LPA Capítulo 12

em segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

 Capítulo 12



VENHA COMIGO

Ana
Estamos voando para Denver agora.
Taylor e Sawyer estão na frente com Gail e Lupe, e eu estou na parte de trás do avião com Christian. Ele está ouvindo suas músicas, mas eu não, e tento ouvir a conversa acalorada entre Taylor e Sawyer. Christian ficou sem treinar por quatro dias, mesmo quando Sawyer nos acordou naquele dia. Fui me trocar e esperei lá embaixo, mas Christian não apareceu. E não saiu de seu quarto em nenhum dos dias seguintes.
Exceto por mim.
Há algo acontecendo entre nós, e estou com medo de dar um nome pra isso. Nas últimas quatro noites, ele veio me buscar no quarto e me levou para o dele, onde, neste último dia, ficamos o dia todo.
Nós nos beijamos como se isso fosse o que estivéssemos esperando, o que no meu caso era verdade. Kate havia mandado um SMS depois da minha mensagem de texto bêbada, na qual eu falava de fazer sexo com Chris. Ela queria saber se eu iria dar à luz vários filhinhos de Christian. E eu não sei bem o que andamos fazendo, mas a forma como ele me beija faz parecer que sou o crack dele, e é como se ele ficasse chapado comigo. Logo que chegamos à cama, sua boca se funde à minha e não escapa mais. Seus braços me prendem ao seu corpo como se eu o ancorasse no solo. Me sinto como sua âncora, e ele parece tão poderoso e excitante quanto um salto de paraquedas.
– Os pontos dele não conseguem mantê-lo em primeiro lugar para sempre – murmura Sawyer agora, e não há dúvidas sobre o perigo iminente em sua voz. – Ele já está em segundo, beirando o terceiro. Ele não pode faltar nem uma única noite e não pode mais perder nenhuma luta.
Desafivelando o cinto de segurança, chego até eles com a testa franzida.
– O que há de errado?
Fico de pé no corredor e apoio o ombro na parte de trás do assento de Gail.
– Christian não pode mais perder nenhuma luta. Este campeonato se regula pelos pontos, então se a gente pretende alcançar o primeiro lugar, ele não pode perder mais nenhuma luta e isso ele certamente não vai suportar.
– Ele não vem comendo – diz Gail tristemente.
– E não tem treinado – acrescenta o treinador, amargamente.
– E os olhos dele ainda estão escuros.
Fico abismada com o comentário de Taylor, mas sim... Nos últimos dias, os olhos de Christian estão de fato escuros, mas a gente também não tinha dormido. Ficamos nos beijando como maníacos a noite inteira e nossos corpos estavam entrelaçados, e ficamos pedindo o serviço de quarto porque não consigo fazer com que ele concorde que alguém de sua equipe entre no quarto. Fico olhando para os rostos tristes e Sawyer balança a cabeça.
– Se ele sai com aqueles olhos negros do diabo pra lutar, e uma pequena parte dele não concorda com o que o juiz diz, ele pode socar o babaca de vez.
Enrugo a testa.
– Não seja ridículo. Ele conhece as regras. E ele não é uma máquina de treinar 24/7. Deixe ele se recuperar. Ele treina até mesmo aos domingos e está perigosamente perto de ficar sobrecarregado. Todo atleta precisa de um tempo de inatividade.
– Chris não é um atleta comum, se ele não treinar ele fica acelerado – diz Taylor.
Reviro os olhos, cansada de ouvir esse termo.
– Existe alguma coisa que não o deixe acelerado?
– Na verdade, sim. Paz e sossego. Mas ele não vai se transformar em um monge dentro em breve, não é?
Sério, não vejo o que há de tão errado no fato de ele tirar um tempo para descansar. Alguns dos meus amigos atletas ficam completamente deprimidos depois de uma competição. Tudo o que sobe tem que descer uma hora, e os neurotransmissores, por vezes, podem ficar um pouco malucos.
– Olhe, existe um ponto até onde você forçar o seu corpo, especialmente do jeito que ele força. Então, ele deixou de ir a uma luta? Grande coisa. Sua força provavelmente vai melhorar com o repouso de uns dias e ele vai chutar a bunda de todo mundo em Denver.
Eles não conseguem responder e ficam me olhando em silêncio, e sei que eles estão se perguntando o que diabos está acontecendo entre nós, uma vez que Christian está agindo de forma muito possessiva em relação a mim, olhando para Taylor quando ele conversa comigo, até mesmo com Sawyer quando ele se ofereceu para ajudar com a minha mala, há apenas algumas horas. Christian se apressou para pegá-la e ainda perguntou se Sawyer não tinha nada mais para fazer do que
ficar olhando para mim.
Sim, eles parecem desesperados para saber o que está acontecendo entre mim e Christian. Mas já que eu mesma não tenho ideia, acho que todos nós vamos continuar com essa dúvida.
Suspirando, me viro em silêncio para voltar e, quando o faço, tomo a consciência de que ele está me olhando.
Existe alguma coisa muito masculina naqueles olhos enquanto me observa voltando para o assento. É um olhar escuro e possessivo, que dispara uma ondulação pelas minhas terminações nervosas. Sou levada de volta para as quatro noites que passamos na suíte presidencial, quando trancamos o mundo do lado de fora. Foi como a Bela e a Fera, exceto que foi minha vontade me trancar com a Fera, para que pudesse me beijar, aquela linda criatura que me tortura de desejo.
Quase gemo ao lembrar. A mão de Christian deslizando pela minha garganta. Seus olhos semicerrados quando olha para mim. Nossa respiração entrecortada. Sua boca quente e úmida e sem vergonha de me beijar. Ele apenas me beija, beija minha boca, minha garganta e meus ouvidos, ele lambe e saboreia, e aciona todos os tipos de sensações em meu corpo.
Me lembro de gemer. Me lembro da maneira que ele sorri ao som prolongado, e da forma como fica sério e intenso quando volta a me provar e chupa meu lábio inferior e, depois, morde e suga a pele da minha garganta. Lembro seu corpo pressionado contra o meu, e minha vagina latejante com a proximidade de sua ereção. Nossas línguas. Quentes e desesperadas, girando e procurando. Eu o desejo tanto que só consigo pensar nisso. Acho que implorei na noite passada, “Por favor...”, mas estava tão drogada com o tesão que nem tenho certeza. O que eu sei é que ele para às vezes, quando a respiração está rápida demais, e toma um banho de água fria.
Mas ele volta, em calças de pijama ou nas sexy boxers, e mais uma vez envolve meu corpo com o tamanho protetor do corpo dele, apenas para dobrar aquela cabeça de cabelos castanhos e continuar me torturando. Ele fode minha orelha com movimentos lentos e profundos de sua língua. E faz o mesmo com minha boca. Lambe e prova a minha garganta. Minha clavícula. Ele me deixa tão quente, que meus dentes batem quando sinto o ar frio na minha carne. O tesão desce pelas minhas coxas. Meus mamilos ficam duros como diamantes. Ele trabalha em mim até um ponto onde um simples gole de sua boca me faz gemer profundamente, como se eu tivesse acabado de ser penetrada.
Ele está me levando muito devagar, e me sinto como uma adolescente virgem, embora não seja nem uma coisa e nem outra. Mas me sinto desejada, e ligada a ele como fazem os animais. Sinto como se já tivesse sido capturada e presa, e ele está simplesmente me condicionando, esperando com ansiedade pelo momento em que dará em mim a sua primeira mordida.
Não posso suportar isso, é sério, e estou molhada até mesmo agora.
Nós não falamos muito quando “nos conectamos” em seu quarto. Sinto que ele está em seus dias de homem das cavernas, e compreendo. Ontem, ele sequer me deixou sair do quarto, e me manteve presa em sua cama, uma escrava indefesa de seus beijos.
Quando precisamos parar, às vezes ouvimos música, ligamos a tevê ou comemos, mas acima de tudo, nos beijamos.
Há vezes em que não ouço nada a não ser os sons dele me beijando, e os dois ofegantes, tomando fôlego. Na noite anterior à da partida, eu estava tão preparada no momento em que ele veio me buscar no meu quarto que quase pulei em seus braços. No momento em que se afundou em sua cama, minhas mãos já estavam em seu cabelo, a minha língua empurrando desesperadamente em sua deliciosa boca, e quando ele respondeu com um grunhido animal e um beijo poderoso que sugou minha língua febril, senti, a cada vez que me sugava, pequenas agulhadas de prazer cutucando meu clitóris sensibilizado. Ele incha e palpita quando nos beijamos, e entro em delírio só de lembrar. Agora, mesmo o menor olhar que ele me dá já me deixa palpitando. Quando ele olha para os meus lábios. Quando ele enfia a mecha de cabelo
atrás da minha orelha. Sei que estamos apenas enviando nossas glândulas suprarrenais para o inferno, fazendo isso.
Segurar a saída desse desejo não é saudável, mas não posso impedi-lo. Na verdade eu quero mais. Quero que ele pare, porque estamos sofrendo, e quero que ele vá em frente até que me veja em seus braços, queimada até as cinzas de tanto tesão por ele.
Eu o quero. A cada hora, minuto e segundo.
Eu o queria na primeira noite, quando tentei me fazer uma lavagem cerebral e fingir que não. E agora eu o quero como quero respirar, comer, viver uma vida feliz, ver a minha irmã de novo, estar satisfeita no meu trabalho. Eu o quero como quero viver meu presente, sem medo do que possa, ou não, acontecer amanhã.
Nem tenho medo de que ele vá me machucar. Sei que isso vai doer.
Quando eu voltar para casa, quando isso tiver que parar, vai doer. Nada dura para sempre e eu sei disso melhor que ninguém.
Mas o medo nunca foi um amigo meu.
Quando decidi que ia competir nas pistas, não fui com medo de que poderia perder, ou de que iria romper meu joelho e perder uma década de minha vida treinando para nada. Você vai atrás de alguma coisa porque você deseja isso demais, a ponto de fazer todos os esforços para consegui-la, e até mesmo arriscar algumas perdas enquanto a persegue. Agora, todos os esforços do meu corpo parecem se concentrar naquela extrema necessidade física de ficar perto desse homem.
Isso é tão esmagador quando eu o ajudo a alongar... A necessidade de senti-lo incorporado dentro de mim, onde ele faz doer, é tão grande que não sei mesmo o que fazer, e preciso parar.
Mesmo agora, percebo que sentei ao lado dele o mais perto que pude sem que fique em cima dele, toda a extensão de meu jeans rosa apertado na coxa encostada no jeans da coxa dele, e ele sorri o sorriso de covinhas que faz enrolar
meus dedos, porque acho que ele gosta de me sentir perto dele. Christian tira os fones de ouvido e então inclina a cabeça para mim, como se pedisse silenciosamente que lhe contasse o que está acontecendo.
– Eles estão preocupados com você.
Ele se vira para manter o meu olhar.
– Comigo ou com meu dinheiro?
A pergunta tranquila parece tão íntima quanto os sussurros dele quando me beijou na noite passada, quando sussurrou beije-me e me chamou de linda e me disse que eu cheirava gostoso.
– Com você e seu dinheiro – respondo.
As covinhas surgem de novo, mas apenas brevemente, aparecendo como se dois anjos apertassem as bochechas magras.
– Eu vou ganhar. Sempre ganho.
Sorrio, e quando seu olhar cai para o meu sorriso, a consciência da minha própria boca me provoca.
Meus lábios estão inchados e vermelhos por causa dele. Seus olhos ficam ainda mais escuros quando ele os estuda, e um arrepio passa por meu corpo. Tento sufocar esse arrepio, ao mesmo tempo que luto para não olhar para aquela linda boca, tão deliciosamente rosada e mais grossa por causa de meus beijos.
– Você quer correr hoje, pra se aprontar pra amanhã? – pergunto, e isso exige todo o meu esforço para eu me focar em outra coisa que não seja o fogo me consumindo.
Ele balança a cabeça.
– Você está cansado? – pergunto.
Ele assente com olhos tristes, a voz baixa, mas não pesarosa.
– Tão cansado que mal consigo levantar da cama.
Concordo com a cabeça em compreensão, porque eu sinto um pouco disso também. Não quero levantar.
Especialmente com esse enorme homem musculoso na mesma cama, onde eu quero apenas me torturar mais uma vez com o meu desejo por ele.
Eu me inclino para trás, sinto o ombro dele contra o meu descansando no encosto, e quero me enrolar como fiz ontem à noite, quando a gente não conseguia parar de se beijar e só dormiu apenas algumas poucas horas. Acho que ele percebe que estou cansada também, e muda um pouco de posição para que eu possa encostar a cabeça nele.
E me passa uma canção.
Estou com muita preguiça de lhe passar uma das minhas, então só escuto. A linda “Come Away with Me” de Norah Jones começa a tocar, com sensualidade, propondo que eu faça exatamente o que o título sugere.
O tom é tão sexy e me lembra tanto de nossas noites juntos, nossos momentos roubados em beijos, que me dá uma febre. De repente, ele se inclina para tentar ouvir através dos meus fones de ouvido, e quando sinto o cheiro de seu perfume masculino perto de mim, meus músculos latejam dolorosamente apertados. De imediato pego meu aparelho e seleciono uma música que tem tocado na rádio ultimamente, sobre um boxeador que é forte e luta incrivelmente bem. Eu queria tocar “Iris” para ele. Queria tocar algo que implorasse para que ele faça amor comigo. Mas a equipe está preocupada, e sei que tudo o que estamos fazendo durante a noite não é propício para o bom desempenho atlético. Não importa o quanto eu deseje esses momentos e anseie pelo lugar onde isso nos está levando, não posso sabotar Christian
assim. Ele é muito importante.
Observo o seu perfil enquanto ele escuta. Sua expressão é ilegível à primeira vista. Quando finalmente levanta a cabeça, seu olhar é escuro e conturbado.
– Você me mostrou uma música sobre um lutador?
Concordo com a cabeça.
Ele joga o iPod de lado com uma careta. Então, alcança meus quadris, me arrasta para seu colo e minha respiração para quando sinto o quanto inequivocamente ele me quer.
– Me mostre outra – exige.
O olhar primitivo em seus olhos me faz tremer.
Balanço minha cabeça.
– Não podemos continuar fazendo o que estamos fazendo, Christian. Você precisa do seu sono – sussurro.
– Dê-me outra canção, Anastasia.
Ele é tão teimoso que me dá vontade de me afastar, mas na verdade... Isso me excita. Ele quer as minhas músicas tanto quanto quer meus beijos, e isso me provoca. Tudo bem, então. Se ele quer mesmo, temos que ir até o final nesta noite e fazer amor, e não apenas ficar nos provocando sem consumar. Então, acho “Iris” e toco para ele. Me endireito e fico olhando seu rosto enquanto ouve. Está ilegível mais uma vez, mas quando levanta a cabeça, seus olhos são torpedos de calor. Sua ereção é feroz debaixo de mim, e sinto seu coração pulsando ritmicamente lá. Na sua dureza.
– Idem – diz ele.

