LPA Capítulo 3

em quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

 Capítulo 3



O DIA EM QUE A VI

Christian

A multidão de Seattle grita enquanto atravesso o corredor do Underground.
Do outro lado, diretamente na minha linha de visão, o ringue me espera. Sete metros
por sete metros. Quatro cordas paralelas em cada lateral, quatro malditos postes, e é isso.
O ringue é como a minha casa. Quando não estou dentro dele, sinto falta. Quando treino, penso nele.
Cada passo que dou na sua direção me excita e me faz continuar. As minhas veias se dilatam, meus batimentos cardíacos trabalham alimentando meus músculos. Minha mente fica mais aguçada e clara. Cada centímetro de mim se prepara para atacar, defender e sobreviver – e para dar a essas pessoas a emoção que tanto desejam.
– Chris! Eu te amo, Chris! – escuto os gritos.
– Vou chupar seu pau, Chris!
– Chris, me possua, Chris!
– Christian, quero que você me arrebente!
Estendendo as mãos, agarro a corda e pulo por cima para dentro do ringue, dando uma olhada nas pessoas à minha volta. As luzes estão brilhando. Meu nome está na boca de todo mundo. E toda a animação e antecipação deles gira ao meu redor em um divertido redemoinho. Eles estão gritando elogios para mim. Eles me querem aqui. Bem aqui.
Apenas eu e algum adversário idiota, e nossos punhos.
Tiro meu roupão e entrego para Sawyer, meu amigo e segundo treinador, enquanto as pessoas ficam de pé e gritam ainda mais alto quando me viro para reconhecer o público.
Estão todos de pé. Todos me olhando como se eu fosse um deus da guerra e esta noite é a noite em que vou vingá-los.
Eu curto isso pra caralho.
Curto todos esses gritos, as mulheres gritando todas as putarias que querem que eu faça com elas.
– Chris! Chris! – berra uma mulher parecendo louca a plenos pulmões. – Você é muito
tesudo, Chris!
Viro-me, achando engraçado, e meu olhar procura pela fila de assentos e para nela.
Aquela com longos cabelos cor de mogno, olhos azuis e lábios inchados e rosados que imediatamente se separam, chocados. Fico alucinado.
Meus instintos saltam, e eu absorvo a estranha com um único e rápido olhar. Ela é jovem, atlética e está vestida discretamente, mas não tem nada de discreto na forma como seus olhos arregalados e incrédulos me fitam.
Nossa, parece que ela acabou de passar a língua no meu pau.

Quando ela fixa seus olhos nos meus, levanto uma sobrancelha questionadora, silenciosamente perguntando: Você gritou para mim ou não?
O rosto dela fica de um lindo tom de rosa, e eu percebo que foi a amiga dela que gritou, amiga que desaparece quando comparada a ela, que não me parece o tipo de mulher que receba cantadas de um cara como eu. Mas ela acionou todos os meus mecanismos de caçador, e agora eu quero essa mulher e vou tê-la.
Pisco para ela, mas na mesma hora vejo que ela não está para brincadeiras. Parece horrorizada.
– Kirk Dirkwood, o Marreta, aqui para todos vocês, nesta noite! – grita o cara com o
microfone.
Meus lábios se curvam quando me viro para assistir Dirkwood pular para dentro do ringue e tirar seu roupão, e flexiono meus braços e cerro meus dedos até que as juntas estalem. Meu corpo está bem – cada músculo está aquecido e pronto para contrair. Sei que sou bom pra caralho, mas quero que essa garota saiba disso. Estou me sentindo muito possessivo em relação a ela, e não quero que ela olhe pra ninguém além de mim.
Quero que ela veja que sou o mais forte, o mais rápido. Porra, o que eu quero mesmo é que ela ache que sou o único homem de todo esse maldito mundo.
Kirk é grande e lento como uma lesma. Ele dá o primeiro soco, mas consigo vê-lo chegando antes mesmo de ele começar a pensar em se mover. Eu me esquivo e dou um soco que atinge sua lateral e faz com que perca o equilíbrio. Ela está me assistindo, sei que está. O calor do olhar dela faz com que eu lute com mais violência e rapidez. Porra, sou o dono desse ringue. Adoro tudo relacionado a ele. Conheço suas dimensões, o toque da lona embaixo dos meus pés, o calor das luzes em cima de mim. Nunca perdi uma
única luta no Underground. As pessoas sabem que não importa quanto eu apanhe, no final eu me recupero e termino a luta nos meus termos.
Mas esta noite? Eu me sinto imortal.
O público começa a gritar o meu nome.
– CHRIS… CHRIS… CHRIS.
É o meu ringue. O meu público. A minha luta. A minha noite.
Então escuto aquela voz de novo. Não dela, mas da mulher ao seu lado.
– Oh, meu Deus, acerta ele, Chris! Acaba com ele, sua fera sexy!
Eu obedeço e derrubo Kirk na lona com um soco forte. Ouço gritos de todos os lados.
O árbitro agarra meu braço e o levanta, e eu viro a cabeça para olhar para ela, curioso para ver a expressão em seu rosto. Estou ofegante e talvez sangrando, mas nada disso importa. Só o que importa para mim é olhar para ela. Ela viu que eu o derrubei? Está impressionada, ou não?
Ela corresponde ao meu olhar, e sinto minha virilha repuxar. Deus, ela está me deixando excitado. Veste roupas bonitas, juro que é a coisa mais decente que eu já vi em um lugar desses. Ainda assim, o que quer que ela esteja usando é demais e precisa ser tirado.

