Scorpion. – Os capangas
cospem as palavras com desprezo, a humilhação e as palavras me fazem querer
correr e me esconder com uma força que eu não sentia há anos. Revoltada comigo
mesma, rapidamente beijo o ar e caio de volta nos meus calcanhares.
– Pronto, está feito – minha voz treme com repugnância.
Sua risada é profunda, escura e terrível quando ele se vira para seus capangas.
– Será que ela me beijou? Será que a
cadela do bobão realmente beijou o Scorpion? Eu acho que não! – Seus redondos
olhos verde-amarelados deslizam de volta para mim, e juntamente com aquele
olhar, não estou me sentindo muito poderosa no momento. – Eu não senti o seu
beijo. Agora você vai ter que lamber. – Ele irradia sua grade de diamante para
mim novamente.
Meus olhos se arregalam em horror, e minha determinação de ver a minha irmã
vacila lamentavelmente com o pensamento de lamber qualquer parte deste homem.
Deus, eu quero correr daqui, minhas veias dilatadas já estão sendo bombeadas de
sangue para os músculos, prontas a fugir. Fugir para o carro, de volta para meu
Chris.
Sawyer me agarra, seu rosto uma máscara de preocupação.
– Ana – diz ele em advertência, e isso me traz de volta para o que estou
fazendo aqui e eu me livro, mais uma vez enfrentando Scorpion.
Como posso ir embora? Como vou conseguir outra forma de falar com Alayna sobre
essa merda em que ela está?
Apenas o pensamento dela nas mãos deste verme humano me enoja. Como é que eu
posso vê-la com esse pervertido e não fazer algo para ajudá-la? Engolindo a
secura dolorosa na minha garganta, ergo meu rosto de volta com bravata, desesperada
para fazer qualquer coisa, exceto lamber o rosto daquele homem.
– Eu vou beijar, você tem a minha palavra.
“Fear Factor”.
Você pode fazer isso por Alayna.
Se você conseguia fazer cem metros em 10,52 segundos, então pode beijar o
mascote desse otário!
O mal se esconde em seus olhos quando ele me estuda cuidadosamente e, em
seguida, fala com ironia para mim.
– Se você não vai lambê-lo, então vai ter que segurar por cinco segundos, hein?
Cadela do Christian? Vá em frente agora. Beije o Scorpion.
Ele dá tapinhas no desenho e meu estômago tem espasmos quando me esforço muito
para manter minha expressão vazia e mostrar ao inseto humano como estou
despreocupada com o seu pedido revoltante.
Respirando fundo, proíbo meus joelhos de tremer quando vou à ponta dos pés,
apoio meus lábios, de olhos fechados, aversão e raiva apoderando-se de minhas
entranhas quando meus lábios batem na pele pintada. Segurando o contato, me sinto
envenenada por dentro ao fazer isso durar cinco segundos, meu coração
escurecido dentro de mim. Ferido em constrangimento completo e absoluto. Minhas
pernas vacilam quando os segundos passam, e meus sistemas parecem paralisar
neste purgatório em que cada milímetro do meu corpo é repelido por esta forma
podre e só a força de vontade me segura na ponta dos pés.
Estes são os mais longos cinco segundos da minha vida. Onde sou humilhada além
da humilhação, irritada além da explicação, e me sentindo tão por baixo como
quando vi o vídeo de meu acidente no YouTube.
– Pronto.
Com um sorriso nada menos do que repugnante quando caio de volta para baixo,
surpresa por ter chão sob meus pés, ele estende seu braço grosso para Alayna, e
mantenho minha coluna ereta quando sigo até Alayna, resistindo à vontade de ir
para a cozinha e esfregar minha boca. Ela está suja, imunda. Não, não é isso.
Eu me sinto suja e imunda, e o pensamento de beijar meu lindo Chris com essa
mesma boca faz meus olhos lacrimejarem e minha garganta se contrair.
Já me sinto esgotada no momento em que chego à mesa da minha irmã. Em torno de
nós, há mesas vazias com cadeiras de cabeça para baixo espalhadas por toda
parte, exceto em nossa pequena mesa, que tem um abajur no centro e pauzinhos
para quatro pessoas.
– Alayna. – Minha voz é incrivelmente suave, mas por dentro eu sou uma massa de
emoções conflituosas, e mesmo ressentimento em relação a minha irmã sentada
aqui, me vendo ter que beijar a tatuagem de seu namorado imundo.
Mas, vendo a expressão sem vida em seu rosto, sei que a garota do outro lado da
mesa, esguia e frágil, pálida e infeliz, não é realmente a minha irmã.
Estendo o braço para pegar a mão dela na mesa, fico triste quando ela não me
deixa segurá-la e, em vez disso, a enfia debaixo da mesa, fungando. Nos nós
olhamos por um momento em silêncio, e parece-me que a visão do escorpião preto
quase rastejando no olho da minha irmã é a coisa mais perturbadora que já vi na
minha vida.
– Você não deveria estar aqui, Ana – diz ela, com os olhos nos homens e em Sawyer
e Kate, que esperam em silêncio à porta. Quando nossos olhos se encontram
novamente, estou chocada com a animosidade em seu olhar, atacando-me de forma
aberta.
Uma raiva súbita se apodera de mim também, e quase fecho meus olhos.
– Minha mãe quer saber se você gostou dos crocodilos australianos, Alayna. Ela
amou o cartão-postal que você enviou e não posso esperar para saber por onde
mais você esteve. Então? Como eram os crocodilos, irmã?
Há um mundo de amargura em sua voz quando ela responde.
– Obviamente, eu não sei. – Ela esfrega as costas da mão no nariz e olha para
longe, carrancuda com a menção de mamãe.
– Alayna... – abaixando a minha voz, eu aponto para o restaurante japonês vazio
contendo o Scorpion e os três capangas, que nos assistem do bar. –
Honestamente, é isso o que você deseja pra si mesma? Você tem a vida inteira pela
frente.
– E eu quero viver do meu jeito, Ana.
Seu tom é defensivo, então tento deixar de soar agressiva.
– Mas por que aqui, Alayna? Por quê? Mamãe e papai ficariam com o coração
partido se soubessem as coisas em que você se envolveu.
– Pelo menos eu não os deixo saber a verdade – responde ela, e esta é a
primeira centelha de vida que realmente vejo em seus olhos.
– Mas por que você faria isso com eles? Por que você iria abandonar a faculdade
pra isso?
– Porque estou cheia deles me compararem com você – retruca, e então começa a
fazer uma voz zombeteira que se assemelha à de nossa mãe quando ela reclama. –
Por que você não faz isso como Ana? Por que você não encontra algo
significativo para fazer com a sua vida como Ana? Eles só querem que eu seja
como você! E eu não quero. A troco de quê? Você perdeu toda a diversão quando
era jovem pra ser a grande medalhista de ouro, e agora não tem nada de medalha
e nem pode competir mais!
