Capítulo 7
ATLANTA
Christian
O saco pesado balança. Soco. Chute. Ele
balança, de um lado para o outro, enquanto
eu direciono meu punho para o meio e sigo com uma esquerda, depois direita.
Soco.
Chute. Murro. Soco.
O treinador diz que estou me exibindo, e eu não vou gastar o meu latim para
explicar a
ele todas as formas como quero me exibir na frente dela.
Vejo o rosto de Scorpion, meu inimigo mortal, no meio do saco e chuto. Soco.
Murro.
Quando eu lutava no boxe profissional, todo mundo queria acabar comigo. Eu era
mais
jovem, mais rápido e mais forte – não se aprende essas coisas. Você pode ter um
bom
punho, ou não, e punhos eram tudo que eu tinha. Mas quando olho para Anastasia,
tenho
plena consciência de outro uso para as minhas mãos, com elas e com as pontas
dos
meus dedos quero contornar cada centímetro do corpo dela.
– O que Christian vai comer no café da manhã? – perguntou Anastasia à Gail ao
entrar na suíte.
Eu estava sentado à mesa, e quando Anastasia notou, sorriu e disse:
– Bom dia, Christian.
A forma como ela diz meu nome equivale a sua língua lambendo meu corpo.
– Bom dia, Anastasia.
Taylor e Gail nos observavam claramente achando divertido.
Quando Anastasia trouxe seu prato para a mesa e se sentou na minha frente,
observei-a
enfiar o garfo na boca e, de repente, fiquei tão sedento que enfiei uma cenoura
na minha
boca. Ela passou a língua pelos cantos da boca, e eu quis ir até lá, puxá-la
para mim,
para o meu colo, e lamber todos os sabores de sua boca.
Recostei quando Taylor me disse alguma coisa, e minha vontade era afastar todos
os
pratos de cima mesa, pegar a bunda dela com as minhas mãos, passar a língua
pela
coluna dela até o pescoço enquanto meus dedos trabalhavam em todos os pontos
macios
e molhados dela. Gemi com o pensamento.
– O quê? – indagou Taylor.
Ela levantou o olhar e me fitou.
Fiz uma cara feia para Taylor.
– O quê? – perguntei.
Ele balançou a cabeça e se levantou enquanto Gail perguntava à Anastasia alguma
coisa sobre como ela conseguia lidar com todos esses homens. Quando ela riu,
todo meu
corpo se contraiu e eu a encarei. Ela jogou o pescoço para trás, o
rabo-de-cavalo
balançando. Queria puxá-lo para baixo enquanto inclinava sua cabeça e a
beijava.
– Acabou? – perguntou Sawyer da porta. Acabou de flertar com ela? Eu podia ver
que era
o que ele pensava.
Com cara feia, peguei as minhas coisas e saímos.
Agora estou socando os sacos – todos eles – o mais rápido e forte que posso, e
ainda
não consigo me livrar de toda essa energia extra. Parando por um momento, olho
para
ela na lateral, gostosa pra caralho com sua roupa justa de ginástica e pronta
para colocar
as mãos em mim. Como eu quero aquelas mãos, esta noite vou segurá-la durante
horas
no meu quarto, trabalhando no meu corpo.
Em mim.
Horas depois, estou preparado e satisfeito quando entro no vestiário do
Underground.
Meu corpo responde quando o apresentador chama:
– Christian Grey, o Arrebentadoooooor!
Gritos ecoam pela arena, correndo em minhas veias. Saio e sei exatamente o que
fazer
quando piso no ringue. Eu me exibo para o público desta noite, e tiro o meu
roupão
devagar, fazendo o meu número, curtindo os gritos, os beijos jogados ao vento
na minha
direção, os cartazes.
– E agora, o famoso e aclamado Owen Wilkes, o “Gafanhoto Irlandês”!
O Gafanhoto dirige-se para o ringue, e enquanto o público o observa, olho para Anastasia.
Está sentada com seu cabelo escuro solto, sua boquinha está sorrindo para mim,
e por
mais que eu viva, nunca vou ver nada tão lindo daqui de cima.
O gongo toca e chama a minha atenção.
Vou para o centro. Posso ver Gafanhoto pela minha visão periférica, pulando de
um
lado para o outro como se estivesse em um trampolim. Logo ele vai se cansar.
Paro e fico
assistindo. Vejo a minha brecha na lateral dele. Finto, e acerto meu punho
nele,
nocauteando-o.
– Chriiiiiiiiis! – as pessoas gritam.
A fila de oponentes vai diminuindo enquanto vou abrindo meu caminho até
Butcher. Ele
tem o dobro do meu peso e é três vezes mais largo, mas ninguém liga para isso.
Ele tira
sangue, eu também.
Ele chega ao ringue com a agilidade de uma almôndega. Então ele me encara. Eu o
encaro.
O gongo toca: Tim.
Nós nos posicionamos e nos olhamos por cima dos punhos. Butcher é conhecido por
esperar os oponentes atacarem, mas estou impaciente para começar a luta. Meu
punho
acerta o maxilar dele diversas vezes; começo com golpes rápidos e fáceis, então
recuo e
Butcher me acerta um soco sólido que faz com que eu dê um passo atrás. Levo um
momento para me recompor. Inspiro pelo nariz, então meus braços atacam e
enterro
meus punhos, uma vez após a outra, na barriga flácida de Butcher. Recuo e o
vejo
balançar e, em vez de me proteger, dou outro golpe. Ele me atinge de novo.
– Buu! Buuu! – o público grita. Vejo o punho dele se aproximando de mim de novo
e
atingir meu rosto. Minha cabeça balança, e voa sangue da minha boca. Assim está
melhor.
