LPA Capítulo 47

em sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

Capítulo 47


UM ARCO-ÍRIS EM SEATTLE

Ana
Kate é a melhor coisa que há em Seattle, e quem pensa o contrário só pode beijar seu traseiro.
Kate é como um arco-íris permanente em uma cidade que é eternamente cinza. De seus brincos
chamativos até o monte de pulseiras que chegam ao cotovelo, ela retinia até entrar em meu quarto
numa explosão de cores, tentando me animar quando o meu mundo tinha acabado de sair pela porta
do apartamento e precisei de toda a minha força de vontade para não sair correndo atrás dele.
Kate levou um segundo para avaliar a situação antes de agir. Ela viu a massa gritando na minha
cama, que era eu, e rapidamente arrancou meu travesseiro e o substituiu com seu peito de seios
grandes, e agora sua blusa de grife está encharcada de lágrimas enquanto ela espera que eu fique sem
elas.
Já faz pelo menos meia hora, ou mais, e eu ainda estou firme e forte. A cada dois minutos, preciso
fazer uma pausa para respirar.
Agora, em um dos meus momentos de respiração, ela me empurra para olhar nos meus olhos com
uma curva atrevida de seus lábios.
– Você não estava mentindo quando disse que esse Grey queria que você fosse a mãe de seus
filhos, estava? Vocês dois trabalharam firme, hein? – Ela me dá uma cotovelada de leve e olha para
minha barriga. – E aí, quando vai me mostrar? Quero ver alguma coisa em algum lugar.
– Eu sei, eu também! – Um sorriso aparece quando penso no bebê. Oh, bebê, as coisas que você
está nos pedindo para fazer para provar que te amamos. – Quero muito mostrar, Kate...
Ela sorri e me examina com seus olhos verdes.
– Humm... A gravidez faz brilhar. Você está exibindo isso, mesmo com esses olhos chorosos. Não
vejo a hora de ficar grávida, acho isso tão sexy! – ela grita. – O que eu acho que deixa as grávidas
sexys é que o papai é sexy. Acho muito sexy ter uma parte dele dentro de você! Como você se sente?
Sua galinha, você tem que se sentir como uma mulher agora, você tem o papai mais sexy que existe!
Oh Deus, eu não posso nem mesmo falar sobre Christian com minha melhor amiga sem sentir
meus ossos virarem líquido dentro de mim. Mesmo a minha voz assume um tom diferente, o mesmo
tom de quando estou sozinha na cama com ele, amando-o.