– Posso não correr mais, mas ainda posso chutar o seu traseiro agora! – retruco
furiosamente, ferida pelas palavras que ela está me dizendo.
– E daí? – ela continua. – Você foi a melhor atleta na faculdade. Ninguém
conseguia parar de falar sobre o quão talentosa você era e em como você ia
conseguir. Isso é tudo o que você fez e falou, e agora, olhe pra você! Não pode
sequer fazer o que amava e provavelmente vai acabar como a mãe e o pai, vivendo
no passado, com suas velhas medalhas de ouro ainda penduradas em seu quarto!
– Para sua informação, eu sou mais feliz agora do que já fui, Alayna! Se você
tivesse prestado um pouco de atenção, iria perceber que a minha vida continuou,
e que eu fui a lugares que nem sequer imaginei que iria. Você quer ser independente?
Tudo bem. Vá em frente! Basta ser independente por sua própria conta, e não
dependendo de um homem que me faz lamber sua tatuagem para que eu possa ver a
minha irmã!
– Eu gosto de que ele seja protetor – ela retruca. – Ele luta por mim.
– Lute por si mesma, Alayna. Prometo que vai lhe dar toneladas a mais de
satisfação.
Alayna funga com raiva e limpa a mão em seu nariz, olhando para baixo, para a
luz do abajur, quando um silêncio cai entre nós. Solto a minha voz mais uma
vez.
– Você anda cheirando coca, Alayna?
Minha irmã não responde, o que só serve para dobrar a minha preocupação e
frustração.
– Volte pra casa, Alayna. Por favor – imploro, minha voz um sussurro que
somente ela pode ouvir.
Ela toca o nariz com as costas de um dedo, e depois traz seu olhar para mim
enquanto continua escovando o dedo em suas narinas. Fungando.
– Vou querer ir pra casa pra quê? Daí posso ser uma “quase-lá aos 22” como
você?
– Antes isso do que nada. O que você está realizando agora? Você não quer
terminar a faculdade?
– Não, isso é o que você queria fazer, Ana. Eu quero me divertir.
– Sério? E você está se divertindo um monte? Porque eu nem sequer vejo um
sorriso no seu rosto. Tanto quanto eu, você pode não gostar do fato de que não
consegui alcançar o meu sonho, mas eu já superei isso. Acontece que eu gosto de
onde estou agora, Alayna. Não é onde eu pretendia estar, é verdade, mas tenho
tantas outras coisas. Coisas melhores. Eu tenho um bom trabalho, estou
trabalhando com pessoas incríveis, e estou no primeiro relacionamento que já
tive na minha vida.
– Com o Arrebentador? – ela zomba. – Esse cara não tem relacionamentos, irmã.
As mulheres lançam-se para ele onde quer que vá. Ele passa por elas como os
seus adversários, e fode todas elas sem sequer perguntar seus nomes. Eu vi esse
cara antes de você aparecer. Não se esqueça de que estive por aqui por mais
tempo. Um dia ele vai olhar para alguém, e você ainda vai ser a sua
quase-namorada também.
– E o seu precioso Scorpion vai querer você por toda a eternidade também? Alayna,
o homem com quem você está não parece certo – sussurro, roubando uma olhada nele
por sobre meu ombro. Ele sorri um sorriso satânico como se estivesse ouvindo
cada palavra, e de repente me vejo consumida pelo desejo de que meu homem suba
no ringue com este idiota e acabe com ele. E não tenho dúvida de que Chris fará
isso. Derrubá-lo em um segundo. Talvez, então, Alayna deseje abandonar esse
otário.
– Benny é bom pra mim – explica Alayna com um pequeno encolher de ombros. – Ele
cuida de mim. Ele me dá o que eu preciso.
– Você quer dizer coca? – ataco com pura fúria.
Suas sobrancelhas franzem, e me arrependo no mesmo instante de tê-la feito
entrar em modo de defesa novamente.
Um silêncio tenso aumenta entre nós, e aperto minhas mãos em meu colo até que
minhas unhas me machucam, enquanto tento me acalmar e raciocinar gentilmente
com minha irmã.
– Por favor, Alayna. Você merece muito mais.
– Acabou o tempo!
Uma salva de palmas do bar nos alerta e Alayna se encolhe, o que só confirma o
que eu já suspeitava. Ela não quer estar em casa, mas não queria estar aqui,
também. Ela sente que não tem para onde ir, e não pode sair porque tem mais coca
no nariz do que eu mesma quero pensar. Merda.
– A menos que você queira beijar o escorpião de novo, diga adeus a ela agora. –
Scorpion está ameaçadoramente ao meu lado, com os olhos brilhando naquele
verde-amarelo sinuoso que me diz o quanto ele gostaria de me humilhar mais uma
vez.
Alayna está de pé, e o pânico me atravessa com a possibilidade de não vê-la
novamente. Fico de pé, passando por uma gama de emoções desconcertantes. Quero
abraçar minha irmã e dizer-lhe que vai ficar tudo bem, e ao mesmo tempo quero
dar um soco nela por ser tão teimosa e estúpida.
Em vez disso, vou ao redor da mesa para abraçá-la, ignorando a forma como ela
endurece quando viro meus lábios em sua orelha e falo macio como algodão para
ela.
– Por favor, deixe-me levá-la para Seattle. No final da luta em Nova York, me
encontre no banheiro das mulheres e eu vou ter duas passagens pra casa. Você
não tem que ficar lá, mas precisa de um tempo pra pensar nisso. Por favor. – Afastando-me,
olho para baixo de forma significativa, bem para o seu rosto.
A sombra de alarme toca sua expressão, ela assente, funga, e se vira para sair,
e vê-la recuar indo para a saída dos fundos me faz sentir como se eu tivesse
acabado de perder algo muito querido para mim.
Minhas entranhas estão fundas, sinto os olhos verdes de Scorpion em mim quando
vou embora com Sawyer e Kate, e não posso afastar a sensação de sujeira
completa e absoluta em mim.
– Alguém tem algo pra fazer bochecho? Acho que vou ter uma erupção na boca –
peço, enquanto Sawyer nos leva de volta.
Kate franze a testa, pensativa.
– Não entendo por que o que você fez lhe pareceu tão doentiamente errado,
quando não era lá grande coisa. Quer dizer, já beijei homens grosseiros em
partes mais grosseiras de sua anatomia, sabe? O que você fez não era grande
coisa.
– Claro que foi grande coisa, caralho! – Sawyer fala com raiva atrás do
volante. – Ana, é péssimo pra mim dizer isso pra você, mas Christian vai
descobrir o que houve e vai ficar enormemente, gigantescamente NEGRO!