Endireitando-me, passo a língua no líquido com gosto de metal na minha boca.
Ele me derruba de joelhos.
Os gritos se intensificam, e eu sei que toda a arena deve estar olhando para
mim, mas
só sinto os olhos dela em mim. Fico de pé em um pulo e limpo o sangue dos meus
lábios.
Endorfina acaba com a dor. Olho para ela, mas o olhar dela me faz parar. Ela
está branca
como uma folha de papel. Droga, parece que ela vai sair correndo. Fico tão
confuso ao
ver a preocupação no rosto dela que levo outro soco, que me desequilibra e,
quando
percebo, estou balançando nas cordas, algo que nunca acontece comigo.
– CHRIS… CHRIS… CHRIS! – O público começa a entoar.
Estou coberto de suor e minha boca ainda está sangrando quando me endireito e
percebo que Anastasia não está nem me olhando mais lutar. Abaixou a cabeça e
está
fitando o colo.
Porra.
É assim que você quer impressioná-la, seu imbecil.
Endireitando meu maxilar, recupero meu equilíbrio e olho dentro dos sagazes
olhos
castanhos de Butcher.
– Acabou a brincadeira – rosno, e o atinjo com um dos meus socos mais
poderosos,
sentindo suas costelas se quebrarem embaixo dos meus dedos. Ele cai como um
peso
morto na lona, e o público volta a gritar:
– Isso! – Escuto um berro coletivo, depois voltam a entoar: – CHRIS! CHRIS! CHRIS!
Fico parado ao lado enquanto começa a contagem, e um nó de frustração e
decepção
se aperta no meu peito quando Anastasia ainda não olha para mim. Finalmente, a
voz do
apresentador ecoa pelos alto-falantes e o árbitro levanta o meu braço.
– Nosso vencedor, senhoras e senhores! Arrebentaaaaador! Sim,
mulherada faminta aí fora, podem berrar à vontade pelo maior fodão que já subiu
a este ringue! Arrebentadooooooooor!
O público começa a entoar o meu nome, eu rapidamente pulo para fora do ringue e
pego uma garrafa de Gatorade no balde que está aos pés do treinador.
– Christian – resmunga ele.
Balanço a cabeça e desço o corredor. Pelo tom de voz dele, eu sabia que ele queria
trocar algumas palavras, mas não estou a fim que me encham o saco na frente de
Anastasia.
De volta ao hotel, de volta à minha suíte, estou tão impaciente, que parece que
esperei por esta garota a vida inteira. Nossos olhares se fixam, e o caçador
dentro de
mim enlouquece. O rosto dela está corado, e suas pernas longas parecem
infinitas
naquela calça jeans que está vestindo. Quero aquelas pernas e aqueles braços em
volta
de mim, aquela boca sob a minha, sussurrando meu nome. Porra, quando poderei
possuí-
la? Odeio pensar que vou fazer com que seja minha e no dia em que meu lado
negro
aparecer, ela vai embora, vai erguer seus muros e não me deixar entrar, e eu
serei para
sempre uma aventura para as mulheres.
Um deus do sexo e um brinquedo. A realidade
de ninguém. A escolha de ninguém. Nada de ninguém.
– Gostou da luta? – pergunto a ela.
– Você quebrou as costelas do último cara – constata ela, sem fôlego.
Tomo todo o meu Gatorade e jogo a garrafa no chão enquanto me esforço para
desatar os nós no meu peito.
– Você está preocupada com ele, ou comigo? – não posso acreditar que estou com
ciúmes do maldito Butcher.
Ela dá um sorrisinho.
– Com ele. Porque ele não será capaz de ficar de pé amanhã.
Então – finalmente! – ela vem e faz o que secretamente queria que ela fizesse.
Ajoelha
entre minhas coxas e começa a espalhar um gel brilhante e espesso sobre o corte
na
minha boca. Fico de pau duro no mesmo instante. O cheiro doce dela brinca com
as
minhas narinas, e me esforço para não deixar meu corpo mexer nem um único
músculo
para que ela não pare de fazer o que está fazendo.
Deus, ela tem cheiro de anjo.
– Você. – Escuto quando ela, de repente, admite para mim, a voz apenas um
sussurro
baixinho. – Eu me preocupo com você.
Olho para o topo de sua cabeça e tenho vontade de enterrar meu nariz em todo
aquele
cabelo escuro e sentir seu cheiro até o mundo acabar. Ela tampa o pote de
pomada e
continua ajoelhada e parece pensar o que deve fazer em seguida. Quero sentir a
mão
dela em todo o meu corpo, então busco em meu cérebro a fonte do meu maior
desconforto, além do meu pau.
– Eu detonei meu ombro direito, Anastasia.
Uma faísca de preocupação lampeja nos olhos dela, e quando ela nota o meu
sorriso,
revira os olhos e suspira.
– Mesmo um trator como você, eu sabia que seria demais esperar que sobrevivesse
a
esta noite apenas com um lábio cortado.
– Você vai consertá-lo?
Ela fica de pé, mas bufa como se não quisesse.
– Claro, alguém tem que fazer isso.
Acho engraçado o jeito como ela finge ser durona e audaciosa comigo. Gosto disso.
Ela sobe na cama e agarra meus ombros. Amassa meus tecidos com habilidade, e
quando atinge o lugar, uma dorzinha chata desperta. Fecho a minha mente para a
dor e
me concentro nos pequenos dedos dela.
– Aquele filho da
mãe horroroso bateu feio aqui. Bateu muito aqui. Dói? – sussurra ela, que,
por um segundo, alivia sua investigação, depois continua com mais força ainda.
Ela está usando muita força, e uma pequena parte de mim acha divertido e se
pergunta se ela quer que eu pareça uma bichinha e diga Sim.
