Capítulo 39
UM PRESENTE
Ana
A luz do sol penetra pela janela. Christian
não está na cama. Eu me viro para procurar pelo quarto, mas não o vejo em
nenhum lugar. Eu me forço a deslizar para fora da cama e vestir a roupa.
Depois de me refrescar, pego meus tênis e saio do quarto descalça para
encontrar Gail na cozinha.
– Bom dia, Ana – diz ela alegremente.
Amo a maneira como ela leva seus aventais em nossas viagens e dá a cada um dos
nossos quartos de hotel um ambiente tão acolhedor.
Ela ainda viaja com suas panelas verdes de cerâmica – aquelas que não deixam
sair alumínio, assim a comida de Christian é completamente pura.
– Hum, que cheiro delicioso – respondo, vagando em busca do café da manhã.
– Sirva-se. O homem me pediu pra lhe deixar uma tonelada.
Levanto a tampa de uma tigela com batata-doce e pego uma.
– A que horas ele saiu?
– Taylor veio e o levou alguns minutos atrás.
– Taylor? Não Sawyer? Para qual ginásio eles foram?
Há uma batida na porta, e lambo o óleo de coco que Gail usou para cozinhar as
batatas-doces antes de atender.
– Anastasia Steele?
Uma mulher está segurando uma caixa de tamanho médio embrulhada em papel
vermelho, mas sem uma fita.
– Sim?
Seu sorriso se alarga.
– O sr. Grey encomendou isso pra você. – Ela me entrega a caixa enorme, e eu
olho em descrença.
– Christian me mandou isso? – pergunto estupidamente.
– Sim, senhora. Aproveite.
Fecho a porta assim que ela vai embora, minhas mãos cheias da grande
caixa-surpresa que Christian
me enviou.
Oh meu Deus. Ele é mesmo surpreendente. Ele não só me seduz com a música, com
seus olhos azuis, com seu cabelo bagunçado, com suas covinhas e seu delicioso
cheiro, e ainda me manda presentes?
Rasgo imediatamente a caixa e abro a tampa, e vejo um monte de embalagens
brancas de amendoins lá dentro. Enfio a mão pelo plástico-bolha e sinto cócegas
correndo pelos meus dedos.
Franzindo a testa, trago a minha mão para fora, e três enormes escorpiões saem
ligados a ela.
Por um momento, tudo está em câmera lenta.
Tudo.
Posso ver perfeitamente os bichos subindo pelo meu braço. Posso ver as caudas
longas segmentadas. A garra na ponta da cauda, as duas garras na frente, e as
oito patas movendo-se no meu antebraço. Também registro três pontos pretos na
cabeça de cada um, como se eles tivessem três olhos. Os escorpiões têm três
olhos?
Tudo, eu registro.
Em meio segundo.
E então, no segundo seguinte, registro outra coisa. Que este é um dos momentos
mais QUE PORRA É ESSA da minha vida.
Caio para trás e chuto a caixa. Uma dúzia ou mais de escorpiões vêm rastejando
para fora enquanto tento sacudir aqueles que já estão em mim. Meu coração voou
até minha garganta e agora está comprimindo minhas vias aéreas enquanto vibra e
pulsa em minha completa histeria.
– PUTA MERDA! PUTA MERDA! GAIL!
Tenho escorpiões. Rastejando pelo meu braço! Eles são enormes, metade do
tamanho da palma da minha mão, cada um com oito patas. Sério? Somente oito? Eu
sinto mil patas em cima de mim. Sinto-as em cada polegada e centímetro da minha
pele. Começo a ter convulsões e a me agitar como louca no chão, gritando ao
sentir a primeira picada no meu antebraço.
Oh meu Deus, GAIL!
De repente, sinto um quarto escorpião subindo no meu tornozelo e percebo que,
durante todo esse tempo, Gail ficou gritando histericamente.