– CHRIS! CHRIS! CHRIS! CHRIS! – entoa a multidão.
A intensidade dos gritos aumenta enquanto os assustados olhos dela me devoram da mesma forma que eu a devoro.
– Vocês querem mais Chris? – pergunta o apresentador alegremente para o público. – Tudo bem, então, pessoal! Nesta noite, temos um adversário à altura de Christian “Arrebentador” Grey!
Foda-se. Eles podem trazer o que quiserem, homem ou monstro.
Estou tão preparado, que poderia derrubar dois ao mesmo tempo.
Pela minha visão periférica, posso vê-la, linda e tensa. Naquela camisa cheia de pregas. Aquelas calças justas. Eu já a avaliei como tendo uns 55 quilos e 1,70m, pelo menos uma cabeça mais baixa do que eu. Na minha mente, já estou segurando seus seios em minhas mãos e sentindo a sua pele com a minha língua. De repente, percebo que ela sussurra alguma coisa para a amiga, fica de pé e segue por sua fileira.
– E agora, para desafiar o nosso atual campeão, senhoras e senhores, aqui está Parker “o Terror” Drake!
Olho incrédulo enquanto ela se afasta, e sinto um nó se formar dentro de mim enquanto o resto do meu corpo se prepara para a caçada.
O público ganha vida quando Parker entra no ringue, e eu só consigo observá-la sair da arena enquanto cada molécula do meu corpo grita para que eu vá atrás dela.
O gongo toca e eu não faço o joguinho de simulação e espera que eu e meus adversários sempre fazemos. Encaro Parker com um olhar que diz: Foi mal, cara, e parto diretamente para uma pancada forte e o derrubo.
Ele cai duro no chão e não se mexe.
O público fica impressionado e cai em silêncio. O apresentador leva um momento para falar enquanto eu espero, frustrado pra porra, meu coração palpitando em antecipação enquanto espero que Parker fique deitado e a contagem comece.
Ela começa.
Vamos lá, seus filhos da puta…
Estou vencendo o campeonato deste ano e não serei desclassificado…
Apenas anuncie que foi um nocaute pra que ela escute…
DEZ!
– Caramba, isso foi rápido! Temos um nocaute! Isso mesmo, senhoras e senhores! Um nocaute! E, em tempo recorde, nosso vencedor mais uma vez é o Arrebentador! Ei, ele agora está pulando para fora do ringue e… Meu deus, para onde você está indo?
O público enlouquece quando meus pés alcançam o chão do corredor e seus gritos me acompanham por todo o caminho até o saguão. Eles estão gritando por mim enquanto meu corpo grita para eu pegá-la.
– Arrebentador! Arrebentador!
Meu coração está a mil. Ela anda rápido, mas eu estou correndo. Todos os meus sentidos exigem que eu cace, capture e possua essa garota. Agarro o seu pulso e faço
com que ela gire.
– Mas o que… – protesta ela ofegante, os olhos arregalados em choque.
Ela é tão linda que meus pulmões congelam. Testa lisa, pestanas longas e pontiagudas – aqueles olhos azuis, aquele nariz delicado e boca gostosa. Preciso prová-los imediatamente. A minha boca enche d’água à medida que uma fome primitiva e selvagem cresce dentro de mim.
– Seu nome – rosno. O pulso dela parece minúsculo na minha mão, frágil, mas não vou soltar. Não vou mesmo.

– Hã… Anastasia.
– Anastasia de quê? – replico, apertando mais forte.
O cheiro dela me deixa louco. Preciso descobrir sua fonte. Atrás das orelhas? O cabelo? O pescoço?
Ela tenta soltar a mão, mas eu seguro com mais força porque ela não vai a lugar algum a não ser para o meu quarto.
– Anastasia Steele – revela uma voz atrás dela, e então a amiga maluca fala um número de telefone que meu cérebro idiota não guarda porque ainda estou pensando no nome dela.
Anastasia Steele.
Minha boca sorri quando encontro o olhar azulado dela.
– Anastasia Steele – repito alto, com a voz rouca, lenta e intensa, minha língua saboreando o nome dela. Um nome tão forte e bonito.
Ela arregala os olhos, chocada – e me lança um olhar de fêmea faminta que me mostra que ela está um pouco excitada, mas também um pouco assustada.
Isso me deixa pirado. Preciso tocar, cheirar, provar, tomar. Dentro de mim arde a necessidade de avisar a ela que deve mesmo ter medo de mim e, ao mesmo tempo, só quero passar a mão por seu cabelo longo e prometer protegê-la.
Cedendo a um impulso, pego sua nuca na minha mão, me esforçando para ser gentil para que ela não fuja, enquanto apenas um pensamento reina em minha cabeça: Pega. Ela.
Sem nunca afastar meu olhar do dela, dou um beijo seco nos seus lábios, lentamente, tentando não assustá-la, mas para que ela saiba quem eu sou, e quem eu serei para ela.
– Anastasia – repito baixinho com os lábios ainda nos dela, então me afasto com um sorriso. – Sou Christian.
Os olhos dela encontram os meus, e são de um azul metálico e estão molhados com algo que reconheço como desejo. Meu sorriso se apaga quando fito sua boca de novo. É tão rosada e macia que me inclino para tomá-la com mais intensidade. Meu sangue corre pelas veias enquanto me afogo em seu cheiro. Eu quero esta mulher. Não posso esperar nem mais um segundo sem sentir seu gosto, sem tomá-la.
Em um momento, ela está quente e tremendo em meus braços, discretamente virando a cabeça para trás pedindo mais, e no seguinte, a multidão nos cerca e alguma lunática desgraçada grita no meu ouvido:

