Capítulo 10
MIAMI
NÃO É TÃO QUENTE
Ana
Estamos voando para Miami hoje.
O pessoal na parte da frente do avião está falando de Scorpion e da “quase luta
fora do ringue” que rolou na noite anterior. Sento-me no assento de trás com
ele, como parece estar se tornando o costume, e nós dois trouxemos nossos fones
de ouvido. Ele está com seu iPod na mão e já procura as canções, enquanto eu
procuro as minhas, sem muita certeza se a música que estou escolhendo será
ouvida por mim ou por ele.
No carro a caminho do aeroporto, ele estende o braço e sussurra:
– Conserte meu pulso pra mim.
Ele tem o pulso mais grosso que já vi, e assim que começo a mexer, percebo que
era uma desculpa para que eu o tocasse, porque o pulso parecia estar
perfeitamente flexível, e isso faz minha xota se apertar quando me lembro. Será
que ele quer sentir meu toque tanto quanto quero sentir o dele?
– Ponha uma música pra mim – ele fala baixo agora. Incrível como apenas um
olhar dele faz meu coração pular.
Concordo com a cabeça, mas não sei muito bem o que colocar para tocar. Ele está
pesquisando também, e vejo que também hesita.
Nenhum dos dois está mais sorrindo. Nenhum de nós tem sorrido desde ontem.
Quando quase fizemos algo louco e... maravilhoso.
Ainda estou procurando por uma música quando ele me entrega seu iPod e eu
conecto meus fones de ouvido para ouvir, e a música que começa é “High on You”,
do Survivor. Ela me leva de volta para sua primeira luta enquanto presto atenção
na letra.
A canção toca no meu ouvido, parecendo alegre, otimista, divertida, me
lembrando de como eu fiquei olhando ele lutar, e, mais tarde, como a multidão
se concentrou ao nosso redor e como sua mão tocou a minha, e como nós nos sentimos
eletrificados...
Estou me sentindo tão igualmente travessa e frustrada, e só quero ver o que ele
vai fazer se eu fizer algo louco, então procuro uma música muito divertida, das
antigas, que eu ouvi recentemente em um episódio de Glee, chamada “Anyway You
Want It”, do Journey, e passo a ele.
Ele começa a ouvir com um sorriso, e quando percebe que o coro está basicamente
dizendo que ele pode conseguir “aquilo” do jeito que gostaria, levanta os olhos
para mim. Há uma pergunta dentro daqueles olhos, e seu olhar salta sem parar
entre os meus olhos e lábios, até descer e ficar em meus lábios. Eu passo a
língua neles, e noto que os olhos crescem, como se aumentassem de tamanho.
– Chris – Taylor chama lá da frente.
– Ele está com os fones de ouvido, não consegue ouvir – respondo. Eu conseguia
ouvir porque a minha música já tinha acabado.
– Jesus, pare de provocar o cara, Anastasia. Especialmente se você não for...
Uma risada me escapa, e Chris, alheio ao que Taylor disse, parece profundamente
absorvido comigo e com a música.
Não sei o que significa seu olhar, mas ele mergulha sua cabeça mais perto.
– Manda outra – ordena, seus olhos azuis sombrios me olhando fixamente.
Hesito por um instante, mas por dentro estou borbulhando de desejo e malícia,
então mando outra das antigas que parece apropriada, “All I Wanna Do Is Make
Love To You”, de Heart.
No momento em que o refrão começa, percebo que suas pupilas ficam amplamente
dilatadas. Minha respiração falha, e percebo que, ao tocar essa música, estou
basicamente implorando que o homem faça amor comigo, que ele diga que vai...
A ansiedade no olhar faminto no rosto de Chris me faz deslizar para trás no
assento enorme, quando ele se inclina para frente. Seu olhar se detém no meu
enquanto ele mergulha sua cabeça de cabelos escuros, seu olhar tão quente, que me
galvaniza.
Ele desliza a mão em volta da minha cintura e me traz um pouco mais perto dele,
inclinando a cabeça e apertando os lábios em meu ouvido. Acho que ele beijou
minha orelha. Minhas terminações nervosas cantam quando ele pega seu iPod e coloca
a música para mim. Ele toca “Iris” de novo, observando como cada batida rouba
minha respiração novamente, e a letra me faz querer chorar.
Inundada pelo desejo, mantenho seu olhar enquanto a música toca, e seus olhos
são tão ardentes e me consomem tanto quanto as palavras que estou ouvindo.
Quando a música termina, ele retira os meus fones de ouvido e tira os dele, sua
respiração escarpada e desigual ao se inclinar para mim e beijar minha orelha
novamente.
– Você me quer? – pergunta, com uma voz gutural que faz os pelos de meu corpo
ficarem em estado de alerta.
Concordo com a cabeça ferozmente contra sua cabeça, e suas mãos se apertam em
torno de meus quadris. Ele abaixa a cabeça no meu pescoço e me cheira. Um
tremor me invade subitamente, e sou tomada pela certeza súbita de que hoje à
noite, hoje à noite após a primeira luta em Miami, Christian vai fazer amor
comigo.
Pelo resto do voo, ele mantém o braço em volta dos meus ombros e me puxa para o
seu lado, e continua fazendo preliminares sexuais em meu ouvido, o único lugar
onde os outros não podem ver realmente o que ele está fazendo para mim. Ele
puxa minha orelha com os dentes, lambe a curva dela, e se esquece totalmente de
tocar músicas para mim.
Enquanto estremeço desenfreadamente, molhada e me contorcendo, continuo olhando
para os jeans, que quase estouram com a plenitude de sua ereção. O volume
forçando o brim é tão impressionante que a minha mão começa a coçar, minha
língua quer saboreá-lo, lambê-lo, minha xana desesperada de desejo.
Chegamos ao hotel cinco estrelas, e a combinação inebriante de expectativa e
excitação com a qual vim lutando vai às alturas quando percebo que Christian
reservou minha hospedagem na suíte presidencial de dois quartos com ele. Quando
as chaves são entregues, todo mundo parece notar a mesma coisa.
– Espero sinceramente que você saiba onde está se metendo – diz Taylor, em um
sussurro preocupado, franzindo a testa de preocupação.
Os olhos de Gail estão quase cheios d’água quando ela me puxa de lado pelo
saguão.
– Oh, Ana, por favor, reconsidere dividir um quarto comigo de novo.
Sawyer vem e olha para mim com toda a abertura, dando um tapinha no meu ombro
como se eu estivesse indo para a guerra.
– Ele está tentando o máximo que já vi por você, Anastasia.
As atitudes deles não me confundem, de fato.
