LPA Capítulo 44

em domingo, 20 de fevereiro de 2022

 Capítulo 44



LAS VEGAS, A CIDADE DO PECADO

Ana
Estamos em Sin City agora, e seus olhos estão de volta ao seu habitual azul eletrificado.
Ele acordou totalmente azul depois que descobriu que estamos esperando. Nós estamos esperando.
Nem dormimos naquela noite. Chris estava duro, e fazendo do seu jeito, comigo, durante a noite toda.
Ele me fodeu, me chupou, me fez chupá-lo, me comeu com os dedos, colocou sua mão sobre a minha
para que eu o acariciasse enquanto me tocava com os dedos.
No dia seguinte, estávamos bem saciados e sem dormir quando fomos ao médico, que retirou o
meu implante contraceptivo. O amável homem lembrou-me de que, depois de cinco anos, qualquer
“coisinha” daquela precisava ser mudada. A minha já estava lá há cinco anos e meio,
embaraçosamente, e admito que me senti bem estúpida por ter esquecido de fazer as contas,
sobretudo quando havia garantido a Christian que usava um contraceptivo eficaz ...
Mas então peguei um vislumbre de seu olhar presunçoso, quando ele me provocou
silenciosamente, sugerindo que fiz isso de propósito.
– Bem, você poderia ter usado um preservativo – sussurrei com uma careta.
– Com você? – zombou. Então, cutucou minhas costelas. – Você é minha.
– Seu controle de natalidade não vem trabalhando há algum tempo, e é preciso tempo para o corpo
aumentar sua produção hormonal, embora você pareça estar indo muito bem – disse o médico, e
depois informou a data prevista. Que felizmente era quase dois meses depois da final do torneio.
Juro que Chris estava adorável no consultório, forte e atlético em seu traje esportivo, sentado em
uma cadeira ao lado do médico, ouvindo atentamente o que ele dizia. Boa parte dos termos usados
pareciam chinês para nós. Mas ele pareceu curioso e preocupado a respeito de eu poder continuar
correndo ou não. E o quanto devo comer? Quanto de proteína e carboidratos? O médico parecia
confuso com a sua necessidade de saber a quantidade específica de gramas, e eu tinha vontade de
beijar o meu homem só por ter ido comigo à consulta.
Mentira. Eu não queria apenas beijá-lo. Queria pressionar meus seios contra o peito dele até meus
mamilos pararem de doer e queria misturar minha boca com a dele, que ele enfiasse o pau em mim, e
eu cavalgasse em cima dele até a Austrália, para depois voltar.