– Não.
– Vou massagear com arnica, e nós vamos
fazer terapia fria.
Ela soa profissional enquanto passa uns óleos cheirosos na minha pele. Escuto
sons
escorregadios enquanto seu toque desliza pela minha pele, e eu me imagino
virando,
puxando-a para a minha cama, e passando a minha mão por todo seu corpo. E
encontrando um lugar escorregadio que solta sons quando roçado pelos meus
dedos.
– Dói? – pergunta ela.
– Não.
– Você sempre diz que não, mas eu posso dizer neste momento que dói.
– Há outras partes de mim que estão doendo mais.
– Que porra é essa? – A porta da suíte se fecha, e Taylor entra na suíte máster
berrando
como uma banshee
assustadora. – Que. Porra. É essa? – Taylor
quer saber.
Poucos segundos depois, Sawyer se junta à comitiva.
– O treinador está uma fera! – anuncia ele. – O que todos
nós queremos saber é por que diabos você está deixando que eles chutem sua
bunda?
As mãos de Anastasia
param de massagear meus ombros, e eu juro por Deus que quero
socar a cara deles por fazerem-na parar.
– Sim ou não? Você deixou o cara fazer isso de propósito? – questiona Sawyer.
Eu não respondo.
Mas o olhar que direciono para eles é muito claro, só um muro não entenderia o
que eu
queria dizer: dê o fora!
– Você precisa transar? – pergunta Taylor, apontando para o meu colo e para a
dolorosa
ereção que ela me causou. – É isso, precisa transar?
Anastasia murmura alguma
coisa baixinho e, no momento em que ela sai, Taylor concentra
toda a sua atenção em mim.
– Cara, você não pode deixar que façam isso com você só para que ela passe as
mãos
pelo seu corpo. Olha, a gente pode arrumar umas meninas. Seja lá o que for que
você
esteja fazendo, não pode ficar com esses joguinhos como uma pessoa normal. Só
está se
torturando, Chris, e é um jogo perigoso que está fazendo com ela.
Meu coração está acelerado de raiva e frustração. Ela. É. Minha. Minha de
direito.
Malditos sejam eles por me fazerem acreditar que não sou digno dela.
Malditos.
Sejam.
Eles.
– Você apostou toda a sua grana em você mesmo este ano, lembra disso? – indaga
Taylor, como se eu fosse um imbecil e não me lembrasse das milhões de vezes que
ele me
disse isso em pânico. – Agora, tem que derrotar aquele
Scorpion na final, não importa o que aconteça. E isso a inclui, cara.
Com dentes cerrados, falo
baixo enquanto me esforço para manter a calma, mas, meu
Deus, eu quero dar um soco em cada um, Scorpion é um cadáver ambulante. Nada
neste
mundo vai me impedir de quebrar a cara
dele e pegar o título que pertence a mim. Ele
arruinou a minha vida uma vez, e isso é mais do que suficiente para mim.
– O Scorpion é um homem morto, então, não encha o meu saco.
– Você nos paga para evitar esse tipo de merda, Chris – diz Taylor, afrouxando
a
gravata enquanto anda de um lado para o outro.
Fico de pé e olho para Sawyer, então espero que Taylor pare de andar e me olhe.
Eles são
os meus caras. Meus irmãos. Pago muita grana para eles evitarem que eu faça
merda, e
me impedirem de estragar tudo. Mas não estou estragando nada com Anastasia.
Deus, eu
não encostei nem um dedo nela ainda, nem mesmo sabendo que pensar nela embaixo
de
mim está acabando comigo. Falo baixo:
– Eu sei disso. E está tudo sob controle.
Passando por eles, pego minha calça de moletom e uma camiseta e vou para o
banheiro me trocar. Encontro Anastasia na cozinha, conversando com Gail, e a
visão da
bunda dela é um convite para o meu pau. Sob controle o caralho. Sou um tornado
de
luxúria ambulante e tudo por causa dela.
Aproximando-me dela por trás, agarro seu pulso e a viro para que olhe para mim.
– Quer correr comigo?
Quero ficar com ela. Sozinho.
Se ainda não posso transar com ela, quero que fique perto de mim. Quero que
fique
dentro do meu espaço, de forma tão intensa que logo o meu espaço e o dela sejam
o
mesmo – me afundar até o fim nela, e ela vai me envolver no seu calor, toda
molhada, e
seremos apenas Anastasia e Christian.
Consigo ver que ela está alarmada pela energia confusa que me cerca, e não
consigo
deixar de notar o cuidado com que ela examina a escoriação em meu peito.
– Você precisa comer, Chris – avisa Gail do canto.
Abro um sorriso falso, pego um galão de leite orgânico no balcão e viro, depois
enxugo
a boca com o braço.
– Obrigado pelo jantar – agradeço, depois olho para Anastasia, levanto uma
sobrancelha
e espero que ela responda.
A senhorita demora a responder.
– Anastasia? – insisto.
Com uma careta, ela continua olhando pensativamente para meu peito.
– Como você está se sentindo? – indaga ela, me analisando com um aguçado olhar
profissional, que era comum para mim no Instituto.
– Sinto vontade de correr. – Olho dentro dos olhos dela, desafiando-a a negar
que
também quer ficar sozinha comigo. – Você também?
Conto até oito, e ela ainda está hesitando, me deixando louco, até que
finalmente
concorda.
– Vou calçar os tênis e colocar a joelheira.
Concordo e minha boca enche d’água quando ela sai da cozinha para se trocar.
Deus,
esta garota vai ser o meu fim.