– Chris! Porra, eu te amo! Chris!
Anastasia Steele parece despertar e rapidamente se solta.
– Não. – Estendo a mão para pegar o tecido branco de sua camisa. Mas ela e a amiga já se desvencilharam da multidão como coelhinhos, e eu estou preso ali com duas fãs que…
– Arrebentador, deixa eu pegar o seu pau.
– Arrebentador, você pode ficar com nós duas!
Enquanto elas passam as mãos pelo meu abdômen, eu penso: MERDA! e afasto os braços delas, depois vou atrás de Anastasia. Quando chego ao elevador, a porta está fechada e escuto enquanto ela sobe ruidosamente para o nível da rua.
– Chris!
– Christian!
Fervendo de raiva, bato com a palma da mão na porta fechada, então me esquivo de um grupo de fãs que se aproxima e abro caminho ameaçando geral até o vestiário.
Não sei se estou furioso, frustrado ou… não sei. Para onde ela está indo? Ela estava me olhando como se quisesse que eu a comesse; eu não entendo essas fêmeas malditas e nunca vou entender. Enquanto pego as minhas coisas com raiva, dou um soco no armário.
– Cuidado com os seus dedos, Grey! – avisa o treinador enquanto guarda todas as minhas coisas em uma sacola vermelha.
Eu detesto que me falem o que fazer. Então dou um soco com a outra mão no outro armário, que amassa como o primeiro, depois encaro o velho e pego meus fones de ouvido, meu iPod e um Gatorade. Enquanto sigo a minha equipe para o Escalade, estou com muita raiva de mim mesmo por deixá-la ir embora. Tento salvar o telefone dela, pelo menos os poucos dígitos de que me lembro.
– Aquele nocaute foi inacreditável, você o derrubou em três segundos! – comentou Sawyer, rindo.
Olho pela janela para as luzes de Seattle e bato com os dedos no joelho.
– Certo, o que foi aquilo? Vamos ou não discutir o assunto que interessa? – questiona Taylor do banco da frente. – Aquele com cabelo comprido? Você pareceu impulsivo na sua caçada, Chris.
– Quero que ela assista à próxima luta. – O silêncio toma conta do carro quando eles percebem que eu realmente estou a fim dela.
Taylor suspira.
– Ok, vou ver o que posso fazer. Pegamos umas garotas pra você.
– Um bom grupo – acrescentou Sawyer. – Uma loura, uma morena e uma ruiva.
E assim que chegamos à suíte, elas estão lá. Esperando por mim. Três garotas com cabelos de cores diferentes, esperando quase nuas, prontas para transar com o Arrebentador.
Seus olhares se iluminam ao me ver.

– Livre-se delas – ordeno simplesmente, depois me tranco na suíte máster.
Tomando uma chuveirada em tempo recorde, pego meu laptop e faço uma pesquisa em Seattle Anastasia Steele para tentar descobrir o resto do número dela.
Pego meus fones de ouvido e coloco a música bem alta enquanto busco, busco, busco e então…
Bingo.
Ao descer a tela, vejo vários artigos sobre Anastasia Steele. Dizem que é uma especialista em reabilitação esportiva residente em uma academia de Seattle. Artigos mais antigos mencionam que ela é uma atleta de corrida. Velocista. Sensações estranhas se misturam no meu peito. Releio essa parte e, isso mesmo. Uma velocista.
Agora eu entendo por que ela é tão magra, atlética e rápida. Mas ela também tem curvas, um tipo de curvas que nunca vi em uma velocista. Fecho os dedos sobre a palma da minha mão ao me lembrar de como os seios dela subiam e desciam enquanto ela me fitava no ringue. Minha boca enche de água ao me lembrar do cheiro dela. Que merda.
Encontro um vídeo no YouTube dela durante alguns treinos. Meu coração começa a bater forte de novo quando tiro os fones de ouvido e clico em Play. Ela está usando shorts curtos. O cabelo está preso em um rabo de cavalo. E eu vejo suas pernas musculosas e longas. Meu pau incha, e eu me mexo desconfortavelmente e me inclino para inspecionar mais de perto enquanto ela se posiciona. O grupo dispara. Ela começa rápido…
Então, uma das pernas dela dobra. E ela cai. Fica deitada ali, no chão, e começa a soluçar enquanto tenta se levantar.
Sinto algo estranho no peito.
Merda, ela está chorando tanto que o corpo inteiro treme.
Fechando a mão em punho, assisto enquanto ela tenta sair da pista sozinha, conforme o espectador idiota que gravou o vídeo ficava repetindo: “Cara, a vida dela acabou”, de novo e de novo.
A câmera faz um zoom no rosto dela manchado por lágrimas, e na mesma hora eu pauso o vídeo e fico fitando-a na tela. Anastasia Steele. Ela está exatamente como estava hoje, só um pouco mais jovem, e muito mais vulnerável. Uma covinha se forma em seu queixo, e aqueles olhos azulados estão tão afogados em lágrimas, que eu mal consigo ver a linda cor deles. Começo a ler os vários comentários abaixo do vídeo.
Iwlormw: Boatos dizem que ela estava fazendo exercícios contra a vontade do treinador e já tinha ferrado aquele joelho!
Trrwoods: Isso é o que acontece quando você não se prepara adequadamente!
Runningexpert: Ela era boa, mas não ótima. Lamaske teria acabado com ela nas Olimpíadas.
Sinto um nó no estômago.
Assisto ao vídeo de novo, e o nó no meu estômago se aperta ainda mais.
Furioso, jogo minha bebida do outro lado do quarto e escuto quando bate na parede.
Quero destruir todo mundo que está zoando com ela.