– É uma sensação incrível, Kate. Como se ele estivesse comigo. Como se a gente estivesse
conectado, como se eu tivesse sido supremamente, regiamente fodida.
Eu gemo e me deito na cama e esfrego meus lábios, e adoro saber que ainda posso provar meu
Arrebentador neles.
– Ana, deixe-me dizer uma coisa... – Kate cai de costas ao meu lado e olha para o teto. –
Quando eu o vi agora, eu me senti morrendo um pouco por dentro. Ele é tão grande e tão quente que
meus saltos quase derreteram e eu imediatamente me senti quatro centímetros mais baixa...
Não posso controlar minha súbita explosão de riso, e Kate chuta os sapatos e rola para o lado,
sorrindo para mim de seu jeito travesso.
– Sua boca estava toda vermelha como se tivesse acabado de beijá-la até morrer. Esse cara é um
pouco Neandertal, não é? Ele é tão primitivo, oh meu Deus! Aposto que vocês fazem sexo anal.
– Não mesmo! Ele é animal, mas protetor! – grito, contorcendo-me um pouco com o pensamento.
– Cachorrinho com certeza?
– Sim, mas pare de me lembrar! – lamento, bem-humorada. Então, fecho os olhos e abro minhas
mãos no meu abdômen, saboreando seu bebê dentro de mim. – Tem mesmo alguma coisa
extremamente sensual em estar grávida dele – admito. – Estou superatenta ao meu corpo, e como ele
está, e como está mudando por este bebezinho. Sinto os quadris se expandindo para abrir espaço pra
ele, meus seios mudando, tudo em mim ... – Suspiro, e então viro a cabeça para olhar a minha melhor
amiga. Aquela que de fato me entendeu até Chris aparecer. A única pessoa que gosta de mim de
qualquer forma que eu vier. – Kate, eu não posso perder este bebê.
O sorriso que ela estava usando desaparece, e ela aperta a minha mão sobre minha barriga ainda
plana.
– Você não vai perder. É o bebê do Arrebentador.
– Não sabia que havia uma festa onde é preciso tocar violinos, mas estamos felizes por não perdê-la – diz uma voz masculina vindo da porta aberta.
Fungando, levanto a cabeça para ver o meu melhor amigo homem, José, em uma camisa polo, de
pé ao lado de Pandora, seu cabelo escuro retido em um nó descuidado que envia fios de cabelo em
todos os lugares.
– E aí, está prenha? – ela pergunta.
– De acordo com toneladas de testes de laboratório e testes de gravidez, sim. Mas meu corpo
ainda não entendeu completamente, além da parte de vomitar.
José vai para a minha mesa e vira a cadeira para sentar, e Pandora pula na cama com sapatos e
tudo, o cheiro de sua jaqueta de couro é de repente tudo o que eu posso sentir.
– Pan-Pan, não acho que sua vibe seja maternal o suficiente pra Annie, assim, sente-se ali.
Kate dá um tapinha na garota para só ela ficar comigo, mas Pandora se aproxima de mim e dá
um empurrão em Kate de brincadeira.
– Feche a boca e me deixe abraçá-la.
Pandora olha para mim, com seus olhos escuros e seu batom escuro. As pessoas não sabem que os
góticos são pessoas extremamente sensíveis – pelo menos Pandora é. Você vira gótico por uma
razão. Acho que ela é apenas naturalmente dramática e angustiada, e foi tudo depois que algum idiota
partiu seu coração. É um milagre, Kate diz, que Pandora não tenha virado lésbica.
– Você está bem? – Pan pergunta, e antes que eu possa falar, ela me puxa em sua jaqueta de couro,
e sinto Kate se aconchegar à minha volta também. Kate não pode jamais resistir a um abraço.
Ela ainda diz hmmm.
– Vai ficar tudo bem, Annie – diz Kate. Então acrescenta no meu ouvido: – Prometi ao seu
homem que cuidaria de você. Ele me pediu para me certificar de que não ficaria sozinha, que seria
bem alimentada e cuidada. Sawyer me disse que ele e Taylor vão precisar de um relatório diário pra que
possam manter Christian apaziguado, e ele também me disse que você estava vomitando e que o pai
do bebê
quer que você coma!
Começo a gemer em protesto e me afasto de seu abraço.
– Eu estou bem. Quando ficar com fome, como alguma coisa. Se o meu corpo quiser comida, ele
vai me dizer. Acha que a fome foi criada para quê?
– Não interessa se você vai querer comer ou não. Nós somos servos do seu homem em uma
missão, e já lhe trouxemos uma coisa, em memória dos velhos tempos – José me informa quando se
levanta da cadeira e retorna com um saco do Jack in the Box. Naquele instante, eu me lembro
vivamente de como esses três tontos tapearam Taylor e Sawyer naquele drive-through, séculos atrás, na
noite em que Christian me contratou. E penso naquela noite fatídica, e em como Chris já tinha
mudado a minha vida sem que eu percebesse. Todos os meus sentimentos se aglomeram no meu peito,
e quando José traz o saco, uma onda de náusea me ultrapassa.
– Tira isso daqui! – imploro, fechando o nariz, o que altera minha voz para o ridículo. – Não estou
me dando bem com certos cheiros. Além disso, eu preciso de vegetais para o bebê. Preciso de ácido
fólico e cálcio – coisas que essa merda não tem, garanto. Que tipo de amigos são vocês?
Ele ri triunfante.
– Sabíamos que ia dizer isso ou não seria você. O Jack é pra nós. Temos outra coisa pra você. –
Ele sai do quarto e volta com um saco marrom do Whole Foods. – Gostou? Como é mesmo a coisa
de bons amigos, agora?
Jogo um travesseiro nele.
– Me dá isso aqui. – Olho dentro do saco e vejo um sanduíche de peito de peru, do tipo que eu
gosto, e de repente os gestos dos meus amigos em me apoiar e cuidar de mim me envolvem como o
abraço que me deram, confortável e apertado. – Vocês são tão bons pra mim – digo, colocando o
saco na minha mesa de cabeceira.
Kate puxa meu rabo-de-cavalo.
– Você reparou que está toda mole agora? – Ela aperta meu braço e quando meu pequeno bíceps
responde a ela, ela corrige: – Hã... Por dentro.
Comecei a rir e em seguida fecho os olhos e vejo os olhos azuis e o cabelo despenteado. Quero tanto