Meu estômago aperta, e balanço a cabeça enquanto me esforço para manter a
calma. Eu beijando a tatuagem imunda é algo que sinceramente nunca mais quero
lembrar. Nunca. Novamente.
– Ele não vai saber se você não contar, Sawyer. Vamos todos relaxar, certo?
– Do que ele está falando? – Kate pergunta, genuinamente perplexa. – O que vai
ficar negro?
– Esses homens vão garantir que ele saiba, Ana. E vão fazer isso da forma mais
dolorosa – insiste ele.
Minha testa franze enquanto me pergunto se isso é o que eles tinham a intenção
de fazer quando cheguei. Foi tudo planejado para fazer Chris descobrir?
Balançando a cabeça, olho para os acusatórios olhos claros de Sawyer através do
espelho retrovisor.
– O que você esperava que eu fizesse, Sawyer? Eu não tenho os punhos, como
aquele bastardo tem, e preciso usar de outros meios pra conseguir o que quero,
e o que eu quero é que a minha pobre irmã saia dessa vida de merda dela!
– Jesus, eu peço a Deus que ela valha a pena.
– Vale, Sawyer. Ela vale. Alayna vai aparecer após a luta final em Nova York.
Ela é minha irmã. Eu beijaria a calçada e lamberia um vaso sanitário pra me
certificar de que ela esteja bem, você tem que entender!
– Isso é tão nojento, Ana – grita Kate, rindo.
– Chris é como um irmão para mim, Ana. Isso vai... – Sawyer balança a cabeça e
parece jogar toda a sua raiva em seu cabelo, esfregando com os dedos. – Vamos
torcer para ele não descobrir que você... – Ele balança a cabeça novamente,
puxando outro punhado de cabelo. – Ele fez toneladas de coisas por mim. Para a
minha família, quando meus pais ficaram doentes. Chris é um puta cara bom. Ele
não merece...
– Sawyer, eu o amo – as palavras simplesmente são arrancadas de mim, da minha
dor e frustração de ter beijado o inimigo dele. – Você acredita que
deliberadamente eu iria machucá-lo? Eu não quero que ele se envolva nisso
porque eu o amo. Você não pode ver? Eu não quero que ele vá ficar negro por
minha causa. Deus!
Sawyer para em um semáforo, em seguida, procura os meus olhos no espelho
retrovisor de novo, franzindo os lábios enquanto acena com a cabeça.
– Eu entendo, Ana.
Sinto-me instantaneamente vulnerável e revelada, e me contorço no meu lugar.
– Por favor, não diga a ele. Não apenas sobre o desastre de hoje. Sobre a outra
parte.
Ele balança a cabeça em silêncio, e quando estamos todos caminhando para o
nosso quarto, acrescento:
– Sawyer, obrigada por nos levar. – Ele assente com a cabeça, e quando vai
embora, ignorando Kate, ela dispara toneladas de facas invisíveis em sua
direção com os olhos.
– Esse cara me dá nos nervos.
– Acho que você faz isso com ele também.
– Você acha? – Ela fecha a cara para mim, então seus olhos se arregalam em
descrença pura. – Quer dizer que ele não gosta de mim?
Suspirando por causa de sua obtusidade, eu a empurro na direção dele.
– Kate, vai pegar o cara.
– Eu nem gosto dele – argumenta ela, mas já voltei para embarcar no elevador
até a cobertura, e deslizo a chave do nosso quarto com uma antecipação selvagem
de vê-lo.
Ele está sentado à mesa, com seu laptop aberto e com a sua música nos ouvidos.
Levanta a cabeça quando me aproximo, e quando seu rosto corajosamente bonito,
com aqueles olhos devastadores, me olha, minhas entranhas estremecem de um
jeito incontrolável.
Seus cabelos castanhos bagunçados brilham na luz suave do quarto de hotel, e
nas confortáveis calças de moletom e uma camiseta apertada, ele exala
masculinidade pura. A visão da plenitude de sua boca abre uma fome voraz em
mim, e eu apenas me dobro com a dor física de querer essa boca. Seus braços em
mim. Sua voz, me dizendo que tudo vai ficar bem. Porque cada segundo que passa,
eu me odeio mais e mais pelo que fiz.
Mas Chris tem me protegido de seus fãs, e eu gostaria de protegê-lo disso
também. De tudo. Especialmente de Scorpion. Vou protegê-lo para que a única vez
em que ele terá que enfrentá-lo seja sobre o ringue, onde terei prazer em vê-lo
fazer aquele bastardo desejar já estar morto.
Perto de explodir com todas as minhas emoções, pulo em seu colo, em seguida
tiro os fones de ouvido e os coloco brevemente sobre a minha cabeça, para que
possa ouvir o que ele estava ouvindo. Um rock maluco explode em meus ouvidos e
enrugo a testa em confusão.
Ele me olha com olhos azuis escuros entreabertos quando se inclina para beijar
o meu nariz, segurando meu queixo enquanto seu polegar corre sensualmente em
minha boca. Meu estômago dói, e temo que Chris possa realmente ver o medo e a
aversão que estou abrigando dentro de mim.
Soltando seus fones de ouvido em cima da mesa, fico de pé e corro para o
banheiro, sentindo-me tão violada que escovo os dentes e faço bochechos até
minha boca ficar inchada. Mal dou um passo para sair quando de repente preciso voltar
e fazer tudo de novo. Pela terrível sensação na minha pele, juro que poderia
ter um escorpião vivo rastejando sobre minha bochecha, e a sensação me devora
viva.
Finalmente volto ao quarto. Minha boca está com sabor de menta e até meus
lábios parecem dormentes com a limpeza.
Chris colocou seus fones de ouvido de lado. Toda a sua atenção está sobre mim,
suas sobrancelhas escuras criando um sulco enquanto acompanha meu retorno. Ele
parece confuso e um pouco desconfiado.
A visão dele me deixa emocionada, e tenho medo de desabar a qualquer momento. É
horrível sentir que não o mereço mais, mesmo quando tudo o que eu queria era
mantê-lo a salvo e sem envolvimento.
Nunca quis cuidar de alguém na minha vida como quero amar e cuidar dele.
Um nódulo doloroso se constrói dentro da minha garganta.
– Chris – minha voz sai espessa, meu coração está batendo forte, porque não sei
como vou lidar se ele me questionar sobre esta noite. – Você poderia me abraçar
um pouco?
Quero desesperadamente meu lugar especial em seus braços, o lugar em que me
encaixo como em nenhum outro.
Ele faz com que seja o recanto perfeito para mim, me abrigando como um ninho e
mais quente do que qualquer coisa. Eu o quero tanto, meu coração dói no meu
peito.
Eu espero, tremendo um pouco, e acho que ele percebe e cede.