Sei que eles estão preocupados que isso acabe mal. Sou funcionária de Christian
e apenas temporariamente, e ele tem uma má reputação, com toneladas de
evidências por trás dele. Ele, obviamente, tem mau gênio e pode se revelar alguém
bem difícil de aturar. Mas mesmo sendo assim tão forte, sei instintivamente que
ele nunca irá me machucar, e nunca fez nada para demonstrar o contrário. O
resto não importa agora. E não me interessa de maneira nenhuma. Eu quero esse
homem. Com uma força que não senti em mais de seis anos. E vou atrás disso.
Talvez eu tenha um botão vermelho de autodestruição também?
O que me deixa nervosa a respeito do que vai acontecer me abala ao subirmos
para nossos quartos para nos aprontarmos para a luta, e de uma hora para outra
preciso tanto de Kate que tiro meu telefone da bolsa e começo imediatamente e
escrever para ela, porque já faz dois dias desde a última vez.
Ana: Como tá minha amigaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa?
Kate: Saudade! Mas te perdoo se me contar que jah comeu o bonitão sexy!
Ana: Ooowwwnnn
Kate: Quê? Já comeu?
Ana: Kate...
Kate: Que foi? Que foiiiiiiiii?
Ana: Acho que estou me apaixonando por ele
***
Ele destruiu Miami como um tsunami.
Estamos de volta de sua primeira luta, e eu ainda estou sem fôlego de alegria. Christian
mal foi atingido de raspão por seus oponentes. Ele tinha uma sobrecarga de
energia, seu corpo preciso e tão poderoso nem sequer teve que dar muitos socos
para derrubar seus oponentes. Ele passou por cima de cada um deles como se
estivesse em férias, e até o final da noite as pessoas gritavam de alegria e
até mesmo o locutor estava fora do ar.
– Que esses pobres homens descansem em paz, porque esse cara sabe bater! E sabe
arrebentar! Arrebentar suas cabeças, arrebentar você! O Arrebentador, senhoras
e senhores!
Mesmo Sawyer estava tão animado lá de seu canto do ringue que escalou as costas
do treinador e ergueu os punhos no ar, gritando a plenos pulmões. Enquanto
isso, Taylor parecia ter deixado para trás seu eu responsável em Atlanta,
porque antes de sairmos do Underground, ele declarou:
– Devemos celebrar, porra!
Antes mesmo de Christian saber o que tinha acontecido, já havia uma multidão
indo conosco para o hotel em doze carros diferentes. Portanto, agora estamos na
suíte presidencial com o que parece mil estranhos, mas é claro, não é possível
que haja tanta gente assim. E, na verdade, Taylor diz que a maioria dessas
pessoas já festejou com Christian, por isso eles são estranhos apenas para mim.
A multidão é tão grande, as pessoas estão até espalhadas no corredor, fazendo
tanto barulho, que eu não posso deixar de pensar que é uma bênção que
as outras duas enormes suítes presidenciais no último andar do hotel estejam vazias,
ou então nós provavelmente estaríamos à procura de outro lugar para dormir esta
noite.
Estou desapontada por não ter sido capaz de vê-lo depois que ele tomou banho e
se trocou. Ele está cercado por admiradores e foi trazido para o hotel por um
grupo de velhos amigos de Miami, que deixaram que ele guiasse a Ferrari que um
deles comprou.
Agora, enquanto passo pelas pessoas amontoadas no que supostamente deveria ser
a minha suíte e de Christian, me pergunto se eu deveria participar da folia e
me jogar e ficar bêbada, quando aplausos irrompem pela entrada, e são seguidos
por gritos inconfundíveis que apenas um homem que conheço poderia provocar. Ele
entra na sala carregado nos ombros de quatro rapazes. Meu coração falha. Ele
tem um grande sorriso no rosto, o arrogante Chris à décima potência, no alto de
suas vitórias, e as mulheres gritam excitadas:
– Chris! Chriiiiiis!
– É isso aí, quem é o cara? – ele grita, e soca o punho no peito.
Eu rio, completamente absorvida por isso, encantada e hipnotizada por ele. A
aura que emana faz com que ele brilhe como um sol. Se agora ele dissesse que
pode voar, acho que todos nós acreditaríamos. Todos os presentes parecem magnetizados
por ele, impotentes e gravitando para onde ele está. Ele me vê, e seu sorriso
amolece e seus olhos acendem um olhar estranho, com fome, e de alguma forma
brilhante.
– Anastasia.
Ele pula dos braços dos rapazes e me chama, e a multidão se abre para que eu
possa passar. Ele sorri para mim, e seus olhos azuis se prendem nos meus
enquanto ele caminha lentamente para frente e me encontra no meio do caminho.
Christian levanta-me em seus braços poderosos e me gira ao redor, e então me
beija.
No instante em que toma meus lábios, fogos de artifício disparam no meu corpo.
Todo o desejo reprimido de dias e semanas soma-se a este momento em que tudo o
que sou, e tudo o que eu quero, é reduzido a isso. Puxo a cabeça de Christian
Grey para mais perto da minha enquanto abro a boca e deixo que ele dê tudo o
que quiser, para mim.
Seu beijo gira meu estômago em um redemoinho selvagem. Ele me segura firmemente
pelos quadris e move os lábios com habilidade, esfregando a língua na minha. Um
estrondo vibra no fundo do seu abdômen quando me traz mais perto e me obriga a
sentir sua ereção, ao mesmo tempo que inclina a cabeça e fode minha boca como
se não houvesse amanhã.
Pessoas gritam alto nas proximidades e quando lhe dizem “Vai comer essa
buceta!”, Christian se afasta. Ele respira pelo nariz enquanto arrasta sua boca
no meu ouvido, onde sussurra com voz quente e rouca:
– Você é minha hoje.
Um gemido febril me escapa. Ele colhe meu rosto naquelas mãos enormes que me
fazem parecer frágil e pequena, e avidamente recaptura minha boca. Mas desta
vez, mais lentamente, como se eu fosse valiosa e preciosa.
– Hoje você é minha.
Olha para o meu rosto, os olhos fervendo de desejo. Acho que concordei com a
cabeça, mas estou muito instável para ter certeza. Uma febre escaldante se
libera por meu corpo. Minhas pernas não vão parar de tremer enquanto todas as
minhas células não gritarem de tesão, porque eu o quero agora. Eu o quero
agora.
– Chris, eu quero você, me coma! – grita uma mulher, mas ele a ignora, ignora
tudo. Menos eu.