Ela ficara lá na minha arena hoje, tentando erguer muros contra mim, e parecia tão orgulhosa quanto uma guerreira, como se já não tivesse enfrentado o mundo todo assistindo à sua derrota. Sinto um aperto no peito, não consigo respirar direito, e resmungo e fecho o laptop.
Taylor bate na porta e a abre um pouco.
– Chris, tem certeza de que não quer participar?
Ele abre mais a porta e aponta para o trio de mulheres atrás dele, seus olhos ansiosos espiando para dentro do meu quarto. Elas suspiram juntas e uma murmura:
– Por favor, Arrebentador…
– Só uma vez – suplica a outra.
– Eu mandei se livrar delas, Taylor. – Estalo meus dedos, depois meu pescoço. A porta se fecha e um silêncio repentino se instala na suíte, até que Taylor volta e abre a porta de novo.
– Ok, cara. Mas eu realmente acho que você deveria ficar com uma delas… Bom, Gail quer saber se você quer jantar aqui.
Balançando a cabeça, levo o iPod para a sala de jantar e me sento para devorar a comida do meu prato no piloto automático enquanto Taylor dá alguns telefonemas confirmando as nossas reservas de hotel em Atlanta na semana seguinte.
Enquanto como, só consigo ver os olhos azuis, os lábios afastados, e a forma como Anastasia Steele me olhou, como uma fêmea que percebe que existe um predador atrás dela que não desistirá até pegá-la.
Quero que ela seja minha.
Minha.
Quero sentir o maldito cheiro dela, porque nada nunca me excitou tanto quanto isso.
Quero ter a alegria de fitá-la, tocá-la. Quero. Que ela. Seja. Minha.
Pegando o iPad, pesquiso o nome dela na internet de novo enquanto mastigo, parando em uma foto dela na época em que corria. Parece uma gazela, e eu serei o leão que irá pegá-la.
– Taylor, você acha que preciso de um especialista em reabilitação esportiva? – pergunto.
– Não, Chris.
– Por que não?
– Você é um ogro, cara. Nem deixa as massagistas trabalharem em você por mais de vinte minutos.
– Agora preciso de uma. – Empurrando o iPad para ele, bato na tela e aponto para o nome embaixo da imagem dela. – Preciso desta.
Taylor levanta uma sobrancelha interessada.
– Precisa. Mesmo?
– Preciso de uma especialista em reabilitação esportiva na minha equipe. Quero que ela cuide de mim todos os dias. Seja lá como for o trabalho dela.

Ele força um sorriso.
– Posso garantir que sexo oral não faz parte do trabalho dela.
– Se eu quisesse sexo oral, poderia ter tido três agora mesmo. O que eu quero… – Mais uma vez, bato com o dedo em cima do nome dela. – É esta especialista em reabilitação esportiva.
Taylor levanta as sobrancelhas até quase encostarem no cabelo, recosta e cruza os braços.
– Para que exatamente você quer esta mulher?
Engulo o resto da minha comida, depois tomo um grande gole de água para conseguir falar.
– Quero ela pra mim.
– Chris… – começa ele em tom de aviso.
– Ofereça um salário irrecusável.
A resposta de Taylor é um silêncio confuso. Ele parece surpreso e está tentando me compreender. Está olhando dentro dos meus olhos, e sei que ele está observando se eles estão pretos ou azuis.
Não estão pretos. Então espero em silêncio. Ele suspira, lentamente anota o nome dela e fala com cuidado:
– Tudo bem, Christian, mas deixe-me dizer uma coisa, está na cara que isso é uma péssima ideia.
Empurrando meu prato para o lado, recosto na cadeira e cruzo os braços.
Metade do tempo, sou traído pela minha mente. Um dia, ela me diz que sou deus. No outro, ela me diz que eu não apenas mando no inferno como eu o inventei. Será que Taylor acha que eu dou a mínima para o que a cabeça dele pensa sobre a minha ideia? Não escuto nem mais a minha própria cabeça. Só escuto os meus instintos.
– Quero que ela assista à minha luta no sábado – repito e me levanto, empurrando a cadeira para debaixo da mesa. – Coloque-a nos melhores lugares da arena.
– Christian…
– Apenas faça, Taylor – ordeno enquanto cruzo a sala de estar e me encaminho para o quarto.
– Já tenho os ingressos, cara, mas já é bem difícil esconder de Gail as suas… questões. Vai ser ainda mais difícil esconder de alguém como essa especialista em reabilitação esportiva.
Encosto no limiar da porta e penso sobre o assunto. Falo baixo.
– Faça com que ela assine um contrato, assim garanto meu tempo com ela. E me estabilize no momento em que eu começar a perder a cabeça.
– Christian, deixe que eu traga outras garotas…
– Não, Taylor. Nada de outras garotas.
Eu me tranco no meu quarto e pego os fones de ouvido, e fico ali deitado com meu iPod na mão, olhando para ele.