– Para quê?
Seus olhos espiam os outros passageiros antes de pegar o meu cabelo e puxar minha cabeça para baixo para que ele possa lamber meus lábios de um lado para o outro com a língua.
– Para a letra.
Tremo e me afasto.
– Christian... Eu nunca tive um caso antes. Não vou te compartilhar. Você não pode ficar com mais ninguém enquanto estiver comigo.
Ele acaricia um polegar sobre meu lábio inferior úmido, seu olhar intenso.
– Nós não vamos ter um caso.
Fico olhando em silêncio, certa de que acabei de ouvir um órgão do meu corpo rachando no meu peito.
Suas mãos se fecham em torno de mim, e ele me esmaga em seu corpo quando desliza o nariz ao longo de minha orelha.
– Quando eu tomar você, você será minha – ele diz, uma promessa suave no meu ouvido. Desliza o dedo ao longo do meu maxilar, em seguida, delicadamente beija minha orelha. – Você precisa ter certeza. – Seus olhos são tão quentes que estou em chamas por causa do desejo, e a palavra “minha” faz o lugar vazio entre minhas pernas inchar de vontade. – Quero que você me conheça em primeiro lugar, e depois quero que me diga se ainda deseja que eu a tome.
A palavra “tomar” também está tendo um efeito. Sou apenas uma grande massa de necessidade pulsante.
– Mas eu já sei que quero você – protesto.
Ele olha para os meus lábios com uma intensidade feroz, então nos meus olhos, seu olhar tão triste e atormentado que fico atordoada com a escuridão que vejo. Passa então a mão pelo meu braço nu, acordando todos os pelinhos lá.
– Anastasia, eu preciso que você saiba quem eu sou. O que sou.
– Você teve toneladas de mulheres sem esse requisito – imploro.
Suas mãos grandes engolem minha bunda enquanto ele me puxa mais perto novamente, seus olhos cheios de necessidade, devorando minhas particularidades e me afogando em suas profundezas.
– Este é o meu requisito com você.
Um flash selvagem de vontade se rasga em mim quando entendo o que ele está me dizendo.
Ele não vai me ter agora.
Mesmo que seja tudo o que penso. Tudo o que quero.
Hoje já estou à luz do dia, e ainda estou vivendo na última cama em que estive, com ele, com sua boca devorando a minha.
Ele quer que eu o conheça, e quero conhecê-lo, mas se eu o conhecer e se eu passar a gostar dele um pouco mais do que já gosto, nossa conexão emocional será tão forte para mim que não voltarei a ser quem eu era antes dele.
Ele é poderoso fisicamente, mas emocionalmente, ele me derruba.
Não aguento mais isso. E ele também não deveria aguentar.
Sentindo um peso estranho em meu peito, me inclino em seu ouvido e sussurro:
– Nós não podemos mais continuar assim, Chris. Não quando seu campeonato está ameaçado. Então, ou venha me buscar hoje à noite pra fazer amor comigo, ou me deixe em paz para que nós dois possamos descansar.
Espero que essa ameaça provoque uma reação. Ele é um homem. Este é um convite aberto para fazer sexo descomplicado, exatamente o que um homem deseja. Estou deixando as coisas fáceis para ele, aceitando-o “do jeito que ele é”, sem perguntar nada. Ou ele vai resolver as coisas comigo na cama e ficar apto a treinar amanhã, ou terá uma noite de sono sem mim. E detesto notar que ele não parece se mexer para escolher a opção de fazer amor, que era honestamente aquela que rezei para que ele escolhesse. Ele apenas estuda o meu rosto com olhos que hoje não estão azuis.
– Tudo bem – responde com um sorriso, que não sei bem se alcança seus olhos. Ele se coloca do meu lado, pega seu iPod, liga sua música e não me dá outra canção.
Quer dizer, acho que não vou dormir com ele.
Uau.
Acabo de partir meu próprio coração.
***
Estamos em Los Angeles agora, e o clima aqui é tão abençoado pelos deuses que minha vontade é ficar na rua o dia todo. Gail e eu somos colegas de quarto novamente e adoramos tomar café da manhã na pequena varanda.
Na verdade, desde que viemos da fria Denver há quase uma semana, voltamos a dividir o quarto depois do meu idiota ultimato a Christian: ‘faça-amor-comigo-ou-morra’. Embora eu não estivesse assim tão animada de saber que não seria mais
colega de quarto dele para ser deliciosamente “tomada” à noite, Gail estava tão animada quando chegamos ao nosso quarto que ela realmente pulou e me abraçou.
– Você devia dividir um quarto comigo mais vezes!
O que aconteceu é que Christian havia reservado para nós a suíte presidencial desta vez, e então cada uma de nós tinha seu próprio quarto, e dividíamos uma sala de estar e uma área para jantar. Eu ainda não sabia se queria suspirar, ou rir, ou chorar. Era assim que ele me deixava.
Na noite em que chegamos, me lembro de seu corpo em minhas mãos, sua pele nua suada sob meus dedos, e foi tudo o que pude fazer para me manter em controle quando esfreguei sua nuca. Aproximei minha boca para falar bem baixinho, atrás de seu ouvido:
– Eu poderia saber por que Gail e eu estamos na suíte, Christian?
Ele me deixou virar seu pescoço para um lado, depois para o outro, meus dedos raspando levemente em sua mandíbula áspera com a barba de um dia, e não respondeu.
– Você não pode fazer isso, Christian – acrescentei.
Mas ele virou a cabeça devagar e me tocou nos lábios de modo que cada parte do meu corpo se lembrava de ter os lábios sobre eles.
– Eu desafio você a me deter – disse ele, e em seguida, pegou a toalha e foi embora.
Simplesmente não o entendo.
Sinto falta de conversar com Kate.
E sinto falta de conversar com Alayna, também. Ela sempre foi a irmã caçula afins, ou apaixonada, por um garoto, e tenho certeza de que ela saberia explicar por que diabos um homem incrivelmente sexy que está solteiro e é saudável e claramente responde fisicamente a você não aproveita a oportunidade para fazer sexo com você.
Se eu fosse um pouco menos confiante, estaria enfrentando todos os tipos de complexos nesta altura.
Estou até pensando se meu corpo não é mais atraente, com o pouco de gordura que ganhei nos últimos anos. Talvez o meu cabelo precise de um novo corte, diferente do jeitão liso que uso. Eu poderia fazer um reflexo?
– Pare de ficar se olhando, você fica linda usando qualquer coisa – diz Gail nesta manhã, quando me pega checando a minha bunda no espelho de corpo inteiro na entrada do nosso quarto.
Eu rio, mas não é engraçado.
Christian colocou Gail e eu em uma suíte presidencial novamente em Los Angeles. Não quero uma suíte. Mas o que eu quero, ele não vai dar.
Nunca deixei ninguém me fazer sentir assim.
Eu costumava me sentir bonita, e se um homem concordava ou não, isso não era da minha conta. Eu gostava de mim mesma, e isso era suficiente.
Agora estou um pouco triste durante o dia, quando Gail me encontra olhando para uma parede estúpida, me perguntando impotente o que Christian poderia pensar de mim.
Esta é a nossa terceira noite em LA, e ele ainda está em segundo lugar em pontos, mas está lutando como um campeão. Seus treinos foram os melhores que já vi, e tudo isso depois que seus olhos voltaram a ficar azuis em Denver.
Ele treina como um animal. Horas e horas com o treinador, e então ainda parece tão brilhante como o sol, quando vem me pedir para correr com ele à noite. A energia em seus músculos explode como dinamite com cada movimento que ele faz, e quase posso ver a sua fonte de ATP – o trifosfato de adenosina, encarregado de transportar a energia química em todas as nossas células – se reciclando tão rápido em seu corpo que nem parece que leva os usuais oito segundos para se reciclar. Nunca o vi tão focado. Tão forte. Ou tão magnífico.
Cada parte de mim percebe.
Cada uma.
Para meu desespero.
Taylor e Sawyer atiçam.
– Anastasia! – chama Taylor quando entro no Underground de tarde. Aqui em LA, o ringue da luta está situado no porão de uma das casas noturnas mais frequentadas da cidade, e eles estão esperando uma casa cheia de mais de mil pessoas.
– Venha até aqui, precisamos de você – Taylor me chama para o vestiário.
Todo o pacote sexy de Christian Grey está sentado em um banco na extremidade enquanto o treinador envolve sua mão direita com fita adesiva.
Nunca vou me acostumar com a sensação que tenho quando olho para ele. Nem a que tenho quando ele está prestes a lutar.
Me sinto tensa como uma mola e mais apertada do que um nó triplo.
Ele tem o seu Dr. Dre tocando, e acho que ele faz isso para entrar em modo de combate e se desligar de tudo em volta.