Com olhos escurecidos, ele raspa os lados do meu rosto com as pontas de seus
grandes polegares calejados, então espalha os dedos abertos sobre meus cabelos
enquanto me beija de novo, nossas bocas quentes e úmidas ao mesmo tempo em que
se misturam, sedentas e ansiosas. Aperto o cinza suave da camiseta dele em meus
punhos, morrendo com as sensações. Não me importo com quem está assistindo,
alheia às coisas pornográficas que estão falando. Eu não tinha percebido o
quanto quero isso, preciso disso, até que esses arrepios começaram a ondular em
mim, e me vejo em um fluxo sob sua boca insistente, o olhar dele que me faz
sentir como se fosse a única mulher existente para ele.
– Leve ela pro seu quarto, Grey! – grita alguém. Mas ele parece absorto só em
mim, e eu nele.
Segurando-me de forma protetora em seus braços fortes, ele escova meu cabelo
para trás enquanto seus lábios se movem ao longo da curva nua do meu pescoço,
os dedos deslizando para cima em minha nuca, e ele mais uma vez, como um
mantra, fuça em meu ouvido e diz:
– Minha. Hoje à noite.
– Você também. – Seguro seu maxilar e procuro seu olhar escuro quando,
subitamente, ele é agarrado por quatro homens que de modo rápido o balançam no
ar mais uma vez.
– Chris, Chris! – eles cantam em uníssono. Risos me preenchem e bolhas de
felicidade explodem dentro de meu peito. Estou feliz por mim. Por ele. Por esta
noite.
Perto dali, Taylor e Sawyer estão assistindo à cena com rostos tão sombrios e
preocupados que até parece que estão enterrando alguém.
– Divirtam-se, caras! – digo, rindo, quando me aproximo. Muito possivelmente,
meu avô devia se divertir muito mais que esses dois numa festa. Mas eles apenas
balançam a cabeça e continuam bem tristes.
– Ele está ficando acelerado – Taylor
murmura para que, principalmente, Sawyer o ouça.
– Eu sei, cara. Merda.
– É. – Taylor coça a cabeça. – Fui eu mesmo que instiguei essa festa?
– Prepare-se para um pouso forçado – retorna Sawyer, e então ele desce o
corredor, jogando a cabeça de um lado e de outro.
A confusão me atinge.
– O que há de errado? – pergunto a Taylor.
– Nada. Ainda. – Ele olha para seu relógio, então para Christian enquanto volta
ao bar. – Mas nada deve sair de uma forma de que ele não goste, ou então
estaremos em apuros. Grandes apuros.
Olhando em volta, vejo que há apenas sorrisos e gargalhadas enquanto um rock
louco sai do iPod de Christian pelos alto-falantes da suíte. De fato não sei
com o que esses dois estão se preocupando. Todo mundo está se divertindo, e Christian
trabalha tão duro quanto qualquer pessoa que eu já conheci. Ele merece se
soltar. Sim, ele está um pouco agitado demais, mas para mim é óbvio que é
resultado da luta que ele ganhou, e a isso se adicionou a mesma coisa que fez
com que nós dois, Christian e eu, ficássemos nos contorcendo como cobras por
semanas.
Durante todo o dia de hoje, quando viemos colocar a nossa mala em nossa suíte,
e descemos para almoçar com a equipe, e ele se preparou antes da luta, a cada
instante desses momentos nossos olhos ficaram buscando um ao outro de modo
selvagem, e assim que se encontravam, as faíscas saltavam entre nós em arcos
tão poderosos que a necessidade de estar com ele me corta como chicotadas.
Mesmo durante a luta, quando ele se virou para olhar para mim antes de começar,
seus olhos azuis ferviam com um apetite feroz para me ter. Sei que ele sente a
mesma fome que sinto agora, enquanto espero, febril, em antecipação por esta
noite. Meu corpo se agita na excitação, e depois de uma luta incrível, sei
que Christian está zumbindo como um louco. Ele está todo excitado. Bolado e
preparado.
Sua energia é tão poderosa hoje à noite que ele realmente suga cada célula e
átomo do meu corpo, me banhando na pura consciência feminina de sua
masculinidade quente.
Agora vejo como ele derrama algumas doses de tequila por trás do bar, e uma
loira impressionante ao seu lado espreme suco de limão em seu decote e adiciona
um pouco de sal, apertando em seguida um copo entre seus peitos bem
espremidos. Ela puxa o pulso de Christian para que ele venha buscá-lo, e o
ciúme aperta todos os meus músculos internos, que apenas se soltam quando Christian
agarra o homem mais próximo e empurra o rosto dele em seus seios, rindo alto e
viril e pegando os dois copos que ele tinha servido e começando a voltar para
mim.
Seus olhos prendem os meus, e ficam escuros e selvagens. Tão escuros e
selvagens como a agitação nas minhas entranhas. Ele não parece querer festejar
com ninguém além de mim, e esse reconhecimento me atinge nos joelhos. Entre as
minhas coxas, fico mais sensível, molhada e inchada.
Ele carrega um saleiro e limões em uma de suas mãos.
– Venha aqui – diz ele, áspero, mas suave, enquanto coloca os dois copos num
console perto da entrada. Ele coloca a fatia de limão entre os lábios, e dobra a
cabeça para passá-lo para mim. Abro a boca e o suco de limão derrama-se em mim,
da boca dele, então ele joga fora o limão e enfia a língua na minha boca. Ele
geme, nós dois gememos, enquanto relaxamos e nos beijamos, lambendo um ao
outro, até que ele geme mais uma vez e dá um passo atrás para entregar o meu
copo.
Nunca fiquei bêbada com ninguém, e subitamente fico feliz por ser com ele. Uma
alegria imprudente corre pelas minhas veias. Sinto-me travessa e impulsiva,
fazendo tudo o que nunca fiz. Tomando o copo entre os meus dedos, bebo o
líquido e sinto que ele queima em minha garganta, e quando ele me dá o limão de
novo, estou absolutamente louca de excitação.
Repetindo a mesma coisa que ele fez, prendo a fatia de limão na minha boca e
ele se abaixa e chupa o suco de limão de mim. Um gemido escapa-me quando ele
joga o limão longe e o substitui por sua língua. O tesão me rasga, e meus braços
vão ao redor de seu pescoço.
O copo vazio bate no chão ao mesmo tempo que ele agarra minha bunda, me leva
até o console, desliza entre minhas pernas, e enfia a língua na minha boca.
Ele empurra seus quadris e sua dureza contra mim, o desespero em movimento
atirando relâmpagos por todo o meu corpo.
– Você cheira tão bem... – Ele roça meu ouvido. Suas mãos se apertam nas minhas
coxas enquanto ele se esfrega todo rígido contra mim. Sua boca sobe até minhas
têmporas, depois até meu queixo, e seus lábios descem rápidos e febris sobre os
meus.
– Eu quero você agora. Não posso esperar pra me livrar dessas pessoas. Como
você gostaria, Anastasia? Forte? Rápido?