Corremos por uma trilha bem iluminada pontuada de árvores. Assim que começamos,
coloco o gorro sobre a cabeça para me manter aquecido e abro e fecho os meus
punhos
no ar para que o sangue vá para meus músculos e não para onde vai sempre que
ela
está por perto. O ar está gelado. Ela está usando um short de corrida e um top
justo que
marca suas curvas e, pelo canto do olho, vejo os seios dela balançando, seu
bumbum
firme conforme a perna avança com aqueles passos de velocista.
Ela me deixa louco pra cacete.
– Então, o que aconteceu com Taylor e Sawyer? – ela quer saber.
– À procura de prostitutas.
Ela levanta as sobrancelhas enquanto continuo socando o ar.
– Para você?
– Pode ser? Quem se importa?
O rabo de cavalo dela balança de um lado para o outro, e eu gosto disso. Gosto
da
forma como ela sincroniza seus passos com os meus, como nossos pés pisam no
solo ao
mesmo tempo.
Passamos por outros corredores na trilha, mas continuamos. Anastasia está em
forma e é
rápida. Nunca tive um companheiro de treinamento, mas juro que posso me
acostumar a
isso. A correr com ela.
Corremos seis quilômetros facilmente, até que ela para, coloca as mãos sobre os
joelhos e acena para eu continuar.
– Vá em frente, preciso recuperar o fôlego e estou com câimbra.
Pego no bolso da frente do meu agasalho e entrego a ela uma bisnaga de gel
eletrolítico, depois fico saltando no lugar para me manter aquecido e dou socos
alternados no ar enquanto os lábios doces dela se afastam e ela passa o gel na
língua.
Puta.
Que.
Pariu.
Todo o meu sangue vai para a minha virilha.
Parece que parei de saltar.
Não acredito que estou respirando ainda.
Tá foda, ela está passando aquela bisnaga pela língua na minha frente, e eu não
vou
ficar aqui parado assistindo que nem um imbecil.
– Sobrou alguma coisa? – pergunto.
Ela me entrega. Não posso deixar de notar que ela me observa com a mesma
atenção
que eu a observava enquanto coloco o gel na minha boca. Isso é o que quero
fazer com
você, penso enquanto olho para ela. Isso é o que quero fazer com a sua língua, Anastasia.
Sugando o gel restante do tubo, meu corpo se contrai quando o gosto dela toma
conta
de mim. A bisnaga nunca teve esse gosto. Doce, mas mais doce. Estou aquecido
pra
caramba, e tão excitado que sugo até a última gota enquanto a encaro. Os cílios
dela são
mais claros nas pontas, e eles levantam
quando ela se força a levantar o olhar da minha
boca para os meus olhos. Olhos que a estão devorando.
Eu quero você. Quero você agora. Quero você amanhã. Quero você no instante em
que
estiver pronta para mim.
– E eles tinham razão? Aquilo que disse o Taylor? Que você estava fazendo de
propósito?
Ela me encara com curiosidade, e eu estou tentando colocar a cabeça no lugar,
ainda
passando a língua no tubo. Nunca esperei tanto tempo para tomar o que quero, e
nunca
quis tanto alguma coisa como isso. Está me enlouquecendo. Os seios dela parecem
perfeitos no top de treino. A bunda dela. As pernas. Ela é deliciosa e eu estou
com fome.
Estou com muita fome dela.
– Chris, às vezes você quebra alguma coisa e nunca mais consegue de volta.
Nunca
mais. – A voz dela vacila, e ela olha para a rua e para os carros que passam.
E assim aquela leveza de sentir o gosto dela desaparece e meu peito fica
pesado. O
vídeo do YouTube passa na minha cabeça e o instinto de protegê-la de tudo que
dizem e
de tudo de que a chamaram só me deixa ainda mais frustrado porque não posso
fazer
porcaria nenhuma.
– Sinto muito pelo seu joelho. – Não sou bom com palavras, penso enquanto jogo
a
bisnaga na lata de lixo mais próxima, mas gostaria de ser. Gostaria de poder
dizer a ela
como me sinto ao vê-la chorando e impotente. Vou protegê-la de agora em diante
mesmo que seja a última coisa que eu faça nesta vida.
– Não se trata de meu joelho. Trata-se de não cuidar de seu corpo
como deveria. Nunca deixe ninguém te machucar, nunca permita isso, Chris.
Balanço a cabeça para tranquilizá-la,
mas faço uma careta quando penso em nunca
mais levar um soco. Ela nunca vai entender o quanto eu desejo tocá-la. Não
apenas
sexualmente. O toque dela faz coisas incompreensíveis em mim. Anseio por ele.
Anseio…
Merda. Ela é tão linda e eu estou tão fodido.
– Não faço isso, Anastasia – explico para ela com a voz rouca. – Só deixei que se aproximassem o suficiente pra poder foder todos
eles. Pequenos sacrifícios em busca da vitória. Dou-lhes confiança ao ver que
uns socos entram, então isso vai pra cabeça deles, acham que eu sou moleza –
que não sou como ouviram dizer que sou –, e quando ficam animados de como é
fácil espancar Christian Grey, eu entro e acabo com eles.
Os olhos dela têm um
brilho lindo.
– Tudo bem, prefiro isso.
Voltamos a correr, nossos pés pisando o solo juntos, nossas respirações iguais.
Aqui e
agora, sou apenas um cara correndo com uma garota e, nossa senhora, como eu a
desejo.
–Vou parar. Vou ficar muito dolorida amanhã, então prefiro ir
dormir agora do que você ter que me carregar de volta ao hotel mais tarde.
– anuncia ela.
– Eu não me importaria.
No elevador do hotel, várias outras pessoas entram conosco e, instintivamente,
abaixo
mais o gorro.
– Segure o elevador! – grita um casal, e Anastasia aperta o botão até que eles
entrem.