Se Chris está loucamente excitado com a minha gravidez, não vou nem começar a descrever o que
a combinação de seus olhos azuis e meus hormônios rebelados fazem comigo. Agora ele está
determinado a me fazer cheirar a comida que não me faça passar mal, para que eu possa começar a
comer por dois. Estou preocupada, assim ele vai me engordar até eu virar uma elefanta. Se ele quer
que eu me alimente, prefiro comer alimentos frescos do que lixo vazio. E aqui estamos, Gail e eu,
vagando pelas Whole Foods no Las Vegas Boulevard.
Fora da loja, há cartazes de jogos, mulheres e bebidas. Isso é Las Vegas, baby! Mas nenhum de nós
está fazendo nada que nos obrigue a “ficar aqui”. Christian está detonando na academia, e o
treinador aumentou suas horas de treino.
Ele está aumentando os músculos e ficando mais em forma ainda, e toda a equipe concorda que
Scorpion merece nada menos do que o melhor do Arrebentador no final dessa temporada. Minha fera
tem, assim, treinado nove horas, enquanto desfruto de um pouco de sono extra no período da manhã e,
em seguida, vou me juntar a ele na academia antes que ele termine. Chris tem comido proteína como
um louco, e o treinador vem dando os shakes de L-glutamina para preservar a massa muscular, por
isso agora eu também estou ajudando Gail a escolher os melhores alimentos para seu corpo e
mente.
Taylor diz que se Scorpion quiser ferrar com sua mente de novo, devemos nos certificar de que
Chris durma direito, faça bem seus exercícios e coma corretamente, de modo que fique o mais
estável possível. Sobretudo, ele precisa de muita gordura Ômega-3.
Hoje compramos tantos produtos frescos para meu tiranossauro rex que precisamos de dois
carrinhos. Ficamos do lado da loja onde se pode comprar frutas, legumes, os melhores queijos,
chocolate escuro, grãos e nozes. Depois fomos para a parte das proteínas e pedimos salmão fresco
do Alasca, rei entre os peixes e tão livre de toxinas quanto se espera de um peixe.
Enquanto esperamos que embalem os vários quilos de peixe, inspeciono um dos adoráveis
brócolis que temos em um de nossos carrinhos. Eu costumava chamá-los de “arvorezinhas” e
Kate de “coisas verdes”, que era como chamava qualquer legume e hortaliça. A única razão pela
qual ela comia vegetais era a cor. Kate adora cor.
– Minha avó me ensinou tudo que eu sei sobre os alimentos. Ela curou a depressão do meu avô
com a dieta – conta Gail.
Pedimos alguns camarões frescos, e tudo o que fosse fresco, e o cara do balcão embala tudo junto.
– Eu tive depressão uma vez – digo de repente a ela, olhando um peixe morto. – Não é uma coisa
divertida de se ter.
– Você? Ana, eu nunca poderia dizer isso olhando pra você. Aconteceu alguma coisa para
desencadear isso?

– Acho que a minha vida mudou antes que eu estivesse pronta.
Eu dou de ombros e sorrio tristemente para ela.
– Você nem poderia acreditar nas coisas que passaram pela minha cabeça naqueles dias – admito.
– Tudo parecia tão sem sentido. E tão triste. É difícil pensar que alguém possa sair dessa sozinha.
– E como você fez?
– Não sei, acho que uma parte de mim percebeu que eu não era meu cérebro. Ele é apenas outro
órgão, como os nossos rins ou nosso fígado.
Gail está séria, balançando a cabeça, em compreensão, e eu continuo, embora pareça loucura:
– Meu cérebro queria que eu morresse, mas de alguma forma surreal, eu podia sentir a minha alma
combatendo isso.
Às vezes eu não consigo parar de pensar e comparar: enquanto fiquei deprimida uma vez na minha
vida, e por dois meses, Christian passa por isso continuamente, de modo cíclico, subindo e caindo.
Qualquer pessoa que passa por isso é um guerreiro. Assim também são os seus entes queridos, que
lutam junto. Juro, a alma de Christian é tão forte... Sei que quando ele afunda no vórtice escuro, é
sua alma que vence a batalha. Toda essa energia latente dentro dele é poderosa demais para não
subir de volta. Como a arrebentação das marés.
– Como você se sentiu? – Gail fala bem baixinho quando o homem finalmente nos entrega vários
sacos de gelo.
– Sabe quando se recebe um estímulo visual ou sonoro, ou quando você toca em algo, e seu
cérebro dita uma resposta a esses estímulos? – respondo. – Eu vejo você e meu cérebro
imediatamente envia uma resposta ao vê-la, a qual, em mim, é algo reconfortante e feliz. Mas, na
minha depressão, eu via as coisas, as coisas normais, e as respostas que meu cérebro enviava não
combinavam. Foi uma loucura.
– Parece loucura – ela concorda.
Sorrio e nós pegamos os sacos de gelo, agradecemos e empurramos os carrinhos para a seção de
queijos e carnes. Continuo:
– A forma como eu vejo é como se nossos cérebros fossem os médicos e as suprarrenais, a
farmácia que nos entrega os medicamentos. Você pode ver um comercial com crianças rindo, e uma
mente desequilibrada rapidamente prescreve ansiedade e lágrimas para crianças rindo. Mesmo que
logicamente não faça sentido, isso não importa. Essa foi a receita que foi dada ao seu corpo.
– Eu realmente sinto muito, Ana. Nunca tinha pensado em como isso de fato poderia ser.
Colocamos um pouco de queijo de cabra orgânico, leite de coco, leite de amêndoa e leite integral.
– Me deram comprimidos, mas isso piorou muito. A única coisa que me ajudou a sair dessa foi a
minha família, além de Kate, exercícios e sol.