– Venha, Anastasia, e relaxe um pouco o homem.
Sawyer e o treinador me cumprimentam com acenos de cabeça, e noto que, no instante em que Christian me vê, ele conecta os polegares nos fios do fone de ouvido e os puxa para baixo, prendendo-os ao redor de seu pescoço. O olhar que trocamos é de fato intenso, e não sorrimos um para o outro. O sorriso de resposta que eu tinha dado a Sawyer e pro treinador desaparece do meu rosto quando o heavy metal que Christian estava ouvindo invade a sala.
Silenciosamente, eu me inclino para pausar o iPod, então vou pra atrás dele e ataco os ombros, trabalhando metodicamente com meus dedos em seus músculos.
Encontrei alguns nódulos nos deltoides posteriores e nos trapézios, os quais eu tinha trabalhado ontem mas que voltam sempre, por isso trabalho em ambos uma vez mais. Ele geme no instante em que minha pele nua toca a dele. Deus.
Aquele baixo ronronar é como uma preliminar para mim, penetra em cada parte feminina de meu corpo, especialmente aquelas assoladas pela necessidade. Minhas bochechas começam a arder enquanto o treinador, Taylor e Sawyer me observam.
Abaixo o rosto para que eles não vejam que eu corei e resisto à vontade de afastar as mãos.
– Mais fundo. – O comando áspero de Christian me alcança, e meu ventre se aperta impotente quando obedeço.
Meu polegar encontra um grande nódulo, então trago o outro polegar para pressionar com ambos. Chris deixa sua cabeça pender para frente e respira profundamente, e quando o nódulo se desintegra sob a pressão, seu gemido vibra profundo dentro do meu abdômen.
– Boa sorte – sussurro em seu ouvido, puxando para trás meus dedos que estão formigando do contato que tinha acabado de fazer.
Ele olha para mim quando se levanta, sem sorrir, e seu olhar se detém no meu de forma intensa, e minha mente se esvazia de tudo, naquele azul de seus olhos, no preto das pupilas e no comprimento dos cílios.
Estende os braços para Sawyer colocar as luvas pretas de boxe, um requisito de hoje, e depois bate as duas juntas. Um alerta na porta diz “Arrebentador”, e ele assente.
Chris enfia os braços no roupão de cetim vermelho e trota para fora em direção ao amplo salão que leva para o ringue, e uma fazenda inteira de animais se levanta em meu estômago, não só as borboletas. Respirando e expirando com força, espero um momento para me recobrar antes de ir para lá e tomar meu assento entre os espectadores.
O barulho é ensurdecedor. Taylor me disse esta manhã que os fãs estão pirando porque Chris não lidera o
campeonato, e parece que houve muita procura por bilhetes para hoje à noite. Com os dezesseis últimos candidatos, esta é primeira noite em que Chris vai lutar com Scorpion até o final. Scorpion está em primeiro lugar agora, e meus nervos estão me matando.
– Ei – diz Taylor, me empurrando suavemente para frente enquanto vem atrás de mim. – Vá lá pra cima. O homem vai procurar por você.
De alguma foram consigo o impossível, rir e erguer as sobrancelhas.
– Vai nada!
As sobrancelhas dele se erguem em aparente descrença.
– Ele luta melhor quando você assiste, e até o treinador concorda com isso. A testosterona dele sobe às alturas quando ele está contato com você, Anastasia. Venha.
Odiando a emoção que dispara como um raio em minhas veias, eu me arrasto rapidamente ao ringue quando ouço chamarem Scorpion.
– Benny, o Black Scorpiooooooonnnn!
Era o sujeito odioso que incitou Christian no clube, e eu o odeio com tanta força que encaro todo mundo que o aplaude. Estou a apenas alguns passos de alcançar o meu assento, preparada para ser muito paciente porque esta noite vai ser brutal, quando vejo, do outro lado do ringue e por entre as pernas de Chris, um rosto no meio da multidão.
O rosto é oval, de pele cremosa e tem um par de olhos azulados. Olhos semelhantes, na cor, aos meus. Olhos que, até onde eu sabia, eram de Alayna.
Minha irmã de 21 anos.
Alayna.
A mesma que mandou um postal recentemente da Austrália. Alayna, cujos cabelos foram pintados de vermelho, em vez de seu castanho suave normal. Alayna, que tem uma enorme tatuagem negra e feia de um escorpião em sua bochecha esquerda. Alayna, que parece perdida e doente e o completo oposto da animada garota que eu conhecia. Por um momento, estou no meio deste grande salão, olhando para ela, enquanto fico dizendo a mim mesma, mais e mais, que essa não pode ser Alayna.
Ela parece mal.
Muito, muito mal.
Como se a vida tivesse sido sugada para fora dela, e tudo o que restasse fossem falsos cabelos vermelhos, pele e ossos.