– De qualquer maneira que você quiser – murmuro, intoxicada com a sensação de
seus braços, de sua boca e do roçar, através de nossas roupas, de seu sexo
contra o meu sexo. Acho que as minhas palavras o fazem se lembrar da música que
toquei para ele, porque geme e abaixa a cabeça para mordiscar levemente meu
lábio inferior.
– Espere aqui, pimentinha – ele diz, e abre caminho para o bar.
Tomamos uma segunda rodada de tequila, e ele vai depois buscar uma terceira e
uma quarta rodadas, e estou definitivamente tonta na quarta. Eu nunca tinha
enchido a cara antes, e não acho que o meu organismo esteja equipado para
lidar com isso. Minha cabeça gira quando o vejo ir buscar a quinta rodada com
um sorriso tonto. Alguns dos homens mais uma vez o agarram e o atiram para o
ar, gritando: “Quem é o cara? Quem é o cara?”.
– Podem apostar que sou eu, seus filhos da puta!
Eles o colocam de pé perto do bar, e então começam a gritar, empurrando um
enorme copo de cerveja para ele, gritando com cadência, e com os punhos batendo
no granito: “Chris-ti-an! Chris-ti-an! Chris-ti-an!”
– Calma aí, rapazes – diz Taylor ao se aproximar, tentando acalmar as coisas.
– Quem diabos é esse nerd? – diz um cara barbudo, e Christian o agarra e o
empurra contra a parede tão facilmente como se ele não pesasse mais que um bebê
prematuro.
– Ele é meu irmão, sapo. Mostre respeito, caralho!
– Calma, cara, eu estava apenas perguntando!
Christian deixa-o cair no chão e volta para encher nossos copos de tequila.
Sei que ele vai voltar com mais doses, mas as pessoas continuam a detê-lo, e
meu estômago está fazendo barulho.
Não consigo sentir a minha língua, e tenho certeza de que preciso vomitar.
Cobrindo minha boca, corro para o banheiro do menor porém mais próximo quarto,
e ignoro o casal transando na cama. Disparo mesmo para o banheiro, bato e
tranco a porta, e depois caio ao lado do vaso sanitário, seguro o meu cabelo e
mal consigo levantar a tampa quando coloco minhas tripas para fora.
Cinco minutos mais tarde, ainda estou nele, ofegante, quando começo a ter um
surto de piedade de mim mesma. Ali mesmo no banheiro.
Deus. Meu estômago. Meu pobre fígado. Pobre de mim. Estou tão feliz comigo mesma
por ter feito trilhas na adolescência em vez de beber essa coisa que mata você.
Não consigo acreditar que a Kate gosta de fazer isso. Gemo miseravelmente
enquanto a náusea volta à minha garganta. Penduro minha cabeça no vaso
sanitário mais uma vez e em convulsão tudo sai rasgando de dentro mim.
Quando acho que acabou, tudo é um borrão e eu ainda estou tonta. Lavo a boca e
procuro minhas vitaminas nas coisas que tinha deixado neste banheiro caso
preferisse não dividir o banheiro com Christian, o que parece ser um grande plano
agora que eu posso passar a noite toda vomitando. Pego um complexo B de cor
vermelha e um mix de vitaminas C e engulo, e penso que deveria começar a me
hidratar, mas sinto preguiça de ter que ir buscar um copo de água, então em vez
disso puxo a descarga uma terceira vez, fecho a tampa e deito minha cabeça
nela, para o caso de ficar enjoada
novamente. Pego o telefone e mando um SMS para Kate:
Estou uma merda! @ bêbada que nem gambba! Mas vou ffoder o chris se
sobreviver a tequila!
Então acho que apaguei.
Quando acordo, minha cabeça pulsa e o barulho lá fora na suíte presidencial é
ensurdecedor. Tenho o bom senso de lavar minha boca, acalmar os emaranhados no
meu cabelo e lavar minhas mãos. Espio dentro do quarto e os amantes se foram,
então vou para a sala em direção ao barulho. Não. Barulho não. Pandemônio.
Pisco algumas vezes, com os olhos incrédulos, para tentar absorver a cena que
está diante de mim. Não sei o que aconteceu, mas alguma coisa definitivamente
aconteceu. Penas de travesseiros rasgados estão espalhadas por todos os lugares.
Cacos de vidro estouram sob meus pés enquanto caminho. As pessoas estão se
empurrando umas contra as outras, bêbadas e em pânico, na tentativa de
salvar-se de alguma coisa. Então eu o vejo.
Christian “Arrebentador” Grey, o homem mais sexy do mundo, está jogando longe
tudo o que está em seu
caminho, e berrando a plenos pulmões:
– Que porra vocês disseram a ela sobre mim? Onde caralhos ela está? – enquanto Taylor,
sem paletó e sem gravata, está desesperado para acalmá-lo. Christian atira um
decantador de cristal contra a parede, que estilhaça com um ruído fantástico, e
as pessoas gritam de medo e riem, ao mesmo tempo que Sawyer está ocupado,
mandando-as para fora da suíte pelas portas abertas.
Minha embriaguez instantaneamente desaparece, ou pelo menos cai cerca de
cinquenta por cento, e com o choque estou quase totalmente sóbria. Entro em
ação e começo a empurrar todos os corpos que entram em contato comigo porta
afora.
– Fora, fora, fora! – grito como uma alma penada.
Christian ouve a minha voz, se vira e me vê. Seus olhos brilham com algo
selvagem quando larga atrás de si o abajur que tem na mão, que bate no chão com
uma grande explosão de vidro, e começa a caminhar na minha direção. Mas Taylor o
pega no caminho, puxando desesperadamente seu braço.
– Viu, cara? Ela assinou um contrato, lembra-se? Você não precisa destruir o
hotel, cara. – Quando Christian olha nos meus olhos com uma expressão de dor
pura, Taylor enfia algo em seu pescoço, e as pálpebras de Christian vibram.
Sua cabeça despenca para frente, e eu congelo de horror completo. Nuvens de
confusão impedem qualquer pensamento racional quando tento processar o fato de
que Taylor, o suave Taylor, acaba de dar uma injeção na jugular de Christian.
Sawyer continua empurrando as pessoas para fora do quarto enquanto Christian
despenca para baixo e Taylor se esforça para sustentá-lo contra a parede mais
próxima. Quando conseguimos fazer a última pessoa sair, Sawyer passa um dos braços
de Christian em torno de seu pescoço, enquanto o outro fica com Taylor. Os pés
de Chris se arrastam debaixo de seu corpo quando os dois começam a puxá-lo para
o quarto principal. Ao ouvir sua bela voz masculina, percebo que ele não só parece
bêbado agora, mas superdrogado, seu timbre baixo e quase ininteligível.