Como vai ser se eu conseguir que ela seja minha?
Não me iludo achando que ela vai me aceitar, mas e se ela aceitar? E se ela conseguir me entender? Da forma que eu sou? As duas partes de mim? Não. Não as duas partes.
Cada. Maldita. Parte. De mim.
Sinto um aperto ao me lembrar da forma como os olhos dela brilhavam enquanto ela me fitava. A forma como eles amoleceram depois que eu a beijei e ela me olhou nos olhos, me querendo mais.
Nunca vi um olhar como aquele antes. Sou desejado por milhares de mulheres. Nunca nenhuma delas me olhou com tanto desejo e tanto medo quanto ela.
Ela não estava com medo de mim. Estava com medo “daquilo”. A mesma coisa que está apertando dentro de mim e me confundindo. Cada célula do meu corpo está ciente.
Cada poro da minha pele está acordado. Meus músculos estão aquecidos como quando estou pronto para lutar. Exceto que não estou pronto para lutar agora. Estou pronto para conquistar a minha cara-metade.
Que Deus a ajude.
* * *
O público de Seattle está louco esta noite. Nos bastidores, o barulho faz as paredes tremerem, batendo nos armários de metal no vestiário onde estou me preparando com alguns dos outros lutadores. Observo enquanto o treinador enfaixa os dedos de uma das minhas mãos, e eu só consigo pensar que Anastasia Steele está lá fora, entre os outros espectadores, sentada em um dos lugares que comprei para ela.
Estou tão ligado que parece que estou plugado a uma tomada. O sangue corre impetuosamente pelas minhas veias. Meus músculos estão relaxados e aquecidos, e prontos para contrair e atacar qualquer coisa que entre no meu caminho. Estou pronto para dar o meu show, e tem uma garota, uma garota linda, que me amarrou, e eu quero que ela me veja lutar.
Estendo a outra mão para o treinador e fito minhas juntas enquanto ele repete as mesmas instruções de sempre.
Minha guarda… paciência… equilíbrio…
Fecho a minha mente, deixando que as palavras entrem em mim e em meu subconsciente, onde devem ficar. Pouco antes de uma luta, encontro uma calma. Consigo ouvir todo o barulho, mas não escuto nada. A luta me traz um esclarecimento. Cada detalhe deixando a minha mente sagaz.
Essa consciência e essa sagacidade fazem com que eu levante a minha cabeça na direção da porta. Ela está parada ali, como se tirada de um sonho infantil, olhando para ninguém mais além de mim.
Ela está usando calças jeans branca e blusa cor-de-rosa que faz sua pele parecer mais bronzeada do que já está, fazendo minha língua arder dentro da boca querendo correr por sua pele. Nenhum de nós nem pisca enquanto nos encaramos.

Marreta entra no meu campo visual, e quando o vejo ir na direção dela, minha fúria se acende.
Com uma calma letal, pego a faixa da mão do treinador e jogo de lado, enquanto me encaminho para ela. Então, eu me posiciono exatamente atrás dela e à direita, tomando um lugar que faça com que o merda do Marreta saiba que eu nasci para ocupar aquele lugar. Atrás, ao lado e por ela.
– Só caia fora – aviso, o tom de voz baixo mas letal.
Ele não parece muito a fim de escutar, em vez disso estreita os olhos, com desdém.
– Ela é sua? – ele pergunta, com os olhos apertados.
Assentindo, estreito meus olhos e o fuzilo com o olhar.
– Uma coisa eu garanto, sua ela não é.
O idiota vai embora, e percebo que Anastasia não se move por um longo momento, como se ela não quisesse se afastar de mim da mesma forma que não quero que ela vá a lugar algum. Deus do céu, o cheiro dela é bom demais.
Encho meus pulmões com o cheiro dela, como um viciado, e de repente cada pedaço do meu corpo quer agarrar os quadris dela e puxá-la para mais perto para que eu possa cheirá-la mais. Ela vira a cabeça para mim e murmura:
– Obrigada. – Mas vai embora logo. Abaixo a cabeça e me seguro o máximo que posso até que ela se afaste.
Fico ali parado, me sentindo tonto, meu calção ridiculamente levantado.
– Arrebentador! Marreta! Vocês são os próximos!
Expirando ao escutar meu nome, olho de relance para Marreta do outro lado do vestiário, ele parece estar achando engraçado eu estar claramente fodido por essa garota.
Ele está ainda mais fodido comigo.
– Christian… está me escutando?
Giro e encontro o treinador, que está endireitando a última faixa que mal acabara de colocar. Continuo fitando Marreta cheio de ódio enquanto Sawyer me entrega meu roupão de cetim e, ao enfiar os braços nas mangas, torço para que Marreta esteja preparado para tirar umas férias em coma.
– Já falei pra não deixar aquele cretino mexer com a sua cabeça. – O treinador bate com os dedos na minha têmpora. – Nem aquela garota.
– Aquela garota não sai da cabeça dele desde a primeira luta aqui – conta Sawyer com um sorrisinho. – Diabos, ele quer carregar essa garota com ele durante todo o tour. Taylor está fazendo o contrato agora mesmo.
O treinador coloca um dedo no meu peito e vejo que ele está quase entortando.
– Não estou nem aí para o que você está a fim de fazer com essa garota hoje à noite. Concentre-se na luta que vai acontecer agora. Entendeu?
Não respondo, mas obviamente entendo. Ninguém precisa me dizer essas coisas.
Metade da luta está na cabeça. Mas o treinador gosta de se sentir útil, então eu apenas
aceito e saio. Lutei a vida inteira para permanecer são. Para me manter focado, motivado e centrado. Mas esta noite, vou lutar para mostrar o meu valor para uma mulher.
Subo no ringue e vou para o meu canto, e escuto o público enlouquecer. Isso me faz sorrir.
No meu canto, tiro meu roupão e entrego para Sawyer, e o público vai ainda mais à
loucura quando meus músculos estão à mostra.
Gritam o meu nome e mostro para elas que eu adoro isso, rindo com elas enquanto estico meus braços para que vejam que estou curtindo. A cada segundo da minha exibição, meu coração palpita em êxtase, porque sinto olhos azuis nas minhas costas, quase me queimando, me fazendo desejar mais. Mais do que consigo aqui, com essa multidão enlouquecida. Mais do que já recebi na minha vida.
Respirando fundo, vou me virando na direção dela, minha virilha já tensa na antecipação de olhar nos seus olhos. Quero que ela esteja olhando para mim quando eu me virar. Sei que isso vai me deixar excitado. A atenção dela me excita. O cheiro dela no vestiário – tão fresca e limpa – ainda faz meu sangue ferver nas veias. Não sei o que essa mulher tem, mas a única coisa em que consigo pensar desde o momento em que coloquei meus olhos nela é em caçar. Perseguir. Exigir. Tomar.
– E agora, vem aí… Marreta!
Sorrio quando Marreta é anunciado e, finalmente, desvio meu olhar para onde ele quer ir, e lá está ela. Meu Deus. Lá está ela. E está exatamente como eu queria que estivesse. Olhando para mim.
Ela está sentada ali, tensa e linda, com o cabelo escorrido até os ombros e os olhos arregalados e ansiosos. Sei que ela estava esperando eu me virar. Quase posso ver seu pulso acelerar – como o meu. Não sei o que é isso. Se é falso. Se é real. Se ela é real.
Mas sei que vou deixar esta cidade em breve, e não farei isso sem ela.
Marreta entra no ringue – meu ringue, onde nunca deixei nenhum filho da puta acabar de pé – e eu aponto o dedo na direção dele… e depois para ela.
Esta é para você, Anastasia Steele.
Os olhos dela brilham, incrédulos, eu tenho vontade de rir quando a amiga loura ao lado dela começa a gritar. O gongo toca e a minha memória muscular assume o comando enquanto assumo a minha posição de guarda, salto sobre meus dedos dos pés, e faço o meu trabalho.
Nós nos aproximamos. Faço uma finta e Marreta se esquiva, abrindo a lateral. Então, dou um soco nas costelas dele, sentindo a satisfação do soco se espalhar pelo meu braço, e nos afastamos. Marreta é burro. Ele se esquiva de todas as minhas fintas e sempre baixa a guarda. Dou golpes nele até que bata nas cordas e caia de joelhos. Ele balança a cabeça e fica de pé após um momento. Eu amo isso. Meu coração pulsa devagar. Cada músculo do meu corpo sabe como se mover, o que fazer, para onde
direcionar a minha força – para o centro do meu corpo, para o meu peito, ombro, pelos
meus braços, para as juntas dos meus dedos que batem com a força de um búfalo.