– Venha aqui – diz ele em voz baixa, empurrando sua cadeira para trás enquanto
estende o braço, ansiosamente me aconchegando em seu abraço masculino. Ele ri
quando me contorço para chegar mais perto, e estou agindo de um modo tão
carente que suas covinhas dão uma olhada, o que parece agradá-lo.
– Sentiu minha falta?–
Seus olhos dançam quando fecha a mão em concha no meu rosto e sinto todos os
seus calos no meu queixo e em minhas bochechas, e esse sentimento reconfortante
que só Chris pode despertar voa por mim.
– Sim – suspiro.
Ele me traz para mais perto e me segura em seu peito enquanto desce os lábios
para os meus. Nossas bocas se encontram com suavidade, depois se conectam e ele
me abre, com uma respiração leve que reclama a minha boca, sua língua enviando
arrepios de desejo por mim.
Seus dedos delineiam as curvas dos meus seios enquanto ele arrasta sua boca ao
longo do meu maxilar e afunda o nariz na parte de trás da minha orelha, me
inspirando, gemendo baixinho de prazer, e o sangue bombeia em meu cérebro, pulando
animadamente do meu coração.
– Chris... – imploro, agarrando sua camiseta e empurrando-a até seus ombros.
Ele pega a camiseta na mão e com um puxão joga-a por sobre a sua cabeça, e eu
rapidamente corro minhas mãos sobre o peito, beijando cada parte que
alcanço.
– Senti tanta saudade de você –
arquejo com emoção, beijando sua clavícula, seu maxilar, agarrando seu cabelo e
pressionando meu rosto em seu pescoço, qualquer coisa para chegar perto desse
homem.
Ele me engole em um grande abraço e acaricia minhas costas, então segura meu
rosto enquanto fala baixinho:
– Também senti saudades. –
E dá um beijo em meus lábios, em seguida um na ponta do meu nariz, e outro na minha
testa.
Tremo com a sua admissão.
– Senti falta da sua voz. Das suas mãos. Da sua boca… de estar com
você… de olhar
para você… de tocar você… de sentir seu cheiro… – Eu paro. Ele cheira tão bem, limpo e viril. Pego os lábios dele com
mais desespero.
Ele corresponde ao meu beijo, devagar no início, depois com mais intensidade,
desabotoando a camisa e rapidamente me deixando nua, as mãos ansiosas.
Sei que ele não é verbalmente tão expressivo como eu, mas posso sentir a sua
urgência fervente quando agarra meus quadris e me puxa de volta para o seu
colo, como se precisasse estar dentro de mim tão ferozmente quanto preciso dele
para me preencher. Estou nua e ele ainda está usando sua calça de moletom, mas
estou morrendo de amor e da necessidade de me expressar fisicamente a ele.
Todo o meu corpo se aperta quando sua ereção se instala quente e pulsando entre
as minhas coxas, e há uma enorme necessidade de dar a ele algo que eu nunca
tinha dado a qualquer homem antes.
Tremendo sem controle, deslizo entre suas coxas poderosas ao mesmo tempo que
ele puxa para baixo suas calças e empurra-as parcialmente para baixo de seus
quadris. Vejo um vislumbre de sua tatuagem de estrela e, depois, seu pênis ereto
aparece livre, e no instante em que meus joelhos batem no tapete, meus dedos e
mãos estão envolvendo todo o seu calor, a sua dureza, os testículos pesados,
tudo completo e preparado para mim.
– Quero te beijar aqui... – minha voz ondula de desejo quando olho para o rosto
dele apertado de luxúria através dos olhos que mal posso manter abertos pelo
desejo. – Quero me afogar em você, Christian. Quero o seu gosto... em mim...
Um som de um homem faminto que está sendo completamente satisfeito de prazer
borbulha até sua garganta quando levo o pau à minha boca, e ele agarra meu
cabelo com todos os seus dedos enquanto balança os quadris lentamente até a
minha boca, com gentileza me dando o que eu pedi e recebendo o que eu quero
desesperadamente dar.
Meu sexo queima molhado com cada gota de sêmen que provo, e estou tão
intoxicada com este homem que não posso parar de apreciar o olhar rude no rosto
dele, enquanto corro a minha língua ao longo de sua enorme extensão rígida.
Ele está tão sem controle quanto eu quando adiciono os dentes, chupo sua ponta,
e depois o levo até a minha garganta até que eu tenha de suprimir o meu reflexo
de vômito, e ainda estou morrendo por mais, nunca vou ter o suficiente deste
homem, e quando ele está bombeando fora de controle em minha boca, e seus dedos
revolvendo meu cabelo, e seus músculos estão se apertando para o orgasmo, de
repente percebo que seus olhos estão um pouco menos azuis quando me observa.
***
Ele está definitivamente acelerado.
Super.
Completamente.
Acelerado.
Taylor diz que isso em medicina é chamado de estado maníaco. E ele suspeita que
esse episódio possa ter sido desencadeado na noite em que saí com Kate e Sawyer,
pois durante a sua reunião financeira, Chris aparentemente fez apenas três
perguntas a Taylor, e nenhuma delas tinha nada a ver com as finanças que ele
vinha explicando.
Em que momento ela disse que estaria de volta?
Tem certeza de que Sawyer está com ela?
Por que diabos eles estão demorando tanto?
Taylor diz que fechou o tópico sobre dinheiro e despachou Christian para o
quarto assim que Sawyer mandou uma mensagem avisando que estávamos voltando, e
foi aí que eu o encontrei escutando a música de rock mais alta que já ouvi, com
uma expressão sombria e pensativa no rosto. Será que ele pensou que eu nunca
mais iria voltar?
E é isso que ele faz quando seu interior começa a girar em crise? Ficar ouvindo
hard rock?
Não sei. Tudo o que sei agora é que Chris me fodeu quatro vezes naquela noite,
como se precisasse reafirmar sua posse sobre mim, e que ele está totalmente
alucinado e parece viver à base de Red Bull todas as horas de todos os dias da
semana.
Está totalmente carregado.
Sua arrogância habitual à décima potência.
Ele me atacou na cama como um leão, esta manhã.
– Você está especialmente gostosa, Anastasia
Steele. Gostosa, quente e molhadinha, e não me importaria de ter você no meu
café da manhã – Sua língua gira uma linha molhada entre meus seios, então vai
para fora e lambe minha clavícula como meu leão sempre faz. – Está faltando é
uma cereja em cima, mas tenho certeza de que temos alguma.
O brilho travesso em seus olhos me derrete quando ele produz uma cereja dentro
de sua mão, o que me faz perceber que ele provavelmente a pegou na cozinha
durante a noite e estava esperando para dar o bote em mim no instante em que eu
acordasse.
Senhor, ele é um predador de fato.
Gemendo grogue, rolo nas minhas costas e olho para seu rosto de fazer parar o
coração, o queixo barbado. Os olhos escuros cintilantes. O sorriso com
covinhas.
Deus, eu estou perdida.