– Sei que Chris sofre disso várias vezes por ano – Gail sussurra enquanto inspeciona o rótulo de
uma embalagem de iogurte grego orgânico. – Eu sabia que havia alguma coisa com ele, mas não
conhecia o diagnóstico até que os caras me contaram na última vez que ele foi hospitalizado.
De repente, me vejo transportada uma vez mais para o hospital, para Christian tentando me dizer
alguma coisa, e eu fugindo... E depois ele tentando lidar com isso com milhares de mulheres em sua
cama.
Juro que doeu muito, bem no fundo, onde está minha alma.
Sem perceber, coloquei a mão em volta do meu abdômen, como se pudesse senti-lo lá. Em mim.
Em nosso bebê.
– Ele é um lutador incrível – Gail me diz com admiração, com os olhos brilhando de louvor. –
Todo o esforço que ele dedica para ficar bem. Você com certeza já notou que Christian nunca come
algo que não seja completamente certo para o seu corpo. Nunca.
Meu estômago ronca quando me lembro de sua saudável montanha no café da manhã, comparada
com a água mineral e os biscoitos que comi. Mas não consigo manter nada em meu estômago pela
manhã, nem mesmo minhas deliciosas tâmaras orgânicas sem sementes. Mas é claro que eu noto
como Chris come bem. Ele come alimentos limpos, e mantém seu corpo no estado mais natural
possível. Eu amo isso. Adoro a forma como ele é e o modo pelo qual ele trata o seu corpo
gentilmente, com a comida, depois de exigir o máximo dele por horas e horas a cada dia.
E então olho para Gail e posso vê-la de fato, como ela o entende, essa mulher quase na casa dos
quarenta anos, com o seu grande sorriso e olhos bondosos, e toda a aura de conforto que ela emana, e
todo o calor que ela infunde em cada uma de nossas suítes de hotel, e eu sei como ela cuida dele,
como ela poderia muito bem ser a coisa mais próxima de uma mãe que Christian já teve. Num
impulso, solto meu carrinho e vou abraçá-la, sussurrando:
– Obrigada. Por cuidar dele, Gail.
– Ora, como poderia não fazê-lo, se ele cuida tão bem de mim? Se você acha que eu cuido bem
dele, não tenho palavras para dizer todas as coisas que ele fez pra nós, sempre que ele fica sabendo
que precisamos de alguma coisa. Ele foi ao funeral da minha mãe.
Ela faz uma pausa diante do meu olhar de surpresa, e à medida que vamos ao caixa e
descarregamos os carrinhos, ela diz:
– Ele nem sequer tem uma mãe, uma de verdade, mas sabia que eu me preocupava com a minha e
voou por três estados para ir ao funeral comigo. Chris não disse uma palavra, apenas me abraçou no
final, mas só o fato de estar lá...
A voz dela falha inesperadamente e eu entendo o tanto que a silenciosa demonstração de afeto de
Christian representou, e minha garganta se aperta também.