– Anastasia! Meu Deus! Alguém faça alguma coisa!
– TIRE ELES DE CIMA DE MIM! GAIL! TIRE!
Não sei por que estou gritando freneticamente, como se isso fosse assustá-los.
Com medo de tocá-los com a minha mão, fico me contorcendo no chão quando um
balde de água cai sobre mim. Fico
engasgada enquanto assisto Gail correr de volta para a cozinha, encher outra
panela de água e jogá-la em mim. Mas os escorpiões continuam pendurados.
Pego um deles e tento empurrá-lo para longe de mim, e sua cauda me atinge. O
ferrão bate no polegar.
Uma dor instantânea percorre minha mão enquanto os outros continuam subindo.
Rastejando.
Em cima de mim. Não sei se eles foram drogados ou se estão com fome ou se deram
algo a eles para alterar seu comportamento. Eles estão rastejando em mim como
se fossem aranhas, rápidos e
frenéticos. Um deles balança a cauda e enfia seu ferrão na pele do meu braço, então
enfia um segundo ferrão em mim. A dor se espalha. Sinto outra picada no meu
braço, e então paro de me contorcer e
congelo. A reação de lutar ou fugir está bem forte em mim. Mas não posso
correr, e não posso lutar, e agora congelo, meu corpo paralisado de medo,
enquanto todos os meus órgãos vão à loucura com a
ameaça que essas coisas representam para mim. Todo o meu medo se precipita para
frente, e começo a chorar, impotente.
Estou no chão, chorando, a única coisa se movendo em mim são as patas horríveis
dessas criaturas asquerosas, quando ouço Gail gritando trêmula no telefone:
– Volte aqui! Volte aqui, por favor! – Ela fica repetindo a mesma coisa, mais e
mais, quando de repente abre a porta e grita para o corredor: – CHRISTIAN!
Tudo fica enevoado quase imediatamente, ou talvez alguns minutos mais tarde, eu
não sei... A porta se abre com um barulho de coisa
batendo. Através das minhas lágrimas eu o vejo, e posso imaginar o que ele vê.
Escorpiões sobre todo o meu corpo e eu sem fazer nada, chorando como um bebê,
com mais medo do que jamais tive em toda a minha vida. Minha visão fica
completamente borrada com algo diferente de lágrimas, e eu me pergunto se é o
veneno. Sinto choques em cima de mim. Sinto os escorpiões sendo arrancados de
mim com as mãos, um após o outro, enquanto soluço.
Então, ele me agarra, e estou em seus braços enormes, braços firmes que seguram
um corpo que é o meu – meu? Este corpo que está caindo aos pedaços é o meu? – e
estou tremendo e em uma agonia
de dor.
Tento subir mais alto, como em uma árvore, e agarrar-me ao seu pescoço enquanto
soluço e tento respirar, sugando seu cheiro como se fosse a única forma de o
meu corpo poder se lembrar de respirar novamente. Ele está respirando com
dificuldade. Suas mãos estão fechadas em punhos nas minhas costas, e estão
tremendo. Então começam a esfregar para cima e para baixo. Suas mãos alcançam o
meu rosto e ele furiosamente enxuga minhas lágrimas.
– Pronto, já te peguei – Christian sibila apaixonadamente no meu ouvido, me
apertando de forma não muito gentil. – Já te peguei. Já te peguei.
– Uma mulher veio e bateu. – As palavras assustadas de Gail tremem com as
lágrimas. – Ela disse que Christian tinha encomendado essa caixa.
– Jesus – exclama Taylor com nojo. – Não vamos jogá-los fora, Gail, é preciso ver
de que tipo eles são. Chame os paramédicos e vamos esmagar os filhos da puta,
me dê uma panela.
A voz de Christian é dura como granito no meu ouvido.
– Eu vou matá-lo – ele me promete. –
Juro por Deus, vou matá-lo tão lentamente.