– Não deixa ela ver.
– Não vamos deixar, Chris.
A cabeça dele pende para frente, como se ele não tivesse forças para
suportá-la.
– Não deixe que ela veja.
– Sim, cara, entendi.
Um pavor gelado se espalha por minhas entranhas enquanto ando como uma
sonâmbula, aturdida, e o sigo até a porta. Fico ali na entrada, dividida entre
ir atrás dele e a minha confusão total sobre o que está acontecendo, mais o meu
TOC, que exige que comece a limpar essa bagunça, e também as doses de tequila,
que me fazem sentir como uma idiota.
– O que há de errado com ele? – pergunto a Taylor quando os dois saem do
quarto. Sawyer vai direto ao telefone.
– Ele está bem, apenas um pouco acabado. – Taylor segura o trinco e fecha a
porta.
E de repente fico preocupada e seguro o braço de Taylor como uma tábua de
salvação.
– Não me venha com essa merda. O que ele não quer que eu veja?
Minha voz está tremendo, mas estou tão assustada e bêbada e sexualmente
frustrada, que acho que se ele não me responder vou entrar lá e esmagar o que
ainda sobrou intacto em Christian.
Taylor hesita, e depois tira o braço das garras da morte nas quais o prendi.
– Ele não quer que você o veja.
Fico atordoada e sem palavras, mas a minha necessidade de me certificar de que Christian
está bem é avassaladora e ainda tento entrar, mas Taylor rapidamente me puxa de
lado.
– Veja, ele tem estado acelerado desde que você chegou, e esse tipo de coisa
acontece depois dessa aceleração toda. Tudo o que ele precisa é de algum tipo
de contato físico para fazê-lo se sentir bem, tirá-lo desse estado, e logo ele
fica melhor. Sabíamos que estava chegando, era apenas uma questão de dias. Isso
sempre começa quando ele não consegue se acabar no ringue. E o fato de que
ficou arfando atrás de você como um cachorro no cio não ajudou, Anastasia.
– E quem deu o direito a você de ficar injetando essas coisas na veia dele, Taylor?
– exijo, cambaleando em fúria em nome de Christian.
– Ele mesmo. E milhares de quartos de hotel destruídos, Anastasia. Já estou com
ele há dez anos, e Sawyer idem. Ele é o cara de mais alta manutenção que você
vai conhecer na vida.
Sawyer caminha até nós com uma expressão vazia.
– Já estão a caminho.
– São quantas? – pergunta Taylor.
– Três. Novidades. Pra ver se isso vai estimular o apetite teimoso dele.
Quando percebo do que eles estão falando, imediatamente quero socar os dois.
– Três novas o quê? Putas?
Com um novo vislumbre de preocupação, Taylor dá um tapinha no meu ombro como
para me apaziguar.
– Este é o protocolo padrão, certo? São mulheres limpas e muito caras. Ele nem
se importa quem são. A gente não deveria ter deixado ele passar tanto tempo sem
transar, especialmente com você por perto. Desculpe ser tão explícito, mas
temos que corrigir esse problema agora, e ele não vai conseguir lutar desse
jeito amanhã. Vai ser um milagre se ele sair da cama.
Algo sombrio e doente se agitou dentro de mim, prendendo-se violentamente em
meu peito.
– Eu não quero essas mulheres aqui – digo a ele, numa calma enganosa.
Talvez eu não tenha uma palavra a dizer sobre o assunto, mas lembro-me do beijo
de Christian nesta noite, o toque suave de suas mãos. Suas palavras. Hoje você
é minha.
A imagem vívida de seu corpo entrelaçado com o de outra mulher me faz desejar
voltar ao banheiro e vomitar de novo. Estou um pouco bêbada, ou então de
ressaca. Não sei. Mas meu coração dói e meu estômago se agita com o simples
pensamento de alguém tocando-o. E de repente preciso cobrir minha boca e correr
para o banheiro novamente, para valer.
Passei os dez minutos seguintes lá, depois lavei a boca de novo, limpei tudo e
saí de volta para a sala no momento em que as malditas prostitutas chegavam. Sawyer
parecia ter descido ao saguão para buscá-las – afinal, nenhum hotel respeitável
iria permitir que essas mulheres subissem sozinhas –, e quando Taylor abre a
porta para elas, que entram com seus perfumes fedidos e bijuterias brilhantes,
eu engasgo, me sinto enjoada e tonta outra vez.
Elas são lindas demais, e percebo horrorizada que talvez eu seja do tipo de
bêbado que começa a gritar com as pessoas e depois a chorar, porque sinto
vontade de fazer as duas coisas. Estou tão furiosa que vou à frente e detenho
as mulheres apenas com dois passos para dentro da sala, e as três param quando
veem meu cabelo desgrenhado e meu olhar zangado.
– Nós não precisamos mais dos seus serviços, senhoras. Sinto muito por seu
tempo, e aqui está pra cobrir as despesas com o táxi.
Agarrando cem dólares da carteira do Sawyer, que era o mais próximo e também o
idiota que teve a ousadia de chamá-las, empurro as mulheres para o corredor e
bato a porta na cara delas. Então me viro, uma carranca mordendo meu rosto:
– Esta é a última vez que você chama vagabundas quando ele está assim – digo,
colocando um dedo ameaçador na cara dele, meu coração batendo em pura raiva e
proteção. – Sei que não estou em condições de tomar decisões aqui, mas nem ele
está. Ele não quer essas mulheres! – e choro.
Os homens, ambos completamente sóbrios e sempre bem arrumados em seus trajes de
“guarda-costas”, de terno e gravata – exceto Taylor, que perdeu a forma hoje –,
ficam apenas me olhando em total confusão, fazendo-me sentir como se eu tivesse
enlouquecido.
Bem?
Enlouqueci?
Não tenho certeza. Mas meu peito dói por causa do homem no quarto principal e
meus seios sobem e descem por causa de minha respiração rápida, enquanto luto
para ficar de pé. Eu sei o que esses caras estão pensando. Eu sei que eles
querem saber por que diabos não deixei as mulheres entrarem. Eles pensam que eu
quero foder Christian, e que eu penso que ele realmente me quer. Pode ser que
eu pense isso. Quero desesperadamente pensar que sim. Não quero só transar com
ele, mas tenho também sentimentos complicados e profundos por esse cara.
Mas o pensamento de outra mulher tocando-o me dá vontade de cuspir fogo. Não
interessa que ele não seja meu. O que me importa é que agora Taylor injetou
alguma coisa nas veias dele, seu corpo maravilhoso está em modo de espera e seu
cérebro está apagado. Se eu puder deter esse pesadelo, farei isso, e acabo de
já fazer algo.