– Quem é o seu homem? – ele pergunta rispidamente, e me beija, esfregando essa
cereja contra o meu clitóris. – Quem é o seu homem, baby?
– Você – eu gemo em resposta.
– Quem você ama?
Tremores percorrem meus membros enquanto ele tortura meu clitóris com a cereja
e ao mesmo tempo penetra o meu sexo com um dedo comprido, e eu olho atordoada
em seus olhos. Posso ver manchas em miniatura de azul em suas profundezas
misteriosas, e oh, com desespero quero dizer a ele, você, só amei você na minha
vida, mas não posso. Não desse jeito, não quando ele não pode sequer se lembrar
do que eu disse.
– Você me deixa louca, Chris – sussurro, e descaradamente agarro seu pênis e o
arrasto ansiosamente para mim, para que ele possa me preencher e se esfregar em
meu sexo inchado com seu pau duro e me fazer sentir o cheiro dele de novo.
Durante a semana toda ele está em modo de manutenção, e mal posso acompanhá-lo,
mas realmente estou amando isso. Estou curtindo isso com ele, seu sorriso
brilha. Ele precisa fazer pausas para o sexo nos treinos. Ele não pode me ver sem
ter a necessidade de me foder. Quando vou alongá-lo, ele quer me comer assim
que o toco.
Noto agora que quando ele está em seu lado negro, seus olhos não são
propriamente negros, mas de um azul bem escuro, salpicado de cinza e azul. Mas
seu humor é... de alguma forma, negro. Nem sempre, mas às vezes. É extremamente
exaltado, ou superirritado. Às vezes, nada o faz feliz. Gail está lhe dando
merda para comer. O treinador não o está treinando duro. E eu estou olhando
demais para o Taylor, pelo amor de Deus.
Mas por mais ridículo que pareça, essas coisas parecem ser importantes demais
para Chris, e agora parece que o meu dia inteiro é absorvido por sua energia e
resistência, e estou lutando para acompanhá-lo.
– O que essas pessoas todas estão fazendo aqui? – pergunto, quando pousamos em
Nova York e encontramos uma multidão de espectadores que se reuniram no
terminal privado onde ele estaciona seu jato, e as pessoas estão retidas por cordas
amarelas e pela segurança do aeroporto.
– Vieram me ver, quem mais? – responde Chris.
Ele soa tão arrogante que mesmo Taylor gargalha e diz:
– Sai dessa, Chris.
Ele me agarra sedutoramente.
–Vem cá, baby. Eu quero que essas pessoas tão boas saibam que você está comigo.
– As grandes mãos pegam minhas nádegas quando os flashes das máquinas se
acendem.
– Christian!
Ele ri e me empurra na limusine Hummer antes de todos os outros entrarem, me
fixando a seu lado enquanto encaixa sua boca e me beija como se fosse a nossa
última noite, sua fome selvagem e liberada.
– Quero levá-la para um lugar hoje à noite – rosna em minha boca. – Vamos para
Paris.
– Por que Paris?
– Por que diabos não?
– Porque você tem uma luta em três dias! – Ele me faz rir quando está assim. Eu
o agarro e o beijo de volta, profunda e rapidamente, antes que alguém entre no
carro, e sussurro:
– Vamos para qualquer lugar que tenha uma cama.
– Vamos transar em um balanço.
– Christian!
– Vamos fazer isso em um elevador – ele insiste.
Rindo, sacudo um dedo na cara do meu menino grande e impertinente.
– Jamais, em tempo algum, farei isso em um elevador, então você vai ter que
encontrar outra pessoa.
– Eu quero você. Num elevador.
– E eu quero você. Em uma cama. Como
pessoas normais.
Seu olhar desce abaixo da minha cintura, e a expressão do rosto muda de um
brincalhão e sorridente deus do sexo para um deus do sexo sombrio e faminto.
– Quero você nessa calça que está vestindo.
Sentindo-me desejada, aceno com a cabeça, sorrio e entrelaço meus dedos nos
dele, beijando cada um de seus dedos machucados.
Sua cabeça pende em curiosidade, e suas covinhas desaparecem lentamente. Parece
que ele nunca foi dado a esse tipo de atenção até eu chegar. De repente, ele me
faz querer dar mais.
Então, faço isso.
Deslizando para perto dele, fecho as mãos em concha em seu rosto e passo meus
dedos por seu cabelo, observando o olhar pesado, de desejo e de outra coisa
mais. Algo que faz com que seus olhos pareçam misteriosamente escuros e líquidos.
As portas do carro se abrem.
O treinador segue no assento dianteiro, então Taylor, Sawyer e Gail se acomodam
no banco em frente a nós. Chris aperta meus dedos enquanto eu tento me afastar
– a ação me dizendo que não –, e então ele desliza para a borda do seu assento
e deixa cair seus grandes ombros, como se estivesse tentando se tornar menos
volumoso. Quando isso se revela impossível, devido ao seu tamanho e músculos,
ele me puxa para mais perto e afunda a cabeça na parte macia do meu peito,
gemendo baixinho e, em seguida, suspirando.
Estou tão surpresa que não me mexo.
Taylor levanta uma sobrancelha quando vê Christian envolver seus braços ainda
mais apertados em torno de meus quadris e me puxar até que o lado de sua cabeça
esteja perfeitamente amortecido no meu peito. Ele grunhe e suspira mais uma
vez. Sawyer levanta duas sobrancelhas. Gail sorri de um jeito terno, como se
ela simplesmente derretesse.
Eu não estou só derretida. Por baixo dele, estou líquida.
Meus pais, um treinador e uma professora, são pessoas maravilhosas, mas não
chegadas em abraços e beijos, como, por exemplo, Kate, que foi regada com
carinho e o espalha ao redor do mundo como se fosse seu dever. Mas a forma como
Christian me olha, o jeito que ele não esconde sua atração por mim mesmo ao seu
público durante suas lutas, e o jeito que ele me abraçou como um grande urso
hibernando, que encontrou uma caverna, tudo isso me faz doer em lugares
inexplicavelmente profundos.
Com discrição, e com toda a ternura do mundo, corro minhas unhas por seu cabelo
escuro despenteado, e depois ao longo de sua orelha. Ele está com os dois
braços firmes ao redor da minha cintura, de alguma forma me prendendo como se
estivesse segurando um travesseiro.
– Vocês querem um tempo quando chegarmos ao hotel? – pergunta Taylor, e seu
timbre de voz vibra como se uma profunda emoção o tocasse.
Estou absorta penteando os cabelos com meus dedos quando Christian assente
contra o meu peito, sem sequer levantar a cabeça pesada.
Nesse estado maníaco, eu nunca o vi tão tranquilo.
Nem tão completamente imóvel.
As expressões totalmente atordoadas de Taylor e Sawyer confirmam que eles
também nunca tinham visto nada parecido.