– Então guarde isso para o ringue, Chris. Sabotar o seu campeonato é exatamente
o que ele quer – diz Taylor entre ruídos de paneladas.
A voz de Christian é um silvo, quando sinto que ele esfrega as mãos sobre mim.
– Onde eles picaram? Diga-me exatamente onde, e eu vou sugar todo o veneno.
Estou ofegante como se meus dutos de ar estivessem todos inchados.
– Eu... Em t-todo lugar...
– Você não deve fazer isso, deixe-me
dar uma olhada nela – diz Taylor.
Eu me agarro a Christian, e ele aperta os braços em volta de mim e, lentamente,
me balança, todo o seu corpo tremendo quase como o meu quando fala no meu
ouvido.
– Já te peguei, pimentinha, te peguei aqui em meus braços – sussurra, e posso
ouvir a fúria mal contida em sua voz.
– Chris, deixe-me vê-la – Taylor implora.
– Não! – solto um gemido, e me abraço mais forte em Chris porque sei que se eu
morrer, esta é a maneira que desejo. Oh meu Deus, vou morrer? Quem vai cuidar
dele? – Não me deixe, não me deixe.
– Nunca – promete ele no meu ouvido.
– De acordo com o Google, eles são escorpiões-casca do Arizona. Venenosos, mas
não mortais.
– Segure-se em mim – sussurra Chris, e então nós estamos em movimento.
Minha visão fica ainda mais borrada. Minha língua está espessa. Há saliva na
minha boca. Não consigo respirar. Estou tremendo quando ele me levanta, e a
sensação de estar sendo eletrocutada por dentro aumenta a um nível alarmante.
– Onde diabos você está indo com ela, Grey?
O rosnado de Christian borbulha contra o meu peito e de alguma forma me
conforta em meu estado instável e alterado.
– Caralho! Pro hospital, seu merda!
Ouço o estrondo da porta que ele abre com todas as suas forças, e então um
rangido, como se ele estivesse passando por cima dela. Então estamos em
movimento, indo para algum lugar... Sua
respiração rápida e constante...
Taylor chama lá atrás:
– Cara, Gail chamou a emergência, vamos dar Benadryl a ela e tomar um calmante.
– Tome o calmante você, Taylor.
Estamos caminhando rapidamente por algum lugar, e posso perceber por sua voz
que ele mal está se controlando. O pensamento de que isso poderia afetá-lo e
fazê-lo ter um ataque me faz entrar em pânico.
– Estou ueemm
... – digo, e então ouço minha voz. Pareço
uma estúpida. Talvez algumas células cerebrais estejam morrendo por causa do
veneno. Não consigo formar algumas letras... – Estou ueem,
Uistian... – Deus!
Christian congela, e posso senti-lo olhar para mim, mas os meus olhos estão
borrados, então ele diz:
– PUTA QUE O PARIUUU!
O elevador chega. Quando as portas se abrem, a voz de Sawyer me atinge.
– Tudo bem, o que está acontecendo? O treinador está à espera no ginásio, Chris... – ele para de falar.
– Escorpiões vivos – diz Taylor a Sawyer. – Venenosos, mas não fatais, ainda
bem...
– Num consigo uespiuar... – digo em voz alta. Estou pirando. Pela
primeira vez na minha vida, não entendo o que diabos está acontecendo em meu
corpo.
– O veneno se espalha através do sistema nervoso, mas não entra na corrente
sanguínea. Tente manter a calma, Anastasis. Esses escorpiões-casca são otários
desagradáveis. Você consegue sentir as
pernas?
Balanço minha cabeça. Minha língua está pesada, todo lugar onde fui picada dói
tanto que meu rosto está preso em uma careta permanente, e estou respirando aos
tropeços.
Taylor estica a mão:
– Deixe-me ver isso.
Sinto Christian envolver sua mão em meu braço e esticá-lo e sussurrar:
– Eu vou matá-lo – enquanto Taylor estuda.