– Estamos tão animados com o bebê – ela deixa escapar, mudando de assunto. – Todos nós. Taylor.
Sawyer. O treinador. Estamos tão animados com este pequeno bebê. Achamos que é o universo
devolvendo algo bom e puro a Christian, nós achamos mesmo isso.
Ela vem até o lado do meu carrinho como se quisesse travar contato com o bebê de alguma forma,
mas hesita antes de me tocar. Pego sua mão e, lentamente, coloco-a aberta sobre minha barriga. E
segredo:
– Não sabia o quanto eu queria este bebê até que soube que ele estava vindo.
As sobrancelhas dela se erguem em surpresa:
– Ele?
Sei lá, tenho esse pressentimento. Não sei se é o tal sexto sentido que dizem que as mulheres
possuem. Ou se é a forma como instintivamente vislumbro um pequeno Chris na minha cabeça
quando penso no bebê. Não sei por que, nem como acho que sei, mas parece tão certo para mim, tão
certo como estou agora do amor de seu pai, que concordo entusiasmada.
– Ele!
* * *
Vegas é completamente sugada pelo Arrebentador.
Jovens universitários lotam a arena, e as garotas? Elas formam o grupo mais barulhento e agitado
de mulheres que já encontrei. Elas estão se apertando em cima dele de tal forma que todo o meu
ciúme, ampliado à décima potência por meus hormônios da gravidez, foi totalmente liberado dentro
de mim. Essas meninas gritam e eu as ouço comentar sobre os lutadores logo atrás, falando sobre
como suas mãos são grandes e o que isso significa.
Taylor também parece ouvir, e ele ri ao meu lado e balança a cabeça.
Do outro lado do ringue e para a esquerda, um grupo de amigas veste camisetas iguais, cada uma
com uma letra estampada, e elas estão praticando, levantando-se ao mesmo tempo, para que todos
possam ver que formam a palavra ARREBENTADOR!
Há ainda um ponto de exclamação para a coitada que não recebeu uma letra.
No momento em que a luta se aproxima, já observei cada uma dessas garotas com meu queixo
apertado, e então, de repente, eu as amo porque elas o amam muito e ele merece essa adoração.
O que eu queria? Que elas torcessem por um idiota como o Scorpion? Claro que não! Acho que
dominei meu ciúme por esta noite.
Na verdade, acho que o domínio foi tão absoluto que me sinto tão nervosa quanto elas quando ele
é anunciado.
– Arrebentadoooooorrr! – grita o locutor, com todo o entusiasmo que cada locutor reserva para

ele. – O primeiro e único, gente! O PRIMEIRO e ÚNICO!
Ele surge como um lindo raio vermelho e pula para dentro do ringue. O homem é forte como um
touro, mas aerodinâmico como os diabos, e quando ele arranca o roupão e vejo-o flutuar até chegar a
Sawyer, quase posso senti-lo em minha pele. O cetim em mim, e como eu amo o jeito que me abraça, o
jeito que cheira a Christian.
– E agora, Joey, o “Spider” Mann! Que tem aterrorizado seus adversários hoje à noite!
Antes do Spider-Mann entrar no ringue, Christian olha para mim, seus olhos azuis me queimando.
O desejo palpita entre minhas pernas. A noite de ontem lampeja em minha mente. Sei o que ele está
pensando, posso senti-lo dentro de mim. Eu não sei o que me liga a ele, mas algo acontece, e quando
a testosterona gira através de seu corpo, posso dizer que ele está preparado para lutar e pensar em
mim assistindo a ele. E isso o excita. E ele vai lutar como sempre faz, e me comer logo depois. Como
ele gosta de fazer. Oh Deus, mal posso esperar. Posso culpar a minha gravidez quanto quiser, mas o
verdadeiro culpado por me incendiar desse jeito com o mero olhar é ele.
– Aquele filho da puta se liga em você – diz Taylor.
– De fato...
Chris me diz que a luta é metade mente e metade corpo, e talvez ele esteja certo, mas quando você
vê Christian lutar, aposto tudo de mim que ele luta com todo o seu coração. Meu coração bate mais
forte agora por causa dele, ao vê-lo tocar as luvas com o oponente, já que ambos estão prontos.
O gongo soa e o público fica em silêncio. Realmente não importa quantas vezes eu o tenha visto
lutar, fico sempre fascinada pela maneira como ele se move. Ambos vão para o centro do ringue, se
aquecendo. Sei que a estratégia de Christian é diferente para cada adversário. Ele joga com alguns.
Vai direto para o soco com outros. Às vezes, ele os cansa e guarda suas esquivas para os adversários
de mão pesada, mas hoje ele começa a bater rápido, tão rápido que ouço os sons explodindo puf puf
puf!
Fazendo o Spider-Mann, o homem que tinha aterrorizado seus adversários desta noite, tropeçar
para trás no primeiro minuto.
– Nós amamos você, Arrebentador! – gritam as meninas com as camisetas com letras. – Nocauteie
esse cara por nós!
– Apesar de que, cada vez que você está aqui, ele luta como um lunático – Taylor acrescenta.
“Lunático” não é mesmo a palavra. Ele é uma máquina.
A luta está em pleno andamento e os movimentos na minha barriga não me deixam respirar direito.
Os músculos de Chris ondulam quando ele conecta com a direita e se protege. Spider-Mann erra e
Chris contra-ataca. Ele jabeia várias vezes com a esquerda e a direita e finaliza com um direto que
atinge o oponente como uma parede se movendo.
Spider-Mann balança.
Christian salta para trás e deixa-o respirar.