Eu o derrubo, e depois faço o mesmo com o oponente seguinte. E o seguinte.
Uma poderosa energia toma conta de mim conforme eu luto, e eu luto sabendo que Anastasia Steele está assistindo. Na minha cabeça, além de vencer, só passa um outro pensamento, que eu quero que ela pense dentro daquela cabecinha linda que ela nunca, jamais, viu um homem como eu.
Quando o décimo oponente cai, suor cobre meu peito, e quando o apresentador levanta o meu braço, estou ansioso para ver o brilho no olhar dela. Quero ver que ela gostou, que ela – como todas as outras pessoas nesta arena – acha que eu sou o cara.
Nossos olhares se encontram, sinto meu pau ficando duro e queimando de desejo, e sorrio para ela enquanto tento recuperar o fôlego.
Quando o apresentador solta meu braço, cruzo o ringue, pulo por cima da corda, observando-a abrir a boca em choque conforme me aproximo.
As pessoas enlouquecem quando saio do ringue, e estão perdendo a cabeça neste momento.
A arena inteira grita com aplausos e vivas. E sei que todos eles sabem onde meu olhar está e para onde estou indo.
– Afogue ele de beijos, mulher!
– Você não merece ele, sua vaca!
– Vai lá, garota!
Sorrio para essa garota que roubou os meus pensamentos e me pergunto se ela também me deseja; ela me fita com uma súplica, quase implorando para que eu não a beije aqui. Meu sangue ferve quando lembro dos lábios dela nos meus, mas não vai acontecer de novo.
Não até que você esteja pronta, Anastasia Steele.
Eu me inclino e sinto o cheiro de seu cabelo, sussurrando no seu ouvido.
– Sente e fique quieta. Vou mandar alguém buscar você.
Recuo antes que eu perca a cabeça e, subindo no ringue, olho uma última vez para ela.
Sinto todos os tipos de coisas no peito quando nossos olhares se encontram.
– O Arrebentador, galera! – grita o apresentador.
Os berros me alimentam. Eu os engulo com um sorriso, cheio de orgulho e satisfação.
Posso ver nos olhos de cada uma dessas pessoas que eu sou o cara. Mas quero ver isso nos olhos dela. Que. Eu sou. O Cara.
O homem que quer ser dela.
* * *
Não tenho tempo para esperar o treinador repassar tudo que fiz. Derrubei dez sujeitos
e estou exausto. Mas – ao mesmo tempo – estou ligado.
– Muito bem, garoto. Vou mandar duas massagistas para você – diz ele quando chegamos ao vestiário, e dá um tapa nas minhas costas.
Em silêncio, pego dois Gatorades e sigo para o carro com as minhas coisas, sabendo
que Taylor e Sawyer logo a levarão até mim. Eu quero ela.
Na suíte do hotel, meu pau está duro e totalmente de pé quando tomo banho e preciso ligar a torneira fria – gelada – enquanto a água escorre pelo meu corpo. Respirando fundo, fecho os olhos e espalmo minhas mãos na parede conforme a água me acalma.
Humm... a forma como ela me olha, o cheiro dela… Chegue logo amanhã, quando ela estiver trabalhando para mim e eu puder sentir o seu cheiro a qualquer momento que eu quiser. E eu quero.
Quando saio do chuveiro enrolado em uma toalha, duas massagistas estão me esperando, Gail deixou que entrassem.
– A comida já está quente, Christian – avisa ela da cozinha.
– Agora não. – Pego um saco de gelo no freezer e várias garrafas de Gatorade e me sento na beirada da cama, meus músculos esgotados. Meu rosto está dolorido e encosto o saco de gelo no hematoma enquanto as mulheres começam a me massagear. Elas me massagearam da última vez e começam a trabalhar imediatamente nos meus braços e ombros enquanto eu espero algum sinal da sala de estar.
E, então, eu escuto.
Antecipação envolve minha virilha e eu fixo meu olhar na porta do quarto. Taylor entra no seu melhor modo de assessor particular, e alguma coisa se aperta no meu peito quando vejo que ela vem atrás.
Anastasia Steele.
Deus, ela dá um nó na minha cabeça.
As pernas dela parecem esbeltas e infinitas nessas calças justas, que ela deve ter passado manteiga para conseguir entrar, e a blusa rosa que ela está usando é da cor da sua boca.
Gosto da cor do seu cabelo, escuro e sedutor e refletindo um pouco de cobre, e gosto dos brincos pequenos em suas orelhas. Ela não está usando praticamente nada. Nada de relógio. Nada de pulseiras. Apenas os pequenos brincos, e seus lábios estão brilhando com alguma coisa. O restante dela é fresco e natural como uma flor, mas nem flores têm o cheiro tão gostoso quanto o dela.
Ela está olhando para o meu peito nu, e eu me concentro em não piscar para não deixar de ver como o rosto dela fica corado e seus olhos se enchem de luxúria. Meu corpo se contrai, cheio de desejo. Não transo com ninguém há dias, e não estou acostumado a esse tipo de abstinência. Para mim, é simples: se eu quero, eu me entrego. Estou com fome? Coma, idiota.
Mas tudo que eu quero comer agora é ela. Gostaria que fossem as mãos dela nos meus ombros… Não. Quero as minhas mãos nos seus ombros pequenos. Quero que elas arranquem as roupas dela para que eu possa vê-la.
Quando Anastasia me encara, e depois as massagistas, um pouco confusas, descarto o saco de gelo, termino meu Gatorade e jogo a garrafa no chão.
– Gostou da luta? – indago.