– Não estou bêbada agora – atesto para os homens porque eles continuam olhando
para mim.
Ambos suspiram.
– Vou pra cama, para o caso dele começar de novo quando a coisa desaparecer –
diz Sawyer, e vai em direção à porta.
– Não entre lá – me adverte Taylor, apontando para o dormitório principal. –
Durma no outro quarto. Ele provavelmente não vai se lembrar de nada do que você
disser agora, e se o que demos a ele desaparecer muito cedo, ele pode ficar
mais difícil do que você pode imaginar.
– Tudo bem – minto, e vou para o quarto menor para vestir o pijama, mas não
posso deixar as coisas assim.
Somente Christian e eu estamos na suíte, e quando a porta se fecha atrás de Taylor,
sei que estamos sozinhos.
Abrindo meu caminho através do campo minado de cacos de vidro, e deixando de
lado a compulsão para limpar tudo, vou para o quarto principal. Minha pulsação
é um tambor frenético batendo em minhas têmporas quando vejo a cena. As cortinas
estão parcialmente abertas, e sinto uma onda de sentimento de posse e de
proteção tomar conta do meu corpo quando vejo sua forma na cama, fracamente
iluminada pelos brilhos da cidade. Digo a mim mesma que só quero ter certeza de
que ele está bem. Mas estou tão ligada e preocupada que temo que vê-lo não vai
ser suficiente, e vou precisar procurar a pulsação dele, ou coisa assim.
Entrando silenciosamente, prendo a respiração, e com todo o cuidado para não
fazer barulho, fecho a porta atrás de mim.
Tiro os sapatos e me aproximo com passos leves, enquanto minha visão se ajusta
às sombras. Ele está de bruços sobre a cama, e quando geme meu coração vai à
loucura, de dor. Ouço o farfalhar do lençol e o ranger do colchão quando ele se
mexe e sou tão louca por esse homem que poderia comê-lo com uma colher e fazer
um monte de outras coisas que nunca quis fazer com mais ninguém.
Minha barriga dói quando me lembro dele dizendo a Taylor e a Sawyer que eu não
devia vê-lo assim. Será que ele se preocupa com o que penso dele? Quero mesmo
contar pra ele que ele é ainda “tudo isso” para mim. Quero dizer uma porção de
coisas bonitas. Como ele luta bem. Que eu o acho a coisa mais sexy que já vi.
Que me faz andar nas nuvens com seu beijo. Eu sei que eu também precisava ouvir
todas essas coisas quando meu mundo desabou, meu corpo quebrou e meu espírito
cedeu, e Kate segurou minha mão e me disse que eu ainda era a número um. Quero
que Christian saiba que eu também vou segurar um pôster com orgulho dizendo que
sou sua fã número um. Mas não consigo falar com essa bola de emoção na minha
garganta. Estou sendo roída pela preocupação de vê-lo desse jeito. E o meu
fígado não
está lidando muito bem com tudo, então estou experimentando mil emoções com as
quais nem sei como lidar agora. Acho que só quero acariciá-lo e abraçá-lo, mas
tenho medo de que ele vá me expulsar se souber que estou aqui.
Eu me inclino mais, nervosa, e coloco a mão em seu ombro. O calor de sua pele
lisa escoa em mim conforme sigo para a sua orelha e beijo suavemente seu
lóbulo, como ele fez comigo no avião.
O cheiro de xampu e o cheiro natural que ele emana, que me deixa louca de
tesão, escoa para dentro de mim e não posso evitar deslizar os dedos pelas
costas, sobre a curva em volta de suas nádegas. Ele é tão bonito, meu corpo
chora de vontade de conhecer o dele.
Entendo esse protocolo de fazer
“esgotar” essa energia extra. Os atletas competem melhor depois de fazerem sexo
e isso foi comprovado em muitos casos. Estas semanas com ele têm sido intensas
para mim também, e cada dia me sinto mais desesperada e desequilibrada pela dor
da negação do sexo.
Levemente, e cheia de arrependimento por nossa noite perdida, toco a curva de
suas costas e tremo ao contato de sua pele quente, sedosa e macia, deslizando
sob meus dedos. Minha xota se aperta com pura vontade, e uma parte egoísta de
mim quer desesperadamente que ele abra os olhos, me veja e me puxe para seus
braços até que os dois fiquem exaustos e sem fôlego por causa do que está se
acumulando.
Mas outra parte de mim teme que ele vá me mandar embora.
Há uma alta probabilidade de que ele faça isso. Nem mesmo sei por que ainda
estou aqui quando fui tão claramente avisada para ficar longe. Talvez eu seja
mais fraca do que Christian. Talvez eu seja louca. Só quero estar ao lado dele
hoje.
Ele está sedado, enorme e indefeso agora, e eu sei que ele nunca iria me
machucar.
O mais silenciosamente possível, vou para a borda da cama e me deito ao lado
dele. De repente, ele geme baixinho e rola para ficar de costas, e prendo a
respiração quando todo seu belo corpo musculoso é exposto para mim. Minha respiração
some.
Sua nudez ao luar me enche de água na boca, e fico úmida no meio das pernas,
pernas que parecem feitas de algodão. Posso ver cada músculo de seu corpo, ver
onde cada um se liga ao outro, e como sua pele se aperta perfeitamente em cada
centímetro. Poderia delinear cada músculo com um lápis. Ele é tão perfeitamente
viril, estou extremamente quente e encharcada entre as minhas pernas, e
desesperada para sentir seus lábios nos meus, sua língua na minha.
Quero que ele acorde para eu poder dizer que o quero dentro de minha boca,
dentro de mim. Quero arrancar as minhas roupas e colar cada centímetro de minha
pele na dele. Quero abaixar e tocar e beijar bem ali, onde ele é tão grande e
duro como o resto do corpo. Bem ali, onde ele é muito... homem.
Rapidamente, permito que meus olhos o acariciem, por toda a extensão das
pernas, pelos quadris estreitos, o belo pau, tão grosso e comprido e
aveludado... Subindo pela sexy tatuagem de estrela que eu ainda não tinha
visto, subindo pela barriga de tanquinho, o peito rijo, o pescoço grosso e
poderoso, e seu rosto tão bonito.
Os olhos estão fechados, os cílios como duas luas escuras contra as maçãs do
rosto, o queixo quadrado perfeito, como todo o resto. Passo um dedo pela barba
crescida ali.
– Você é tão lindo, Chris.
Ele geme e vira o rosto ao toque, e eu passo meu braço em volta de sua cintura
e cubro nós dois, ouvindo sua respiração, seu enorme peito subindo e descendo
enquanto aperto meu corpo contra o dele para me aquecer.