– Vai dar tudo certo, Ana – diz Taylor. – Eu tive essa experiência uma vez.
Horrível, mas você realmente não morre de um escorpião norte-americano.
Concordo com a cabeça e estou me agarrando a essa garantia quando Gail chama da
porta.
– Tem uma nota! Virei a caixa e tem uma nota presa embaixo.
– O que ela diz? – pergunta Taylor.
Ouço um som amassado quando ele lê:
“Você me beijou. Agora você foi beijada
de volta pelo Scorpion. Qual é a sensação de ter o meu veneno em você?”
O corpo de Christian fica em alerta.
Posso sentir isso. De repente, uma mudança completa na forma como ele me
segura. Ele era protetor e proprietário, e de repente... Quer lutar.
Uma imagem brota dentro da minha cabeça: estou de pé diante da personificação
da grosseria e beijando a tatuagem de um Scorpion nojento para que eu pudesse
ver minha irmã. Eu me encolho
quando uma nova onda de náusea agita a minha garganta.
– Taylor, eu vi os capangas dele no
térreo. Acho que ele está aqui no hotel – diz Sawyer.
– O filho da puta provavelmente está lá embaixo esperando por Christian.
– Oh, ele pediu por isso – troveja Christian. – Ele já está morto! – explode.
Fecho meus olhos com força enquanto sua energia tumultuosa me rodeia, e sei,
não importa o quanto ele deve ter lutado para ficar azul...
Chris ficou negro.
Seus lábios estão de repente no meu ouvido, e ele sussurra, enquanto segura a
minha cabeça:
– Preciso fazer uma coisa exatamente agora. Eu amo você. Amo você inteira, e
vou voltar pra colocar você em ordem novamente, está bem?
Aceno com a cabeça, mesmo me sentindo uma merda. Pequenos choques correm
através de todo o meu corpo. Mordo meu lábio com força para me concentrar nessa
dor, mas ela não pode competir
com as picadas no meu corpo. Estou tentando ser corajosa, mas me lembro dos
escorpiões em mim...
No meu corpo... Os corpos feios, as pinças... Os três pontos pretos na cabeça... Tremo nos braços dele e sinto vontade de vomitar.
– Por que ela está tremendo assim, porra? – Christian exige saber, quando nos
movemos de novo.
– É o sistema nervoso que está sendo afetado. Ela sofreu várias picadas, por
isso vai ser doloroso. Enquanto a emergência está a caminho, vamos dar-lhe
Tylenol.
Estamos de volta à sala, tanto quanto posso dizer, e Chris me deita em algo
macio. Do borrão azul que enxergo, parece ser o sofá. Ele passa a mão no meu
cabelo e posso sentir seus olhos no meu rosto.
– Estou indo esmagá-lo agora.
Então ele se foi, como uma espécie de furacão para destruir tudo em seu
caminho, e meu cérebro está tão atordoado pela rapidez com que ele tomou essa
decisão, pela forma calma e fria com que ele fez essa última afirmação, que por
um momento me convenci de que ele realmente só foi buscar-me o Tylenol.
– Droga, ele está a todo vapor, Sawyer, vá atrás dele antes que ele veja o
Scorpion ou um de seus capangas! Gail, arrume algumas compressas frias e espere
os paramédicos. Precisamos pegar esse homem!
Na última vez que vi Christian ter um ataque e ficar totalmente maníaco, Taylor
enfiou uma seringa contendo um sedativo em sua jugular, e quando ouço os passos
dos homens no tapete, grito
imediatamente:
– Taylor, não enfie nada na gauganua
dewe... – então solto um gemido, viro a cabeça
para baixo e começo a vomitar.
* * *
A emergência veio e se foi, e ainda estamos esperando, mais de meia hora
depois, com os restos dos escorpiões olhando para mim da cozinha, em um pote de
vidro.