Ela se assusta um pouco com a minha voz, que está rouca por causa da desidratação e da exaustão, e minha boca forma um sorriso.
Quero passar meus dedos na pele dela. Ela era corredora, e aquela pele ficou exposta ao sol. Parece mais quente que seus olhos e os reflexos do seu lindo cabelo escuro.
Ela fica em silêncio enquanto pensa na pergunta. Como se houvesse uma resposta além da que sempre recebo, que obviamente é sim.
Não é?
– Você deixou tudo mais interessante – responde ela finalmente.
Fico levemente impressionado. Então, ela não é minha fã?
– Só isso? – quero saber.
– Sim.
As mãos nas minhas costas e ombros começam a me irritar, e eu giro os ombros para afastá-las.
– Saiam – ordeno às mulheres.
As mulheres saem – e ela fica sozinha comigo. Na minha suíte. No meu quarto. A centímetros da minha cama. A centímetros de mim.
Mais uma vez, estou rijo como pedra. Lembro-me que ela estava sentada com duas mulheres e um homem que parecia protetor em relação a ela. Ok, obrigado por protegê-la, cara, mas eu assumo daqui.
– O cara que está com você… é seu namorado?
Os olhos dela cintilam, divertidos, e acho que vejo seus lábios se curvarem de leve.
– Não, ele é apenas um amigo.
– Sem marido? – continuo investigando. De forma possessiva, analiso seu anelar e vejo como suas mãos são finas e delicadas.
– Não, nenhum marido.
O ar está estático. Meu corpo inteiro está pronto para transar com ela. Só ficar perto dela já é uma experiência sexual.
– Você foi estagiária em uma clínica particular de reabilitação de jovens atletas?

Ela parece surpresa, os olhos brilhando com curiosidade e descrença.
– Você me investigou?
– Na verdade, nós fizemos isso. – Taylor e Sawyer entram no quarto, e ela desvia a atenção de mim. Mas a minha não muda. Já sei o que eles vão dizer. Eu disse exatamente o que eles iriam propor hoje.
-Srta. Steele… Tenho certeza de que você está se perguntando por que está aqui, por isso vamos direto ao assunto. Estamos deixando a cidade em dois dias, e temo que não haja tempo pra fazer as coisas de forma diferente. O Sr. Grey quer contratá-la.