Ela me vê, e meu estômago afunda quando reconheço, sem sombra de dúvida, que é ela mesma. O reconhecimento também brilha nos olhos dela, e a mão voa até a boca para cobri-la.
– Alayna – engasgo, e sem pensar duas vezes, corro até ela, empurrando as pessoas para o lado enquanto soa o gongo.
A multidão no salão irrompe em aplausos e gritos, e meu coração trota freneticamente dentro do meu peito, quando Alayna gira o corpo e empurra uma multidão de pessoas em um esforço surpreendente para ficar longe de mim. Ela está se misturando no meio da multidão, na escuridão, e eu estou desesperada:
– Alayna? Espere, Alayna!
Não posso acreditar que ela esteja fugindo. De mim. E não consigo acreditar que todos os traços da juventude desapareceram de sua outrora vibrante face.
Minha irmã.
Com quem dividi um quarto até conseguir o meu lugar.
Que costumava assistir a Orgulho e preconceito comigo.
De repente, o homem corpulento que estava de pé à direita dela me agarra e me puxa de lado, quando tento passar.
– Fique longe dela – rosna ele.
Paralisada em um misto de surpresa e medo, esqueço todos os meus movimentos de autodefesa, exceto o da virilha.
Mudo o lado do peso do meu corpo e dou uma joelhada nele.
– Me solte!
Ele se dobra, mas não me libera. Suas mãos apertam convulsivamente em meus braços.
– Sua putinha, ela é propriedade de Scorpion – ele suspira, e acho que aquela coisa molhada na minha bochecha era uma cuspida dele.
– Ela não é propriedade dele! – Luto ferozmente para me libertar enquanto enxugo a bochecha com a manga da blusa.
Uma nova onda de vaias e gritos irrompe com força total em toda a sala quando o locutor grita através dos alto-falantes:
– O vencedor, Scorpion! Scooooooorpiooooooon! Christian Grey foi desclassificado nesta rodada! Desclassificado!
O inferno desaba e, de repente, algo pega aqueles torniquetes em meus braços e me liberta com um impulso fácil.
Então sou puxada para trás e um par de braços musculosos e bronzeados me esmaga contra um peito familiar. Cada centímetro do meu corpo o reconhece, e eu respiro aliviada.
Até me lembrar de Alayna.
Ofegante, luto com força renovada.
– Não, Christian, me solta, preciso ir atrás dela! – Vendo que era inútil, tento me retorcer em seu apertão. – Me solta, Christian, me solta, por favor!
Mas como a multidão enfurecida se aglomera ao nosso redor, ele me segura mais perto e diz em meu ouvido:
– Agora não, pimentinha.
Sua voz é baixa e calma, mas a advertência me faz instantaneamente parar de me contorcer. Usando um braço, ele me enfia ao seu lado e nos empurra através do aglomerado de gente, seu corpo grande intimidando a multidão.
Essa multidão que, pela primeira vez na minha vida, grita insultos em meu rosto.
Eles me agarram quando passamos.
– Cadela. A culpa é sua, sua vadia estúpida!
Meus olhos se arregalaram em horror ao absorver os rostos assassinos de fãs de Christian, e estou tão assustada que me enrolo em seus braços e deixo que ele me leve sem uma única reclamação. Taylor, Sawyer e o treinador esperam por nós no carro.
– Que merda! – O treinador começa assim que as portas do carro se fecham e a limusine começa a rodar.
– Você caiu para terceiro. Terceiro, talvez quarto – informa Taylor sombriamente, entregando a camiseta e o moletom que ele geralmente usa depois de uma luta.
– Você teria acabado com esse, Chris. Você estava treinando bem pra caralho e teria acabado com ele, cara.
– Já entendi, treinador, agora relaxe. – Christian enfia-se com rapidez em suas roupas sem tirar os calções de boxe, então imediatamente me puxa para seu lado como se tivesse medo de que eu fosse saltar do carro.
Ele esfrega a mão pelo meu braço arranhado enquanto calmamente encara os três homens furiosos diante de nós, mas estou tão agitada que me contorço para me livrar e deslizo até a janela, de onde olho para todos os rostos do lado de fora da boate em busca de Alayna.
Somado à minha decepção de ter arruinado completamente a luta de Christian vem um incrível senso de culpa pela minha
irmã. Como não vi que minha irmã estava em apuros? Como pude ter aceitado aquela besteira de ela nos ter alimentado, o ano inteiro, com aqueles postais?
– Você está em sua pior classificação em anos, cara, sua concentração está uma merda!
– Taylor, já entendi. Eu não vou estragar isso.
– A Anastasia devia ficar no hotel na próxima luta – murmura Sawyer.
O riso de Christian pinga puro sarcasmo.
– Anastasia vem comigo.
– Chris... – Taylor tenta argumentar.
Quando chegamos ao hotel, entramos todos no mesmo elevador e estou agitada enquanto observo os andares subirem mais devagar do que nunca. Não sei o que fazer sobre Alayna, só sei que tenho que fazer alguma coisa. As portas se abrem em meu andar e ouço Taylor falar com Chris enquanto desço, e a resposta áspera de Chris atrás de mim:
– Taylor, vamos conversar mais tarde, depois que os três se acalmarem.
– Volte aqui, Chris, temos que conversar.
– Falem com as paredes.
Desesperada para fugir, entro na suíte mas o escuto bem atrás de mim.
– Você está bem?
Ele tranca a porta e aquele visual sexy que usa depois das lutas, o moletom e a camiseta que abraça seus músculos, e aquele lindo rosto bronzeado e preocupado, com o cabelo castanho despenteado, fazem meu coração dar uma guinada e as minhas pernas querem correr para ele, para que eu possa sentir a força de seus braços em volta de mim novamente.
Quero desesperadamente seus braços me abraçando agora, quando minha mente gira em todas as direções, sofrendo com o que aconteceu. Mas sei que não mereço isso, em primeiro lugar. É óbvio que ele fodeu tudo por minha causa, e como se não fosse o suficiente eu me sentir inadequada e indigna dele, agora ainda tenho que conviver com o fato de que ele caiu para terceiro ou quarto lugar por minha causa. Deus...
Ele parece tão forte e poderoso quando fica parado na minha frente, suado e com as veias dos braços suados bombeando seu sangue saudável, que fico desesperada para que ele me diga que minha irmã vai ficar bem. Mas ele ainda não sabe sobre minha irmã, e depois de tê-lo desclassificado, ele é o último homem no mundo a quem eu deveria estar pedindo apoio.
Respirando fundo, minha mão treme quando aponto a porta para ele.
– Vá falar com Taylor, Christian.
Tenho notado que a sua voz às vezes parece mais grossa quando ele fala comigo, mais do que com qualquer outra pessoa, mas desta vez está ainda mais grossa do que o habitual.
– Quero falar com você primeiro.
Ele fica, mas nenhum de nós diz alguma coisa. Estou ocupada tentando formular um pedido de desculpas por foder a luta, e, ao mesmo tempo, estou relutante em aceitar a culpa, uma vez que não pedi a ele para vir atrás de mim!
Christian caminha agitado, passando os dedos pelo cabelo e descendo-os até a nuca. E os deixa cair, com um suspiro.
– Anastasia, não consigo lutar e ficar de olho em você.
– Christian, eu tinha tudo sob controle – insisto.
– Meu cu, que tinha tudo sob controle!
Seu tom de voz me causa surpresa, e não deixo de notar os punhos que acabou de formar com as mãos e a postura assustadoramente desafiadora que ele adotou. A nuvem de fúria pairando acima de sua cabeça só serve para que a minha própria nuvem também apareça, como vingança, e salto para o modo de defesa.
– Por que todo mundo está olhando para mim como se fosse minha culpa? Você deveria estar lutando contra o Scorpion!
Suas sobrancelhas saltam sobre os olhos.
– E você deveria estar no seu lugar na porra da fila à minha esquerda!
– Que diferença isso faz? Você vem lutando há anos sem eu estar na plateia! O que importa onde eu estou? – De repente, não se trata de Alayna, tanto que nem sei de onde está vindo, mas está doendo no meu peito como uma ferida aberta. – Eu não sou nem uma aventura, Christian! Sou sua empregada. E em menos de dois meses, nem isso, vou ser nada para você. Nada.
De repente, ele parece completamente irritado, e aperta as mãos até que os dedos ficam brancos.
– Quem é aquela garota que você estava perseguindo? – ele exige saber, seu rosto uma máscara de angústia.
– Minha irmã – deixo cair a minha voz para um sussurro, de repente odiando minha própria fraqueza e minha explosão emocional.