Quando chegamos aos quartos, recebemos nossas malas em nossa suíte e então faço
o que sempre faço. Abro a minha e a primeira coisa é esconder minha nécessaire
de cosméticos debaixo da pia.
Chris me observa da porta com vontade feroz, e eu paro de escovar os dentes,
com a boca cheia de espuma, quando noto seu olhar. Ele me olha com fome.
Selvagem. Quase desesperado. Rapidamente lavo a boca quando ele se aproxima e
enxuga minhas mãos. Ele não está sorrindo. Seus olhos negros me engolem em suas
profundezas. Ele me levanta facilmente em seus braços e me leva de volta para o
quarto.
Não consigo evitar a maneira como minhas entranhas vibram quando o abraço no
pescoço e o cheiro enquanto ele nos leva à cama. Acho que sei o que ele quer,
mas não tenho certeza. Então eu espero e observo por um momento.
Ele tira meus sapatos e os joga de lado, e eu ouço o ruído dos sapatos dele
caindo no chão.
– Quero suas mãos em minha cabeça.
Concordo com a cabeça e vou para trás para dar espaço a ele.
– Isso ajuda a acalmar seus pensamentos acelerados?
Ele balança a cabeça e, em seguida, pega a minha mão e a coloca aberta sobre o
seu peito largo, enquanto prende meu olhar ao dele.
– Isso me acalma aqui.
Um emaranhado de emoções me atinge quando sinto seu coração batendo, lento e
poderoso como apenas os corações de grandes atletas podem bater. Olho em seus
olhos, vendo o mesmo desejo selvagem que acabei de ver, e eu o
amo em tal grau que juro que meu coração pegou o ritmo dele.
Chris desliza ao meu lado, nós dois vestidos quando nos acomodamos sobre a
cama. Ele abaixa a cabeça no meu peito e aconchega em mim cada pedacinho de
seus músculos enormes, inalando meu pescoço. Abaixo meu rosto e beijo o topo de
sua cabeça enquanto corro meus dedos através de seu couro cabeludo.
Ele não dormiu durante longos, intermináveis, inquietos dias loucos.
Dias em que o senti acariciando meus cabelos e minhas costas durante a noite.
Quando ouvi o ruído abafado de sua música nos fones de ouvido. Eu o ouvi
comendo na cozinha à meia-noite, tomando banho frio, e quando a chuveirada não parecia
suficiente, eu acordei para encontrá-lo bem a caminho de fazer amor comigo.
Mas não o ouvi dormir por muito tempo...
Então, quando sua respiração se equilibra, e percebo que ele está adormecido em
meus braços, no meio do dia, no meio de um episódio maníaco, não sei como posso
conter as emoções que crescem no meu peito.
Silenciosamente, enxugo uma lágrima do meu rosto, e depois outra. Nunca
imaginei que esse tipo de homem existisse.
Ou que pudesse ter algo assim para mim. Estes momentos. Esta... conexão. Nunca
pensei que o desesperado desejo que sinto por ele pudesse ser recíproco.
Chorando de felicidade pela primeira vez na minha vida, acaricio seu cabelo,
seu queixo, seu pescoço, descendo os braços, olhando para seus lábios cheios,
perfeitos, a forte mandíbula e a testa, o nariz perfeito, calmamente amando
cada centímetro dele.
A luz do sol invade o quarto e o ilumina por completo, permitindo-me beber a
sua perfeição como uma drogada.
Nossos sapatos estão descartados no chão, as malas ainda desarrumadas perto da
porta. Estamos em mais uma bela suíte de outro hotel de luxo, e juro por minha
vida que nunca me senti tão plena como neste momento, com este homem dormindo
em meus braços, com os braços grossos em torno de mim, seu nariz em meu decote,
seu hálito quente na minha pele. Em um lugar estranho, em um novo ambiente,
longe de tudo que já conheci...
Toco meus lábios em seu ouvido.
– É por causa de você – sussurro, fechando os olhos – que estou loucamente
feliz. Completamente em casa em qualquer lugar em que você esteja.
Estou tão determinada a guardar seu sono que pulo o jantar, mesmo quando o meu
estômago ronca. Logo ele se acalma e, durante o tempo todo, continuo dando
àquele lindo corpo esses pequenos toquem que dizem Eu te amo, Christian.
Chris desperta no meio da noite, e por esta altura, estou exausta, mas
determinada como sempre, meus braços pesados de acariciá-lo e acariciá-lo.
Acordando com um gemido suave, ele facilmente me pega e enfia o meu corpo
contra o dele de modo que agora eu estou aconchegada em seu peito quando ele
beija meu ouvido de um jeito sensual.
– Ana – diz.
Apenas uma palavra.
Espessa de sono, e assim tão intimista, isso poderia ter sido uma proposta,
qualquer proposta, para a qual a minha resposta seria e sempre será sim.
– Sim, Chris – murmuro, minha voz tão grogue como a sua quando acaricio sua
clavícula.
Ele dá uma rosnadela e, bem devagar, me cheira.
– Minha Ana. – A voz ainda grossa e rouca, ele passa o dedo pelo botão da minha
calça jeans e amorosamente beija meu pescoço enquanto dá um tapinha na minha
bunda. – Por que você ainda está usando isso?
Antes que eu possa lembrar-lhe por que, ouço Chris abrir o botão e deslizar o
zíper propositadamente para baixo.
Cada músculo meu se aperta. Solto um gemido baixo e pressiono o meu nariz em
seu pescoço, apertando mais, como um gatinho pedindo por seu carinho.
– Eu estava esperando que o homem mais sexy do mundo tirasse de mim.
***
Por volta das três horas da manhã, Christian
resmunga “fome” no meu ouvido e levanta-se para assaltar a cozinha, e eu na
cama, me espreguiçando, percebo que meu estômago instantaneamente concorda.
Acendo a lâmpada e deslizo para a primeira coisa que salta fora de sua mala, o
que acaba sendo um de seus roupões de cetim vermelho do Arrebentador.
Amarro o cinto bem firme em torno da minha cintura, e o tecido é delicioso e
fresco contra a minha pele. O manto é enorme em mim, descendo até o chão, mas
sorrio, porque adoro usar suas coisas. Vou atrás dele para inspecionar o que
Gail deixou para nós na cozinha.
Dentro da gaveta aquecida estão dois pratos de frango empanado com parmesão e
espinafre, além de salada de beterraba acompanhada de batatas vermelhas. Pego
os pratos e os talheres quando vejo Christian já sentado à mesa de jantar,
gloriosamente com o peito nu e em um par de calças de moletom.
Ele está pegando manteiga de amendoim
com um pedaço de aipo e mastigando, mas para de comer quando me vê e de
imediato engole tudo o que tinha em sua boca.