O homem ataca.
Christian finta e o infeliz adversário soca e soca, errando todas as vezes porque Chris se abaixa
e volta com um soco no estômago, nas costelas e um no queixo. No momento em que usa seu soco
mais poderoso, o gancho de direita, Spider-Mann está suado, sangrando, e morto de cansaço. Ele
tropeça.
Assisto a Chris esperar que ele se levante, e tenho certeza de que todas as fêmeas no estádio estão
gritando e cobiçando a mesma coisa que eu. Como as gotas de suor descem pelo peito musculoso de
Christian. Como as tatuagens nos braços brilham com uma fina camada de suor. Como aquelas covinhas sensuais piscam enquanto ele sorri para si mesmo
cada vez que ele balança o centro de sua vítima.
As meninas das camisetas iguais conversam entre si, entre os gritos, como Kate e eu fazemos
quando o vemos lutar. Duas delas, o B e o T, estão pulando juntas, se abraçando, aposto que porque
o desejo é demais.
Oh, Deus, é demais até mesmo para mim. E supostamente, ele é meu. Mas eu simplesmente não
posso acreditar. Eu o vejo, toco, beijo, amo, e noventa e nove vírgula nove por cento de mim não
consegue acreditar que alguém tão evasivo, complexo e masculino como ele poderia pertencer a
alguém, mesmo que ele me ame.
Um gancho de direita e uma queda barulhenta na lona depois, o braço de Christian está sendo
erguido no ar pelo mestre de cerimônias. Peito arfando, famintos olhos azuis me vendo, olhos que me
chamuscam até meus ossos. Ele não sorri. Suas narinas se abrem. Meu coração bate e todo o meu
corpo se prepara para o que eu vejo vindo em seus olhos.
– Vocês querem mais? – ouço um grito através dos alto-falantes. – Estão prontos pra mais?
O público grita, as meninas de camisetas iguais gritam, e Christian continua olhando para mim
enquanto equilibra a respiração, seus brilhantes olhos azuis me despindo na cadeira, e aposto tudo
que eu tenho que ele está me fodendo em sua cabeça. Meus seios sensibilizados ficam ainda mais
pesados, e quando ele enfrenta seu próximo adversário, fico encharcada e intumescida ao ver os
músculos flexíveis e a maneira como ele monta no cérebro a sua estratégia.
Estou morrendo de vontade de tê-lo só para mim esta noite, sua língua na minha boca, fazendo as
coisas que ele faz, ele dentro de mim, me penetrando forte e rápido ou lento e profundo... Só quero
ficar abraçada com meu leão e dar-lhe todo o amor que ninguém no mundo jamais lhe deu, a não ser
eu.
A multidão grita:
– Vai, Arrebentador!
Eles querem a emoção que ele sempre entrega, e estou certa de que Christian quer entregá-la. Ele