– O que sua irmã está fazendo com o capanga do Scorpion?
– Talvez ela esteja se perguntando a mesma coisa sobre mim – respondo com um riso amargo.
Ele ri também, mas devo admitir que a risada dele é infinitamente mais amarga do que a minha.
– Não me confunda com um fodido como ele. Posso estar fodido, mas aquele cara come virgens e as cospe como vômito de cobra.
Ainda mais incomodada ao ouvir isso, começo a andar, lembrando-me do rosto dela. Meu estômago se embrulha com a ideia de ela ser sabe Deus o quê para um doente como aquele.
– Oh, Deus, ela parecia horrível...
Há silêncio, e ouço então a porta se abrir. A voz de Christian tem agora um novo timbre, grave e incomodado, como se alguma emoção poderosa o tivesse tocado.
– Você não é assim, nada, para mim.
A porta se fecha e sinto uma dor me apertando quando as palavras se acomodam. Estou tão confusa que, de repente, quero pedir-lhe para voltar e me abraçar. Não. Quero pedir-lhe para voltar e fazer amor comigo.
Mas não faço isso, e fico apenas olhando para o local que ele tinha acabado de ocupar na sala desta suíte de luxo, que ele alugou para os dois membros femininos de sua equipe. Estou tão abalada que levo um momento para registrar suas palavras e seus significados, e ligá-las à possibilidade muito real de ele sair em busca do homem que possui a minha irmã,
em vez de sair para conversar com Taylor e Sawyer.
Estimulada à ação pelo pensamento, saio depressa do meu quarto e vou bater rapidamente no dele.
– Onde ele está? – pergunto à primeira figura na porta.
– Nós estávamos prestes a ir fazer essa mesma pergunta pra você – diz Sawyer, de olhos tristes.
– Será que ele vai entrar em uma briga? – pergunto alarmada.
– Sério, Anastasia, a gente acha que você é uma menina legal, mas você deixou o cara mais tenso do que...
– Deixa isso pra depois, Sawyer! Acho que ele pode ter ido procurar Scorpion. Onde posso encontrá-lo?
– Filho da puta! Nem bem saímos de uma e ele vai se meter em outra. Putaqueopariu!
Não há tempo para esperar que eles façam um plano. Corro para o elevador atrás dele, percebendo como fui idiota ao envolver Christian nesse lance com a minha irmã.
Scorpion e Christian, obviamente, têm estado na garganta um do outro por algum tempo, e a última coisa que preciso é dar motivo a Christian para ir brigar com ele fora do ringue. Vou ter que encontrar um jeito de resgatar Alayna daquele terrível inseto por mim mesma.
Na rua, o hotel está cercado por uma imensa multidão de pessoas, incluindo fotógrafos. Flashes estouram em torno de mim quando saio pelas portas giratórias.
– É ela, por culpa dela ele foi desclassificado nesta noite!
Vejo algo voando em minha direção e abaixo, mas é tarde demais. Há um forte impacto na cabeça, seguido de outro estalo quando algo me acerta no estômago. Um cheiro de enxofre me atinge. Ovos? Ótimo...
Lindo!
Abaixando-me quando outro ovo voa em minha direção, cubro a cabeça e dou as costas para a multidão enquanto corro para o manobrista.
– O cara forte com quem acabei de chegar, pra onde ele foi?
O manobrista é um cara jovem, e os olhos dele se arregalam quando olha por cima da minha cabeça para outro lugar:
– Está há cerca de dez passos de distância, bem atrás de você.
Outro ovo me acerta no ombro quando me viro, e Christian se parece com um anjo vingador vindo em minha direção.
Seus olhos queimam de raiva quando percebo que seus fãs estão me chamando de ‘puta’ e ‘cadela’, e ele rapidamente se vira e bloqueia outro ovo, que ouço estalar em suas costas.
Ele me agarra e me esconde como se eu não pesasse nada, então levanta a voz e gira ao redor, com raiva.
– É por causa desta mulher que eu ainda estou lutando!
Um súbito silêncio cai sobre a multidão, e a voz enraivecida de Christian continua a se fazer ouvir.
– Da próxima vez que subir no ringue, vou vencer em nome dela. E quero que todos vocês que a magoaram hoje levem uma rosa vermelha e entreguem a ela dizendo que eu enviei.
O silêncio não dura um segundo a mais.
Gritos eclodem. Aplausos e saudações. E acho que o que está fazendo mais comoção é o meu coração: uma coisa alada flutuando contra o meu peito em completa confusão e descrença com relação ao que ele acabou de dizer.
Ele me leva de volta para o hotel e me carrega pelo saguão, os ombros quadrados e os braços curvados para o meu corpo, de alguma forma me protegendo. De repente, estou tão atordoada por esta noite que começo a rir. É uma espécie
de riso nervoso, mas é riso, enquanto ele aperta o botão do elevador várias vezes.
– E dizem que os fãs de Justin Bieber são loucos – eu digo, com falta de ar por causa do choque.
Sua voz é áspera quando ele limpa as cascas de ovo de minha roupa.
– Peço desculpas em nome deles. Eu os desapontei hoje.
Meu sorriso desaparece quando percebo que sua rápida respiração irritada faz tremer o cabelo solto no topo da minha cabeça. É quente e perfumada como ele, e me arrebata. Como tudo o mais que é dele.
Forçando-me a não tremer em seus braços, prendo minhas mãos ao redor de seu pescoço firme e fico grata quando o casal pensa que somos um casal de jovens bêbados e cheios de tesão, e decide não entrar no elevador conosco. Não quero que ele me deixe ir ainda. E penso que o que finalmente decidiu a coisa toda foi a expressão assassina de Chris quando ele se virou para eles, como se fossem os únicos a jogar ovos em nós, enquanto segurava a porta aberta com um braço e me segurava contra o peito com o outro:
– Vocês vão entrar?
E ambos instantaneamente recuam e dizem:
– Não.
Agora estamos sozinhos e não consigo parar de pressionar o nariz em seu pescoço.
– Obrigada.
Ele me aperta mais e me sinto tão segura aqui que acho que quero fazer daqui a minha nova casa. Acho que se tivesse conhecido esse homem no dia em que arrebentei meu joelho, e ele me segurasse assim, o joelho não teria importância. O importante seria ter seus braços ao redor de mim.
Taylor e Sawyer ainda estão em sua cobertura quando ele desliza a chave na porta e me transporta para dentro.
– O que diabos está acontecendo, Chris? – pergunta Taylor.
– Deem o fora, os dois – diz Chris segurando a porta para eles, e eu espero. – Eu faço o que quero, entendido?
Os dois homens olham para mim por um momento, e ambos parecem tão assustados quanto eu.
– Entendido, Chris – Sawyer tenta dar uma resposta humilde quando passa por ele.
– Então, não se esqueçam disso.
Christian bate a porta e a tranca para que ninguém, nem mesmo aqueles que tenham a chave, possam entrar na suíte, e me leva para o banheiro do quarto principal. Admito que não estou pronta para soltá-lo, e quando aperto meus dedos na nuca, ele recebe a mensagem e mantém um braço em volta de mim enquanto abre o chuveiro.
A água começa a cair, e ele arranca os sapatos, tira os meus, e, em seguida, entra debaixo da água comigo em seus braços.
– Vamos tirar essa merda de você. – Ele corre suas grandes mãos sobre o meu cabelo molhado, e eu acabo deslizando para baixo, sobre meus pés. A água parece incrível na minha pele, e quando ele tira o meu vestido e o passa sobre a minha cabeça, sinto suas mãos ensaboadas esfregando em todos os lugares, mesmo sobre minha calcinha. Mordo meu lábio e tento bloquear o seu toque, mas ele se filtra dentro de mim. É tudo o que posso sentir, ou saber, ou pensar.
Já não me preocupo mais se Taylor e Sawyer me odeiam, nem se fodi a luta de Christian. Se os fãs dele me odeiam. Se minha irmã não quer me ver. Se tenho saudades de Kate. Se não posso correr mais. Se em breve estarei sem trabalho.
Tudo o que interessa é este homem, meu corpo imóvel enquanto espero, segurando a respiração só para ver o que ele fará em seguida. Onde suas mãos vão deslizar. Que parte de meu corpo irá sentir seus dedos molhados na minha carne fervente.
Ele me toca metodicamente, e embora eu esteja sem fôlego com seu toque, ele nem parece afetado. Christian estende meus braços para cima e desliza sabonete em minhas axilas, entre minhas pernas, passa no meu pescoço, então saca sua camiseta e esfrega-se rapidamente. Seus poderosos ombros se movem, e a visão de seus mamilos me excita.
– Não posso acreditar que suas fãs me chamaram de puta – digo, tentando não pensar que estou quase nua no chuveiro. E que ele está apenas com a calça de moletom, sem camisa, com todos os músculos molhados.
Ele rapidamente lava seus cabelos.
– Você vai sobreviver.
– Devo fazer isso?
– Sim, deve.
Ele vem passar xampu em meu cabelo, e sua atenção, tão desejada, agora está apenas em mim e meu cabelo.
– Elas me odeiam – digo. – Não serei mais capaz de ir ver suas lutas, com medo de ser linchada.
Ele gira a cabeça do chuveiro num ângulo que desagua diretamente em mim. Fecho os olhos e deixo que as bolhas de sabão escorram pelo rosto, e quando abro os olhos, Christian está olhando diretamente para mim. A água desce pelo queixo quadrado e se prende nos cílios quando ele afasta uma mecha de cabelo molhado de minha testa, e me dou conta de minha pulsação acelerada.