Devo ter caído em sono profundo. No momento em que o despertador do telefone
celular toca às cinco da manhã, nenhum de nós ouve, e já são dez horas quando Sawyer
vem nos acordar, batendo palmas e rindo para tirar nossas bundas preguiçosas da
cama, porque Christian deveria ir ao ginásio hoje.
Sawyer demonstra estar mesmo encantado, porque parecia que eu tinha “dormido”
com Christian. Ele provavelmente estava ansioso para que o lutador “gastasse” o
que quer que fosse, com aquelas prostitutas ou comigo.
E ele perde por completo a visão de nós dois quando ficamos sentados, assim que
ele sai do quarto. Christian não parece nada grogue no instante em que me nota
do lado oposto da cama. Acho que o meu cabelo está bagunçado e devo parecer
amassada em cada centímetro do corpo, que é como me sinto, mas não posso deixar
de notar seu belo corpo totalmente nu, a coisa mais incrível que já vi à luz do
dia.
Ficamos nos observando durante vários batimentos cardíacos.
Batidas que sinto onde cada beijo que ele me deu na noite passada está gravado,
na carne de meus lábios.
A luz do sol jorra pelo quarto, e a cama está desfeita, e nós dois sobre ela, e
nossos olhos correndo para cima e para baixo.
Uma vontade desesperada de saltar para cima dele me percorre, e noto o alerta
primitivo que se instala em seus olhos enquanto ele calmamente me avalia de
cima para baixo, meu corpo tremendo de luxúria dentro de uma velha camiseta da Disney
World, cortesia de uma das viagens anuais para “manter a juventude” de Kate.
Seus olhos parecem tão escuros esta manhã, juro por Deus que não há uma mancha
de azul naquele olhar caloroso que me devora.
***
Antes de Christian poder perguntar o
que estive fazendo em sua cama, me levanto num pulo e vou rapidamente me trocar,
insanamente consciente de que seus olhos me seguem pelo quarto.
Mas ele não vem atrás de mim.
– Isso é normal. – Taylor dá de ombros no ginásio quando Christian não aparece
depois de duas horas. – Vá fazer alguma coisa hoje, Anastasia. Não faz sentido
perder seu tempo aqui e não tomar um solzinho.
Juro, a palavra “sol” não é muito bem-vinda depois de uma noite daquelas, mas
concordo e vou andar um pouco em Miami, tentando absorver o mix cultural
incrivelmente vibrante dos latinos e muito mais, mas eu simplesmente não tenho energia
para isso.
Nunca fiquei de ressaca na minha vida.
É, em definitivo, uma experiência que não quero que se repita nunca mais.
Estou seca, não importa a quantidade de água que beba, e enjoada, com a cabeça
nebulosa, fraca e me sentindo mal, mal posso abrir os olhos o suficiente para
ver para onde estou indo.
Mas faço um esforço e decido ligar para meus pais do meu celular enquanto vou
até as lojas de Midtown Miami.
– Onde você está agora? – minha mãe pergunta. – Seu pai quer saber se você vai
ao restaurante ‘não-sei-como-se-chama’ aquele onde só vão estrelas de cinema.
– Mãe, estou trabalhando – respondo. – Não estou de férias. E se você me disser
o nome do ‘não-sei-como-se-chama’ daí vou ter uma ideia do que estão falando.
– Oh, não se preocupe! Mas recebemos um novo postal de Alayna! Ela está na
Austrália e mandou beijos. Você devia ver a foto da praia, Deus! Aquilo é que é
o paraíso. Será que ela viu alguns jacarés de verdade? Ou são crocodilos que vivem
lá? Crocodilos ou jacarés?
– Crocodilos, mãe. E acho que têm alguns deles aqui na Flórida, também. Ei,
minha bateria está acabando. Ligo no próximo final de semana, tudo bem? Só
queria saber notícias de vocês. – Desligo, porque de fato não tinha sido uma
boa ideia falar com meus pais hoje. Eles são ótimos e eu os amo, mas são meus
pais...
Meus pais são intrometidos e dão palpite em tudo, e, naturalmente, me dão nos
nervos.
Fico ainda mais ressentida com o fato de que os seus sonhos para o meu
estrelato mundial estremeceram no dia em que meu joelho fez a mesma coisa, e
sei que eles acreditam que eu nunca mais serei capaz de ter uma vida “plena”.
Seria muito mais fácil lidar com eles se Alayna fizesse mais do que
simplesmente enviar um cartão-postal por mês.
Voltando para o hotel, vejo Gail na loja de presentes, e nós compartilhamos um
almoço rápido.
– Taylor me disse que nosso rapaz não está indo muito bem hoje – diz ela, seu
tom de voz tanto questionador quanto triste.
Escolho a minha salada e mantenho a hidratação com suco natural de frutas, tudo
porque minha cabeça ficou pulsando o dia todo. Sei que meu fígado não está
acostumado com o tipo de abuso que recebeu ontem. Eu sempre trato meu corpo
gentilmente. Hoje ele está bravo comigo por causa da sobrecarga de álcool, das
escolhas alimentares ruins, e do desejo insatisfeito.
– Isso acontece com frequência? – pergunto, erguendo os olhos de minha alface
com vinagrete.
Ela confirma.
– Entendo – respondo fracamente, e deposito o garfo. – Será que é porque ele
não lida bem com álcool ou é algum tipo de problema com raiva reprimida?
– Eu diria que é um problema de raiva, mas não sei com certeza. – Erguendo o
chá gelado, Gail se inclina para trás e dá de ombros. – Sou a que sabe menos
sobre isso. Tudo o que sei é que Christian é um cara difícil. – Ela balança a
cabeça de forma significativa, e bebe do canudo. – Muito difícil. Por isso eu
quero mesmo que você reconsidere antes de... Quer dizer, lógico, a menos que
já... ?
– Nada aconteceu, Gail. – Esfrego a testa e peço a conta.
Nós assinamos a conta e ela me convida a ir ao seu quarto para checar algumas
receitas, mas prefiro ir à suíte, notando que Taylor e Sawyer mantiveram a
porta trancada com o aviso de “Não perturbe” pendurado na maçaneta. Deslizo minha
chave e entro para começar, calmamente, a limpar a pior das bagunças.
Levo horas para deixar o quarto com uma aparência de ordem, e assim que reúno
todos os cacos de vidro numa pilha perto da porta, chamo a arrumadeira e peço
uma dúzia de sacos de plástico para transportar tudo. Depois, me jogo no chuveiro.
Ainda vou dormir na suíte, não importa que Gail tenha oferecido para que eu
dividisse o quarto com ela. É que... não posso ir a outro lugar. Eu queria
dormir com Christian, e agora que estamos dividindo um quarto pela primeira
vez, não vou sair e deixá-lo sozinho aqui.