Seguro os quadris dela e puxo-a para mais perto quando eles entram. Então,
abaixo a
minha cabeça, fecho os olhos e sinto o cheiro dela. Meu corpo esquenta na mesma
hora,
e eu fico tão excitado, imagino-me tirando o top dela e passando minhas mãos
por sua
pele até pegar seus seios…
– Está se sentindo melhor? – pergunta ela, a voz de alguma forma diferente da
de
costume.
– Sim. – Abaixo ainda mais a minha cabeça e quero beijar atrás da orelha dela.
Chegando ainda mais perto, desejando que ela não se afaste, coloco a minha boca
a um
milímetro de sua pele. – E você?
O cheiro dela neste momento faz a minha boca encher d’água. O suor fica muito
bem
nela. Ela está suada e deliciosa e eu quero passar a minha língua em seu
pescoço. Minha
mão fecha em seus quadris, e preciso me forçar a soltá-la quando chegamos ao
nosso
andar e saímos do elevador. Ela vai para o quarto dela, eu me dirijo para o
meu, e logo
estou embaixo do chuveiro, e coloco a água o mais gelada possível, abrindo a
boca para
que a água bata na minha língua, que ainda formiga depois de sugar o tubo de
eletrólitos
que ela acabara de passar pela sua língua. Envolvo as mãos em mim mesmo e fecho
os
olhos. Merda, eu quero ela. Quero colocar isto nela. Esfregar nela, enfiar
dentro dela.
Aperto todo o meu comprimento e depois jogo o corpo para trás de forma que a
água
fria escorra pelo meu corpo e me acalme. Não adianta. Então tenho que pensar
nos meus
pais. Na final. Em Scorpion. E, finalmente, estou frio o suficiente para me
ensaboar.
Quando saio para me enxugar, ouço vozes femininas do lado de fora. Visto uma
camiseta e calças de moletom e atravesso o corredor até a cozinha.
– Ei, Chris, olhe o que conseguimos para você – anuncia Taylor da sala de
estar, e abre
os braços.
Duas garotas estão paradas ali.
– Chris – sussurra a loura.
– Arrebentador – murmura a ruiva.
Contraindo o maxilar, balanço a cabeça e pego meus fones de ouvido na mesa de
jantar, onde deixei hoje de manhã.
– Venha, cara, elas vão fazer um showzinho especialmente para você. – Sawyer me
segue até a cozinha, onde pego água de coco na geladeira.
– Não estou a fim hoje.
– Ok. Você quer outra coisa. Mas relaxa com a gente, cara.
Suspirando, sento e dou um gole na minha bebida enquanto as garotas começam um
tipo de dança. Uma senta no meu colo. A outra dança em cima da mesa de centro.
Ela
tem tudo no lugar certo, e está me mostrando tudo de boa vontade. Mas o que eu
quero
ver é Anastasia com sua roupa de treino, com sua joelheira, seus peitinhos
balançando para
cima e para baixo enquanto corre. Não. O que eu quero ver é a bunda da Anastasia
sem
calcinha pra mim. Quero que os olhos
dela brilhem de desejo. Quero saber o tamanho, a
forma, a textura e o gosto dos mamilos dela, e quero mergulhar todas as minhas
partes,
meu pau, minha língua, meus dedos, dentro da boceta dela e quero que ela esteja
molhada.
Caralho, quero que esteja tão molhadinha que quero escutar.
Batem na porta.
– Qual é o problema? – A garota no meu colo faz beicinho. – Um passarinho nos
contou
que você queria brincar com a gente, Chris.
– O quê? – Sawyer pergunta para quem está do outro lado da porta.
Fico tenso quando escuto uma voz abafada, e meu pau fica duro como aço quando
me
dou conta de que é Anastasia.
– Quem é? – pergunto quando Sawyer fecha a porta. Empurro a piranha do meu colo
e
vou até ele.
– Parece que Anastasia perdeu alguma coisa.
– O que ela perdeu? – Tenho certeza absoluta de que ela deve ter visto a
dançarina, e
tenho certeza absoluta de que não quero que ela ache que coloquei as minhas
mãos em
outra mulher que não seja ela.
– Não sei, cara! Ela se enganou! – grita ele.
Vou para a porta, e quando não vejo nem sinal dela no corredor, sigo para o seu
quarto. Pego a maçaneta e envolvo com a minha mão, e juro que ainda está
quente.
Encosto minha testa na porta e meu coração acelera enquanto tento escutar
alguma
coisa do lado de dentro, mas não tem nenhum barulho.
Fico parado ali como um tolo. Pensando na respiração dela enquanto corria
comigo. Na
forma como o rabo de cavalo dela balançava quando seus sapatos atingiam o solo.
A
visão daqueles lábios rosados em volta do tubo de eletrólitos da forma que eu
quero que
fiquem em volta de mim.
Não sei quanto tempo fico parado ali, mas estou lá quando um casal de idosos
passa e
fica me olhando com pena, como se eu fosse um pobre coitado jogado para fora do
próprio quarto. Merda, como eu gostaria que aquele fosse o meu quarto. Volto
para a
suíte, pego meus fones de ouvido que estão em cima da bunda da loura, e sigo
para meu
quarto. Os rapazes continuam festejando do lado de fora. Sei que estão
decepcionados,
mas eu não me importo. Coloco os fones de ouvido e olho para o teto enquanto a
música
toca. Levei uma surra hoje. Coloquei o meu corpo sob uma pressão imensa; mas eu
não
sinto isso. A única coisa que sinto é essa maldita dor dentro de mim que, de
alguma
forma, quero que alivie em um passe de mágica. Estou rijo e pulsando e me
perguntando
se ela me deseja, se fica molhadinha quando pensa em mim.