Os olhos azuis ficam descansando nos meus, e estão milhares de vezes mais brilhantes do que o habitual. Ele está tão molhado quanto eu, e de repente segura meu rosto em suas mãos e me olha profundamente. Ele está respirando com dificuldade. Seus olhos deslizam pelo meu nariz até a boca. Ele acaricia meus lábios com a ponta do dedo grosso e calejado. E posso sentir esse toque em cada célula do meu ser.
– Isso nunca vai acontecer – diz ele, em um estranho sussurro quente.
A fraqueza sobe pelas minhas pernas e está assumindo cada grama de minha força de vontade. Nunca almejei o olhar de alguém como desejo o dele. Nem precisei de um toque como preciso do dele. Ou nunca quis nada tão ferozmente como eu o desejo.
Minha garganta dói ao falar:
– Você não devia... Ter dito aquilo sobre mim, Christian. Elas vão achar que você e eu... Que nós iremos... – e balanço a cabeça, consciente de como meus dedos formigam na água com o desejo de tocar seu cabelo molhado.
– Ter dito que você é minha?
Esse “minha” em seus lábios, dito com esses olhos azuis olhando nos meus, faz meu estômago se contrair com o doloroso desejo não correspondido. Eu rio.
– O que é tão engraçado? – Ele empurra a porta de vidro e envolve uma toalha em torno de seus quadris, deixando suas calças molhadas baterem no chão e, em seguida, também a sua camiseta. Ele volta, me cobre com uma toalha grande e me puxa para a cama. Me coloca no centro, a sua voz com uma pitada de riso, mas seu rosto carrancudo. – A ideia de ser minha é engraçada?
Chega junto sob a minha toalha e tira minha calcinha, e depois meu sutiã, então esfrega a toalha no meu cabelo e depois no meu corpo, os olhos azuis não mais brilhando.
– A ideia de ser minha tem graça? – Ele cobre os meus seios com a toalha e me seca, ainda me olhando. – É engraçada, Anastasia? – insiste, olhando fixamente nos meus olhos.
– Não!
A palavra é apenas um suspiro quando o desejo sobe através de minhas terminações nervosas. Meus quadris inclinam-se quando ele começa a me secar entre as minhas pernas, e não posso evitar ficar com tesão absoluto.
Ele corre a toalha por todo o comprimento das minhas pernas, e eu umedeço meus lábios enquanto ele inclina a cabeça, e os meus ossos se tornam líquidos com o desejo incandescente. Ele parece especialmente obcecado em secar meu joelho ruim. A toalha é quase como que apaixonada quando ele esfrega minha cicatriz. Uma febre queima o caminho da toalha quando eu o observo, impotente.
Uma gota de água se prende a um de seus mamilos marrons e preciso de toda a minha força de vontade para lutar contra uma necessidade profunda de me erguer e sugá-la em minha boca. A gota d’água. E o mamilo.
Meu coração bate quando estico a mão para tocar o alto de sua cabeça.
– Você já foi de alguém? – um leve sussurro no quarto silencioso.
Ele levanta a cabeça até a minha, e o desejo é tanto que me sinto consumida por dentro, como se ele já tivesse possuído a minha alma, e agora minha alma esperasse que ele possuísse o meu corpo.
Uma poderosa emoção assume seu rosto quando ele envolve meu rosto em suas mãos, e há uma ferocidade inesperada em seus olhos, em seu toque.
– Não, e você?
Os calos em suas mãos raspam minha pele, e me vejo colocando meu rosto mais profundamente nelas.
– Nunca quis.
– Nem eu.
O momento é íntimo. Pesado com coisas não ditas. Carregado de algo sem nome, saltando entre nós. Dele para mim.
De mim para ele.
Ele arrasta o dedo pelo meu queixo como se o estivesse memorizando.
Arrepios percorrem todo o meu corpo, desde seu polegar, que vai diretamente para meu abdômen, enquanto ele continua a acariciar meu rosto, o tempo todo me olhando com aqueles devastadores e belos olhos azuis de tirar o fôlego.
Sua voz é de veludo na minha pele.
– Até que eu vi esta linda garota em Seattle, com grandes olhos azuis, e lábios carnudos rosados... E me
perguntei se ela poderia me entender...
Meu peito se infla com suas palavras inesperadas, e quando ele inclina a cabeça mais perto, seu olhar quase pedindo permissão, fico no limite com a sobrecarga sensorial quando o cheiro de sabonete e xampu e água se prende às minhas narinas.
A ânsia por seu toque palpita em mim, mas em vez de chegar mais perto, ele pega a toalha e a coloca sobre o meu corpo e me cobre com cuidado. Sua voz é áspera, com emoção.
– Quero dizer tantas coisas, Anastasia, e simplesmente não consigo encontrar as palavras pra contá-las a você.

