Capítulo 46
NOTÍCIA RUIM
Christian
Às vezes me pergunto se sou eu.
Se tem alguma coisa em mim que afasta as coisas boas. E puras. Ou se eu
simplesmente não fui feito para ter uma família.
Anastasia está tendo problemas para segurar o nosso bebê, e agora estamos
voando em
silêncio para Seattle.
Eu a carreguei para o avião. Taylor, Sawyer, o treinador, e Gail não vieram
conosco. Eu
quero que ela seja só minha. Toda minha.
Não consigo nem falar.
Não consigo nem pensar.
Minha garota. Nosso bebê.
Respirando devagar, sento no banco nos fundos do avião e olho para o teto,
inspirando
e expirando conforme acaricio o cabelo sedoso dela, sua cabeça deitada no meu
colo
enquanto seu corpo se estende pelo banco. Ela está tão triste e quieta que não
posso
suportar.
Os médicos não querem que ela viaje comigo.
Anastasia achou isso um absurdo e riu quando o último saiu da nossa suíte no
hotel,
então olhou para mim, sem rir.
“Você não pode estar pensando mesmo em me mandar de volta, não é?
Christian, eu vou ficar
deitada. Não vou me mexer. Este é o seu filho. Ele vai ficar! Vai. Não vejo
como me mandar embora
vá me estressar menos. Eu não quero ir para casa. Vou ficar na cama o dia todo,
só não me leve de
volta!”
Meu Deus, parecia que tinha alguém me cortando por dentro com um machado,
principalmente quando falei com Taylor, que estava parado ali perto em
silêncio, e vi o
rosto dela se enrugar quando mandei:
– Mande aprontarem o avião.
Ela passou a noite toda chorando, e eu só podia abraçá-la.
– Você não pode me proteger de tudo – sussurrou ela, fungando.
– Mas posso tentar.
Agora estamos voando em silêncio, indo para Seattle.
Onde eu não vou tocá-la, não vou sentir seu cheiro, nem vê-la.
Inclinando a cabeça, dou um beijo atrás da orelha dela, no lobo, no meio, e ali
eu
sussurro que vou sentir saudades dela, que vou precisar que fique bem, que ela
se cuide,
que eu preciso muito dela.
Ela não quer falar. Está triste e eu não sei como melhorar a situação. Ela é
minha
mulher e como posso fazê-la voltar a sorrir? Como posso protegê-la do filho que
eu
coloquei dentro dela?
Em silêncio, tiro um cartão de crédito que mandei fazer para ela.
– Use-o – sussurro.
Ela olha para ele em um silêncio teimoso, mas não pega.
– Ana – aviso, colocando o cartão na palma de sua mão. – Quero ver débitos.
Todos
os dias.
Ela não parece ficar impressionada com o fato de que eu quero que ela gaste o
que
quiser, e isso me encanta. Sorrio para ela, enquanto Ana me olha sombria, sem
sorrir.
Levantando a mão, ela passa os dedos pelo meu maxilar.
– Quando voltei, prometi a mim mesma que nunca iria deixá-lo.
– Eu prometi para mim mesmo que nunca a deixaria ir. Mas o que você espera que
eu
faça?
Puxo o cabelo dela para trás, observando-a por um momento.
– Nós vamos ficar bem, pimentinha – prometo a ela. Olho para a sua barriga
ainda lisa
e abro a minha mão ali, tentando cobri-la inteira. – Nós temos ele. –
Acaricio-a com
gentileza e olho bem dentro de seus olhos: – Não é?
– Claro que sim – responde ela, mas me fita como se não tivesse certeza. – São apenas
dois meses, certo?
Belisco o nariz dela.
– Certo.
– E podemos nos comunicar de outras formas.
– Exatamente.
Ela se senta e começa a massagear meus ombros.
– Deixe seu corpo descansar. Passe gelo após os treinos. Aqueça-se
corretamente.