Os rapazes acham que estou obcecado por ela, que posso ficar maníaco a qualquer
momento e que, mais uma vez, estou destruindo a minha vida como sempre faço.
Eles estão tão certos, nem rio mais quando eles me avisam.
* * *
Tive um sonho erótico.
Acordei no meio da noite, agarrando o colchão, murmurando o nome dela. Me
segurei
pra não gozar. Fiquei acordado, soquei o travesseiro, gemi de frustração e
enchi a
banheira com água gelada, depois mergulhei ali e fiquei até que o sol nascesse.
Nunca fui muito bem-humorado de manhã, mas hoje o meu mau humor e minha
frustração sexual me seguem como uma nuvem com relâmpagos em cima da minha
cabeça.
Meus sparrings? Esses caras têm peitinhos e vagina. Não conseguem fazer uma boa
luta, e o treinador? Fica zangado quando derrubo os dois.
– Eles são sparrings, Grey. Se tivesse parado de nocautear os caras e se
divertisse e
trabalhasse seus movimentos, você ainda teria alguém com quem treinar hoje. Mas
agora, não há mais ninguém.
– Então pare de me arrumar essas bichonas, treinador – cuspo com raiva. – Mande
o
Sawyer aqui pra cima.
– Nem mesmo se ele fosse suicida. Eu preciso dele amanhã, e consciente.
– Tudo bem, Chris. Tenho uma coisa para você – chama o homem em questão de
repente, batendo palmas. – E tenho certeza de que ele não vai nocautear esse
sparring,
treinador – anuncia Sawyer, e então aponta alegremente para Anastasia.
Vejo que Anastasia – Anastasia Steele, entre todas as outras pessoas – está
subindo no
ringue comigo. Quero rir. É como colocar um gatinho para lutar com um leão, mas
não rio
porque ela está usando uma roupa de lycra preta que molda cada curva do seu
corpo.
Meus olhos analisam-na, e meu corpo todo é tomado. Ela começa a se aproximar,
balançando os quadris e parecendo furiosa, como se realmente quisesse me
machucar.
Eu gosto tanto dela que meu peito dói ao fitá-la.
Gosto de seus olhos, sua boca, seu sorriso, as coisas que diz. Gosto de seus
pequenos
dentes branquinhos, suas mãos pequenas e fortes. Suas pernas musculosas de
corredora.
O tom da sua pele, bronzeada e adorável. Gosto da forma como ela usa o cabelo.
Sinto-me atraído por cada centímetro dessa mulher e cada dia é um desafio
manter as mãos
longe dela quando meus instintos gritam para eu tomá-la.
– Não fique rindo assim. Posso derrubá-lo com os pés – avisa ela.
Ela é tão graciosa que não posso deixar de sorrir.
– Isso aqui não é kickboxing. Ou você vai morder também?
Ela levanta a perna e eu me esquivo com facilidade, levantando uma sobrancelha.
Bem, será que ela está com raiva de mim?
Ela chuta de novo, e eu me esquivo, depois a observo andar à minha volta e
pular
enquanto se aquece. Ela claramente está tentando me deixar tonto, e ela não só
é muito
boa – ela parece fantástica fazendo isso. Quero ficar aqui parado o dia todo e
deixá-la
rodar em volta de mim e até me socar se quiser. Ela tenta um soco. Sou muito
bem
treinado. Meu corpo se move no automático. Meu braço salta para pegar o punho
dela no
ar com a palma da minha mão.
– Não – critico baixinho, e dobro os
meus dedos sobre os dela e ensino como dar um
bom soco. Ela tenta e eu concordo. – Agora, use o outro braço para se proteger.
Logo ela está atacando, corada e excitada, os olhos faiscando. Anastasia pode
atacar o
quanto quiser – enquanto isso, eu observo seus peitinhos atrevidos pularem para
cima e
para baixo. Ela quer que eu lhe ensine um novo movimento? Tudo bem, então.
Ensino,
aproveitando para tocá-la o máximo possível. Ela aprende rápido, mas há algo
obscuro e
sedento em seus olhos. Eles têm um brilho letal quando olham para mim. Não sei
o que
ela está tramando, mas se ela já fosse minha, eu a beijaria com tanta força que
ela se
esqueceria de tudo além da forma como eu mexo a minha língua dentro da sua
boca.
Ela dá um soco no meu abdômen, e fico tão surpreso pela sua agilidade que
pisco.
– Sou boa demais – provoca ela.
Porra, essa foi a coisa mais sexy que uma mulher já fez comigo. Ela está me
socando.
Fico distraído agora. Aqui está ela. No meu ringue. A primeira mulher a subir aqui
comigo, e tenho certeza de que Deus a fez corajosa desse jeito para que pudesse
me
enfrentar. Sou egoísta assim. Acho que tudo nela foi feito para mim. Sinto-me
seu
proprietário. Seu dono. Quero reivindicá-la. Quero derrubá-la, despi-la e
prendê-la
embaixo de mim.
Ela começa a gingar e uiva no momento em que seu pé bate no meu tênis. Na mesma
hora, eu a seguro pelos braços, franzindo a testa sem entender nada.
– O que foi isso?
Ela faz uma cara furiosa.
– Você deveria cair.
– Você está brincando comigo, né?
– Eu já derrubei homens muitos mais pesados do que você!
– Uma porra de uma árvore cai mais fácil do que Chris, Anastasia – grita Sawyer.
– Bem, isso eu já vi – resmunga ela, depois coloca as mãos ao lado da boca e
grita: –
Obrigada pelo aviso, Sawyer.
Estou tão irritado que ela se machucou comigo, enquanto ela pula de um pé só
até o
canto, onde me sento em uma cadeira e puxo-a para o meu colo para que eu possa
examinar o seu tornozelo.