Ele coloca a testa na minha e inala profundamente. Devagar, ainda me inspirando, ele arrasta o nariz ao longo do comprimento do meu.
– Você me deixa ansioso. – Ele aperta a minha boca contra a dele. Brevemente. Em seguida, se afasta, respirando com dificuldade, e me olha com os olhos de pálpebras pesadas. – Quero tocar milhares de músicas diferentes para que você tenha uma ideia do que... Eu sinto dentro de mim...
Uma necessidade crua avança através do meu sangue, meus nervos, meus ossos, quando ele acaricia com seu polegar o meu queixo e ao redor de minha orelha. Um arrepio percorre meu corpo quando ele desliza o dedo indicador em meu lábio superior. Acaricia livremente toda a minha parte inferior também, e eu fico gemendo baixinho. Há uma dor em meus mamilos, meu sexo molhado, meu coração.
Ele segura meu rosto entre as mãos, encaixando meus lábios suavemente nos dele enquanto chupa minha língua em sua boca, sugando com força.
Gemo e seguro seus ombros com minhas unhas, trancando-o para mim.
– Por que você não vai e me toma, Christian?
Ele geme e me puxa para mais perto.
– Porque eu quero muito você.
Sua língua mergulha contra a minha, e as sensações despertam dentro de mim enquanto ele inclina seu corpo sobre o meu, a pele úmida e quente, a toalha caindo para minha cintura e meus seios ficando achatados por seu diafragma.
Suspiro em sua boca enquanto ele me puxa para mais perto e continua seu ataque sensual com os lábios.
– Mas eu o quero tanto, e estou protegida... – tento persuadir, suplicante. – Sei que você está limpo. Você faz exames o tempo todo e eu...
Estremeço ao sentir seus músculos do peito contra as pontas sensíveis de meus mamilos, duros e inchados. Meus quadris inclinam-se por puro instinto, e eu sou apenas uma mulher. Buscando meu macho. Sua dureza. Seu toque. Não posso respirar, não posso pensar, quero ele, ele, ele.
Um orgasmo não é o que eu quero e sei disso. O que eu quero, preciso, é muito mais do que isso. É a conexão. O contato emocionante com este ser humano, um ser que me instiga como nenhum outro. Sinto falta de seu toque, seu beijo. Não me importo se ele me dá apenas um pouco do que pode dar, eu estou morrendo de fome para ser alimentada, e meu corpo nunca esteve tão faminto.
– Quero você na minha cama novamente. Quero te beijar, te abraçar. – ele geme.
– Não posso mais fazer isso, por favor, faça amor comigo... – imploro.
Pressionada contra ele quando avidamente pega minha boca, mudo meu corpo de posição até que uma de suas pernas fique encravada entre as minhas coxas.
Ele mordisca meus lábios, as mãos passando pelo meu cabelo. Estou tão desesperada que arranho seus braços enquanto esfrego meu sexo contra sua coxa. Sensações disparam. Eu choro, sentindo a tensão em seus ombros, o veludo suave de seu peito enquanto ele me devora, e no primeiro toque de meu sexo contra o músculo de sua coxa, explodo.
Tremendo incontrolavelmente, sinto quando ele se retesa de surpresa com minhas poderosas convulsões. Suas mãos rapidamente se espalham nas minhas costas e me achatam a ele enquanto levanta a perna e prende seu músculo em meu clitóris, sua boca voraz engolindo todos os meus gemidos.
Quando termino, ele prende meu cabelo para trás e parece muito íntimo. Sua voz. Íntima. Amena, com ternura.
– Será que isso foi tão bom quanto parecia? – Seus dedos se arrastam ao longo da minha bochecha em um toque suave, e ainda não há ar suficiente nos meus pulmões para gritar com ele.
Eu odeio. Ele.
Sinto como se desse tudo pra ele, e não recebesse nada de volta, embora fosse eu a receber prazer. Prendendo com raiva a toalha em torno de mim, olho ao redor do quarto, para tudo, menos para o odioso e belo rosto dele.
– Garanto que não vai acontecer de novo – sussurro, em meu embaraço completo e total.
Ele beija meu ouvido, sua voz rouca.
– Vou garantir que aconteça.
– Não conte com isso. Se eu quisesse ter um orgasmo sozinha, poderia ter dado conta sem dar um show para ninguém. – Com a toalha presa ao meu peito, sento-me e pergunto: – Posso pegar uma camisa emprestada?
Lentamente, os lábios sobem em uma covinha, uma espécie de sorriso arrogante que me faz suspeitar que ele gosta da ideia de me ver vestindo suas coisas, e se dirige ao seu armário, enquanto espero que ele volte e sinto todos os tipos de sensações devassas.
Seu lindo torso ainda está um pouco úmido, e não consigo parar de admirar a forma como a toalha abraça seus quadris estreitos. Seu corpo é a perfeição. Sua bunda desafia a gravidade, é tão perfeitamente apertada, redonda e muscular. Toda vez que eu o vejo usando qualquer tipo de roupa, babo um pequeno oceano.