Merda. O calor dela. O som de sua voz. Enfio meu nariz em seu pescoço e
inspiro,
escutando sua respiração em mim. Puxo-a para mais perto e passo a língua por
seu
pescoço, depois sussurro para que ela entenda:
– Não posso deixar que nada aconteça com você, Ana. Não posso. Tenho
que trazê-la de volta.
– Eu sei, Chris, eu sei. – Ela passa os dedos pelo meu cabelo e me olha, tão
atormentada quanto eu. – Nós vamos ficar bem, nós três.
– Assim que tem que ser – sussurro, lembrando a ela e a mim mesmo.
– E como você diz, nós temos isso. Nós temos mesmo.
– Claro que sim.
– Você vai estar de volta antes mesmo de termos tempo de ficar
tristes e sentirmos falta um do
outro.
– Isso mesmo. Estarei treinando e você vai descansar.
– Sim.
Quando ficamos em silêncio, continuamos perto um do outro, e ela sussurra:
– Deixei alguns
frascos de óleo de arnica em sua mala. Se você tiver qualquer dor muscular ou
machucado.
– Você ainda está vendo sangue? –
pergunto, e quando ela assente minha preocupação e
frustração parecem uma bola ouriçada dentro do meu peito.
– Toda vez que uma câimbra começa, sinto que ele vai sair de mim.
– admite
ela.
Passando a mão pelas costas dela, dou um beijo em sua testa.
– Sei que vai ficar péssima por não poder correr. Descanse os pés
por mim.
– Eu ficaria muito pior se perdesse nosso bebê – sussurra ela.
Vamos no carro em silêncio até o apartamento dela, e eu a pego no colo, no
carro, e a
carrego para dentro do prédio. Ela segura o meu pescoço conforme entramos,
subimos no
elevador e entramos em seu apartamento, e ali, nos meus braços, parece ser o
seu lugar.
Eu não faço a menor ideia de como vou soltá-la.
– Fique. Christian, fique. Seja meu prisioneiro masculino. Prometo
cuidar de você o dia todo,
todos os dias. – sussurra ela.
Eu rio baixinho, e olho dentro dos seus olhos azuis e suplicantes, e eu não sei
o
que fazer com ela, quero mergulhar nela, viver nela.
Ela me mostra todo seu apartamento, e então vamos para o seu quarto.
Olho em volta enquanto a coloco na beirada da cama. O quarto dela é em tons de
terra. Quadros com fotografias de bíceps, tríceps e abdômen. Uma tabela
nutricional, e
uma citação que diz:
UM CAMPEÃO é alguém que se levanta quando não consegue
– Jack Dempsey
Tem uma grande parede com fotografias presas em alfinetes. E lá está ela,
atravessando a linha de chegada com um número 06 no peito.
Estendo a mão para passar a ponta do meu dedo na sua imagem correndo.
– Olhe pra você – digo, me virando. Ela está bem atrás de mim. De pé, como não
deveria
estar. Pego-a no colo e a coloco no centro da cama, colocando algumas mechas de
cabelo atrás de sua orelha. – Não ande, por mim – peço.
– Sim, esqueci. É o hábito. –
Ela chega para trás no colchão para deixar
lugar para mim e me puxa para si, sussurrando no meu ouvido: – É melhor ir, senão não vou deixá-lo ir embora.
Em vez disso, eu a aninho em mim, meus braços em volta de sua cintura enquanto
inalo seu cheiro, lenta e profundamente, passo a língua nela devagar, e então a
beijo e
murmuro:
– Quando me disser que está na cama, é isso que eu vou imaginar.
Isto o que você vê
– Os olhos dela brilham com lágrimas quando ela assente. – Estarei de volta em breve –
garanto a ela, segurando seu rosto na minha mão enquanto uma única lágrima
escorre
pela bochecha. Tento sorrir. – Logo estarei de volta – repito.
– Eu sei. – Ela enxuga o rosto, vira a
cabeça e beija a palma da minha mão. – Estarei esperando
por você.
– Merda, venha aqui. – Eu a esmago em meus braços, e ela estremece e começa a
chorar de verdade.