Seus olhos se arregalam, e ele derruba o restante do aipo e se recosta na
cadeira, cruzando os braços musculosos até que a tatuagem aparece escura e
sexy.
– Olhe pra você – diz, as palavras num grunhido de puro prazer masculino.
A palavra ARREBENTADOR queima deliciosamente nas minhas costas enquanto levo os
pratos, sorrindo.
– Vou devolvê-lo quando voltar pra cama.
Ele balança a cabeça e dá um tapinha em seu colo.
– Se é meu, é seu.
Ponho a comida na mesa, e ele fecha as mãos em concha nos meus quadris e me
puxa para sentar em seu colo.
– Estou morrendo de fome.
Ele pega uma fatia de batata vermelha com os dedos e coloca em sua boca,
lambendo os dedos.
– Você iria amar as batatas vermelhas da minha mãe. Ela acrescenta pimenta
caiena, o que dá um sabor picante – digo, quando espeto uma com o garfo e
mastigo, e o sabor de alecrim e da batata perfeitamente cozida derrete na minha
língua.
– Você sente falta de casa?
A pergunta me faz olhar para ele enquanto termina outra batata, e percebo que
ele realmente nunca teve uma casa.
Teve?
Sua casa tem sido um ringue de luta e toneladas de hotéis. Sua família tem sido
a sua equipe e seus fãs.
Meu peito incha e quase explode por ele.
Quando ele me trancou em sua suíte de hotel, logo depois que eu vi Taylor
sedá-lo na primeira vez, Chris estava em uma crise de depressão e eu ainda não
tinha conhecimento disso. Ele estava se agarrando a mim para manter a sanidade,
mas eu não sabia disso também.
Tudo o que eu sabia era que ele não queria me deixar sair daquele quarto e não
queria que ninguém entrasse. Ele me queria lá. Ele queria o meu toque como se
isso o estabilizasse, e minha boca era o único calor em seu frio, a única luz
em sua escuridão.
Christian não é homem de palavras, é homem de instintos e ações.
Este homem grande e forte por vezes precisa ser cuidado, e juro que estou
morrendo de vontade de ser a garota que cuida dele, mais do que já quis
qualquer outra coisa.
Ele, que nunca teve uma casa, quer saber se eu sinto falta de casa?
Isso quando durmo como uma rainha, em uma cama macia, em seus braços, e posso
comer do bom e do melhor e fazer o meu trabalho, e passar algum tempo com ele
quando está por vezes arrogante, às vezes mal-humorado, e sempre adorável?
Colocando o garfo na mesa, volto-me para encará-lo e acariciar, com a ponta dos
meus dedos, seu queixo com a barba por fazer.
– Quando não estou com você, eu sinto falta de casa. Mas quando estou com você,
não sinto falta de nada.
Suas covinhas aparecem brevemente, e eu passo os meus lábios sobre a mais
próxima. Ele fala baixinho, entredentes, e esfrega o nariz contra o meu.
– Vou te aconchegar mais perto para que você não sinta falta de nada.
– Por favor, sim. Na verdade, tenho certeza de que há espaço suficiente aqui. –
Eu me mexo significativamente no colo dele, e ele belisca minha orelha e me
abraça apertado, dizendo: Isso mesmo!
Nós rimos, e acabamos comendo no mesmo prato, no mesmo garfo, revezando-se para
alimentar um ao outro.
Quando sinto sua inquietação, aquela que vem com a sua mania, percebo que ele
parece querer algo para fazer.
Então, eu me rendo enquanto ele me domina por completo e provoca meus lábios
com o garfo, e eu, obedientemente, abro e deixo que ele me alimente.
Amo o jeito que seus olhos escurecem a cada vez que ele olha para a minha boca
que se abre para comer.
Ele desliza a mão livre sob a manga de cetim e carinhosamente acaricia meus
tríceps enquanto se volta para o seu prato e pega um pouco de tudo para si
mesmo.
Vejo quando dá uma grande mordida, e espero ele cortar mais frango e trazê-lo
para a minha boca, junto com um pouco de tudo o mais.
Ele observa enquanto mordo, saboreio e finalmente engulo, os lábios curvos em
um sorriso terno.
– A quem você pertence? – ele pergunta baixinho, acariciando minha coluna para
cima e para baixo.
Meu coração se derrete quando ele pousa o garfo e desliza a mão para o robe
entreaberto, curvando-a ao redor da minha cintura. Ele inclina a cabeça e
lança um beijo no meu ouvido:
– A mim.
– Sou inteiramente sua. – Eu me manobro para ficar montada, e enterro meu nariz
em seu pescoço quente, deslizando os braços em volta de sua cintura elegante. –
Estou ficando muito nervosa com a grande luta. E você?
Sua risada ecoa no peito largo enquanto vai para trás para me olhar. Ele parece
bem divertido.
– Por que estaria? – Ele puxa minha cabeça para trás pelo queixo para que seus
olhos escuros captem os meus. – Ana, eu vou quebrá-lo.
A certeza em sua voz carrega tal profundidade e poder que quase sinto pena por
Scorpion. Chris não está indo lutar só para quebrá-lo, ele vai se divertir
fazendo isso.
– Chris, eu amo o jeito que você luta, mas você não tem ideia de como isso é estressante
para mim.
– Por que, Ana?
– Por que você é... importante para mim. Desejo que nada toque você, e a cada
noite... Você está lá. Mesmo sabendo que você vai ganhar, fico ansiosa.
– Mas você está feliz, Ana? Comigo?
Seu rosto fica um tempo nessa pergunta, e de repente ele parece estar mesmo
querendo dizer isso, muito parecido com quando me pergunta: “Você gostou da
luta?”.
Vejo a selvagem necessidade em seus olhos, e sei que minha resposta importa a
ele tanto quanto o que ele pensa sobre mim me importa.
– Loucamente – admito, e o abraço e sinto o cheiro de seu pescoço, amando o
jeito como seu cheiro me relaxa. – Você me faz feliz. Você me faz
delirantemente feliz e delirante, ponto. Eu não quero ficar sem você por um
segundo. Não quero nem que todas as mulheres olhem para você e gritem as coisas
que gritam para você.
Sua voz se altera como quando fala intimamente comigo durante o sexo:
– Eu sou seu. Você é a única que trago para casa comigo. – Ele cheira meu
pescoço, e em seguida mordisca a parte de trás da minha orelha e sussurra: –
Você é minha companheira, e reivindiquei você.
Com isso, me reajusta para o lado e continua me alimentando.
Parece se deliciar vendo meus lábios se abrirem e fecharem com o que ele traz
para a minha boca.
Ele gosta de me alimentar, e acho que o prazer masculino obsessivo remonta ao
seu antepassado, o homem de Neandertal.
Devoramos toda a comida, nos beijamos, e conto a ele sobre Kate, sobre como ela
e Sawyer dormiram juntos e agora parecem ter se tornado grandes amigos,
trocando mensagens de texto, e ele me encoraja:
– Conte mais. – E continua comendo.