Ainda mais se ele não estiver bem.
Mas de noite, a suíte está tão mortalmente quieta que meu coração não se
acalma, enquanto fico de olhos bem abertos na minha cama, pensando nele, em
tudo o que aconteceu. Quero perguntar a Taylor e a Sawyer a respeito do que está
errado e, por outro lado, quero que Christian me diga.
Não sei quanto tempo passa, mas a porta do quarto se abre quando eu ainda estou
olhando friamente para a parede.
Estou tonta, mas me sento e vejo sua silhueta. Ele deve ter tomado banho.
Calças de pijama estão presas em seus quadris estreitos. Seu torso bronzeado
brilha, e seu cabelo está todo molhado e bagunçado.
Meu coração estremece. Acho que o sedativo se esgotou, já que ele está
perfeitamente na vertical, com apenas uma mão apoiada de leve no batente da
porta, talvez como apoio. Me endireito em meus braços.
– Você está bem? – pergunto com voz preocupada.
Sua voz é rouca e escarpada.
– Eu quero dormir com você. Apenas
dormir.
Meu estômago gira.
Ele espera que eu responda, mas não consigo. Quero chorar e não sei por que,
mas acredito que por estar de ressaca e perigosamente perto de me apaixonar por
um homem que nem conheço.
Christian vem, me ergue e me leva pelo corredor de volta ao quarto principal,
para a enorme cama king size desfeita.
Ele me deposita na cama, e quando desliza para baixo das cobertas e me puxa
para perto, de modo que meu rosto se apoie em seu peito e seu nariz se enterre
em meus cabelos, não entendo a enorme quantidade de hormônios que meu corpo
libera, mas isso... e estar na cama com ele... me faz sentir muito bem. Muito
segura. Muito feliz.
Quero desesperadamente pedir que ele me diga o que há de errado. O que
aconteceu? Ele não consegue se controlar? Por que eles reagem daquele jeito?
Ele tem problemas sérios com violência e raiva reprimidas? Quem o fodeu e o magoou
daquele jeito? Acho que pelo fato de ter sido expulso do boxe, e porque, quando
se irritou com Scorpion na boate, ele ficou perigosamente perto de sabotar a
carreira de novo. Mas não penso que esteja com vontade de conversar agora.
Ele parece estar gentil e calmo, e o silêncio e a escuridão parecem tão
sagrados que não tenho vontade de estragá-los.
Em vez disso, deito ao lado dele, com todos os poros do meu corpo gritando e
pedindo que a gente se conecte fisicamente. Tento não desejar isso, porque sei
que não é o momento. Não sei que tipo de sedativo eles deram para ele, nem
quanto tempo dura o efeito, mas sei que mais tarde ele nem vai se lembrar de
que esteve comigo. Até mesmo eu posso nem me lembrar. Estou tão cansada e de
ressaca que não confio em meus pensamentos neste momento.
– Só dormir, certo? – sussurro perto de sua garganta, embora jure que anseio
por esse homem em algum lugar além do meu corpo, além mesmo do meu coração.
– Só dormir. – Ele me puxa para mais perto dele, e posso sentir sua ereção
entre nós, ferozmente dura e pulsante, me fazendo tremer por dentro. – E isto –
murmura ele.
Christian fecha a mão em meu queixo e coloca seus lábios nos meus com tanta
delicadeza que todas as minhas células parecem fundir-se com as dele. Eu gemo e
abro a boca, deslizando minhas mãos pelos cabelos dele, sentindo-me um pouco
louca ao empurrar meus seios contra o peito dele. Subitamente, quero suas mãos
em mim, quero sua língua em mim. Quando ele a esfrega, lisa e quente, contra a
minha, sinto que venci o impossível. Tremendo, seguro seu rosto, beijando-o com
força.
Ele me acalma com a língua, os dedos entrelaçados nos meus cabelos, guiando
minha cabeça para o lento ritmo de sua boca. Deus, eu quero que ele me toque em
todas as partes onde possa alcançar. Em todos os lugares. Em qualquer lugar.
Estou tão inchada e molhada, e sei o quanto ele me quer também. Mas dissemos
apenas “dormir” e “isto”, e agora não quero que “isto” pare.
Christian me beija tão lenta e tão profundamente que fico sem respiração. Ele
só destrava a minha boca para que eu possa recuperar o fôlego, e então esfrega
a língua na minha, acariciando meus lábios, o céu da minha boca e meus dentes.
Ele suga, volta, revira. Eu me apaixono por esse beijo bem depressa, e logo já
não sei mais nem onde estão minhas mãos, onde estou deitada.
Meu corpo inteiro é consumido pela forma como ele fode minha boca, até que meus
lábios ficam inchados e dói beijar Christian de volta, mesmo que meu corpo
frenético queira mais. Quando tenho certeza de que senti um gosto de sangue, da
boca dele ou da minha, ou das duas, me afasto para respirar, e noto que o corte
na boca abriu de novo. Era ele que estava sangrando dos meus beijos. Gemo
baixinho e lambo devagar, e ele geme com os olhos fechados. Enfia os dedos em
meu cabelo e empurra meu rosto para a curva de seu pescoço, me abraçando, seu
peito subindo forte e rápido debaixo do meu.
Os lençóis estão em algum lugar a nossos pés, mas ele é tão quente e acolhedor
que eu me aperto tão apertado a seu corpo e adormeço. Quando me agito de noite,
sou acordada por aquela sensação nova e estranha de um braço poderosamente
construído estar me apertando e me levando de volta para o local onde eu tinha
aquecido seu corpo.
Minhas extremidades formigam quando olho de relance para o rosto nas sombras e
percebo que estou na cama com ele.
Christian está dormindo, ou pelo menos é o que parece. Então, ele vira a
cabeça, as pálpebras entreabertas, e quando me vê, beija meus lábios de novo,
lambendo-os suavemente antes de voltar a pressionar o nariz contra meu cabelo,
me apertando de volta contra seu corpo.
Quando tudo se encaminhava o homem surtou achando que Ana tinha ido embora
ResponderExcluirEle sofre de algum transtorno e com certeza Taylor e Sawyer sabem o que é
ResponderExcluirMas ele não queria que Ana o visse daquele jeito
Será que ele vai contar a ela o que se passa com ele
ResponderExcluirPorque ele com ela e muito primitivo
tambem com esse bando de estimulo toda a bebida e mais a bipolaridade ele tem que surtar com medo dela o abandonar não é fácil
ResponderExcluirque isso!!! q surto foi esse......muita bebida e muita frustação..... rsrsrsrsrs
ResponderExcluirLogo quando eles iam ter a primeira vez ,aconteceu tudo isso😥😥😥😥
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