– Está tudo bem – sussurro, passando a mão em suas costas, mas ela soluça ainda
mais. Fico sussurrando que está tudo bem, mas a forma como ela soluça acaba
comigo.
Não está nem perto de estar bem. Ela precisa de mim. Ela precisa muito de mim e
ficará
aqui, sem mim, lutando para segurar nosso bebê. Nosso bebê que pode acabar
sendo
como eu, e em vez de fazer a mulher que eu amo feliz, nosso bebê vai fazê-la
sofrer,
como eu faço. Isso me machuca. Talvez a criança que eu coloquei dentro dela não
esteja
bem. Talvez não seja forte. Talvez seja exatamente como eu, e tudo que eu não
quero
que ela precise passar.
Mas sou egoísta pra caralho, e ainda quero o bebê.
Não quero que ela o perca.
Quero a Ana, e tudo junto com ela.
– Você precisa ir – sussurra ela, de repente me empurrando.
Merda, eu nem fui embora ainda e já dói quando eu a cheiro uma última vez e
encosto
a minha testa na dela. Pego o rosto dela na minha mão e enxugo suas lágrimas
com
meus dedos, dizendo:
– Você está bem, pimentinha?
– Vou ficar. Mais do que bem – ela garante.
O celular dela vibra e ela verifica a mensagem, com os cílios molhados de
lágrimas.
– Kate chega em cinco minutos. – A voz dela falha no final quando ela volta sua
atenção para mim. – Por favor, vá antes que eu comece a chorar – pede ela.
Seguro a nuca dela e fecho os olhos quando deito a minha cabeça nela.
– Pense em mim feito uma louca.
– Você sabe que farei isso.
Chego mais perto.
– Agora me beija.
Ela pressiona sua boca na minha, e eu abro a minha mão na parte de baixo de
suas
costas, memorizando-a, sorvendo-a porque ficarei sedento e não haverá água para
mim
até que esteja em casa. Comigo. Sinto uma lágrima no meu maxilar e passo a
língua no
rosto dela quando escuto Kate do lado de fora.
– Annie! Cadê o papai gostosão e a futura mamãe?
Praguejo e dou outro beijo rápido e forte nela antes de ir chupando a sua
língua,
tomando tudo que posso, então me afasto e olho para sua boca rosada e inchada e
seus
lindos olhos arregalados, com as pupilas dilatadas só para mim.
– Você é tudo que eu nunca soube que queria. – sussurro com a voz rouca, colocando o
cabelo dela para trás da orelha. – E toda minha, lembre-se desse detalhe –
acrescento,
me forçando a levantar. – Completamente minha… Anastasia Steele.
Ela me observa ir para a porta, seu
peito pesado, seu coração nos olhos.
– Estou grávida de seu bebê, se havia alguma dúvida sobre a quem eu
pertencia –
diz ela, com um sorriso trêmulo.
– Vocês dois são meus. – Aponto para ela. – Principalmente você.
Quando eu me viro, ela me chama.
– Ei! Você também é meu.
Assentindo, pego meu iPod e jogo para ela.
– Não sinta muito a minha falta.
Ela agarra meu iPod como se agarrasse a minha alma, segurando com força.
– Não vou! – diz ela, chorando, e eu memorizo cada centímetro do sorriso em seu
rosto. Grave isso dentro da sua cabeça, Grey.
E eu gravo.
Ainda está na minha cabeça quando encontro com sua amiga no corredor.
– Oi, Kate.
Ela me lança o mesmo olhar de adoração que todas as minhas fãs lançam.
– Oi, Chris.
Franzo a testa.
– Quero ser o primeiro a saber de qualquer coisa. Se ela passar mal, se estiver
solitária, se precisar de mim.
Ela continua assentindo com aquele sorriso ridículo.
– Não se preocupe, eu ligo para você ou faço com que ela ligue – garante ela,
batendo
no meu peito com olhos verdes faiscantes. – Agora vá. – Ela bate no meu peito
de novo,
desta vez com a mão aberta e aperta, e nada acontece. – Vá! Seu deus do sexo!
Eu cuido
da sua garota.