olha para mim e não sei o que ele está esperando ver no meu olhar, mas seja o que for, ele parece
conseguir. Chris olha para o seu próximo adversário, um jovem lutador que nunca vi antes, e antes de
perceber, com a velocidade da luz, ele oferece três golpes rápidos, do lado, no centro, e termina com
um gancho no queixo e o jovem cai... Plaf!
– Isso! – grita Taylor, o braço no ar. – Isso!
Toda a arena está gritando:
– Arrebentadorrrr!
E eu me sento imóvel.
A dor começa como um pulsar, e progride para uma cãibra. Coloco meus braços em volta da minha barriga e mudo de posição desconfortavelmente.
– Arrebentadorrr, pessoal! Mais uma vez, é o Arrebentadooooorr!
Seu braço é levantado e percebo o corte aberto no centro do lábio inferior. Ele pisca suas
covinhas para mim, com os olhos brilhando, e estou morrendo de vontade de lamber aquela gota de
sangue e colocar pomada nele. Então, a câimbra parece um beliscão e eu me dobro um pouco, e
quando eles trazem o próximo adversário, nem estou olhando. Estou me sentindo mais do que
ligeiramente mal.
Meus pulmões se contraem quando olho para cima e vejo todos os músculos possíveis trabalhando
quando ele luta, os braços abrindo e fechando. Eu o vejo, mas continuo a recuar na minha cabeça.
Preocupada, doente. Quero saber o que está acontecendo comigo.
– Taylor, eu preciso ir ao banheiro agora – digo em uma voz que eu nunca ouvi antes. Parece
assustada, realmente com medo, e tremendo.
Mas ele está com os olhos no ringue e me segue distraidamente para os banheiros improvisados e
imundos.
Lá, espero na fila, de pé por alguns minutos, e quando é a minha vez de ir para a casinha de
plástico, desço a calcinha, pegajosa, e vejo que está encharcada de vermelho, como se eu tivesse
uma menstruação enorme.
– Oh, Deus!
Respiro fundo mil vezes, mas isso não ajuda a me acalmar, e em vez disso, um sentimento
nauseante de desespero toma conta de mim. Tento me equilibrar e então saio, procurando fingir que
está tudo bem pelo menos até depois da luta. Taylor sorri para mim.
– Cara, nunca vi alguém vomitar tanto quanto você. Quantos quilos você perdeu?
– Vamos sentar, tudo bem?
Ando devagar e ligeiramente curvada, porque de pé dói ainda mais e, instintivamente, meu corpo
parece querer se enrolar em mim mesma. Sento em meu lugar com extrema cautela, enquanto
Christian ainda está lá em cima, seu nome sendo gritado.