Quero vê-lo nu e tocá-lo e, mais uma vez esta noite, sinto ódio porque não vou ser capaz de dormir com o tormento de querer senti-lo dentro de mim. Será que vou querer ficar aqui apenas para dormir? Desejando aquilo que ele não está pronto para me dar?
Não, eu não vou dormir com ele esta noite, só para beijar como adolescentes, avançando mais e mais, sem chegar aos finalmentes...
Não.
Claro que não.
Quero que ele faça amor comigo. Quero isso. Dele. Droga. Que ódio que ele consiga se controlar e se segurar enquanto eu estou completamente desfeita por causa dele.
Ele me dá uma camiseta preta que eu já tinha visto ele usar antes, em nosso primeiro voo para Atlanta.
– Serve esta? – pergunta ele, olhos azuis oniscientes e profundos.
Visto, sentindo o tecido descer ao longo de minha pele e sentindo o despertar de arrepios por todo o meu corpo. Ele permanece parado ao pé da cama, e seus olhos me sondam. São olhos íntimos, os olhos que me viram nua e que fazem meu sexo doer tanto que sinto como se estivesse me contorcendo.
– Venha comer alguma coisa comigo – diz ele, e eu o sigo pela suíte, nem um pouco relaxada, mesmo após o orgasmo incrível que ele me deu.
– Vamos ver o que Gail deixou para você – digo a ele enquanto estudamos o conteúdo do compartimento aquecido na cozinha. Ele tira a tampa do prato e eu sorrio. – Ovos. Hoje deve ter sido uma liquidação...
Aquelas covinhas de novo, de moleque sexy, e ele olha para a minha boca e permanece lá. Acho que ele nem percebe que está olhando assim para mim. Em silêncio, tira dois garfos de uma gaveta e vem.
– Vamos comer.
– Oh, não. Não quero mais ovos esta noite. Bom apetite!
Ele pousa os garfos e me segue até a porta, agarrando o meu pulso para me deter.
– Fique.
O pedido abrupto dispara uma onda de calor em mim, mas é a intensidade em seus olhos azuis que quase me derruba.
– Vou ficar – respondo, minha voz suave, mas firme – quando fizer amor comigo.
Nós nos olhamos, então ele suspira e mantém a porta aberta para mim, colocando seu corpo de tal forma que eu tenho que me esfregar nele para sair. O contato me queima. Seus olhos me perseguem por todo o caminho até meu quarto. Eles me queimam.
À noite, fico acordada em um quarto de outra suíte presidencial, com Gail descansando no outro quarto, e eu ainda estou em chamas. Estou na cama com a porta aberta, meus ouvidos alertas para qualquer barulho, em caso de Christian ter uma chave extra para esta suíte, e vir me pegar.
Sua camiseta maravilhosa está no meu corpo muito menor, e tem o cheiro dele. É uma sensação suave contra a minha pele, e aqui estou eu, tremendo de necessidade, desejando que ele desista e venha me pegar e me diga que está pronto para mim. Estou tão pronta para ele. Basta vir fazer amor comigo, penso impotente.
Às duas da manhã ele ainda não veio, e eu ainda estou acordada.
Não consigo entender como um homem que de fato deseja uma mulher pode se segurar assim. Christian é disciplinado e o homem mais forte que conheço, mas vejo a porta e me lembro de seu toque, do jeito que gozei para ele, e não acho que seja possível se segurar se me deseja do mesmo jeito que eu o desejo. Meu sexo dói como nunca doeu antes. Está inchado de lembrar os golpes de sua língua e a forma como rocei sua coxa. Minha fome não só não foi acalmada, como aconteceu o impossível e triplicou até me dar raiva. Ele me deu uma sede insaciável e não estou satisfeita, sinto-me vazia e ansiosa. Toda a minha existência hoje está focada em observar aquela porta.
Será que ele sente alguma coisa por mim, mesmo remotamente, tão forte quanto o que sinto por ele?
Há essa pequena parte em mim que não é legal: a menina que rompeu o joelho e que não conseguiu realizar seu sonho, a menina que não acredita que eu possa realmente ter algo maravilhoso, e que me faz pensar se ele me quer mesmo.
Ou ele só quer brincar comigo.
Então eu me pergunto se este é o tipo de sentimento que fez a minha irmã Alayna ficar em apuros.


6 comentários:

  1. Olha quem está junto de Scorpions alaynna irmã de Ana acho que não vem boa coisa ai

    ResponderExcluir
  2. Christian foi desclassificado pra tirar Ana das mãos do capanga de Scorpions
    E todos não gostaram dele ter perdido a luta por causa dela

    ResponderExcluir
  3. Ele queria tanto ela e agora que ela o quer ele está fazendo ela esperar porque 🤔🤔🤔

    ResponderExcluir
  4. eita não é fácil pra ela todo tesão acumulado ela não sabe porque ele não fica com ela ai vem a irmã depois os fas el vai pirar

    ResponderExcluir
  5. agora complicou mais ainda com a irmã da Ana na jogada...isso com certeza vai dar merda.......estou com vontade de bater no Christian

    ResponderExcluir
  6. Essa irmã e Grey vão enlouquecer ela

    ResponderExcluir
:) :( ;) :D :-/ :P :-O X( :7 B-) :-S :(( :)) :| :-B ~X( L-) (:| =D7 @-) :-w 7:P \m/ :-q :-bd



Topo