Ela fica tão surpresa que sorrio por dentro, mesmo estando tenso. Não quero que ela diga não. Ela me surpreendeu hoje, negando que tenha gostado da luta. Se ela também negar isso, não vou levar tão na boa.
A tensão aumenta quando ela franze a testa ao escutar a explicação de Taylor dizendo que eu quero que ela viaje comigo de um lugar para o outro. Não gosto da forma como os olhos dela escurecem.
– O que exatamente vocês acham que eu faço? Não sou uma acompanhante – afirma ela.
Ok, então ela não parece tão animada com o emprego como eu achei que ficaria.
Desconfiado, recosto e fico observando-a, dividido entre diversão e frustração pela forma como as coisas estão se desenvolvendo. Taylor e Sawyer caem na gargalhada com o comentário dela; eu não.
– Você de fato sabe das coisas, senhorita Steele. Sim, eu admito, quando estamos viajando, achamos conveniente manter uma ou várias amigas especiais do Sr. Grey para, digamos assim, acomodar as suas necessidades, antes ou depois de uma luta
– explica Taylor, rindo.
Ela levanta a sobrancelha esquerda e agora sou eu que quero rir da forma como esses idiotas me pintam. Mas se ela acha que ser gentil com as mulheres é algo ruim, espere até ela ficar sabendo da minha parte pior.
De repente, a cena toda não parece mais divertida. Se eu ficar maníaco antes de conseguir me aproximar dela, estarei fodido. Mas também não posso simplesmente levá-la para cama e deixar que vá embora; não quero que ela vá embora.
– Um homem como Christian tem necessidades muito particulares, como você pode imaginar, senhorita Steele
– explica Sawyer. – Mas ele tem sido muito específico sobre o fato de que não está mais interessado nas amigas que providenciamos a ele durante a viagem. Ele quer se concentrar no que é importante e, em vez dessas amigas, quer que você trabalhe para ele.

Ela encara Sawyer, depois Taylor, depois ela olha para mim, parecendo confusa, o que é lindo.
Taylor olha em suas pastas.
– Você estagiou em reabilitação esportiva para os alunos da Academia Militar de Seattle, e vemos que você se formou há apenas duas semanas. Estamos preparados pra contratar os seus serviços que irão cobrir o período das oito cidades que ainda temos em turnê e a manutenção do condicionamento do Sr. Grey para competições futuras. Seremos muito generosos com seu salário. É algo de muito prestígio cuidar de um atleta tão popular e isso deverá causar uma boa impressão em qualquer currículo, podendo até permitir que a senhorita trabalhe por conta própria se, no futuro, decidir ir embora.

Ela pisca e parece totalmente perturbada.
– Tenho que pensar sobre isso. Realmente não estou procurando algo que me leve pra longe de Seattle por muito tempo.
-Ela me encara, de forma hesitante e confusa. – Agora, se isso é tudo o que vocês queriam me dizer, é melhor eu ir embora. Vou deixar o meu cartão em seu bar. – Ela gira e se dirige para a porta.
Por um momento, fico olhando para as suas costas que se afastam, decepcionado pra
caramba.
Passei dias planejando isso. Imaginei como seria tê-la comigo todos os dias. Tenho ficado duro pra caralho, ao ponto de doer, imaginando como seria o toque das mãos dela em mim…
– Responda agora – digo, minha voz mais rouca do que achei que estaria.
– Como? – Ela se vira, surpresa, e eu a encaro e silenciosamente a intimo a compreender que estou tentando fazer uma coisa boa aqui, conhecer uma pessoa, conhecê-la, e não quero que ela estrague tudo como se não tivesse importância. Como se eu estivesse acostumado a fazer esse tipo de coisa para alguém.
– Eu lhe ofereci um emprego, e quero uma resposta.
O silêncio opressivo toma conta do ambiente.
Ela me encara, e eu mantenho o seu olhar na mesma intensidade, o ar pesado à nossa volta.
Desde a primeira noite em que a vi, não quero fazer nada além de beijá-la. Só dei um selinho nela, para que ela soubesse que eu a possuiria. Agora, penso que devia ter enfiado a minha língua dentro de sua boca para poder apaziguar esse desejo selvagem de conhecer o seu gosto. Quero conhecê-la por inteiro, cada pedacinho da cicatriz em seu joelho, até o perfeito contorno de seu rosto, a forma como ela pensa. E independente de ela me desejar ou não, quero que ela me conheça.
Ela parece respirar fundo para ter coragem antes de começar a assentir.
– Eu vou trabalhar com você pelos três meses que ainda faltam da sua turnê se incluir hospedagem, alimentação, transporte e me garantir referências pra quando eu me candidatar ao meu próximo emprego, e me permitir promover o fato de que trabalhei com você para meus futuros clientes.

A resposta dela me surpreende, e quando ela vira para ir embora, eu rapidamente a
impeço dizendo:
– Tudo bem. – Quando ela se volta, olho para os rapazes. – Mas quero isso no papel, que ela não vai sair até que a turnê acabe.
Eu me levanto e vou até ela.
Ela observa a minha aproximação com aqueles olhos alarmados de novo; eles são suaves como os de um cervo, mas muito mais bonitos. Os seios dela sobem e descem, e fico feliz em perceber que ela sabe. Ela sabe que alguma coisa está acontecendo aqui.
Está confusa por eu não tê-la perseguido da forma que achou que eu faria, mas tudo bem. Porque a minha perseguição será mais lenta, e intensa, para que no final eu possa tomá-la, rápido e forte, como estou acostumado a tomar tudo na minha vida. Mas ela é tão especial que quero atingir cada célula de seu corpo antes de possuí-la. E quando eu estiver lá, e ela se render a mim, não vou deixá-la ir embora.
Sustentando o olhar dela, aperto sua mão gentilmente, sussurrando:
– Negócio fechado, Anastasia.

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