Disseram-me para tomar Tylenol e Benadryl, usar compressas frias, e chamar,
caso a coisa ficasse pior, pois aí eles iriam procurar um antídoto para mim.
Agora, o Tylenol e o Benadryl fizeram efeito e estou um pouco melhor. Tenho uma
lata de lixo ao lado do sofá da sala para o caso de eu vomitar novamente.
Parece que vomitei metade do meu peso. Gail está colocando gelo em mim para as
picadas não incharem, mas ainda sinto os choques. Estou meio grogue graças ao
Benadryl, mas pelo menos o inchaço na minha língua baixou.
– Eu lhe disse que o homem tem o botão de autodestruição mais vermelho que já
vi – diz Gail suavemente quando pressiona uma compressa fria em meu braço.
Ela me faz lembrar minha mãe, e por um segundo, estou com tanta saudade de casa
que quero chorar. Mas a casa que eu realmente quero é o homem lá embaixo pronto
para espancar até a morte o psicopata que fez isso comigo.
– Por favor, não deixe que ele nem mesmo coloque os olhos no Scorpion – falo
miseravelmente. – Se eu estragar as coisas para ele de novo...
– Você não estraga nada, Ana – garante Gail.
– Você o ama. Você é a única mulher que ele já amou e a única pessoa que o amou
e aceitou como ele é. Ele não recebeu amor quando crescia, foi rejeitado e
deixado de lado. Então, o quanto você acha que ele irá defendê-la?
Meus olhos embaçam e minha voz treme.
– Eu quero defendê-lo também e nem consigo ficar de pé – digo, sentindo-me
subitamente lamentável e fraca.
No momento em que os caras voltaram, tinha se passado quase uma hora, e todas
as minhas terminações nervosas foram corroídas por minha ansiedade.
Estou deitada de lado no sofá com os olhos fechados, bêbada de Benadryl, quando
ouço vozes abafadas do lado de fora da porta.
– Segure a porta...
Meu coração afunda no peito. Porque
simplesmente não há outra razão para manter a porta aberta, exceto se seus
braços estão ocupados segurando algo.
Algo grande e irresponsável e bonito.
Prendo a respiração quando Gail vai ajudar com a porta, e então eu os vejo. Não
eles, Chris.
Ele.
Taylor e Sawyer estão grunhindo e bufando quando o puxam para dentro, com os
pés arrastando no chão, a
cabeça virada baixo. Seu cabelo escuro é tudo o que posso ver, e a raiva e o
sentido de proteção são tão avassaladores que o único motivo pelo qual não
avanço sobre eles dois é porque ainda não posso sentir um de meus pés.
– Seus idiotas! – grito.
Eles olham um para o outro e não dizem nada, quando de repente, inesperadamente,
eu ouço sua voz, arrastada e ainda de alguma forma determinada.
– Preciso ver Anastasia.
– Espera aí, amigo – Taylor diz, ofegante quando se dirigem para o quarto
principal.
– Preciso – Chris repete em voz baixa, truncada.
Gail apressa-se a ajudar-me a ficar de pé, meu coração parece um lenço de papel
no meu peito, que tem sido usado até o fim. Odeio quando eles usam aquele
sedativo pirante em sua garganta!
Mantendo o braço em minha cintura, Gail me ajuda a ir mancando até o quarto
principal, onde encontramos os caras tirando as roupas de Christian até
deixá-lo em sua cueca boxer cinza. Em seguida, eles lutam para levá-lo para a
cama.
– Pegue do outro lado – diz Taylor, e Sawyer o levanta até a borda mais
distante da cama.
– Chris, que diabos vamos fazer com você? Hã, cara? – diz Taylor censurando-o,
enquanto o coloca na cama e o limpa.
– Ana – Christian rosna com raiva.
– Ela está vindo, cara! – diz Taylor com uma risada.