– Chris!
Ele parece estar à espera de outro adversário, a cabeça virada em nossa direção como se estivesse
esperando por nós. Ele pisca quando me vê. Em seguida, as sobrancelhas descem sobre os olhos e
me olha com mais atenção.
De repente, ele pega as cordas do ringue e salta aqui embaixo, e o público ganha vida quando
percebem que ele está fazendo seu show habitual, como sempre faz quando salta do ringue.
Chris-ti-an! Chris-ti-an! Chris-ti-an!
A multidão canta e, percebendo que ele está vindo em minha direção, que aquela torre de músculos,
força e testosterona estão vindo em minha direção, eles mudam para:
– Beijo! Beijo! Beijo!
Ele me pega em seus braços.
O público vai à loucura e meu coração também.
Mas ele olha para mim, alerta.
– Qual é o problema?
– Eu estou sangrando – respondo entre lágrimas.
* * *
A próxima meia hora passa em um borrão.
– Pegue o carro – Christian instrui Taylor enquanto ele me leva para fora da arena.
A palavra “Arrebentador” ainda soa em segundo plano quando vamos lá fora, para o ar quente de
Vegas, e para o estacionamento do armazém que hospeda as lutas de hoje. Ele me enfia na parte de
trás do Escalade, e Taylor fica atrás do volante, apertando os botões do GPS para descobrir onde fica o
hospital mais próximo. Eu me ouço falar quase freneticamente:
– Eu não vou perdê-lo. Não vou perder seu bebê.
Christian não me ouve. Ele está falando com Taylor em voz baixa, enquanto me segura ao peito,
dizendo-lhe para “virar à direita, para a emergência”, e continuo falando, na minha voz mais
determinada.
– Eu não vou perdê-lo. Você quer este bebê, eu quero este bebê, eu como direito, me exercito,
você come direito, você se exercita.
Ele me leva para o hospital e segue até o balcão para exigir atenção, e quando eles trazem uma
cadeira de rodas, ele fala com a enfermeira por trás dele:
– Diga-me pra onde levá-la.
Posso ouvir seu coração batendo em meu ouvido, e nunca ouvi seu coração bater tão furiosamente
antes. Poom poom poom.

Ele me leva para uma sala, me coloca na maca, e segura a minha mão com mais força enquanto
duas enfermeiras e um médico me examinam e Taylor espera do lado de fora. Graças a Deus, porque
minhas pernas estão espalhadas e eu estou terrivelmente desconfortável por ter que deixar Christian me
ver assim. Mas ele está olhando para nossas mãos entrelaçadas, como se estivesse também muito
desconfortável com isso, até que o médico se volta, tira as luvas, e lhe diz:
– Sua esposa está nos estágios iniciais de um aborto.
Enquanto meu cérebro tenta processar o que estou ouvindo, eu rolo para o meu lado, enrolo a mão
em volta da minha barriga em posição fetal e balanço a cabeça, sem dizer nada, fico apenas
balançando a cabeça porque... Não.
Apenas... Não.
Sou uma mulher jovem e saudável. Mulheres jovens e saudáveis não perdem bebês.
O médico leva Christian de lado e fala com ele em voz baixa, e eu levanto minha cabeça para
olhar para o rosto dele. É o rosto dos meus sonhos, e juro que nunca vou esquecer sua expressão
feroz quando ele diz ao médico, em voz baixa:
– É impossível.
O médico continua falando, e Christian balança a cabeça, a mandíbula contraída. Ele parece de
repente mais jovem e mais vulnerável do que jamais vi. Deus, ele parece tão desencorajado como
imagino que ficou no dia em que lhe disseram que ele tinha sido expulso do boxe profissional e nunca
mais iria lutar profissionalmente de novo.
Ele arrasta a mão pelo rosto e deixa-a cair para o lado, e o trem de pânico correndo dentro da
minha cabeça está ganhando tal velocidade que estico meu braço para fora da cama e me ouço falar
em uma voz embargada de medo.
– O que ele está dizendo? O que ele está dizendo?
Christian deixa o médico no meio da frase e vem para o meu lado, pegando imediatamente as
minhas mãos em suas mãos enormes e calejadas. Nem tenho palavras para descrever como esse
contato parece, mas um fluxo de processos químicos calmantes corre pelo meu corpo e fecho os
olhos enquanto saboreio desesperadamente a sensação de minha mão dentro das dele. Não há
cólicas. Nada. Nem mesmo o medo. Apenas as mãos de Christian na minha, sua força constante
escoando para dentro de mim. Ele se abaixa e começa a beijar meus dedos, e eu suspiro baixinho,
inclinando a cabeça para a dele com um sorriso embriagado.
Eu não descubro por que ele não sorri de volta para mim. Ou por que ele parece tão
completamente debilitado. Até que ele me leva de volta para o hotel e chama mais dois médicos.


4 comentários:

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