– Você fodeu seu tornozelo, não foi? – E depois ela diz que eu sou imprudente?
Que deixo que machuquem meu corpo de propósito? Será que ela achou que era
melhor
do que meus adversários no ringue, ou o quê?
– Parece apenas que mandei de um jeito errado todo o meu peso ao meu
tornozelo– admite ela.
– Por que você me bateu? Está com raiva de mim? – quero saber.
Ela faz uma careta.
– E por que estaria?
Merda, eu sei que ela está com raiva – não sou idiota – e quero saber que
diabos eu
fiz. Ela não está gostando de mim neste momento, então não tenho a menor chance
quando ficar maníaco. Pior. Quando eu ficar deprimido como um idiota perdedor.
– Me diga você.
Ela abaixa a cabeça e prende a respiração, suor brilhando no seu pescoço.
– Ei, alguém pode trazer um pouco de água aqui? – grito.
Sawyer traz um Gatorade e uma garrafa de água e coloca no chão.
– Estamos finalizando – informa ele, depois se vira para dar uma boa olhada
nela. –
Você está bem, Anastasia?
– Ótima. E me chame amanhã, por favor. Não vejo a hora de voltar ao ringue com
este
cara.
Enquanto Sawyer ri, examino o tornozelo dela com os meus dedos, espetando sua
pele.
– Isso dói, Anastasia? – pergunto com a maior gentileza possível, e então ela
junta seus
dedos aos meus em seu tornozelo.
– Você pesa uma tonelada – afirma ela. – Se você fosse um pouco menos pesado,
eu
teria derrubado você. Eu até derrubei meu instrutor.
– O que você quer que eu diga? – Confuso, procuro uma resposta no rosto dela,
desejando saber no que ela está pensando.
– Que sente muito? Para consolar meu orgulho ferido?
Balanço a cabeça. Irritado por ela tentar tal proeza logo comigo.
Inclinando-se, ela
pega o Gatorade e abre a garrafa enquanto se endireita, e o sangue de repente
ferve nas
minhas veias quando ela bebe. O pescoço dela, a forma como seus tendões longos
e lisos
trabalham enquanto ela engole, droga. Meu pau incha dolorosamente embaixo da
bunda
dela, e com uma voz rouca por causa do tesão, não consigo resistir e pergunto:
– Posso tomar um pouco?
Quando encosto a boca no gargalo, está molhado com a saliva dela, e a forma
como
ela me observa beber faz minhas bolas doerem. Quero jogar essa porra fora e
beber
diretamente da sua boca. Em vez disso, devolvo o Gatorade e me certifico de
tocar nos
dedos dela ao fazer isso, porque sou um diabo que precisa de contato. Meus
olhos ficam
fixos nos dela enquanto roubo aquele toque que me atinge como uma flecha no
braço, e
nenhum de nós está rindo.
Ela tenta se levantar, e na mesma hora pego a garrafa e coloco no chão, depois
passo
o braço pela sua cintura.
– Deixa eu ajudar você, vamos colocar gelo nisso aí.
Ela se apoia em mim quando a tiro do ringue e a ajudo a sair do ginásio, seu
braço em
volta da minha cintura.
– Está tudo bem – ela fica repetindo.
– Pare de discutir – ordeno baixinho.
Ela continua com o braço à minha volta quando entramos no elevador do hotel,
então
a seguro do meu lado conforme subimos. De perfil, o nariz dela é lindamente
delicado, e
aquela boca rosada, macia e sempre curvada de uma forma que me tenta a
beijá-la. O
cheiro dela roça as minhas narinas, e como se tivesse vontade própria, meu
nariz abaixa
e tenta encontrar a fonte daquele cheiro delicioso. Deus do céu, quero lamber
todo
aquele suor sexy do pescoço dela.
Um dos firmes peitos dela pressiona na minha costela, e eu não consigo afastar
meu
pensamento dali. Estou dolorosamente ciente da forma como aquele doce peitinho
roça
na lateral do meu corpo enquanto saímos do elevador.
– Ei, cara, pronto para a luta? – pergunta um funcionário do hotel do outro
lado do
corredor, e levanto o polegar para ele quando nos aproximamos do quarto dela.
– A chave – sussurro para ela.
Ela pega e, em silêncio, tiro da mão dela, enfio na fenda e ajudo-a a entrar. A
primeira
cama tem uma tonelada de fotografias familiares na mesa de cabeceira. Coloco-a
na
segunda cama e pego um balde de couro.
– Vou pegar gelo.
– Está tudo bem, Chris, farei isso mais tarde – protesta ela.
Abro o ferrolho da porta para impedir que ela se feche e atravesso o corredor
para
encher o balde até a metade de gelo. Quando volto para o quarto, coloco um
pouco de
água.
O rosto dela está corado de vergonha quando ajoelho aos seus pés e coloco o
balde no
tapete, e o preto do seu macacão só valoriza ainda mais o tom rosado de sua
pele. Tiro o
tênis e a meia dela, depois fecho os dedos em volta do músculo de sua
panturrilha e levo
o pé até o gelo.
– Quando melhorar, vou mostrar como me derrubar – sussurro, levantando meu
olhar
até o dela. Hummm... eu poderia comê-la. Comê-la. Ela está mordendo o lábio
inferior,
os olhos arregalados, e quase vulnerável enquanto me deixa colocar seu pé onde
a água
se iguala às da Antártida.
– Muito frio? – pergunto.
Parece que os pulmões dela estão fechando.
– S-sim.
Lentamente, afundo mais seu pé, e ela fica completamente tensa, toda a cor some
de
seu rosto. Fico dividido entre parar de torturá-la e curar seu tornozelo.