Eles lutam para ajustá-lo na cama, para que ele me veja. Colocam um travesseiro
atrás da cabeça dele, e vejo seus olhos entreabertos. Estão fixados em mim
enquanto Gail me leva até a cama, e eles estão totalmente pretos e quase
frenéticos quando ele me vê. Eu ainda fico maravilhada com o modo como aqueles
olhos lindos podem mudar com tanta rapidez. Como seu corpo pode fazer essa transformação
completa em poucos minutos. Suas mãos grandes e bronzeadas estão ociosas a seu lado,
mas os espasmos dos dedos continuam, como se quisessem me tocar, e de repente
todos os dedos das minhas mãos doem com a mesma vontade de tocar e consolá-lo.
–Tudo bem? – pergunta ele, seu olhar tempestuoso e escuro e vívido, com
frustração.
Posso sentir também a sua frustração. Ele queria ir me defender e eles o
detiveram. Posso sentir sua confusão raivosa girando em torno de nós, e subo na
cama com ele e nos cubro até a cintura.
– Mais do que bem – digo suavemente, passando meus braços ao redor de seus
ombros fortes e afagando sua cabeça.
Posso sentir a tensão aliviando-se de seu corpo quando ele fecha os olhos e de
repente apaga.
Afundando meu rosto em seu cabelo, desesperadamente eu puxo seu perfume em meus
pulmões e seguro com força, enquanto seu peso se acomoda contra mim, mudando de
posição de modo que sua cabeça
está apoiada sobre meus seios.
– Eu te amo tanto – sussurro em seu ouvido. – Acorde logo, entendeu? Eu o
peguei agora.
– Esta vai ser uma temporada difícil. – Ouço Taylor dizer.
Concordo com a cabeça em compreensão, mas não consigo tirar os olhos de cima
dele, seus belos cílios descansando sobre as maçãs do rosto, os lábios
entreabertos. Toco naquele rosto de menino com um sexy queixo barbado.
Diz Sawyer:
– Vou buscar Lupe no ginásio e avisar que nosso cara não vai.
Taylor me observa enquanto lentamente passo a mão no cabelo de Chris, então ele
me traz um pouco de água e outro saco de gelo e os coloca na mesa de cabeceira,
enquanto Gail avisa que vai limpar
lá fora.
– Como você está? – pergunta Taylor.
Respondo positivamente com a cabeça.
– Melhor com os comprimidos – sussurro. E acrescento: – Me desculpe ter chamado
vocês de idiotas.
– Sinto muito termos que fazer, mas... Ele estava lá. O filho da puta. – Taylor
achata os lábios em uma linha com raiva, então continua a olhar para mim de
forma estranha.
– Você é a única pessoa que o acalma, Anastasia, mas também é a única que o
aciona totalmente. – Taylor suspira e olha pela janela para o pequeno jardim do
lado de fora do nosso quarto. – E Scorpion
sabe que há algo em você que faz Christian perder a cabeça. Ele vai continuar a
provocá-lo. Ele vai tentar ferrar com a cabeça dele e atrair cada centímetro da
fera que há em Christian.
– Não podemos, Taylor, não podemos deixar que ninguém brinque com a sua cabeça.
– Beijo a testa de Chris e envio todo o meu amor para o interior de sua mente,
tão bela, e silenciosamente prometo:
Não vou deixar que ninguém brinque com
você.
– Christian está mais forte do que
jamais foi no momento – diz Taylor. – Mas você é uma grande fraqueza dele. Ele iria
perder por você, desistir por você. Matar por você. Se medicar por você.
Limpo as minhas lágrimas e puxo a cabeça de Christian mais profundamente entre
os meus seios.
– Taylor, por favor, não dê mais sedativos. Temos que encontrar outra maneira.
– Cara, ele é tão forte como meia dúzia de homens juntos. Como você sugere que
alguém possa detê-lo? Deixe-me dizer uma coisa, se os organizadores dessas
lutas clandestinas decidirem que a última luta seja de submissão total... – Ele balança a cabeça e fica de pé.