Pego os pulsos dela, abaixo-os e me forço a ir para o elevador. No carro, fico
tamborilando com os dedos nos joelhos. No avião, meus fones de ouvido estão ao
meu
lado, mas sem música. Ela está com as minhas músicas agora. Ela é TODA A MINHA
MÚSICA.
Quando aterrissamos e eu ligo meu celular, vejo uma mensagem dela.
Me liga hoje à noite se você quiser.
Porra, é claro que eu quero.
Ainda estou suado no ginásio enquanto tento treinar, mas pego meu celular,
sentando
em um banco enquanto tomo meu Gatorade. Não atende.
Ligo de novo.
Não atende. Após várias tentativas, o celular vibra com uma mensagem de texto.
Meus amigos ainda estão aqui. Podemos falar amanhã?
Largo meu Gatorade para digitar.
Mesma hora?
Qualquer hora.
Meus dedos são muito brutos e grandes e demoro a digitar um ok.
Boa noite, Chris.
Demoro mais um pouco para digitar: Pra você também.
Então fico olhando para a tela, mas não tem mais mensagem.
Não consigo dormir naquela noite. Faço abdominais, flexões, pulo corda. Quero
que ela
se case com um campeão, então decido que vou treinar como um. Horas depois,
paro de
treinar, sento no carpete, abraço meus joelhos e enfio a cabeça entre eles
quando penso
no sorriso que estou carregando gravado na minha cabeça.
Tomo banho e jogo no meu iPad, e dou uma surra no xadrez em um cara às cinco da
manhã, tentando não pensar no quanto eu a desejo. O cheiro dela, o toque, o
olhar,
movo minhas peças, mas na minha cabeça estou penetrando-a e fazendo-a gemer. De
manhã, ligo para o florista mais perto do apartamento dela, mas é cedo demais e
ainda
não abriu.
Suspiro e desligo.
– Ei, olhe para mim por um segundo – diz Taylor, com a voz alarmada.
Levanto a cabeça e encontro seu olhar para que ele veja que não estou negro.
Desta
vez, a minha tristeza não vem de algum desequilíbrio químico no meu corpo. A
tristeza
vem do meu coração.
– Chris, aqui vamos nós – diz Gail ao se aproximar com meu café da manhã, e ela
é
esperta. Parece sentir que não estou com fome e que não vou ligar a mínima para
comida, e ela misturou tudo com claras de ovos em três copos grandes. Tomo os
três. –
Para quem você está tentando ligar? – pergunta Taylor, olhando para mim. –
Posso ligar,
do que você precisa?
– Não quero que Ana sinta a minha falta.
– Ok, e qual é o plano?
Passo as mãos pelo meu rosto e suspiro.
– Parece que estou respirando embaixo d’água sem ela.
– Cara, ela é uma lutadora, como você. Eles vão ficar bem. Os dois – ele
enfatiza.
Ele pega o iPad para conseguir o telefone do florista. Bate nas minhas costas
antes de
ligar.
– Quero cem rosas, Taylor! – grito quando ele caminha até a sala de estar,
falando com
o atendente. – Quero o apartamento dela cheio de rosas – continuo dando as
instruções.
– Todas vermelhas. E quero que cada dúzia tenha uma música para ela pensar em
mim.
Preciso que ela pense em mim.
Ela pensa em mim.
Ela me liga e manda mensagens de texto, e eu ligo e mando mensagens de texto
para
ela.
Todos os dias, escuto um relatório do que ela fez, de como está. Os rapazes me
dizem
que vai ficar mais fácil, mas não fica. Só piora.
Não melhora até aquele fantástico dia em que eu finalmente for buscá-la e
trazê-la de volta ao circuito comigo.
Está sendo doloroso para ele 🥺🥺🥺
ResponderExcluirLindo
ResponderExcluirtriste essa separação deles...mas ao mesmo tempo linda...
ResponderExcluirsou apaixonada por essa historia
ResponderExcluirQue difícil para os dois😪
ResponderExcluirÉ muito amor😍
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