– Mais água?
Ela balança a cabeça e, então, me surpreende ao enfiar todo o pé na água.
– Oh, que merda! – exclama ela, arfando. E eu sei que deveria segurar o pé dela
o
tempo todo, mas meu instinto de protegê-la é tão forte que puxo o pé dela para
fora
encostando sua pele no meu abdômen para sugar todo o frio dali com o calor do
meu
corpo. Meus músculos contraem com o choque, e os olhos azulados arregalados se
fixam
no meu rosto, surpresos. Cada um dos dedos de seu pé está cravado na minha
carne, e
eu tive tanto sucesso ao ensinar o meu corpo a aguentar a dor, que quero que
eles se
afundem mais. Envolvo o peito do pé dela com meus dedos e o pressiono contra
mim.
Ela parece sem fôlego. Por causa do frio. Ou por minha causa? E também soa sem
fôlego.
– Não sabia que você era um podólogo, Chris.
– É um fetiche meu.
Dou um sorriso preguiçoso, depois pego um cubo de gelo e passo gentilmente pelo
tornozelo dela. Certifico-me de que a pele dela não queime conforme passo o
gelo em
círculos lentamente, para que eu consiga escutar a respiração dela acelerar.
Mudo a
forma como seguro seu pé e esfrego meu polegar pelo arco enquanto continuo
acariciando-a com o cubo de gelo.
Sinto em mim a voz dela tremer, como se fosse uma pena me acariciando por
dentro.
– Você faz as mãos também?
Levanto meu olhar e a vejo na cama, me olhando como uma mulher olha para um
homem quando quer se entregar, e o caçador dentro de mim está pronto para
deixar que
ela saiba, pelo meu tom de voz, o que estou pensando, o que realmente quero,
quando
digo:
– Deixe-me cuidar de seu pé primeiro, depois eu cuido do resto de você.
Continuo brincando com o gelo. E quando o pé dela escorrega pelo meu abdômen é
como se fosse uma carícia; choques elétricos tomam conta do meu corpo.
– Sente-se melhor? – pergunto com a voz rouca, e minha cabeça está gritando
para eu
beijá-la. Ela parece querer também. Sua boca rosada está entreaberta. Seus
olhos
brilham, quentes, enquanto ela me encara. Os pés dela estão no meu abdômen – e
não
por acaso. Minhas mãos estão segurando seus pés, e minha vontade é inclinar a
minha
cabeça e lamber seus dedos, o arco de seu pé, subir pela sua perna. Quero tirar
aquele
macacão de seu corpo, sentir sua pele com meus lábios, meus dedos, minhas mãos.
Sinto-me atraído por sua força e sua doçura, sua coragem que me faz querer
empurrá-la
e provocá-la, que me tira da minha própria caverna, de dentro dos meus muros,
mesmo
que apenas para persegui-la e trazê-la para a minha caverna junto comigo.
Não sei o nome disso, ou talvez eu saiba.
É a única coisa na minha vida com a qual não quero lutar.
Pela primeira vez na vida, estou pensando em outras coisas além de transar e
lutar.
Quero cuidar dessa garota. Fico pensando em como quero transar com ela com
força e
beijá-la com suavidade, abraçá-la apertado e sugá-la gentilmente, quando ela
abruptamente me diz:
– Está perfeito agora, obrigada.
Começamos uma luta de puxa-empurra pelo pé dela enquanto ela tenta soltá-lo, e
eu
não quero soltar, e então a porta abre e Gail aparece.
– Aí está você. Devo alimentá-lo agora para que possa se recarregar para
amanhã.
Encaro Anastasia, sem entender nada, e a forma como ela me olha como se eu
tivesse
imaginado a nossa conexão. Mas que porra! Agora mesmo, eu teria apostado a
minha
vida que ela me queria tanto quanto eu a queria. Jogo o gelo no balde e abaixo
seu pé.
– Desculpe-me por seu tornozelo – digo. Ela queria que eu me desculpasse, então
me
desculpei. – Não se preocupe se não conseguir ir para a luta.
– Não, a culpa não foi sua. Eu vou ficar bem – ela responde logo.
Ainda estou confuso quando fico de pé.
– Vou pedir para Taylor lhe arranjar uma muleta.
– Eu vou ficar bem. Bem feito para mim por me meter com uma árvore – responde
ela
enquanto me encaminho para a porta.
Paro e olho para ela, tentando decifrá-la, e por um momento ela me encara, parecendo
tão confusa quanto eu.
– Boa sorte, Chris – diz ela.
Sendo atingido por uma carga de frustração, penso em atravessar o quarto e
calar sua
boca com a minha, dar nela um beijo molhado e intenso, para que não reste
nenhuma
dúvida na sua cabeça de que ela é minha. Em vez disso, passo os dedos pelo meu
cabelo
e saio, indo direto para a minha suíte, onde sei que encontrarei Taylor no
laptop ou no
celular.
– Mande alguém dar uma olhada no tornozelo de Anastasia. Arranje muletas para
ela. E
use dois carros amanhã depois da luta, quero Anastasia sozinha. – Cruzo a sala
de estar em
busca de comida.
Taylor liga para a portaria.
– Você quer o Escalade ou quer que alguém dirija para você? – O grito dele me
encontra na cozinha enquanto procuro a comida que Gail preparou.
– Quero um motorista, quero ficar com as mãos livres.
adoro a história na visão dele
ResponderExcluirmais
ResponderExcluirmais
mais
pfv
O homem está aso o pavio
ResponderExcluirPrestes a explodir 🔥🔥🔥
Coitados,estão reprimindo o desejo que sentem, quero ver quem vai ceder primeiro
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