tocá-lo, mas Chris está tão longe. Envolvo minhas mãos em torno de seu bebê em vez disso. Então
olho para o meu telefone. Chris não é tão dependente de telefones e Internet, como as outras pessoas.
Nem eu, mas agora estou aderindo a meu telefone como minha conexão com ele. Ele nem é do tipo
que envia mensagens de texto, mas não me interessa.
Me ligue hoje à noite, se quiser.
Leva mais de uma hora para responder, mas rio quando a resposta chega:
Acabo de pousar. Vou ligar.
Nós assistimos a um filme, então Kate pula para cima da cama.
– Ei, galinha! Será que eu te disse? O próximo cara com quem eu dormir vai receber um presentão.
Acabo de fazer aulas de pole-dancing – ela agarra meu abajur de pé e começa a mostrar o que tinha
aprendido, movendo o corpo sinuosamente, uma perna vestida de jeans enrolada em torno do pé do
abajur. – José, e aí, isso faz seu motor funcionar?
– Cara, seria como incesto se isso acontecesse – diz José, de onde está, na minha cadeira.
– Por quê? Você não é meu irmão! – ela protesta. – Vamos lá, seu motor funciona ou não? – Ela
mexe seu bumbum para ele ver.
José fica lá, parecendo exatamente como Justin Timberlake, e diz hesitante.
– Ele... está engasgando...
– Pan, venha cá. Peter Pan, venha se mexer comigo para que o José tenha seu motor enferrujado
rodando. Vou te ensinar de graça o que eu aprendi.
Pandora coloca o iPod na base e liga. Um rock explode imediatamente dentro de meu quarto.
– Tudo bem, vamos deixar o José bem duro!
Tirando sua jaqueta de couro como se ela estivesse se desnudando para o pobre homem, ela vai
até Kate. E então ela e Kate começam batendo bundas e se contorcendo, e eu me pego ouvindo a
música, tentando encontrar a letra através de todo o barulho, me perguntando se era algo que eu teria
tocado para ele.
É inútil, então pego o iPod de Chris, coloco os fones de ouvido e ouço Avril Lavigne cantar
“When You’re Gone”. É tão bom ouvir uma música que o agarra. Ou que agarra você. Isso faz você
perceber que aquilo que está sentindo é humano e normal, mesmo que possa ser um sentimento que
preferia não ter.
Envio uma mensagem a Chris com o link do YouTube. Ele não responde, e suponho que esteja
treinando no ginásio e socando os sacos de areia.
Como é que ele vai enfrentar estes dois meses de separação?
Não posso afastar o pensamento de que, mesmo que eu seja a mais emocional dos dois, isso irá
testá-lo mais do que a mim.
Ainda estou pensando nisso quando as cólicas começam. Mudo de posição na cama onde meus
amigos continuam a conversar e toda a minha atenção se fixa nas cólicas horríveis que me fazem
pensar em lutar pela vida. Parece que alguém está machucando o meu bebê. Meu próprio corpo está
machucando o meu bebê. Procuro o iPod e pelas músicas que me acalmem, e a única que consegue
isso é “Iris”.
Mas a dor se intensifica. Removo os fones calmamente e me levanto da cama devagar. Meus
amigos ficam em silêncio completo quando me veem andando curvada para o banheiro. Tranco a
porta e quando verifico, percebo que o sangue está de volta. E forte.
Por um momento, apenas respiro mais ou menos pelo nariz e inclino a cabeça contra a parede,
tentando me acalmar. Toco o abdômen amorosamente e tento conversar com o bebê em minha mente,
dizendo a ele que ninguém vai machucá-lo. Que ele é muito querido e já é muito amado.
Imagino olhar para os olhos azuis que amo ao ter que dizer a Christian que perdi o bebê. Uma torrente
de emoções se apodera de mim novamente, e lágrimas que pensava não ter mais ameaçam vir à tona
mais uma vez.
– Kate – eu grito pela porta. – Kate, eu não sei se o bebê vai conseguir ir até o fim.
Ela abre a porta com uma expressão desolada.
– Ana, ele está chamando. Tocando várias vezes. Atendo?
– Não! Não!
– Você parece mal, mas ele me disse que queria ser avisado no instante em que precisasse dele.
Annie, acho que eu deveria contar a ele que...
– Não, Kate, não! Olha, ele não pode fazer nada. Ele precisa lutar! Há algo que ele precisa
fazer. Nosso bebê e eu vamos apoiá-lo, não perturbá-lo. Você está me ouvindo?
– Então, pelo menos me deixe levá-la pro hospital, você parece estar sendo partida em duas –
disse ela.
– Sim... Não! Eu não devia me mexer. Eu tenho que... repousar. Não... vou... perder este bebê –
respiro fundo e balanço a cabeça, então: – Por favor, me traga o telefone.
Ela traz o telefone e eu mando a Chris uma mensagem de texto.
Meus amigos ainda estão aqui. Talvez a gente devesse falar amanhã?
Mesma hora?
Sim, qualquer hora.
Ok.
Boa noite, Chris.
Pra vc tb.
Coloco o telefone de lado e fecho os olhos enquanto outra lágrima escorrer livre. Ele é um cara
bom e tranquilo e não manda mensagens, mas já me sinto dilacerada. Respiro fundo.
– Me ajuda a tirar o creme de progesterona da minha mala? – digo em voz alta.
Kate sai do banheiro e começa a bater palmas como uma professora da quinta série que já teve o
suficiente por um dia.
– Gente, a farra acabou, vou colocar Ana na cama.
José e Pandora limpam os lanches, e estou com vergonha de olhar para eles com a minha cara
inchada, mas posso sentir a preocupação deles quando saio e deito na cama. Quando eles saem, eu
me lambuzo com o creme, passando na barriga, nas coxas. Então, Kate sai do banheiro em uma
camiseta velha.
– Faz uma eternidade que não fazemos uma festa do pijama, só nós duas – ela sorri e mergulha
debaixo das cobertas comigo, então ela desaparece e eu ouço sua voz perto da minha barriga. – E
você? Não recebeu o memorando? Você é um lutador! Filho do Arrebentador e da Anastasia! Mostre a
sua mãe e seu pai do que você é feito!
Eu sorrio quando ela volta, e fecho os olhos, sentindo-me esperançosa de que nosso bebezinho 
tenha escutado. 

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