Então conto sobre meus pais, sobre como Alayna costumava se apaixonar por tudo
o que andava sobre pernas, e ele sorri e eu adoro fazê-lo sorrir.
– Você se lembra de algo legal sobre seus pais? – pergunto, quando voltamos
para o quarto principal, e subo na cama.
– Minha mãe costumava me fazer o sinal da cruz todas as noites. – Ele tranca a
porta, e sei que é para evitar que Sawyer apareça na manhã seguinte e nos veja
nus. – Ela me fazia o sinal da cruz na minha testa, na boca e no meu coração.
– Ela era religiosa?
Christian encolhe os ombros largos, e vejo que ele para junto à mochila para
retirar seu iPad e seus fones de ouvido.
Honestamente, o pensamento sobre os pais de Christian é uma tortura para mim.
Como alguém tão religioso poderia abandonar o ser humano mais complexo e mais
bonito que eu já conheci? Como puderam fazer isso?
Chris leva seu material para a mesa de cabeceira, e percebo que ele está
deixando todos os seus itens por perto. Ele está se preparando para me abraçar
o resto da noite, porque está com total consciência de que não vai dormir.
– Você sente falta de sua família? – pergunto quando ele se junta a mim.
A cama guincha quando Chris se senta e, de imediato, chega para mim.
– Você não sente falta de algo que nunca teve. – Não esperava essa resposta, e
ela me dá vontade de chorar e de proteger esse homem de todos que o machucam.
Ele puxa e solta o cordão do roupão, e tira o cetim dos meus ombros. Chris
gosta de mim sem roupa para que ele possa fazer todas as suas coisas leoninas
de lamber, e eu gosto de agradá-lo. Ergo então meus braços e atiro o roupão de lado,
amando quando ele me abraça contra ele, pele contra pele.
Repentinamente, com todas as minhas forças, quero dar tudo o que tenho. Meu
corpo, minha alma, meu coração, minha família.
– Se eu dissesse uma coisa... – sussurro, quando encontramos o nosso lugar
preferido, de frente um para o outro, a minha perna entre as coxas dele, os
nossos corpos entrelaçados e se tocando o máximo possível – você se lembraria
de manhã?
Ele puxa as cobertas sobre nós e enfia meu rosto em seu pescoço, suas mãos
vagando para cima e para baixo na minha coluna.
– Espero que sim.
Sinto seus pés se movendo sem descanso contra os meus, e sorrio e começo a
acariciar seu cabelo para ajudá-lo a relaxar, e então tenho uma ideia. Uma
ideia brilhante. Uma ideia pela qual ele vai entender o que quero dizer, e dessa
forma não vou pressioná-lo a qualquer coisa que não o deixe confortável. Na
verdade, ele não vai realmente precisa responder a isso.
Alcanço o criado-mudo por cima dele e pego os fones de ouvido e seu iPod,
rezando para encontrar a música lá dentro. Sou louca por essa música e nunca,
nunca, me identifiquei com ela até este segundo, quando quero gritar cada estrofe
dessa letra para Christian Grey.
– Coloque isso – falo com entusiasmo. Ele sorri, porque eu sei que ele adora
quando toco músicas para ele. Chris endireita-se contra a cabeceira da cama e
coloca seus fones de ouvido e, em seguida, me arrasta para o seu colo, e eu me
enrolo lá.
Encontro. É a canção perfeita para lhe dizer que sou louca e amo cada parte
especial dele.
Então, seleciono de Avril Lavigne “I Love You” e toco.
Ouço o início da música, e a emoção corre nas minhas veias quando ele aumenta o
volume e eu, mesmo de onde estou sentada, posso ouvir a letra falando com ele.
Sei que talvez Chris não se lembre disso amanhã. Sei que seus olhos estão
negros, e que tocar-lhe uma canção não será a mesma coisa que dizer as
palavras, mas já passamos muitas noites juntos. Nós treinamos juntos, tomamos
banho juntos, corremos juntos, comemos e demos comida um ao outro, trocamos
carinhos e conversas, e não acho que Christian já se abriu com alguém como fez
comigo. Mantive minhas muralhas por toda a minha vida, e nunca deixei ninguém
entrar até que, de repente, percebi que ele estava... lá dentro.
Respiro Chris e vivo nele todos os dias, até mesmo sonho com ele enquanto fico
deitada a seu lado na cama.
Mesmo que este homem não reconheça as emoções em seu coração rude e selvagem,
pelo menos espero que ele vá saber pela minha música que ele se tornou meu...
tudo.
Animada além das palavras, ouço a música tocando e vejo o seu rosto, mordendo
meu lábio enquanto estudo sua expressão. Cada trecho da letra é tão perfeito, a
música inteira tem um significado meu para ele, incluindo o refrão que juro que
posso ouvir agora:
Você é tão lindo
Mas não é por isso que eu te amo
Eu não tenho certeza que você sabe
Que a razão pela qual eu te amo é você
ser você só você
É a razão de eu te amar é tudo o que nós passamos
E é por isso que eu te amo.
Ele ouve isso enquanto avalia o meu rosto, a sua expressão concentrada
avaliando minhas reações. Meus lábios carnudos. Meus olhos cor de âmbar. Minhas
maçãs do rosto altas.
– Toque de novo.
Sua voz soa tão rouca que quase tive que ler os lábios dele para entender o que
disse.
Clico no botão para repetir, mas em vez de ouvir a música de novo, como
esperava que fizesse, ele me rola e se deita nas minhas costas, depois coloca
os fones de ouvido na minha cabeça e os ajusta quando a música começa.
E no segundo seguinte, estou ouvindo o “Eu te amo” que acabei de tocar para
ele.
E que Christian Grey agora toca para mim.
Fecho os olhos, meu coração estremecendo no peito, o que eu sinto por ele
inchando dentro de mim até que me sinto completa e irremediavelmente consumida
por dentro. Sinto seus lábios nos meus, a música tocando em meus ouvidos quando
ele começa a me beijar de uma forma que não é sexual, mas infinitamente doce.
Esta é a maneira como Chris se abre para mim, e estou formigando do topo da
cabeça até as solas dos pés enquanto absorvo cada coisa que ele está tentando
me dizer com essa música, com os lábios, com seus toques, mesmo sabendo que ele
pode não se lembrar de nada disso, e sabê-lo não o torna menos real para mim.
Nada me tira da cabeça que esse verme do scorpion vão usar esse fato da Ana beijar sua tatuagem contará o Christian
ResponderExcluirEle teve um episódio por ter tido algum presentimento ruim sobre Ana 🥺🥺🥺🥺
ResponderExcluirO scorpion vai jogar sujo....muito sujo com esse beijo na tatuagem
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