– O que você quer dizer? O que é isso, submissão?
Ele olha para mim de um jeito triste, depois suspira.
– Nada. Mas Christian tem um desejo ardente de colocar as mãos em Scorpion. Ele
é um homem nobre, mas não terá misericórdia daquele idiota, e se ele tiver a
chance de matá-lo no ringue, deixe-me dizer-lhe agora, ele vai matar. – Taylor
caminha até a porta. – Agora me deixe ir procurar outro hotel para nós.
Balançando a cabeça para ele e sussurrando “Obrigada”, volto para o meu grande
leão.
– Vamos ficar mais confortáveis – digo a Chris.
Tiro minhas roupas com mãos trêmulas, e então retiro sua cueca, porque sei que
ele fica sempre nu na cama. Então volto para pegar sua cabeça e pressioná-la
contra meus seios, acariciando seus cabelos. Beijo sua testa.
– Peguei você agora.
Sua respiração é lenta e uniforme. Seu dedo se contorce ao seu lado, e pego a
mão dele e a envolvo em torno da minha cintura.
– Você gosta de me segurar assim? – pergunto baixinho, sem de fato esperar por
uma resposta.
Eu me aconchego e passo meus braços sobre seus ombros, visualizando-o no dia em
que o deixei no hospital.
Confuso, maníaco e desesperado para dizer alguma coisa para mim.
E eu estava com muito medo de ficar...
Meus olhos ficam úmidos de novo e,
subitamente não só as picadas doem, mas todo o meu corpo dói por dentro.
Engolindo o nó na minha garganta, aperto mais seu corpo e enterro meu rosto em
seu cabelo, beijando-o avidamente várias vezes, em todos os lugares que posso.
Sua respiração é lenta e nivelada, mas a minha ainda é agitada com tudo que
aconteceu. Tudo o que eu sei é que há dor quando olho para ele, quando sinto
seu cheiro, quando o toco.
Corro minhas mãos em torno dos músculos duros de seus ombros nus e, em seguida,
inclino a cabeça e beijo sua orelha, e então sua testa macia. Ele tem o cheiro
que me seduz, e eu me abaixo para cheirar seu pescoço enquanto corro os dedos
pelas costas, pelos músculos do abdômen, e encosto os lábios em seu queixo.
Ele murmura algo ininteligível, e os dedos se agitam. Seguro o queixo em minhas
mãos e dou um beijo suave em seus lábios.
– Obrigada por me defender, mas não vou deixar mais que estrague seus sonhos
por mim.
Corro meus dedos sobre seu peito musculoso, pelo pescoço e pelos braços,
curvando-me para beijar o lugar onde se vê a pulsação. Ele emite outro som e me
pergunto o que pode estar pensando.
Será que me ouviu? Acho que sim.
Pego seu iPod e meus fones de ouvido, para que possamos compartilhar um som, e
procuro uma música que gostaria de tocar para ele. Coloco um fone em sua orelha
e outro na minha e toco “Stay
with You” do Goo Goo Dolls. Tomo sua mão em uma das minhas e beijo os dedos,
acariciando seus cabelos
enquanto ouvimos a canção, fazendo-me esquecer que cada parte em que eu fui
picada dói
como se eu ainda tivesse os ferrões dentro de mim. Eu o seguro enquanto
escutamos. Meu lutador.
Ele luta contra todos, até contra si mesmo, mas amo saber que ele nunca lutou
para me amar.
Até eu quero matar o Scorpions😤
ResponderExcluirEsses dois super combinam💞😪
ResponderExcluirEsse scorpion e um verme😠😠😠😠
ResponderExcluirAtacando a Ana pra desasbilizar o Christian
A hora que Christian por as mãos nele ele está ferrado
ResponderExcluirnossa qdo o Chris pegar essa verme eu vou simplesmente adorar
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